kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, janeiro 31, 2006



Sonho com Polaróides que nunca tirei.
Fotografias de nós os dois numa praia no Sri Lanka.
O dia mais feliz das nossas vidas estampado no teu sorriso e nos teus braços apertados à volta do meu pescoço.

Lembro-me de memórias que nunca tive de coisas que nunca fiz.
Como naquele dia em Buenos Aires, quando, regressados de horas e horas a dançar tango, perdemos o juízo e fizemos amor naquela entrada de um velho prédio.

Sinto falta de coisas que ainda não vivi.
Dos putos que encontramos a brincar na estrada que nos levava de regresso a Lima, e que nos venderam gelados feitos por eles, e de como tu imediatamente lhes compraste o stock inteiro.
Só para os veres rir...

Apetece-me voltar a lugares onde nunca estive contigo.
A Connemara, falar com aquele velho marinheiro com quem nunca estivemos, para ele nos voltar a contar as histórias que nunca ouvimos.



Este indivíduo, e outros iguais a ele, estarão irremediavelmente extintos daqui a doze anos. Extintos. Não existirá um sequer igual a ele.

Chama-se Orangotango. É um ser tão vivo como nós, garbosos humanos. Sente, gosta, ama, diverte-se, zanga-se, vive. Como nós.
Por nossa causa vai deixar de ser. Simplesmente.
Vive em duas ilhas, Bornéu e Sumatra, e vai desaparecer principalmente por duas razões:
Porque estamos a arrasar com o seu habitat natural para construirmos palmeiras que nos dão a castanha que produz o óleo de palma;
porque estamos sumariamente a executá-los.
Sem razão.
Ontem na televisão vi fotografias de indivíduos, como este, queimados vivos, cortados por catanas manejadas por homens «inteligentes»; vi um documentário que me fez chorar como uma criança, no qual pude assistir ao salvamento e tratamento de um indivíduo como este. Tratamento esse de uma ferida - mais uma vez produzida por uma catana humana - no braço dum indivíduo, como este, resultado de ele o ter erguido para proteger o rosto de um golpe, esse sim, fatal.
Chorei porque o que vi foi um ser vivo em estado de choque. Um ser tão vivo quanto nós que nem se conseguia pôr em pé porque só os nervos lhe comandavam as pernas. Um ser com tanto direito à vida quanto qualquer um de nós, que insistimos em lhe retirar esse mesmo direito, e que, no entanto, parecia pedir que lhe acabassem com o sofrimento de ver a sua casa destruida, os seus entes queridos queimados vivos e a sua vida completamente arrasada.
Um Homem como este na imagem.
E de repente deixo de me revoltar contra os homens que matam homens da mesma espécie. Quer seja através de guerras, actos terroristas ou catanadas certeiras.
De repente, dois aviões contra duas torres deixam de me parecer o pior que a humanidade produziu até hoje.

Já agora, Orang Utan em malaio significa mesmo "homem da floresta"...

domingo, janeiro 29, 2006

Vivendo e aprendendo...

Boa lição de vida esta:

Já aqui me tenho lamentado dos meus bloqueios, fantasmas e outras tristezas que tais, certo?
Pois bem, esses traumas não são mais do que uma gritante falta de auto-estima e auto-confiança que me atormenta há já alguns anos, e que, como devem compreender, me tem impedido de fazer certas coisas, mais ou menos importantes.
Este fim de semana descobri qual a maneira de me «injectar» com doses maciças de auto-estima e auto-confiança: dar prazer aos outros.
Fazer com que se sintam bem.
Fazer com que se sintam protegidos, divertidos e acompanhados. Saber que estou a contribuir para que aqueles que amo se sintam bem... faz-me sentir bem. Faz-me sentir útil, divertido, acompanhado e protegido.
Engraçado, como um episódio, uma noite, frases ditas e ouvidas - que podem até nascer de uma discussão mais acesa - um momento, às vezes; engraçado como podem abrir portas para a percepção de como funcionamos realmente.

sábado, janeiro 28, 2006

Apaixonarmo-nos. Sim ou não? - Retorno

Desculpem lá voltar ao tema, passadas tantas semanas desde que ele foi aqui discutido.
Mas ocorreu-me...
Acerca de não nos privarmos de viver a vida. Acerca de se devemos ou não entrarmos nas coisas de cabeça, entregarmo-nos por inteiro aos seus prazeres.

Ao reler o poema de Caetano que aqui publiquei uns posts abaixo, descobri esta passagem que acho que resume, e resolve, todas essas questões muito bem.

"Se o amor escraviza
Mas é a única libertação"

Ok?
O que eu corri atrás deste video para o deixar
aqui...

Vou já comprar uma harmónica e pedir à Ana para me ensinar técnicas de respiração lá do Yoga...
Alguém, pelo amor de Nossa Senhora que dê um prémio Nobel a este
senhor!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

A voz de Deus Nosso Senhor


Ontem, mais uma noite no barraco.
O barraco do Zé, onde nascem os livros que nos deixam «parteiros» babados.
Ontem deu-nos para ouvir Caetano...
Deixem-me explicar melhor.
No barraco do Zé, ouvir Caetano é poder ouvir todos - TODOS - os àlbuns deste génio sem igual.
No barraco do Zé ouvir Caetano é ouvir Caetano com a pele, com todos os pêlos do corpo, com o coração e com a falta de ar que sentimos a cada primeiro acorde.
Acreditem, ontem a noite de trabalho não foi produtiva como devia ter sido.
Por causa de Caetano.
É a voz mais bonita do mundo.
É o homem mais bonito do mundo.
Quem canta como Caetano canta é a pessoa mais bonita do mundo.
Por idéia do Zé, ontem instituimos o dia 26 como o dia «Caetano Veloso».
Começou por sugerir o dia 26 de Janeiro, mas não me parecia suficiente um dia por ano para homenagear o brasileiro. Sugeri o dia 26 de cada mês. O Zé, rápida e acertadamente, como sempre, voltou a corrigir, desta vez para o dia 26 de cada semana.
Assim ficou. E assim vai ser.
Todas as semanas vamos guardar um dia para dedicar a Caetano.
A nossa declaração de amor.

De repente gostava que todos os meus posts de hoje em diante fossem os poemas de Caetano...


Minha Voz, Minha Vida

Minha voz, minha vida
Meu segredo e minha revelação
Minha luz escondida
Minha bússola e minha desorientação
Se o amor escraviza
Mas é a única libertação
Minha voz é precisa
Vida que não é menos minha que da canção
Por ser feliz, por sofrer, por esperar, eu canto
Pra ser feliz, pra sofrer, pra esperar eu canto
Meu amor, acredite
Que se pode crescer assim pra nós
Uma flor sem limite
É somente por que eu trago a vida aqui na voz

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Lulas estufadas

Ingredientes:
alho:
6 dentes
azeite:
2 copos
colorau:
2 colher de chá
lulas:
2 kg
piripiri:
1 pitada
sal:
q.b.
salsa:
q.b.
vinho branco:
2 dl


Preparação:Lave as lulas e limpe-as, retirando-lhes as peles. Lave-as em água corrente, escorra e corte as bolsas em rodelas, separando os tentáculos. Deite metade do azeite num tacho, junte-lhe as lulas e os alhos picados. Regue com o restante azeite, tape e leve ao lume. Agite o tacho várias vezes, mas não mexa muito com a colher, pois isso pode fazer com que as lulas se desfaçam. Deixe apurar e tempere com sal, vinho branco, colorau e piripiri. Deixe apurar mais um pouco em lume brando até o molho reduzir e engrossar. Tempere com salsa picada e acompanhe com batatas fritas ou cozidas e salada.
Seja querido e apaixonado, mas resista à constante tentação que lhe será dirigida. Tente não reparar em certos pormenores que lhe vão «gritar» coisas às quais não poderá, no momento, dar resposta. Acima de tudo procure manter a pose profissional.
O que me chateia no anonimato...
Chateia-me o facto de não poder saber quem escreve alguns comentários aos meus posts. Não os comentários mais desagradáveis - até porque nesse sentido tenho tido alguma sorte - mas aqueles que suplantam em beleza e em emoção os meus comentários lamechas e piegas.
Respeito, contudo, esse anonimato.
Mas confesso que a curiosidade neste campo leva a vantagem.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Mas a vida continua


E como tal...
Gostava de partilhar o quão maravihosa é a magia da descoberta. Quando achamos que já vimos e ouvimos tudo, chega-nos às mãos uma surpresa (sempre) sem paralelo.
Este disquito salta directamente para a lista reduzida dos meus preferidos de sempre, sempre!!!
Os moços Flanger são alemães - Atom Heart e Bernt Friedman - e fazem uma espécie de jazz electrónico absolutamente irresistivel. Neste caso, imaginem uma banda sonora para um qualquer filme do Woody Allen com pinceladas electrónicas, quase imperceptiveis mas com o peso suficiente para abrilhantar as peças musicais e torná-las ainda mais dançáveis. Genial!

Estou já a gravar milhares de cd's para infectar o mundo com esta doença chamada "Spirituals".
Ontem pela primeira vez dei-me conta do verdadeiro impacto que o meu trauma tem na minha vida.
Nunca me tinha deparado com uma situação em que ele fosse posto à prova. Ontem choquei de frente com o meu trauma e ele voltou a ganhar.

Durante anos vivi confortavelmente ajustado a esse trauma, não havia a necessidade de o tentar resolver.

Subitamente, e pela primeiríssima vez na vida, senti uma absoluta tristeza por me aperceber que facilmente poderei ficar sozinho, caso nunca consiga ultrapassar este problema. Não chega a ser receio, é sim, uma profunda e dolorosa «certeza».

Tudo o que defendo nos textos que têm lido aqui; tudo o que envolve sentimentos, emoções, desejos e fantasias, continua a fazer parte da minha vida, das minhas convicções. O meu trauma impede-me de concretizar essas convicções.

Anula-me, cria receios estúpidos onde eles não existem. Insegurança onde devia estar a segurança de quem sabe o que sente, de quem sabe o que quer.

Ontem, em conversa, dizia não ser um aleijado psicológico, mas a verdade é que me estava a enganar.
Sou um aleijado. Um aleijado que não consegue fazer aquilo em que mais acredita, aquilo que sabe ser o mais importante, o mais agradável. Um aleijado que já não sabe fazer as coisas que lhe dão mais prazer.

Ontem pela primeira vez chorei com saudades de alguém que admiro acima de qualquer ídolo de juventude irreverente. Ontem, pela primeira vez, senti a sua falta na minha vida; senti a falta da sua mão para me guiar e me indicar a melhor opção, o melhor caminho.

Ontem apercebi-me de que essa pessoa «morreu» há alguns anos e eu nem sequer tinha sentido ainda a sua falta. A falta da segurança que me transmitia, da sua auto-confiança, da sua inabalável auto-estima.

E sinto-me tão sozinho.

terça-feira, janeiro 24, 2006



Alguém, um dia, me ensinou o valor de algumas, muitas, pequenas coisas.
Pequenas.

O valor que tem o toque imperceptivel de uma mão pequenina na nossa.

Como o pousar de um insecto.
O prazer que se sente com um toque da mesma mão no nosso cabelo, na nossa nuca.
Que os dedos foram feitos para tocar quase sem o fazer.

Que as pontinhas dos dedos são exploradores implacáveis mas de uma doçura sem igual.
Aprendi que é bem melhor quase não sentir; somente um leve arrepio.

O enebriante sabor que algumas palavras têm.
Ou porque nunca nos foram ditas, ou porque nunca nos tinham sido ditas de uma certa forma.
Que sussurrar será sempre melhor do que gritar.
Que a placidez vive na maneira como uma boca articula o nosso nome.
Que a paz está guardada no tom comovido com que nos chamam num momento de prazer.

A descoberta de que afinal ainda existe espaço, neste mundo de gente grande, para alegrias de gente pequenina.
De que ainda é fácil ser-se feliz com um sorriso que nos é lançado do nada, sem motivo aparente.

Que nos sentimos protegidos nos braços de quem nos quer agarrar.
Que os olhos de quem nos admira são o nosso mais confortável berço.
Que os corpos quando se encaixam transformam realmente duas pessoas numa só, e que não há sensação melhor no mundo do que essa.
Gosto tanto das pequenas coisas.
Gosto tanto que lhes chamem «pequenas».
Porque gosto de acreditar que sendo assim, pequenas, mais ninguém vai gostar delas como eu gosto; que mais ninguém vai gostar das minhas pequenas coisas.
Gosto de acreditar que não terei assim de as dividir com mais ninguém.
São minhas, as minhas pequenas coisas.
É ciúme, eu sei.
Um sentimento do qual, acreditem, até há bem pouco tempo desconhecia o sabor.

Não posso sequer imaginar que mais alguém goze o prazer de um vento frio de Inverno. Aquele frio que não respeita casacos, luvas ou agasalhos de qualquer espécie.
Não consigo pensar que possa haver mais alguém no mundo que goste de igual modo dos beijos que a minha avó me dava nas mãos.
Enfureço-me se me convenço que algures existe uma pessoa que, como eu, gosta de conduzir sozinho à noite, sem parar.
Sem querer parar.
Recuso-me a aceitar que alguém possa retirar igual prazer de um abraço forte de um amigo...
Procurem as vossas pequenas coisas.
Estas são minhas, não as divido com mais ninguém...
É um comentário a um post do Carlos Moura, mas que por ser demasiado extenso publico-o aqui. Espreitem o post do Carlos

Gostava sinceramente que ninguém comentasse este post, meu amigo, mas sabendo de antemão ser isso impossivel, começo eu.

Gostava que ninguem o comentasse, por achar que está lá tudo. Nas tuas palavras e nas desses monstros do humor, Bruce e Carlin.

Eles foram inovadores pioneiros na arte de fazer humor despertando consciências. Arriscaram as carreiras e a sua vida, de certa forma, na busca de uma maneira arrojada de nos fazer rir, para logo de seguida nos porem a pensar na puta da vida. Ao fazê-lo grangearam inimigos, criaram uma imagem, aos olhos de variadíssimos sectores da sociedade, negativa e condenável. Condenada!

Por cá, e como dizes bem, os humoristas são moles. Não têm a coragem ou/e a qualidade para se lançarem na procura de algo idêntico. Mas também... concordarás, tu, que bem melhor do que eu, conheces este público português de Norte a Sul do território, que não há audiência com a paciência necessária para aturar um gajo com raiva do mundo e ódio declarado pela estupidez humana. Alguém que diz, sem papas na lingua, o que sente por todos nós e o que de mal gostava que nos acontecesse. E diz-nos com a lata e o descaramento de quem nos olha nos olhos; de quem nos está a controlar as emoções a seu belo prazer. E com que classe.

Nesse sentido, penso ter existido, acima de todos os outros, um humorista cá do burgo, que optou por correr esse risco. Um tipo que forçou o direito de dizer "foda-se" na televisão pública.
Por estes dias não consegue fazer-me rir nem à força. Não sinto a minima admiração ou respeito por ele.
Aburguesou-se, de tal forma, que parece ser uma caricatura. Uma triste e infeliz personagem, daquelas de quem ele sempre troçou.
E com que classe!
Chama-se Herman José, e por muito triste que considere ser a sua actual carreira, a verdade é que ele abriu as portas para esse tipo de humor de que falas. Mas ninguém mais lá quis entrar.
Moles!!!

Jesus... alegre(?)

E se jesus Cristo regressar à terra, alguém o seguirá?
Hmmm... eu não!

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Hora e meia de sono.
Nem mais, nem menos.
Hora e meia cruelmente assaltada por um mesmo sonho repetido vezes sem conta.
Sempre.
Sempre o mesmo sonho.
Intenso.
Belo.
Uma lágrima só, fruto da beleza que me acompanha neste sonho.
Da beleza que me mantém acordado mas que me faz sentir o doce embalo de um amor.
Despertar vezes sem conta, sempre com o mesmo vazio que nasce da percepção de ser apenas isso.
Um sonho.

Como disse?

Antes de mais cliquem lá aqui!

Há umas semanas o Carlos Moura no seu blog publicava um muito interessante post acerca do Irão e do seu presidente, e dos perigos que podiam estar presentes no retomar do enriquecimento de Urânio, por parte daquele gigante do médio oriente.
Pois bem, o presidente da França, Jacques Chirac, não querendo perder esta corrida ignóbil, veio a pública a semana passada, vociferar, a quem perdeu tempo a ouví-lo, que não exitará em utilizar armamento nuclear contra países eventualmente responsáveis por actos terroristas...

Leram bem o que escrevi? "(...)utilizar armamento nuclear contra países eventualmente responsáveis por actos terroristas..."

Ou seja, esta besta ignorante, responsável pela lei que proibe o uso de simbolos religiosos na sociedade francesa em geral - naquela que foi talvez a mais grave violação de liberdade do indivíduo a que tive a oportunidade de assitir em 32 anos de vida - assume perante o mundo civilizado, como país civilizado que a França quer ser (ou parecer), que sim senhora, utilizará a velha e má bomba atómica para castigar os infiéis. Os mesmos infiéis que o levaram - e não tenham dúvidas quanto a isto - a aprovar a tal lei acima descrita.
A mesma besta que viu Paris literalmente a arder e preferiu enterrar a cabeça na areia para ver se o barulho passava. Pior do que isso, feliz na sua energúmena estupidez, achou que conseguia fazer com que o resto do mundo fizesse o mesmo e não se desse conta do que se estava a passar.
A alusão que o cartoon do início faz é precisamente a uma célebre frase que Maria Antonieta proferiu aquando da revoluçao
da população esfomeada de Paris, que viria a culminar na ainda mais célebre guilhotina: "Se não têm pão, comam bolos!"

Ora o que esta besta se esqueceu, é que logo após a segunda guerra mundial, tanto a Inglaterra como a França chuparam o que de melhor existia nas civilizações do médio oriente. Foram estas duas super-potências que traçaram fronteiras a seu belo prazer, como peças de um fato nas hábeis mãos de um alfaiate. Foram estas duas super-potências que lucraram, e lucram ainda hoje, com a miséria de povos que, por força da globalização - e dos acordos que os seus representantes assinam com estas e outras potências económicas - não podem usufruir das riquezas naturais dos seus paises.
Riquezas essas que vão parar aos bolsos de quem? Exacto, adivinharam.

Esta besta, meus amigos, não é em nada melhor do que os Bin Ladens, George Bushes ou Saddames que alegremente infectam o nosso mundo com a ignorância mais abjecta. Pior do que isso? Essa estupidez parece ser contagiante, já que essas bestas continuam a ser eleitas em democracia...
Dá que pensar , não dá?
É o melhor cartoon que já tive a oportunidade de ver. E já vi muitos.
E nem me vou dar ao trabalho de deixar aqui mais palavras...

Espreitem

domingo, janeiro 22, 2006

The Present


Talvez uma das músicas rock mais bonitas que conheço. sabe um pouquinho a U2 de antigamente, nomeadamente a guitarra com aquele eco tão característico do The Edge. A letra é lindíssima...
Bem, já gostava o suficiente dos Bloc Party para lhes ter dado aqui algum tipo de destaque. Esse erro tornou-se ainda mais evidente ao descobrir esta musica que julgo só fazer parte duma colectânea intitulada War Child - Help: A Day In The Life, que, diga-se de passagem, merece todas as audições que lhe queiram dedicar.

Ficam aqui as tão belas palavras escritas por Kele Okereke, o vocalista.

If you're cold and you're alone
And you don't know where to go
You can call me anytime
Nothing's changed, I am still here
If you're running out of breath
And your building's burning down
You can jump, I will catch you
Nothing's changed, I am still here
With heavy hands and an absent mind
Did I blow your candle out?
With shortened words and a lack of time
Am I ever on your mind?
Was I cruel and never there?
Nothing to rely on
Was our romance a black hole?
You kept the better half than me
Well if you really wanted to know
Well no the earth's not moved for me since
I wish I could've given you lightness
The lightness that you deserve
And they say time is a healer
And time will look after you
I can't wait, I can't wait, I can't wait, I can't wait
Come over
Come over
Why don't you come over?
Well if you really wanted to know
Well no the earth's not moved for me since
I wish I could've given you lightness
The lightness that you deserve
And they say time is a healer
And time will look after you
Let it go, let it go, let it go, let it go
Come over
And I stole you that ring'
Cause I wanted you to have it
And it wasn't about me, I just wanted you to have it
Your smile, baby your smile, baby I come alive
I feel so naked, like before we met
Last night I was so close to just calling you up
They say it takes time to heal the wounds
I can't wait, I can't wait
Come over

sábado, janeiro 21, 2006

Gostinho a Fantas


Acabei de vir do cinema e vim de barriga cheia!
O Zé bem que me tinha avisado que não podia deixar escapar este.
Chama-se "The Descent" e é um filme de terror à moda do Fantasporto. Que nostalgia...
O realizador, Neil Marshall já me tinha surpreendido agradavelmente no Fantas 2002 com outra pérola de terror, "Dog Soldiers", onde refresca o clássico filme de lobisomens.
Desta vez, transporta-nos para um sistema de cavernas por explorar e para os terriveis acontecimentos por que vão passar seis moçoilas em busca de aventura e emoções fortes. Pois...
O ambiente chega a ser irrespirável, a claustrofobia é insuportável - ainda antes de começarem os problemas -, as moçoilas são humanas, de carne e osso; magoam-se, assustam-se e sentem medo como qualquer um de nós. Não têm nenhuma capacidade sobre-humana com que possam combater o que lhes vais suceder. E garanto-vos, até percebermos o que ali se está a passar, sentimo-nos tão perdido quanto elas. E quando nos apercebemos... é a surpresa total.
O realizador consegue habilmente contornar aqueles tiques próprios deste género de cinema - excepção feita a um cliché ou outro, mas que se compreende serem inevitáveis - e dá-nos quase duas horas de emoções fortes, suspense de cortar à faca e, acima de tudo, um forte arrepio na espinha quando vemos pela primeira vez o...
que a personagem principal vê.
Vale bem a pena, meus amigos. Sabe bem.
Sabe a Fantas.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Orgulho e Preconceito


Ora, ontem fui ao cinema com a amiga Babá com a intenção de ver o novo Woody Allen - que dizem valer muito a pena.
Esgotada que estava a sessão, foi-me sugerido (leia-se imposto) o novo filme saidinho de mais um romance de Jane Austen. Confesso que não estava com o estado de espirito necessário para gramar uma fotonovela daquelas à antiga... pensava eu. Lá me convenceram a comprar os bilhetes e a entrar na sala, a sentar-me na cadeirinha e, caladinho, a ver o filmezito.
Pois bem, admito sem qualquer problema, que a obra realizada por Joe Wright me encheu as medidas. Não pela história, já sobejamente conhecida e bastante «curta» se querem saber a minha opinião. Acima de tudo senti-me satisfeito pelo ambiente dado ao filme, pela fotografia, simples mas muito eficaz, pela banda sonora também ela delicada e servindo bem as imagens que se passeavam perante os nosso olhos, e pelo trabalho dos actores.
Para já, é sempre com grande prazer que aprecio o trabalho de dois actores soberbos, Donald Sutherland e Judy Dench (Dame Judy Dench, se faz favor). No entanto, e apesar da grande quantidade de personagens, todo o elenco cumpre muito bem a função e dá ao argumento a vida e as cores necessárias para eficazmente prender o espectador ao grande ecrã.
E por isso mesmo me vejo obrigado a dar o devido destaque a um jovem actor até ontem para mim desconhecido: Matthew Macfadyen. No papel do arrogante e tímido Mr Darcy, Macfadyen brilha, surpreende, cativa e finalmente faz-nos render ao carácter da sua personagem. Para além da lição de puro underacting que dá, este jovem rapagão promete ainda encher as paredes do quarto de muitas mocinhas devoradoras de revistas teen da praça. Tem a boa figura e o talento necessários para me deixarem curioso em relação à evolução da sua carreira.
Posto isto, que mais posso acrescentar? Vão ver o filme, é garantia de uma tarde morna de Domingo bem passada.

UAU!!!


Faz parte do último àlbum de William Shatener - sim, o Kirk do Star Trek - e é absolutamente irresistível. Com a ajuda do grande Henry Rollins criou esta pérola de spoken word chamada I Can't Get Behind That que vai direitinha aos rins como um pontapé certeiro.

Cá está...

BILL: Let's go. Ready? From the top...
BILL: My favorite shows on TV have twelve minutes of advertising. I can't get behind that kind of time!
ROLLINS: Eat quickly. Drive faster. Make more money now! I can't get behind that.
BILL: My kids say: He said to me, and I'm like... and he's like... and she's like...
ROLLINS: It's all... He's all... She's all...
BILL: I can't get behind that kind of like, English!
BILL: That'll be six to eight weeks before delivery.
ROLLINS: The rising oceans, the warming temperatures!
BILL: The dying polar bears--no, tigers--in fifty years!
ROLLINS: Rising poison in the air and water!
BILL: I can't understand why the price of gas suddenly rises when oil goes up...
ROLLINS: ...but takes months to go down long after oil falls!
BILL: I can't get behind any of that!
BILL: I can't get behind the Gods, who are more vengeful, angry, and dangerous if you don't believe in them!
ROLLINS: Why can't all these Gods just get along? I mean, they're omnipotent and omnipresent, what's the problem?
BILL: What's the problem?
BILL: What about the men who say 'Do as I do. Believe in what I say, for your own good, or I'll kill you!' I can't get behind that!
ROLLINS: I can't get behind that! Everybody knows everything about all of us!
BILL: That's too much knowledge!
BOTH: I can't get behind that!
BILL: Yeah! And what about student drivers using my streets to learn? If you learn to play the drums you got to go to a studio! Go to a parking lot, for God's sake! Why are you jeopardizing my life? I can't get behind a student driver!
ROLLINS: I can't behind a driver who drives like a student driver! If you're going to drive an urban assault vehicle then get off the phone and keep your eyes on the road!
ROLLINS: Lifetime guarantee?
BILL: Who's lifetime? Not mine! I haven't that much time left. Let's make it yours. Everybody's got a longer life than me!
BILL: The leaf blowers, is there anything more futile?
ROLLINS: Car alarms.
BILL: Clap off.
ROLLINS: Clap on.
BILL: Spam.
ROLLINS: Size matters.
BILL: No, it doesn't!
ROLLINS: Yes, it does!
BILL: No, it doesn't.
ROLLINS: Yes, it does!
BILL: No, it doesn't!
ROLLINS: Yes, it does!
BILL: No, it doesn't! No, it doesn't!
ROLLINS: Yes, it does! Yes, it does!
BILL: My phone rings!
ROLLINS: Make millions in minutes!
BILL: It's a computer!
ROLLINS: Lose inches in hours!
BILL: Leave me the Hell alone!
ROLLINS: Eat more! Spend less!
BILL: The Colonel is breakdancing! Give me a break!
ROLLINS: Credit terms raised!
BILL: I can't get behind any of that!
BILL: I can't get behind so-called singers that can't carry a tune, get paid for talking, how easy is that? Well, maybe I could get behind that!
ROLLINS: Well, I can't! If you have to fix it with a computer: quantized, pitch corrected, and overly inspected, then you can't do it, and I can't get behind that!
BILL: I--can't--get behind--a fat ass!
ROLLINS: Yeah, Bill, can you turn around and do one more?
BILL: Always can do one more.
ROLLINS: Let's hit it!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

World record!!!

Pelo menos do mundo do meu blog...

O meu cartoon acerca da mulher do inferno e do papalvo que quer ser romântico atingiu índices de participação, através dos vossos comentários, nunca antes visto aqui por estas bandas.
25 pérolas de opinião e a contar. Vamos ver onde chega?

Momento

São 1.18 da manhã.
Estou com o Zé, a Chris, chá verde a fumegar e o Ed Harcourt.
Está a cantar "The Wind Throgh The Trees".
Só para nós.
Um momento só...
E podia nunca acabar.

Varizes-2

Eu sei, de repente deu-me para deixar aqui uns desenhitos...

Mas são os meus meninos.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Nao me processem...

"Varizes"

Mais lenha...
Onde?
aqui!
Querem-se rir às minhas custas?
Então vejam lá o que o meu colega de blog, o André Ruivo, escreveu sobre mim

Gostam de James Blunt? Não??
Então espreitem aqui!

terça-feira, janeiro 17, 2006

Thomas Dybdahl - Parte II


Lembram-se de falar aqui deste moço? Pois bem, o rapazito, nascido na Noruega, tem apenas vinte e cinco aninhos, um grammy já no bolso, e um punhado de canções absolutamente irresistíveis.
Este último àlbum, That Great October Sound, vai ocupar os meus ouvidos durante muitos meses.
Para já, e como de costume, deixo aqui as palavras do senhor, como amostra do que vem com o pacote completo. Lindo!


From Grace

It seems I have a weakness
I didn't know about, till the day it rained
and it seems my weakness has been bulging, has been forcing its way
it seems I have a weakness I didn't know about,
till the day it rained
and it seems my weakness will become my final stage
and it's here that I'll give, yeah I'll give you all my love
and it's here that I'll give, yeah I'll give you all my love
it seems I had a secret I didn't know about, till the day it poured
and it seems my secret has been bulging, has been forcing its way
and it seems i have a secret that will be my final stage
and it seems i have a secret I didnt know about til the day it rained
and it's here that I'll give, yeah I'll give you all my love
and it's here that I'll give, yeah I'll give you all my love

Recuperações da semana...



A mexicana Lhasa de Sela, o seu primeiro àlbum, La Llorona, a música "De cara a la pared". Triste como a noite...






A feliz conjugação de esforços entre Iron And Wine e os Calexico, o àlbum daí resultante, In The Reins, a música para filme dramático na fronteira entre o Texas e o México, "He lays in the reins".


O segundo àlbum dos americanos Kings of Leon, Aha Shake Heartbrake e a música "Milk", tão suave...



Ode ao Pesto

Com Pesto o mundo é de facto um lugar maravilhoso.
O Pesto pode ser usado como desodorizante para os sovacos.
O Pesto é a única comida que se pode usar orgulhosamente nos dentes depois da refeição e durante todo o dia.
Aliás, ninguém tem vontade de lavar os dentes depois de ter comido Pesto.
Quando cozinhamos Pesto, a nossa pele, a nossa roupa tresandam perigosa e tentadoramente a todos os ingridientes que o compõem.
Desse modo, e quando passeamos pelas ruas cinzentas das nossas cidades, deixamos um rasto de luz e alegria, e somos seguidos por crianças que nos vêem trazer flores; por mulheres que querem o nosso corpo - um súbito desejo que não conseguem explicar; pelos animais, selvagens e domésticos, que querem viver em harmonia connosco.
O nosso mundo, através do Pesto, é uma capa da revista "Sentinela", em que tudo é harmonia, perfeição, paz e amor.
No mundo do Pesto, o leão e a ovelha convivem como amigos; não há ódio nem preconceito.
No mundo do Pesto tudo faz sentido, tudo bate certo
Viva o Pesto!
Pesto über alles!!





Ingredientes
1 maço de manjericão gigante

1 dente de alho
1 punhado de pignoli
queijo pecorino sardo, o quanto baste
queijo parmesão, o quanto baste
sal grosso a gosto
azeite, o quanto baste

Preparo:
A maneira tradicional (sem liquidificador) de prepará-lo é a seguinte: coloque no fundo de um pilão o alho e o sal grosso, pile até amassar bem o alho com um pilador (mortaio) de mármore. Acrescente aos poucos as folhas de manjericão lavadas e secas, até obter uma espécie de pasta. Junte o pignoli e o queijo em partes iguais de pecorino e parmesão. Depois do composto bem amalgamado, transfira-o para uma vasilha e finalize com o azeite até ficar na consistência desejada (um molho cremoso).
Rendimento: 4 porções Tempo de preparo: 10 min Execução: muito fácil Custo: moderado





(Obrigado Zé)

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Black dress

For days I've searched for the words
So I don't make a mess of this
I'll trade my eyes for a fleeting wish
I woke at 7am
The cold air was not becoming
This tune I started humming
And you lay there so still
With dark eyes shut and whiskey breath
You hadn't taken off your black dress
The curtain fell from its rail
I shut the window so it wouldn't shatter
But it was nothing it didn't matter

To me our lives are barely built to last
How did you creep up on me so damn fast my dear?
I sat in the kitchen and thought
I've had a few knocks here and there
Was mostly my fault so I don't care
You said I have a bad side
It comes when all the clocks have stopped
I feel my heart begin to drop

To me our lives are fast approaching death
So let's go out in my suit and your black dress my dear

You will come back

Ed Harcourt
Estou farto do meu emprego. A minha mãe sabe disso, e tenta sempre motivar-me a fazer o que eu achar correcto e melhor para mim.
Hoje, ao abrir a minha mochila para tirar de lá, não sei já o quê, encontrei um bilhete dela escrito para mim.
Dizia: "Pior do que se trabalhar onde não se grama, é não ter mesmo trabalho.
Parece que tás a cair de um arranha céus sabendo que não tens onte te agarrar.
Beijos da mãe".
Cliquem s.f.f.

Aviso: disco da semana




Chama-se Richard Swift este senhor, que de dois mini-discos - Walking Effort e The Novelist - fez um, acabadinho de relançar.
Acabei de ouvir três músicas, novamente e sempre pela mão conhecedora do Zé Carlos, mas para já aconselho vivamente "Half lit", todos os dias após cada refeição.
Pronto, sejam malucos e o ouçam o disco de fio a pavio, non-stop, vão ver que não se arrependem nadinha.

"Tell me, can you hear my heart"

domingo, janeiro 15, 2006

Ontem voltei à praia, mas desta vez pela mão da minha mãe.
Literalmente.
Levou-me a ver o seu sítio na praia.
A minha mãe tem um sítio na praia.
É bonito.
Acho que vou herdar aquele sítio, assim que ela já não puder lá ir.
Foi bom estar com a minha mãe na praia.
Vê-la caminhar até à beirinha do mar, apanhar caracóis para fazer um colar.
Nunca muda, a minha mãe.
Parece, hoje como sempre, uma teenager hippie que acredita que o mundo ainda é um sítio maravilhoso para se estar.
E como tem razão.
O mundo é um sítio com sítios maravilhosos,
como o da minha mãe na praia dela.

sábado, janeiro 14, 2006

Eu quero...



...sair daqui. Partir para Ushuaia, no fim do mundo, sem tostão no bolso, arranjar emprego a ordenhar ovelhas, conhecer a filha do dono da quinta, gorda e rosada como um diospiro, cheia de idéias daquelas que vê nas novelas mexicanas, ser perseguido pelos seus seis irmãos assim que descobrirem que não, eu não me vou decididamente casar com ela e que só estava ali a trabalhar para juntar o dinheiro necessário para partir para o Chile onde trabalharei como empregado de mesa de um qualquer restaurante de um qualquer hotel de cinco estrelas - partindo do princípio que existem hoteis de cinco estrelas no Chile -, hotel esse onde vou conhecer uma senhora de idade avançada mas que, por uma razão que me ultrapassa, me vai achar graça suficiente para me levar para casa dela, uma mansão pertença do seu falecido marido, o Comendador Urriaga, e tratar-me como se fosse o seu incestuoso filho, coisa para a qual terei limitadíssima paciência, o que me fará deixar o Chile e voltar a viajar, desta vez para a o Brasil, onde sei existir uma organização não governamental que trabalha de perto, muito perto, com os meninos de rua em diversas cidades daquele país, trabalho que me vai fazer sentir realizado pela primeira vez na vida e que me vai dificultar a partida para qualquer outro destino, que me vai fazer chorar com saudades, pela primeira vez nesta viagem, mas que nunca vai ser suficientemente forte para me impedir realmente de dar o salto para o México e para o trabalho como barman num clube de praia pertença de um catalão do qual agora não me lembro do nome, mas que me vai tratar como alguém de quem ele sempre tinha sentido falta, outro hermano, como os locais nunca tinham sido, namorar às escondidas com a sua belíssima filha, Madalena, de lindos e enormes olhos verdes, vivos e com vontade de viverem mais um pouquinho, os mesmos olhos que me vão implorar, no dia em que lhes disser que me vou embora, que os deixe seguir caminho comigo - uma súplica que também eu lhes faria, caso o egoísmo que me faz viajar assim não fosse mais forte - e que pela segunda vez nesta viagem me farão questionar os motivos que me levam a andar sem parar...
e não parando seguirei caminho para a Costa Rica, onde permanentemente sentirei a presença daqueles olhos verdes, nas florestas, no mar, no velho vulcão Arenal, sempre em constante rebuliço, como eu, sempre em convulsão interior, sempre na estrada, sempre com vontade de partir, mesmo apaixonado pelas pessoas, pelos locais, pelos cheiros e sabores, mesmo assim com o desejo de sair, deixar mais um paraiso e seguir para o Panamá onde tentarei trabalhar numa agência de turismo, das que colaboram de perto com os indígenas de San Blas e, desse modo, poder viver com eles o tempo suficiente para aprender, de uma vez por todas, o que é realmente paz de espirito, e partir novamente...
Conhecem a cantora portuguesa do momento, Danae?
Então e se dessem um saltinho a www.leitaodabairrada.blogspot.com?

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Foi só um sonho...

Enroscou o seu corpo pequenino num abraço enorme.
Um abraço que parecia não ter fim.
Enroscou-se mais um bocadinho.
Enroscou cada centímetro de pele, cada prega de roupa de encontro ao peito dele, nos seus longos braços.
Enroscou a sua respiração na dele.
Fechou os olhos e dormiu.

The Corps Bride




Lindo!
Muito lindo!!
Porque é que o homem não se dedica ao mundo da animação com mais regularidade???
Porque é que lhe é aparentemente tão fácil fazer obras-primas do calibre desta?

Depois de duas obras menores - na minha opinião "The Big Fish" e "Charlie and the Chocolate Factory" foram dois passos ao lado na carreira de Tim Burton - , temos o homem de volta e em excelente forma, diga-se de passagem.
É o universo Burton no seu explendor máximo. Tudo a bater certo. Todos os planos meticulosamente estudados e executados. A fotografia, a montagem, a edição de som, enfim, um delirio à-la-Burton, como já não víamos há muito.
Como é possivel, durante um filme de animação, o espectador se esquecer completamente que está a ver... um filme de animação?
Como é possivel uma boneca animada (Emily, a noiva cadáver) ser uma das mulheres mais sensuais do cinema de 2005?
Como é possivel Danny Elfman continuar a inventar trilhas sonoras de tão elevada criatividade e qualidade?
Como é possivel - depois de tudo o que já se viu na sétima arte, nomeadamente na animação - ainda sair de uma sala de cinema completamente surpreendido e rendido?

Chamadas de atenção obrigatórias: toda a sequência em que assistimos ao «nascimento» de Emily é pura antologia cinematográfica;
As constantes e incontáveis piscadelas de olho a outros imaginários que não somente o do cinema;
As personagens, rivalizando directamente com as de outro filme com o dedo de Burton, "Nightmare Before Christmas", onde se pode destacar Victoria, a verdadeira noiva de Victor - um compêndio de beleza, doçura e coragem para lutar pelo seu amor;
os quinze minutos finais, a partir do momento em que os mortos se resolvem misturar com os vivo e fazer a festa da vida deles... ou deverei dizer da morte deles?

Único, e grave defeito: ser tão pequeno, este maravilhoso filme.
Podia ter as horas que tivésse; podia ter a duração de dez Morangos com Açucar, eu nunca diria hopscotch.
Nunca pensem ser boa idéia levar um hamburguer da Macdonald's para uma sala de cinema. Muito menos se optarem pelo menú que inclui bebida e batatas fritas ultra-gigantes.
Especialmente se o zeloso empregado não for assim tão zeloso e se esquecer de colocar guardanapos no saquinho de papel onde irão transportar os víveres.
Acima de tudo nunca pensem ser boa idéia incluir um copinho de ketchup nesse mesmo saco. Nem considerem que papel higiénico poderá ser de facto um bom substituto para os tais guardanapos-que-não-estão-lá - e papel higiénico porque só se aperceberam do esquecimento do empregado já a meio dos trailers dos filmes que vão estrear. Papel higiénico esse que não só não tem o pontilhado que facilita o separar das respectivas folhas como não é NADA absorvente. Mesmo que levem dez metros de papael para a sala de cinema...

As minhas mãos ainda cheiram a comida. Parece que estive a masturbar um hamburguer com 280 gramas...

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Há dias, enquanto lia alguns dos textos que publiquei aqui ao Marco, dei-me conta - também pela reacção dele - que um ou outro me sairam realmente muito bem.
Alguns ficaram bonitos o suficiente para me sentir orgulhoso - perdoem-me a auto-promoção e o elogio gratuito.

Sei eu, e sabe quem me conhece, que a inspiração que me fez escrever o que escrevi era bastante forte; eu diria mesmo que vinha do fundo do coração. Quando assim é, acredito que tudo o que fazemos fica impregnado de uma beleza muito particular.

Por esta altura, e como expliquei num post recente, é chegada a altura de uma viragem definitiva na minha rotina diária, na minha vida. Assim sendo, vejo-me perante a necessidade de deixar repousar algumas das fontes de inspiração que me vinham fazendo companhia. Que me confortavam ou entristeciam e que me faziam escrever as baboseiras que aqui deixei; que me faziam escrever palavras mais ou menos bonitas, consoante a ocasião.
Não as repouso, porém, sem uma saudadezinha no coração.
Como dizia o Jeff Buckley - sempre ele - "a tear that hangs inside my soul forever".

Daqui para a frente espero escrever coisas mais animaditas - se esse for o meu estado de espirito, claro.
Acima de tudo mantenho-me fiel ao blog que criei. Fiel ao propósito que me fez criá-lo.
Falar de mim, do que gosto e do que não gosto, e do que sinto e não sinto.

Neste momento nem sei bem o que sinto, mas conforme for andando vou escrevendo.

Há coisas assim...

Zé, Chris, Tiago, Sandra, Carla, Ni, eu, Edu, Miguel.


O momento foi de felicidade.
Por motivos vários não se volta a repetir.
Há coisas assim, que se perdem.

quarta-feira, janeiro 11, 2006



Ontem, de uma conversa de surdos que tive com o André Ruivo, nasceu um novo vocábulo na língua portuguesa.
Ele falou baixinho ao telemóvel, eu percebi-o mal.
Desta conjugação espontânea de esforços surgiu uma palavra que para sempre vai marcar as nossas vidas.
Ele queria dizer "a desgraça que se sabe".
Eu não entendi outra coisa que não "desgraçacoçado"...
Tem uma muito boa explicação. Vindo dele qualquer coisa seria normal, como podem comprovar pelos textos que escreve para o nosso blog, o dos leitões. E no contexto da conversa que estavamos a ter...
E tinha um soar agradável.
Esclarecido que estava o mal-entendido, sentíamo-nos na obrigação de dar um sentido a tão rico vocábulo.
De imediato me surgiu a imagem de alguém que acabou de levar um arreal de porrada à moda antiga, e que jaz no chão da rua, molhado pela chuva fria de um dia cinzento de Janeiro, olhado de lado pelos transeuntes a ele indiferentes, cagado sem piedade pelos pombos que passam em propositado voo rasante, tendo como única companhia o seu (até então) fiel cão que, aproveitando a situação de total incapacidade em que o seu (sempre) fiel dono se encontra, não se faz rogado e monta a sua perna como se não houvesse amanhã.
Esse infeliz estaria desgraçacoçado até à medula.
Completamente desgraçacoçado...

Será que mais palavras, das que utilizamos regularmente, nasceram assim?

Mais musicalidades...



Cantora-que-já-conhecia-mas-a-quem-nunca-tinha-dado-a-atenção-devida da semana:


Chama-se Year of Meteors e é pertença desta senhora com ar de quem não fala com os vizinhos, não tem familia conhecida e vive rodeada de gatos de todas as espécies e que, se descobre um dia, guarda os restos mortais de pedintes no frigorífico. No entanto... escreveu um disco de canções delicadas e levezinhas, para nos acompanhar ao chá.
Bebam chá.
Ah, a senhora chama-se Laura Veirs...



Cantor-que-desconhecia-e-que-agora-vou-passar-a-seguir-atentamente da semana:



Thomas Dybdahl e um àlbum a todos os níveis surpreendente, That Great October Sound. Não vos vou mentir, é uma espécie de David Fonseca lá dos nórdicos, mas isso também não é obrigatoriamente mau, pois não?



Segundo cantor-que-desconhecia-e-que-agora-vou-passar-a-seguir-atentamente da semana:


Jeff Klein e o seu terceiro e último àlbum The Hustler. Belíssimo.
Gostava de deixar aqui, como de costume, a letra da canção-título, mas não a consegui encontrar.
Fica uma amostra: "(...) the body is broken, arms going numb. She shakes her hips and promisses she'll make me come. So I come (...)".
Eu sei, é atrevido. Mas acreditem, a doçura com que Klein canta estas palavras não é nada atrevida.
Merece a procura.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Esta saíu da cabeça do Zé carlos, em resultado do delirio ilícito:
"Consegues imaginar um jogo de ténis entre o Mick Jagger e o James Brown?"
Não...
Mas tenho a certeza de que seria algo imperdível.

E recuperação da semana



Beth Gibbons & Rustin Man - Out of Season

Não vou tentar sequer descrevê-lo. Ouçam-no...

A música da semana



Chama-se "Include Me Out" e faz parte do àlbum Pocket Revolution de 2005, pertença dos belgas dEUS.
É só delicadeza.
Como se nos levassem pelo ar.

Where have I seen this before?
When will I feel it again?
Somebody opened a door I'm afraid to walk in
Imagination will kill
If imagination stands still
I read it in open book
read it in open book
Oh man, I read it in books of laughter
Oh man, I read it in books of pain
What are you talking to me
Cause I'm not really there
Like a spirit that's free
I'm as light as the air
Oh man, I'm as light as the air and floating
Oh man, I'm as light as the air and floating
Take me on
Where the fire winds blow
Of where a fallen leaf stays for days on your shoulder
Cause all I need Is to find my own
And that summering drone
Illicit and golden
Oh lord where have I seen this before
Oh lord when will i feel it again
Read it in every move
Read it in every game
Read it in what you do
Read it in everything
Oh man, as light as the air and floating
Oh man, as light as the air and floating
Take me on
Where the fire winds blow
Cause when time stands still
I wait until It's over
And all I need
Is to find my own
And the summering drone
Illicit and golden

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Com amigos destes...



O André, com quem partilho o blog dos leitões - para além das cuecas - disse-me esta hoje, no Messenger:

"Amigo, tens 32 anos e uma vida pela frente! Estás livre que nem um livro de páginas brancas! Pronto a comer e a ser comido! Com tesão suficiente, se bem te conheço, para saciar uma manada de vacas! Não há razão para depressões!"

Ainda bem que não é uma manada de bois...
Ontem tive uma experiência dantesca...

Querem saber o resto?
Então espreitem em http://www.leitaodabairrada.blogspot.com/

Considerações

Não sei quantos de vocês se lembrarão da bomba que há uns anos explodiu na televisão pública portuguesa chamada "Império dos Sentidos", mas garantidamente foi um dos acontecimentos mais engraçados da história recente deste jardim à beira mar plantado.
O filme, quase pornográfico, foi transmitido pela RTP e chocou meio Portugal, enquanto divertia a outra metade. As reacções em cadeia encheram as primeiras páginas dos jornais durante semanas.
Provavelmente a reacção mais recordada, ainda hoje, foi a do Sr. Bispo de Braga, que proferiu as famosas palavras "aprendi mais em quinze minutos de filme do que em toda aminha vida", misturadas com outras menos engraçadas e mais próximas de um certo rapazito de seu nome Salazar...
A reacção não se fez esperar, e logo pela boca do responsável máximo pela programação do canal público na altura - e de quem não me lembro do nome, lamento - que disse existirem num televisor pelo menos dois botões muito importantes para o seu correcto funcionamento e manuseamento: o utilizado para mudar de canal e o que liga e desliga o mesmo aparelho.


Esta semana voltei a receber reacções menos positivas acerca da maneira como exponho a minha vida neste blog. Recebi reacções menos agradáveis acerca da forma como (aparentemente, não o tinha compreendido) exponho as vidas de outras pessoas.

Pois bem, podia muito bem fazer minhas as palavras do Sr. director de programação da RTP e aconselhar essas pessoas a «mudarem de canal», mas não sei funcionar assim.
Acho até engraçado que se sintam tão melindradas com a maneira como exponho a minha vida e sejam elas as primeira a tentarem indicar-me o que devo ou não devo mostrar de mim, da minha vida, os meus defitos e qualidades. Acho engraçado que não compreendam as minhas motivações e que, acima de tudo, não se apercebam que eu sou o único que pode de facto desvendar a minha vida, todos os seus pormenores, na quantidade que bem entender. Da forma que eu bem entender.
Da mesma forma acho estranho que só se manifestem quando revelo pormenores da minha personalidade menos... alegres. Como se fossem defeitos. Não se manifestam quando desvendo características mais animosas, pois não? Quais as diferenças? Não faz tudo parte da mesma pessoa? Não sou composto por coisas boas e más? É legítimo que me perguntem qual a necessidade de revelar as menos boas, mas isso é tão legitimo como eu responder que não é uma necessidade.

Seja como for, respeito as opiniões dos que não concordam com a forma como giro este blog, e por isso mesmo passo desde já a ter mais cuidado com o que escrevo. Não sobre mim, mas sobre os outros. Nesse sentido, e pela segunda vez na curta história deste blog, retirei um post que tinha publicado na Sexta à noite. Pela primeira vez senti-me ridículo por ter escrito um post. E isso não epode acontecer.

Contudo, gostava de me indagar sobre o seguinte: porque é que as reacções só são negativas quando falo de alguém numa conjuntura menos positiva? E poderão constatar facilmente que nunca, mas nunca, critiquei ninguém neste blog de uma forma directa. Aliás, nunca critiquei aqui ninguém. Pelo contrário, mesmo nos posts mais... tristes acredito que de alguma forma as pessoas visadas saíam valorizadas. As dores que me fazem sentir, só as sinto por gostar tanto delas.
Como terá sido a reacção da Gioconda quando viu o quadro que o Leonardo tinha pintado? Será que o processou?
Será que algum anjo terá castigado Michellangelo por causa da Capela Cistina?
E a mulher de Lobo Antunes, será que já agrediu o marido pelo livro composto por cartas que ele lhe escreveu? Não podia, o livro é da sua responsabilidade.
Provavelmente é isso. Tenho de mostrar os textos às pessoas neles revistas antes de os publicar...

Desculpem o sarcasmo, mas tudo isto é de um grande exagero. O meu texto é um grande exagero. Mas há coisas que me deixam perplexo.

sexta-feira, janeiro 06, 2006



Hoje de manhã, um bom amigo perguntava-me "estás feliz?".
Respondi-lhe "não!? Porque é que havia de estar?".
"Porque acordaste".

Quando começar a dar valor a todas as manhãs em que acordo vivo, essa será a altura em que provavelmente todos os dias terei de verificar se ainda tenho os dois testículos e se nao me caíu cabelo...

Curta troca de correspondência



Mas que provocou um terramoto.

Duas cartas, a do Moura para mim, no seu blog, e a minha para ele, no meu.
Apercebo-me de que a falta de entoação nas palavras que escrevemos pode levar a diversas interpretações.
E levou. As reacções foram muito variadas, mas todas em torno dos mesmos sentimentos. Perplexidade, preocupação, curiosidade. Uma reacção, a mais violenta, chocou-me pelas palavras utilizadas, mas compreendi-a. Tentei explicar, acho que funcionou.

Quanto a mim, a verdade é que sim, concordo com os que acham as palavras do Moura duras. Mas compreendam, não sou daqueles que aceitam com facilidade palmadinhas nas costas. Da mesma forma, talvez com ainda maior dificuldade, não sou daqueles que dão essas mesmas palmadinhas. Entendo cada uma das palavras que ele me dirigiu. Fosse eu a escrever-lhe aquela carta e garanto-vos que as usaria na mesma medida e da mesma forma.
E sim, adorei quando ele me chamou "parvo à Paços de ferreira".
Genuinamente.
E, por muito que isto vos pareça contraditório da minha maneira de levar a vida, a verdade é que concordo mesmo com o que ele me disse.
Auto-eduquei-me e crescí sempre com a convicção de que as mulheres não mereciam outra coisa senão carinho, compreensão, amizade e sensibilidade. Achei sempre que esse era o melhor... não, o único caminho. Que não podiam existir receios. Que "um homem não chora" é a falsidade mais negra que se pode tentar vender a alguém. Que "um homem só pensa em sexo" é uma distorção de um facto, sim, mas que não tem necessariamente de ser um mau facto.
Acreditei sempre, como ainda acredito, que devo agir para com as mulheres, como para tudo na minha vida, da mesma forma com que tenho agido até aqui.
No entanto...
Cedo me dei conta de que as mulheres apreciam estas caracteristicas nos homens com quem lidam apenas superficialmente. Na melhor das hipóteses no seu melhor amigo.
Já sei, não estou a ser justo. Nem todas as mulheres serão assim. Mas as mulheres com quem tive a sorte de privar na intimidade; as mulheres que amei e que me amaram, cedo se fartaram de tanta sensibilidade, tanta compreensão. De certo modo, foi como se necessitássem de saídas dramáticas de cena; de discussões mais ou menos violentas para melhor gozarem o doce sabor da reconquista, da reconciliação.
Não consigo viver assim, e por isso mesmo já me desiludi inúmeras vezes. Já dei por mim a colocar em causa essa minha maneira de viver a vida, as relações, a paixão, o amor. O que criou em mim os tais fantasmas que ainda hoje me perseguem para onde e para quem vá.
Não vou, obviamente, falar aqui de situações reais que ajudaram ao nascimento desses demónios que me enfernizam a vida. Garanto-vos, porém, que o Carlos tem de facto razão. As pessoas que amamos são aquelas que, por isso mesmo, nos hão de magoar mais cedo e com mais força do que estamos à espera.
Senti isso muitas vezes.
Muitas vezes por culpa própria.
Concordo, porque sei que é assim, que tudo o que o Carlos me disse é verdade. E é de amigo. Não duvidem.
Só não consigo viver de outra forma. E isso dói como não imaginam. E não consigo viver de outra forma. E isso dói como não imaginam. E não consigo... e dói.

Tenho aqui deixado algumas impressões de coisas que me aconteceram num passado tão recente que a tinta ainda escorre pela parede (e agora podia ser insuportavelmente piegas e dizer "pela parede do meu coração"...).
Algumas pessoas, pela proximidade que tiveram desses acontecimentos compreenderam as metáforas que utilizei. Àqueles que não as compreenderam totalmente eu digo que são essas experiências que me fazem sentir bem por ser como sou. Que me fazem acreditar que o caminho continua a ser o mesmo que tomei ainda em rapazinho. Que me ajudam a crescer sempre.
Depois, invariavelmente, vêm as dores de crescimento que já conheço tão bem, e que fazem parte integrante do mesmo processo. É um defeito apaixonarmo-nos desta maneira, mas... é a única maneira que conheço.
E se querem saber, é a única maneira que quero conhecer.
Não gosto das outras...

Constatações - desde ontem ao fim da tarde



Detesto moelas, mas não resisto a um pãozinho encharcado no seu molho...

Ler o que escrevemos em voz alta, não só me aproxima de amigos que à partida não dariam muito valor às nossas palavras mais... profundas, como sabe terrivelmente bem.

(Há dias o Moura dizia-me que um qualquer sucedâneo do Dr Phill afirmava na TV que mais de 50 % das pessoas que conhecemos têm pelo menos um desvio comportamental qualquer, e dos que necessita de intervenção especializada) Ontem apercebi-me ainda mais um bocadinho de que, para além disso, quase todas as pessoas que conheço, têm problemas graves, ou chatos (no minimo), a que não conseguem - ou não querem - dar solução.

Tenho alguns desvios comportamentais...

O meu polegar esquerdo treme constantemente e com alguma intensidade. Uma espécie de mini-Parkinson, que já tinha notado há algum tempo, mas nunca como ontem. Será que posso ir para o circo?

Esta semana dormi 24 horas. Mais precisamente desde a noite de passagem de ano. 24!
Começo finalmente a dar mostras dos primeiros sintomas de fadiga e incapacidade. De desconcentração e desinteresse. Não me apetece ir ao cinema, poucas são as pessoas com quem me apetece realmente estar, e começo a arranjar desculpas esfarrapadas para me vir embora mais cedo de casa do Zé, onde fazemos o trabalhinho de design, mesmo sabendo que não é isso que me vai fazer dormir mais cedo.
Claramente não é só o cansaço que sinto que me deixa neste estado de espirito. Mas isso potencia o resto dos problemas que me têm afligido.
Posso sempre continuar com esta rotina e ver onde vou parar. Se ao manicómio, onde seria divertidíssimo receber os meus amigos de visita; se a um sítio bem menos animado e onde nenhum amigo meu me pode visitar.

Nunca mais como num «Pão-Quente». O meu pequeno-almoço hoje foi didático de uma forma que eu nunca pretendi. Enquanto metia uma sande de queijo ao bucho, observei com terror indisfarçado a recolha de pastéis variados por parte de um propietário de um qualquer café. As empregadas do dito «Pão-Quente» pegavam nas bolas de Berlim, nos croissants, e em todos os tipos de pão à mão cheia. Literalmente. Sendo o mesmo repetido pelo zeloso senhor enquanto procedia à contagem da carga a transportar. Não contente, tossiu repetidamente para dentro da caixa plástica que continha o lote, limpou a humidade do nariz com o mesmo dedo indicador da mesma mão direita que em seguida continuaria a tal contagem... Não!!!

Sinto dores em locais do meu corpo que nunca me tinha doído antes. Locais do meu corpo que nem sequer existem. Engraçado...

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Corpus Christi carol



Já devem ter percebido que aprecio bastante a música deixada pelo falecido Jeff Buckley.
De todas, para mim a mais bonita e delicada é esta, "Corpus Christi Carol".
Tão simples e tão frágil.
Ouçam a maneira como ele diz, já próximo do fim da canção, as palavras "Corpus Christi" e tentem não se arrepiar.
É a minha música de «saudade». Pelo menos tem-no sido por estes dias.
Belíssima

He bear her off, he bear her down
He bear her into an orchard ground
Lu li lu lay lu li lu lay
The falcon hath bourne my mate away
And in this orchard there was a hold
That was hanged with purple and gold
And in that hold there was a bed
And it was hanged with gold so red
Lu li lu lay lu li lu lay
The falcon hath bourne my mate away
And on this bed there lyeth a knight
His wound is bleeding day and night
By his bedside kneeleth a maid
And she weepeth both night and day
Lu li lu lay lu li lu lay
The falcon hath bourne my mate away
By his bedside standeth a stone
Corpus christi written thereon

O tiro de misericórdia



De uma vez por todas, e para acabar a com esta novela do que é o amor, do que é a paixão, deixo aqui um singelo poema retirado de um livro de que falei neste blog há uns dias.
Chama-se "Está alguma coisa a arranhar à janela - pequenos versos para meninos travessos" do Roman Dirge, e pode ser encontrado facilmente em qualquer livraria.

O Veado e a Abelhinha

Não haverá mais estranho evento
do que esta mesma historinha
sobre o súbito enamoramento
entre um veado e uma abelhinha.

Todos acordavam no entendimento
ser este inédito amor, surpresa
Pode uma criatura que corre o vento
amar outra que à terra é preso?


Decidiram dar um beijo
para selar a sua união.
mas a abelha falhou o eixo
e no veado espetou o ferrão.

Para pior confrangimento,
horror e asco acentuado,
ela perdeu num corrimento
o intestino grosso e o delgado.

O pobre veado, desalentado,
desfez-se em lágrimas de dor,
por de modo tão desafortunado
ter perdido o seu grande amor.

A morte chegara num instante
para não tão célere partir.
Mal sabia o desolado amante
que o pior ainda estava por vir.

De nada serviu o pranto enérgico
pois imagine-se coisa assim:
à picada foi ultra-alérgico,
peçonhento foi o seu fim.

Esmagado pelo tormento,
num sofrimento maníaco,
mudou de cor, deu pum fedorento,
e morreu de ataque cardíaco.

Deste casal azarento,
após fado tão horrível,
retirou-se um ensinamento:
o amor pode ser terrível!
Saudade
Como duas mãos que se soltam uma da outra
Como duas bocas que cessam um beijo
Como de um livro empolgante quando chegamos ao seu fim
Como da nossa mãe no primeiro dia de aulas
Como da nossa avó quando já não temos as suas mãos para nos apertar

Os melhores comentários do ano



Era inevitável.
Mais cedo ou mais tarde eu iria aqui homenagear os comentários mais brilhantes feitos ao meu blog, ou a posts que aqui escrevi, durante o ano de 2005.

Tenham paciência, vão ter de ler os posts que deram origem aos respectivos comentários, mas só assim fazem sentido.

Cá vai:

(22 de Dezembro)
A Porta Encostada - Não tão ligeiro retorno
A porta encostada não foi obstáculo para ela, que num movimento calculado e calmo a abriu apenas o suficiente para conseguir passar da luz para a escuridão do quarto.O chão velho de tábuas de madeira rabugenta também não a demoveu e, com os pés descalços, deslizou sobre ele, não fazendo qualquer ruído.Tropeçou na gata, que entretanto se atravessara à sua frente, voou dois metros pelo ar quieto do quarto escuro e aterrou com o crânio em cheio na cabeceira da cama. Desmaiou, resultado de um violento traumatismo craneano.Ele não estava a dormir...mas também não se levantou.


Carlos Moura said...
O amor é assim: físico.




(7 de Dezembro)
Para H.
Cada palavra que dizes,mesmo que temas dizê-la,é uma luz que se acendeatrás de cada janela,é um verso prometido,é uma rima anunciadaque ás vezes se desfaznuma alegre gargalhada.

José Jorge Letria

Anonymous said...
Mesmo a palavra mortandela?

: )
H



Respondam-me por favor a este post. Digam-me, não, expliquem-me, como se de uma equação matemática se tratásse, que energia é esta que junta as pessoas. Que as faz sentir bem na presença de outras. Que cria uma sensação impar de conforto e bem estar sempre que ouvimos o nome deste ou aquele amigo em particular. O que é isto? Pode ser sintetizado numa fórmula química? Alguém algum dia ganhará o prémio Nobel da Paz por descobrir que sentimento é este que cria laços indestrutíveis entre pessoas muitas das vezes tão diferentes?Que força é esta que me faz sentir saudades vossas?

Ana said...
Gostamos uns dos outros por muitas coisas mas principalemente porque...porque sim!e no dia em que a resposta for diferente, quebra-se o feitiço. Que Deus nos livre!
19:20
Ana said...
por exemplo, tu gostas de mim porque sim e "pincipalemente" porque não dou erros ortográficos.:)Beijinhos
19:22


Obrigado, voltem sempre, por favor.

Ontem à noite



Querida Ana,

ontem descobri, por fim, qual o teu poder mutante.
O Homem Aranha, já o sabíamos, trepa às paredes e lança aquela gosma peganhenta dos pulsos - num gesto que sempre considerei ser de elevado índice gay.
O Super Homem, esse, não há nada que não faça, desde que não lhe esfreguem Kriptonite nas beiças.
O Hulk fica verde e berra comó caraças, zanga-se e atira com tudo o que se lhe aparece pela frente - outra atitudezinha com um elevadíssimo grau de bichice.
Tu, minha querida, tens o poder de dizer o que tens a dizer com aparente facilidade e de uma forma sempre acertada. Como se pensásses muito em tudo o que vais dizer antes de o fazer. Eu sei que não precisas de dispender assim tanto tempo para dizer o que te vai na idéia. Mas acertas sempre. É esse o teu poder.

Muito mais chique do que trepar às paredes, levantar o Empire State Building com o dedo mindinho ou ficar da cor das pencas e gritar impropérios sem sentido.
Gosto de falar contigo, mas acima de tudo gosto tanto quando falas comigo. Porque fazes sentido. Porque me fazes rir - nunca me canso desta - e porque abrilhantas os momentos que passamos contigo. A língua inglesa tem, nesse sentido, a expressão mais bonita que conheço, e com a qual concordo plenamente.
"You light up the room".

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Resposta a Chi

Ó Chi, então mas o amor só acaba quando uma das partes - ou ambas - se decide a não querer continuar a...
Parece lógico.
A amizade nunca termina assim. Não se esgota, não se dilui.
Da mesma forma, nunca nenhuma razão é forte o suficiente para terminar um amor. Pode ser forte o suficiente para afastar duas pessoas que se amam, mas que mesmo afastadas se continuam a amar.
Só um motivo muito válido coloca um fim numa boa amizade.
Correcção: todas as amizades são boas.

Carne estufada com favas e puré de batata.


P.S: Se mais algum espécie de travesti-de-comediante vem para aqui dizer que este blog está a ficar muito maricas...
vou a Lisboa e dou-lhe um beijo de língua!


Hmmm...
Ando com vontade de viajar - nada de estranho até aqui.

Nos próximos dois a três meses vou decididamente fazer uma pequena viagem. Já pensei em passar um fim de semana «esticado» em Marrakesh, ou voltar a Londres, conhecer Roma, ou Praga.

Na dúvida, vou-me deixando andar à espera que surja qualquer coisa atractiva o suficiente para me convencer a ir...

No entanto, e por isso este post, estou a partir de hoje a aceitar sugestões para possiveis destinos.
Assim, tenham em consideração que a viagem não pode durar mais do que quatro dias e não pode ser demasiado despendiosa (quanto a orçamentos não se preocupem, sugiram).

Da mesma forma vos digo isto: em princípio vou sozinho. Nada que me assuste ou preocupe, pelo contrário. Sempre me imaginei com alguma facilidade a correr mundo sem a companhia de mais ninguém. Penso viajar sozinho pela simples razão de que ainda não tinha comunicado esta decisão a quase ninguém, e aqueles que já sabiam desta viagem ainda não se decidiram a ir também. Portanto, partamos do princípio que vou sozinho... mas sempre à espera dos vossos «auto-convites».

Já agora, e por falar em viagens, deixo aqui uma sugestão literária. um livro acerca de uma viagem, e, penso eu, o melhor livro para se ler numa viagem.
"Viagens com Charlie" do John Steinbeck. Vale bem a pena.

Fico à espera

Sexo (e com este título já garanti leitores atentos)



Ontem ouvi na rádio um sexólogo dizer que o orgasmo provoca a libertação maciça de endorfinas e que estas serão sensivelmente a equivalência natural a drogas como a morfina e a heroína.

Portanto, posso concluir sem grande dúvida que o sexo é de todos o maior e melhor anti-depressivo que existe?
Posso. E é verdade.

Então porque lidamos com ele de uma forma tão estranha?

Porquê tantos preconceitos?

P.S: Idéia brilhante: tratamento para as pessoas que têm todo o tipo de preconceitos sexuais, nomeadamente falta de apetite sexual, vergonha ou mesmo nojo. Hipnotizá-las, amarrá-las a uma maca devidamente protegidas contra todo o tipo de embates ocasionais provocados por espasmos musculares descontrolados e convenientemente equipadas com vestimentas anti-projecção de fluidos, e injectá-las com doses maciças de morfina!!! A ver se a seguir não se transformavam nos próximos James Brown, ou o seu equivalente feminino... que agora não faço a minima idéia de quem pudésse ser...

P.S.2: Atenção, quando o orgasmo é alcançado através da masturbação, a quantidade de endorfinas é menor, mas existe à mesma. Perceberam???

Amor, «Paixão»...



Em resposta ao comentário de AT, ocorre-me dizer o seguinte:

Não. Amor e paixão não são mesmo nada a mesma coisa.
A paixão é uma coisa única. Não se sente por várias pessoas simultaneamente. É focalizada, objectiva, direccionada apenas a um indivíduo - em situações normais, pois claro.
A paixão provoca em nós dores e dissabores. Mas nada sabe melhor do que a vertigem da paixão.
As tonturas que sentimos ao ver ou sentir, ou mesmo ao pensar no objecto da nossa paixão.
Ou seja, na minha opinião, a paixão é músculo, pele, cheiros, sons, enfim...

Acho que não consigo deixar aqui todos os ingredientes que fazem da paixão o que eu sinto que ela seja.

O amor...
O amor é e será sempre um mistério.
Indefinível. Mesmo pelos que dominam as artes da filosofia, da escrita, da poesia.
Shakespeare, ele mesmo, não tentou sequer explicar o que é o amor. Mostrou-o a todos os que viram, por exemplo, "Romeu e Julieta". Mas nem sequer teve a veleidade de tentar defini-lo.
Isso, garantidamente, não me parece tarefa possivel de ser concretizada.
Sei sim que o amor pode ser sentido por diversas pessoas simultaneamente.
"Amores diferentes" dirão alguns. Certo, mas amor(es) na mesma.
Sei sim que o amor por uma namorada ou mulher tem para mim um prazo de validade que, sendo incerto e incalculável, me parece mais frágil do que o amor por um amigo. Esse tem um instinto de sobrevivência mais feroz. À prova de bala.
Já não falando sequer no amor que sentimos pelos nossos pais e irmãos, parentes mais próximos, portanto. Esse está salvaguardado logo à partida - também em situações normais, claro.

Conclusão, são coisas completamente distintas mas que se complementam de uma forma incrível. E esse complemento faz, realmente, toda a diferença.
No entanto acredito que a paixão pode sobreviver sem o amor.
Garanto-vos, contudo, que o amor não sobrevive de modo algum sem a paixão. É o seu combustível, o seu alimento.

A paixão é alegria, infantilidade, tontura.
O amor é bonito, grave, triste.
Mas não acredito na eternidade de ambos os sentimentos.
Aí sim, são iguais.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Carta ao meu amigo Carlos

Nunca me peças desculpa por me presenteares com a tua opinião. Isso não te admito.
A tua opinião é importante por seres meu amigo, amigo.
Não segurei a lágrima que me fez lembrar que tudo o que me escreveste é verdade.
Que eu sou assim, de facto.
Que não consigo mudar, embora tenha a noção de que o mundo realmente é uma merda, no que a sentimentos diz respeito.
Mas não consigo.
Porque sim, acredito nas pessoas, nas emoções, nos valores.
No amor.
Embora saiba que as pessoas podem ser más, cruéis e maquiavélicas.
Podem ser o pior que este mundo transporta.
Embora tenha a certeza absoluta de que as emoções são pura filigrana.
Frágeis demais para se manterem firmes, Fracas demais para serem indiferentes à dor, sensíveis demais para permanecerem eternas.
Embora compreenda que os valores de uns não poderão nunca ser os valores dos outros.
O amor...
esse é fugaz como o sopro que apaga uma vela.
Mas é tão bom e vale tanto a pena que se lute por ele.
Mesmo sabendo que vai doer sempre, sempre a mesma dor.
Mesmo sabendo que provavelmente não vamos ser amados na medida em que amamos.
Mesmo sabendo que podemos ser usados, traídos, magoados por alguém que amamos.
Unicamente por saber que é amado.

A última vez que me puxaram para perto, sem eu estar à espera, foi há umas semanas.
Na rua, ao frio, enquanto partilhavam comigo uma lua cheia porque "uma lua assim não se desperdiça".
A última vez que me foram buscar pelos colarinhos, à bruta, foi a uma mesa de jantar, vai fazer uns dias.
Só por olharem para mim de uma certa forma.
Só por me falarem de uma certa maneira.
E pensarás "tonto romântico, o meu amigo". talvez sim.
Já aqui admiti...
Acredito no Romeu e julieta.
Acredito, porque nunca consigo conter as lágrimas, nas cenas cortadas dos filmes que o pequeno Totó não podia ver no velho Cinema Paradiso.
As cenas que lhe seriam dadas anos mais tarde como sinais de um tempo passado.
Cenas de paixão, de amor.
Acredito numa frase que para sempre será emblemática na minha vida.
"Uma certeza assim só se tem uma vez na vida".
Acredito naquele momento - que tu tão bem conheces e tanto deves apreciar - no filme "As pontes de Madison County", em que depois da Merryl Streep decidir não fugir com o nosso Clint, o vê pela última vez à chuva.
Em que se apercebe, só de olhar para ele, de duas coisas que para o resto da sua vida a vão perseguir: que ele está à chuva a olhar para ela por saber que ela já não ia voltar atrás com a sua decisão, e que ela o ama mais do que tudo na vida e não tem a coragem - que mais niguém tem - de abdicar de tudo o que é certo e seguir só o coração, esse sim um «tonto romântico».
Como deves conhecer tão bem os momentos que se seguem nessa sequência do mais puro e bonito cinema.
A dor que ela sente quando ambos os carros arrancam e param no mesmo semáforo.
A tristeza imensa que ela sente quando o vê colocar o crucifixo, prenda dela, no retrovisor do seu carro.
A raiva, o ódio por ela propria, por não ter a tal coragem, reflectidos na força descomunal com que aperta o puxador da porta, sempre, e até ao último momento, com a certeza de que vai conseguir abrir aquela última barreira, e transpôr os metros que os separam em menos de um segundo.
E que lhe vai dizer "vamos, arranca, por favor".
E que vai ser feliz...
Sim, eu acredito nisso, amigo.
Porque já me aconteceu algo idêntico.
Porque eu já estive à chuva, figura que muitos considerariam ridícula.
Porque eu já estive dentro do carro, já apertei o puxador da porta com a mesma força descomunal, já me faltou essa coragem.
E sabes o que te digo?
Vale tanto a pena!
Vale sempre a pena, mesmo que a dor possa ser insuportável.
E é.
Mesmo que me veja a desparecer para dar lugar a esse sentimento.
Mesmo que já não reconheça em mim a capacidade habitual para discernir, para raciocinar.
O amor nunca será racional, nunca.
Isso não seria amor, seria a tal foda de que falas.
The fuck of the week.
Isso seria alívio, terapia, aproveitamento de um sem número de condicionantes.
Nunca amor.
Mas, como sabes, concordo com tudo o que me dizes na tua carta.
Com tudo, não lhe alterava uma vírgula, aliás.
Mas...
Estou apaixonado.
E compreendo, por as conhecer tão bem, as regras do amor.
As dores de crescimento que ele produz.
Compreendo-as e aceito-as sem discutir.
E podes-me chamar de tonto romântico.
Porque sei que me continuas a amar.
Por saber que, se é um defeito, é um que só faz mal a mim.
Por achar que vale a pena percorrer esse caminho tão incerto, o do amor.
Tão cheio de espinhos, mas tão repleto de rosas.
Por saber, com toda a certeza do mundo, que, aconteça o que acontecer, invariavelmente o resultado será sempre o melhor possível: conhecer pessoas da forma mais desnudada possível.
Aprender com elas - mesmo que coisas menos boas - e sentir que se passou qualquer tipo de mensagem.
Para mim, deixar cá uma herança nossa, deixar a semente, não passa por ter filhos.
Nunca acreditei nisso.
Para mim, a semente está na ligação que criamos com os nossos amigos, com os nossos amantes, com a nossa família e mesmo até com aqueles que não gostam de nós.
É essa a nossa verdadeira marca que fica no mundo depois de partirmos.
"Como é que ele me tocou, o que é que eu senti por ele, como foi fazer amor com ele pela primeira vez".
"O que senti quando me escreveu aquela carta, como foi a primeira vez que subi a um palco com ele"...
Acredito nisso.
Vivo por isso.
E amo-te meu bom amigo.
Nunca me peças desculpa, por favor.