kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, setembro 30, 2009

MENINA MEDEIROS IS BACK IN TOWN

RAPIDINHAS SOBRE AS ELEIÇÕES (OU NEM POR ISSO)



Resumidamente: O PS venceu as eleições e conquistou mais votos do que qualquer sondagem previa. O PP tornou-se a terceira força política e conquistou mais votos do que qualquer sondagem previa. O BE viu o seu eleitorado crescer em cerca de 200 mil votos. A CDU conseguiu mais um deputado. Visto assim pode-se concluir que o único e verdadeiro derrotado destas eleições foi o PSD. No entanto, o PS perdeu a maioria absoluta e logo por 500 mil votos. O BE foi ultrapassado pelo PP e a CDU não conseguiu evitar descer para a posição de quinto partido político na assembleia da república. Ou seja, pode-se concluir que o único e verdadeiro vencedor destas eleições foi o PP.

Já se sabe que isto não pode ser visto de uma forma tão linear e que existem muitas outras conclusões. No entanto, a verdade é que Paulo Portas conseguiu mesmo bater o seu inimigo de sempre, as sondagens, e crescer de uma forma surpreendente. O que me preocupa, porque apesar de ser um bom partido na oposição, o PP continua também a ser a direita mais retrógrada e medieval. Portas tenta disfarçá-lo, mas sem grande sucesso.

Manuela Ferreira Leite devia ter-se demitido na mesma noite das eleições. Teve ainda menos votos do que era esperado e perdeu irremediavelmente a única hipótese de algum dia ser primeiro-ministro de Portugal. Ao não se demitir, abriu mais uma ferida no PSD, que vai passar os próximos meses nas habituais guerras internas. Manuela fica practicamente sozinha à frente dos lobos sociais-democratas. Menezes em Gaia rejubila com o fracasso; Pedro Passos Coelho sorri maquiavelicamente perante o trambolhão de quem o bloqueou; os tubarões do PSD sacodem as barbatanas e dizem que não têm nada a ver com aquilo; por fim, Paulo Rangel está comodamente alojado na Europa política e não tem de se preocupar com o peixe miúdo.


Entretanto, o presidente da república lá veio a público falar da polémica das escutas. Como é seu costume não disse nadinha de jeito, não esclareceu, só confundiu, foi evasivo, pouco cristalino e... bem, um desastre. Fanático pelas teorias da conspiração, ponho-me a pensar na razão que levou o homem a subitamente montar um espectáculo desgradante como o de ontem. Para mim foi pressão do PSD, que desgastado por uma humilhante derrota eleitoral, usou a sua única arma política de (algum) peso.

Portanto, temos um presidente que continua a ser o que sempre foi, inútil, e que agora abre uma guerrinha inconsequente com o governo. Inconsequente porque não se sabe quem foi, o que foi, quando foi e porque foi. E porque a única pessoa que nos podia esclarecer é um mono sem qualquer presença de figura de estado. E que se apresenta como o presidente da república. E que, como sempre nestas ocasiões, fala em pessoas sem referir nomes, o que ajuda de caraças...

Também por «coincidência», dois dias após um bom resultado eleitoral, Paulo Portas volta a estar no centro da polémica dos submarinos, e dos dinheiros desviados para a Suiça e o diabo a quatro. O que é bom, porque é interessante saber que esse assunto, essa roubalheira descarada, ainda está por resolver.

Portanto, tudo na mesma!

sábado, setembro 26, 2009

SCI-FI FOREVER!


Segundo a Wikipedia, existem registos de literatura sci-fi (science fiction) desde o séculoII - vai-se lá saber se isso é correcto ou não... No entanto, se quisermos falar de sci-fi a sério, devemos invariavelmente falar de Júlio Verne e de outro senhor, directamente relacionado com o escritor - até porque fez uma versão cinematográfica de um dos seus contos - o também francês George Mélliès. Quando Méliès enfiou um foguetão num olho de uma lua feita de queijo, lançou, sem pensar nisso, as bases de todo um género cinematográfico. Como um dos mais antigos e respeitados géneros da sétima arte, a sci-fi é também um dos que tem uma legião de fanáticos seguidores, atentos a tudo o que é feito e ainda por cima especialmente críticos. Ou seja, não é tarefa fácil, realizar um filme de sci-fi e ter sucesso com isso. Por isso mesmo, é cada vez mais raro ver filmes destes que relançam bases para a
continuidade do género. Mesmo os que são criados a partir de obras de referência, livros ou contos de mestr
es da ficção científica, remakes de clássicos de Hollywood ou, pura e simplesmente originais fresquinhos saídos da imaginação fértil de alguns desses fanaticos seguidores. "District 9" é tudo aquilo que se tem ouvido dizer e mais uma coisa, importante, por sinal: relança definitivamente bases novas e originais para manter a saúde nem sempre boa do género sci-fi. E com uma classe, vigor e frescura que já não se viam há alguns anos. E porquê? Porque com toda a certeza tem um realizador que faz parte desse mesmo grupo de geeks sci-fie porque oi produzido por um dos maiores geeks sci-fi que o cinema já conheceu: Peter Jackson. Um produtor inteligente o suficiente para saber que a melhor maneira de orentar um filme destes seria pura e simplesmente retirar-se do plateau e dar toda a liberdade ao principal responsável, o sul-africano Neill Blomkamp. Portanto, vamos ao que interessa. "Distric 9" retrata uma Joanesburgo de um futuro próximo e de um monstruoso bairro de lata com uma característica especial: a maioria da sua população é extra-terrestre. Não é significativo explicar aqui como foram eles lá parar, ou porque razão ficaram presos na terra, o que importa - e importa mesmo - é perceber que o que eles sofrem às mãos dos humanos é exactamente o que alguns humanos categorizados de segunda e terceira categoria têm sofrido às mãos de outros seres humanos. Como tem acontecido ao longo de toda a história da humanidade. è este, portanto, o ponto de partida para um filme que não é só ficção científica e acção, mas sim também uma feroz alegoria à condição de se ser humano. Mais uma, dirão alguns. E com razão. O problema das alegorias sobre a condição de se ser humano é que pecam pela falta de originalidade e parecem-se todas umas com as outras. Esta, tem a vantagem de estar embrulhada num formato absolutamente novo e que coloca essa figura cinematograficamente omnipotente do alien num patamar revolucionário e que é o principal motivo para que este "District 9" possa ser considerado groundbraking. Quer isto dizer que o filme de Blomkamp faz pelo cinema de extra-terrestres o mesmo que "Cloverfield" fez pelos filmes de monstros à Godzilla, ou o que "Blair Witch Project" fez pelos filmes de terror ou "Seven" pelo thriller. Por outras palavras, enterra tudo o que se fazia até aqui e obriga todos aqueles que algum dia pensaram em fazer um filme de aliens a repensar tudo e a recomeçar do zero. Lembram-se do Gollum de O Senhor Dos Aneis? Esqueçam-no. Comparado com os «gafanhotos» de "District 9" o pequeno e desgraçado freak of nature, outrora uma maravilha da tecnologia CGI não passa de um tosco desenho animado sensaborão. Estas criaturas têm alma, coração e emoções bem claras e facilmente distinguidas por nós, espectadores. Isto é, emocionam-nos e são mais, muito mais, que simples figurantes. Christopher Johnson, o extra-terrestre que acaba por se emparelhar ao anti-herói do filme, tem aquilo que se pode considerar como uma óptima interpretação, e aproxima-se de uma vez por todas do sonho de Geroge Lucas que fez rir muita gente quando foi admitido pelo criador do terrivel Jar Jar Binks: ver uma personagem CGI nomeada para o Oscar da Academia. Não é caso para tanto, mas que é realmente impressionante, lá isso é. E é o tal patamar de que falava mais atrás.

De realçar ainda que os magníficos efeitos especiais de "District 9" conseguem aquilo que é mais desejado num filme que acaba por depender inteiramente de efeitos especiais, ou seja, quase nem se fazem notar. Estão de tal forma integrados na dramaturgia do filme que acabam por ser esquecidos pelo público. E ainda assim, impressionantes.

Obrigatório falar de um actor que ninguém conhecia - parte de um elenco totalmente desconhecido - e que tem um desempenho fabuloso, completamente arrasador e que é responsável por nos levar às costas pelo filme todo. Sharlto Copley, um actor de 36 anos com apenas quatro filmes no currículo, começa por se parecer levemente com um nerd saído directamente do "The Office" - ridículo, mesquinho e cobardolas - para aos poucos se transformar num homem que não quer ser herói e que apenas faz tudo o que pode para voltar a ser um tipo normal com uma vida normal. E é pungente na luta que desempenha. "District 9" da um valente e bem enfiado estaladão na fuça da maioria dos blockbusters americanos dos últmos dez anos. Pela simplicidade, pela humildade e acima de tudo porque os ensina a fazer isso mesmo, um blockbuster, com um magnífico argumento e com humanidade, sensibilidade, coração e inteligência e sem perder a energia, o interesse e, mais importante que tudo, sem nunca perder o espectador. Alguém consegue imaginar um filme, espécie de alien-thriller-sci-fi, com carradas de acção dar um nó na garganta de um espectador e sinceramente comovê-lo? Não? Então vão ver o filme e esperem pelo úlitmo plano. Mesmo o útimo, antes do fade out. É que é só um dos mais bonitos e significativos de 2009. Mais nada.



Agora, esqueçam tudo o que eu escrevi atrás e pensem em "District 9" como um dos mais belos e tocantes filmes que vão poder ver em 2009. Sem dúvida um sério candidato ao melhor filme do ano para este blog.

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quinta-feira, setembro 24, 2009

É JÁ A SEGUIR


Vou hoje ver o "District 9" e estou que nem me aguento.
É que já ouvi dizer por aí que é um dos filmes do ano...

PRONTO...


Agora que tive a oportunidade de ver as entrevistas do novo programa dos Gato Fedorento, já consigo dar a minha opinião sem parecer mau feitio.
A coisa não tem piada. O programa, claro, porque as entrevistas não estão mal de todo. O único problema das entrevistas, razoavelmente conduzidas por Ricardo Araújo Pereira, é que são... morninhas. Não são provocatórias como se estava à espera. São polidas, politicamente correctas, aqui e ali apimentadas, sim senhor, mas nada que se compare ao que se faz lá por fora no género.

Bom exemplo disso mesmo foi a entrevista a Joana Amaral Dias, do Bloco de Esquerda, A senhora revelou duas coisas que eu não sabia: que tem umas mamas bem maiores que a média nacional e que é um verdadeiro mono. Sem piada, tensa, irritável e irritada e sem pinta de sal. O que é que RAP podia ter feito? Massacrá-la. Qualquer Jon Stewart o faria, sem piedade. O que é que RAP fez? Continuou a fazer as perguntas que estão combinadas previamente e pronto...

Porque é clara a tentativa de copiar a papel químico o trabalho de Jon Stewart y sus muchachos. O problema é que Jon Stewart tem uma equipa de mais de quinze guionistas. O problema é que os assistentes de Stewart - «especialistas» nas mais diversas áreas de... seja o que for - são bons actores, coisa que nenhum dos gatos é. São mesmo muito fraquinhos, aliás.

Ou seja, éstá definitivamente na hora de Ricardo Araújo Pereira se emancipar dos seus coleguinhas de carteira e enveredar de uma vez por todas por uma carreira a solo naquilo que faz melhor. Antes, naquilo que podia fazer melhor: entrevista satírica.


O QUE ESTA PARA VIR (ESTARÁ?)

Era bom, sei lá...




KARMABOX WITH A VIEW - KINGS OF CONVENIENCE SPECIAL

Venha de lá esse disquinho, caramba!

Mrs. Cold


Boat Behind

Kings of Convenience - Boat Behind from françois nemeta on Vimeo.

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quarta-feira, setembro 23, 2009

BLAH, BLAH, BLARGH!


Ontem, enquanto conduzia para casa, e depois de muito zapping radiofónico, decidi parar um bocadinho numa estação que transmitia aquela merda que os gajos da IURD dizem. E ainda bem que o fiz. O «bispo» falava das pessoas que acusam a igreja de enriquecer à custa das ofertas de dinheiro, o dízimo que os seus seguidores pagam todas as semanas. O pastor obviamente repudiava essas acusações e estava tão seguro de que isso era errado que decidiu lançar um desafio à comunidade IURDESCA. Segundo ele, todos os que estivessem na dúvida entre dar ou não dar esse tal dízimo, deviam experimentar não o fazer durante um certo período de tempo. Não dar dinheiro à IURD, mas por sua conta e risco, porque a seguir eles iam sentir as consequências do seu acto. Foi mais longe e disse mesmo que "iam sentir na sua carne e pele" as consequências de não dar dinheiro à igreja. Isto é uma ameaça ou eu estou enganado e ando a ver muitos filmes de mafiosos?

Hoje de manhã, no programa de Rita Ferro Rodrigues e do inútil do Francisco Menezes, entrevistava-se uma senhora que já não sabia do filho há 4 anos. Ou seja, o homem tinha sido preso em Inglaterra e desde então nunca mais tinham tido notícias do desgraçado. A senhora estava obviamente comovida, mas não naquele pranto que seria até de esperar. Insatisfeita com o rumo pouco trágico da conversa, a directora de conteúdos da SIC, a Ferro, decidiu apelar a tácticas mais reles e disse o seguinte à velha senhora: "sabe que há fortes probabilidades do seu filho a estar a ver neste momento na televisão? Não quer falar directamente para ele? Aqui para esta câmara, se faz favor". E resultou. A senhora que até aí se tinha controlado minimamente, não resisitu à emoção e foi o descalabro. A não ser que a senhora dona Rita Ferro saiba onde está o filho desaparecido da senhora, não sei como pode prever que existem fortes probabilidades de ele estar a ver aquele programa àquela hora e logo com a sua mãe como uma das convidadas. Mas que é assim que se conseguem audiências, ai disso não tenho dúvidas.

sábado, setembro 19, 2009

A MELHOR FLASH MOB

Estranho como a moda nunca pegou por cá...
Brutal a trabalheira que estes tipos tiveram. Simplesmente genial.



quinta-feira, setembro 17, 2009

"I'M JUST A RUMOUR"



O universo de Tom Waits.
Os universos de Tom Waits.
O homem que é uma verdadeira enciclopédia da música tradicional americana e dos seus folclores. O rural, descendente directo dos índios norteamericanos e dos colonos britânicos, e o urbano, criado na época da grande depressão. O folclore dos vadios, dos desempregados, os corner boys, as prostitutas; os carros, as corridas de cavalos dos desesperados, os dinners e as longas highways do midwest. Um folclore que originou um dos movimentos culturais e sociais mais importantes da sub-cultura dos EUA, a beat generation de Kerouac, Ginsberg e Burroughs.
Tom Waits, o vadio, wyno, com os seus eternos sapatos mouse-impalers e o chapéu em permanente estado de desidratação, que almoçava duas tostas de queijo e um brandy duplo, que desde os oitos anos não conseguia respirar sem ter um cigarro sem filtro entre a boca e o oxigénio. Tom Waits, que deixou de fumar, de beber e que se transformou num homem relaxado, paciente, provavelmente no seu auge criativo. Tom Waits, o homem que compôs algumas das mais belas canções da música americana da segunda metade do século XX. Respeitoso da tradição mais pura, do jazz, do blues, do bluegrass e do rock, mas também capaz de um experimentalismo seminal e que não serviu, ao contrário do que poderia ser esperado, para afastar o público do criador.

Isto para dizer que...
Durante as próximas semanas o TUP vai mergulhar de cabeça no mundo Waits. Serão milhares de páginas com centenas de canções (para ouvir e ler), milhares de entrevistas; biografias mais ou menos inventadas, locais mais ou menos reais e personagens, essas sim, absolutamente autênticas - mesmo aquelas que nunca existiram. Isto tudo para construir um espectáculo que julgamos ser absolutamente inédito em Portugal e que é algo com que sonho há mais de dez anos
.

quarta-feira, setembro 16, 2009

DIGA!?

O buraco na camada de ozono por cima do Polo Sul tem o tamanho da Europa...

terça-feira, setembro 15, 2009

OS IDIOTAS

Se alguém vos convidasse para irem ver uma peça de teatro com quase seis horas de duração, provavelmente diriam imediatamente que não, nem pensar ou algo ainda pior. Ver um espectáculo de teatro de quase seis horas da responsabilidade de Eimuntas Nekrosius, no entanto, não é propriamente assistir apenas a uma peça de teatro de longa duração. Há muito mais do que só teatro para ver e absorver.
O lituano, também conhecido como o Bob Wilson do Báltico, é considerado por muitos como o maior encenador vivo do mundo, e regressou ao Porto para, no início da temporada do teatro S. João, mostrar o porquê de ser tão conceituado. A sua companhia, Meno Fortas, apresentou "Os Idiotas", a partir do texto "O Idiota" de Dostoievsky, e o resultado é, no mínimo, esplendoroso. Teatro à séria, de encher a barriga, os olhos e todos os sentidos. Sendo um espectáculo de longa duração - como todos os de Nekrosius - torna-se inevitável sentir por vezes algum cansaço e uma vontade que a coisa evolua e se de desenvolva ao ritmo do que estamos habituados. O encenador consegue compensar esses momentos mais... lentos (não desinteressantes) com imagens súbitas de uma beleza e uma força absolutamente devastadoras. E foram muitas, tantas que se torna difícil decorar.
Faz falta mais teatro assim em Portugal. Compreende-se a provável dificuldade orçamental das salas cá do burgo; não deve ser nada fácil, finaceira e logisticamente, apostar em espectáculos desta complexidade. Mas se calhar há muitas outras, mais pequenas, que claramente não têm público interessado e que não são mais do que deitar dinheiro pela janela fora. Pode ser radical, mas a verdade é que basta ir ao teatro que se faz por cá para perceber que os espectadores não se interessam. Pura e simplesmente não se interessam.Por outro lado, encenadores deste calibre são sempre garantia de casa cheia.
O que no caso do S. João acaba por não ser inteiramente verdade e por culpa das cedências de lugares aos «amigos» daquela sala de espectáculos. Estes «amigos» pura e simplesmente não aparecem e um teatro que apresenta lotação esgotada para m determinado espectáculo acaba por ter vinte ou trinta lugares vagos. É feio...

"TRISTEZA NÃO TEM FIM..."




Obriguei-me a ver o primeiro programa da nova mini-série do Gato Fedorento dedicada a, como os seus responsáveis se comprometeram, esmiuçar os sufrágios. Pois bem, a coisa é ainda pior, muito pior do que eu estava à espera. A tentativa, medíocre já de si, de fazer um The Daly Show à portuguesa, esbarra desde logo na incapacidade dos quatro intervenientes terem qualquer graça e de serem manifestamente maus actores. Todos eles.
O programa não tem energia, não tem ritmo e, pior que tudo isso, demonstra um evidente cansaço mental de quem escreve os sketches, textos e falsas entrevistas. Fazer uma reportagem acerca da suposta facilidade com que os madeirenses dizem "fuck you" aos continentais até podia ter piada; esticar a coisa ao ponto de um cacho de bananas numa fruteira ser manipulado de maneira a parecer que o está também a dizer é ridículo, infantil e manifestamente pobrezinho.
Não consegui ver a entrevista a José Sócrates, mas não me custa acreditar que terá sido o momento alto do programa. Porque tudo o resto foi tão mau que era difícil fazer pior. Porque Ricardo Araújo Pereira é um homem inteligente e que, quando é preciso, sabe sair da personagem irritante que criou para fazer comédia de uma forma séria. E porque José Sócrates também é um homem inteligente que sabe, sempre que não lhe parece ameaçador, sair da personagem de primeiro-ministro e usar de algum humor - coisa rara na classe política.
Parece-me evidente que o Gato Fedorento está morto. Morto, atropelado tantas vezes numa via rápida que passa a ser uma mera mancha no pavimento. Alguém devia dizer isso a Ricardo Araújo Pereira de modo a que ele ficasse sem dúvidas e perebesse que tem, de uma vez por todas, de abandonar o barco, enterrar a tal personagem irritante, e dedicar-se a outros formatos mais apropriados. por exemplo, entrevistador num talk-show só seu. Isso era capaz de ser giro.

segunda-feira, setembro 14, 2009

DAMIEN WALTERS

Só consigo pensar na quantidade de ossos que este cabrão já partiu...

terça-feira, setembro 08, 2009

POLITICACA (JÁ ME CANSEI DE AS CONTAR...)


Ouvir a Sotora Manuela Ferreira Leite dizer que na Madeira não há sufoco da democracia é o mesmo que ouvir o Obama dizer que não há McDonalds nos EUA. Percebe-se, a senhora por esta altura anda louca por conquistar votos em todo o lado e, obviamente, prefere ter uma besta como o Alberto João Jardim do seu lado do que contra ela. Mas que é um tremendo e irreparável tiro no pé, lá isso é. E daqueles que não passa despercebido a ninguém.
O tio Alberto é um pedregulho do tamanho de um arquipélago de pedregulhos no sapato do PSD. Não acredito que haja realmente alguém no partido que goste, simpatize ou sequer suporte o comportamento do Barão do Funchal. Mas têm que o engolir por motivos claramente políticos.

domingo, setembro 06, 2009

É PRECISO TER LATA!

Estou neste momento a ver uma reportagem da SIC acerca do custo dos materias escolares para uma família numerosa e que mostra uma mãe e os seus sete filhos às compras num hipermercado conhecido. A família é claramente de classe média-alta, a mãe trata os filhos por você e dois dos filhos chamam-se João Maria e Tomás Maria. Todos se vestem de azul claro, e as miúdas mais novas usam todas a mesma fita no cabelo. A senhora queixa-se de falta de apoio do Estado e essa queixa é apoiada pela Associação de Famílias Numerosas.

A minha pergunta é: essa Associação defende as necessidades de todas as famílias numerosas ou só as que têm dinheiro? Esperem, outra pergunta: a família numerosa que vimos na reportagem é numerosa por acidente? Porque também não tem dinheiro para métodos contraceptivos? Porque precisa dos putos para ajudarem na horta? Ou porque são claramente burgueses-católicos-queques da linha e que não pedem ajuda do Estado para lhes pagar as férias em Ibiza, as festas no Algarve e e as roupas de marca que os filhos também usam?

Tenham juízo!

VAMOS LÁ VER SE PERCEBI...

Depois de mais uma demonstração bastante evidente de que a selecção nacional de futebol tem tudo menos um treinador, gostava aqui de tentar esclarecer uma dúvida. O choradinho dos jogadores e desse senhor - que se senta no banco e que manda uns palpites - durante toda esta fase de apuramento tem sido o da falta de sorte e do mau desempenho dos árbitros. Ontem, no final do jogo que tínhamos obrigatoriamente de vencer, o tal «treinador» queixou-se da falta de sorte no momento de chutar à baliza... Ou seja, se pegarmos no assunto ao contrário facilmente concluímos que sempre que um jogador português marca golo, isso é uma sorte do caraças.

Fácil.
O que se passou ontem no tal jogo é que no momento de chutar à baliza os jogadores nacionais não são tão eficazes quanto a concorrência. Por isso mesmo é que foi um brasileiro a marcar o nosso único golo. O mesmo jogador que, como já tem sido habitual, gerou uma polémica ridícula em torno da sua chamada à selecção. Essa mesma polémica, associada à total falta de coragem de um homem que se diz treinador, fez com que ficasse no banco durante 45 longos minutos. O melhor ponta-de-lança a jogar em Portugal ficou no banco. Isto é, durante 45 minutos Portugal jogou sem ponta-de-lança num jogo que tinha obrigatoriamente de vencer.

Carlos Queirós está na selecção porque...? Porque foi um bom adjunto no Real Madrid e no Manchester United. E é isso que está a fazer na selecção, que joga como se estivesse a ser orientada pelo adjunto de um treinador virtual que, por castigo, vê o jogo da bancada. Um homem sem poder de decisão, sem clareza, sem objectividade, sem coragem e sem leitura de jogo. Posso não perceber de futebol, mas percebo aquilo que toda a gente consegue ver num jogo de futebol. Que Raúl Meireles devia ter sido substituído aos quinze minutos da primeira parte. Que Tigo era um dos melhores em campo e não devia ter ficado no banco ao intervalo. Que Nani era melhor opção para um jogo desta natureza, porque apesar de ter um ego demasiado insuflado, é mais agressivo que Simão Sabrosa e mais esclarecido no momento de atacar a baliza adversária. Que Liedson devia ter começado o jogo de início.
A sorte não tem nada a ver com este assunto. Os árbitros não têm nada a ver com este assunto - apesar de ontem, mais uma vez, ter sido bastante ineficaz. É preciso alguém que saiba berrar com os jogadores, que fale mal da arbitragem, assim como de todos os outros aspectos do jogo, com paixão, que seja irracional no momento de barafustar, que assuma as decisões com coragem. Será que o Filipão ainda se está a rir? Será que os que o queriam fora da selecção - maioritariamente portistas obtusos - ainda se estão a rir da sua saída?

POLITICACA 3

O estado deplorável da política portuguesa é alimentado (especialmente) pelos media. Esta polémica da TVI e da Manuela Moura Guedes é só mais um calhau na engrenagem. Pessoalmente, parece-me que um político inteligente como José Sócrates não permitiria uma entropia deste género a poucas semanas das eleições. Acredito ainda menos que um partido como PS - ou como outro qualquer, diga-se - resolvesse, a tão pouco tempo de uma prova de fogo das dimensões de uma eleição, criar uma polémica deste tipo, e que resulta invariavelmente numa péssima imagem para os seus representantes.

Para além disso, e como o próprio José Sócrates já referiu, foi o governo PSD-CDS que pressionou a mesma TVI para que calasse Marcelo Rebelo de Sousa. É daqueles coisas que só a política tem.

Fico preocupado quando ouço pessoas assumirem que vão votar na CDU ou no Bloco de Esquerda para tirarem Sócrates do poder. Pergunto-lhes se querem que a Manuela Ferreira Leite vá para o governo e respondem-me "nem pensar". Pergunto-lhes se sabem que se realmente conseguirem tirar Sócrates do poder não há outro partido para ocupar o lugar vago que não o PSD. Encolhem os ombros, gaguejam e sorriem como quem diz "eu na verdade não sei o que estou para aqui a dizer".

Acho importante o papel de Francisco Louçã nesta campanha. Por causa dele, o BE é o único partido que não se limita a atacar o partido do governo. Lembra o que Manuela Ferreira Leite fez quando era ministra, o que Paulo Portas fez enquanto ministro, e lembra constantemente os eleitores das políticas que a direita tanto defende. Francisco Louçã alerta-nos também para os negócios menos claros entre o governo e a GALP e a Mota-Engil, por exemplo. Gosto disso, e considero de uma importância vital para o real estado da nação. Mas Louçã esquece-se de que o povo se está perfeitamente nas tintas para esses assuntos. Não se identifica com eles, não os compreende e na realidade não sos considera sequer interessantes, quanto mais importantes. O povo, muito compreensivelmente, quer saber do preço do pão, da electricidade, dos combustíveis, das propinas e das viagens para as Canárias. É este o país que temos, Francisco.

sábado, setembro 05, 2009

FUTURISMO?


O futuro da imprensa nunca esteve tão ameaçado como actualmente. O vídeo que podem ver aqui, realizado pelo Museum of Media History, é uma tentativa de prever o que está para vir para os jornais como os conhecemos. É só futurismo sem sentido ou uma previsão bastante acertiva do que vai inevitavelmente acontecer?

COMIDELA DE CABEÇA

quinta-feira, setembro 03, 2009

PETR SPATINA

Exactamente na mesma condição está o checo Petr Spatina... e não preciso dizer mais nada.


KAKO UEDA

Normalmente referimo-nos às pessoas com demasiado tempo livre nas mãos de forma menos agradável. E se essas pessoas gastarem o tel tempo livre que têm nas mãos... com as mãos?

Kako Ueda é uma dessas pessoas e o seu site é mesmo a melhor maneira de perceberem até que ponto.

Entretanto...
















MAD AS HELL!

De certa forma tem tudo a ver com o post "POLITICACA 2". E está terrivelmente bem feito, para além disso. As palavras são do filme "The Network", de 1976, e o facto de serem tão actuais só pode ser preocupante.

Mad As Hell! Kinetic Typography from Aaron Leming on Vimeo.

"A BABE MUSICIAN..." DIZ O TÍTULO DO VÍDEO

Tenho cada vez mais a impressão de que a minha prenda de natal ideal seria um foot sampler. Foi o que esta menina achou e o que músicos conceituados como Ed Harcourt e Andrew Bird também acharam.

A Babe Musician Creates A Looping Song From Violens And Drums Then Puts Her Unusual Voice Into The Mix :: Vidmax.com

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terça-feira, setembro 01, 2009

BASTARDAGEM



Bem...

A ver por onde é que começo isto...

Há 17 anos estive horas sentado no muro de uma bomba de gasolina, aqui para os lados de Vila Nova de Gaia, a discutir o que tinha acabado de ver no cinema - mais precisamente na extinto Auditório Nacional Carlos alberto, e no Fantasporto. O que tinha acabado de ver era um filme de um novo realizador americano e que tinha provocado uma enorme polémica nos EUA por causa da excessiva e anormalmente gráfica violência apresentada. O filme chamava-se "Reservoir Dogs" e o ralizador, claro, Quentin tarantino. Lembro-me perfeitamente de ver, pela primeira vez na vida, pessoas a abandonar a sala incomodadas com um filme que obviamente não era de terror.

Na altura, Quentin tarantino tinha 29 anos e havia escrito já o argumento do filme "True Romance", realizado por Tony Scott em 1993. Pelas duas amostras, era fácil perceber que Tarantino era um criador de cinema com cojones, com vontade de filmar histórias diferentes, de forma diferente e, acima de tudo, não ir em merdas e cagar completamente para o establishment. "Pulp Fiction" estragou isso tudo. Ou melhor, o sucesso e o reconhecimento obtidos com "Pulp Fiction" - nomeadamente a quantidade de Oscars para que foi nomeado - insuflaram a vaidade de Tarantino. Porque Tarantino é vaidoso e full of him self. Basta vê-lo nas entrevistas a falar dele próprio como se fosse o melhor realizador do mundo. E o pior é que tarantino acha mesmo que é o melhor realizador do mundo, o mais inventivo, o mais original, o mais radical e o mais cool. E engana-se redondamente.

É só a minha opinião, mas Tarantino é um realizador que fez uma obra-prima no seu primeiro filme, que conseguiu unir público e crítica em torno de uma segunda obra sem dúvida diferente do habitual e que a partir daí se espalhou ao comprido. "Jackie Brown" foi uma falhanço completo, "Kill Bill: Vol. 1" não é absolutamente nada sem o segundo capítulo e nem mesmo esse é grande espingarda e "Death Proof" parecia mesmo um filme realizado numa pausa entre dois filmes a sério, não um mau filme, mas uma espécie de ensaio, um teste.

O que nos leva a "Inglorious Basterds", o mais recente trabalho de Quentin Tarantino e desde logo com o carimbo de obra-prima suprema do realizador, isto meses antes sequer de ter sido estreado no festival de Cannes. A minha opinião acerca de "Inglorious Basterds" é que não é mais do que mais um veículo para a indisfarçada vaidade de Tarantino. Podia ser um grande filme, talvez até a sua obra-prima, mas não é.

A mania de homenagear estilos de cinema mais ou menos esquecidos continua a afectar o cinema de tarantino, mais do que a influenciá-lo. Ou seja, os tiques que o realizador mete à força nos filmes que faz são desiquilibrados, atabalhoados, e acabam por tornar cada nova obra sua num objecto híbrido, sem género definido - o que até podia ser bom - e perfeitamente irritante. É assim, "Inglorious Basterds". Porque tão rapidamente é um Spaghetti Western como logo a seguir é um filme de guerra do mais clássico que pode haver. Porque tem uma gestão de tempo manifestamente deficiente. Porque tem uma atenção desiquilibrada a diferentes personagens nucleares. Porque tem, pela primeira vez, na carreira de Tarantino, uma péssima banda sonora, capaz mesmo de destruir ambientes e sequências que de outra forma seriam notáveis.

"Inglorious Basterds" tem algumas coisas realmente muito boas. Tem dois actores que roubam o filme só para eles - Mélanie Laurent e Christoph Waltz - e de tal forma que passamos a maior parte do tempo à espera que voltem a aparecer em cena. Tem algumas sequências, de acção mas não só, verdadeiramente antológicas, e tem um argumento bastante sólido e original. Mas tem muito mais coisas negativas. Desde logo uma débil gestão desse tal argumento. Tarantino parece não saber bem o que fazer à história de duas conspirações com o objectivo de assassinar Hitler e os seus principais comandantes e opta pelo mais fácil: esquecer todas as regras do cinema convencional e contar a história aos tropeções. Longos tropeções, diga-se.

Para além disso não se percebe o título "Inglorious Basterds" num filme que fala de tudo menos dos Inglorious Basterds. Ou melhor, fala, mas por tão poucos minutos e com tão pouca importância que mais valia que nem lá estivessem. Ao fazê-lo, Tarantino queimou também uma das melhores personagens e que merecia um cuidado e atenção especiais. O Tenente Aldo Raine de Brad Pitt é uma daquelas personagens absolutamente deliciosas, saída directamente de uma banda desenhada de bolso que faziam as maravilhas da pequenada da minha geração. Feitas as contas, Pitt e Raine ocupam quinze ou vinte minutos de película qua ndo deviam ser um dos pilares da história que nos é contada.

Aliás, todos os Basterds de tarantino parecem sofrer do mesmo mal. Todos são perfeitamente deitados fora, seja pela sua escassa participação no filme, seja pelos nulos actores que lhes dão corpo. no primeiro caso, posso dizer que é uma pena ver actores como Michael Fassbender e Til Schweiger serem desperdiçados de uma forma tão despreocupada. No segundo, que a soma das falas de todos os restantes não chegam à média de qualquer actor secundário de qualquer outro filme.

Quentin Tarantino gosta de uma boa conversa, já se tinha percebido isso. Aliás, as boas conversas são a imagem de marca mais famosa e reconhecida do realizador. Mas Tarantino parecia ter a noção de que uma boa conversa só é realmente boa se tiver um sentido, um objectivo, um bom desfecho. Em "Inglorious Basterds" Tarantino esqueceu-se disso, e gasta longos, longuíssimos, minutos de filme em conversas - boas, é certo - que não acrescentam nada, ou quase nada, ao filme. Estão lá só para satisfazer o capricho de um realizador que parece criar filmes para ver em casa enquanto come pipocas.

A minha opinião - e mais uma vez, é só a minha opinião - é que a história de "Inglorious Basterds" merecia uma realização convencional. Clássica, até. A riqueza do argumento escrito por Tarantino dispensava bem os truques e tiques do realizador. No dia em que souber fazer isso, Quentin Tarantino poderá facilmente assinar a sua obra-prima e calar-me de uma vez por todas.

Não sou mais específico em relação a tudo isto - o que gostei e o que não gostei - para não estragar a surpresa dos que ainda não viram o filme. Posso adiantar isto, no entanto: tenham especial atenção aos dois actores que destaquei. São notáveis e têm desempenhos deliciosos, a roçar a perfeição. E já agora, em relação ao Hitler: já que Tarantino decide fazer com o Führer o que toda a gente sempre quis fazer, porque não fazê-lo de um modo mais... rico?

Ah, e não se fiem no trailer...

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