kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, abril 28, 2011

O APAGÃO DE MOURINHO


O que é que me apetece dizer? Apetece-me dizer que se o Barcelona de Guardiola fosse uma equipa de andebol, os árbitros não faziam outra coisa que não marcar jogo passivo. Que têm um futebol feio e desinteressante e onde o único est+imulo minimamente interessante é realmente Leonel Messi. Que os jogadores catalães, como Pedro, Busquets e Dani Alves, passam o jogo a simular agressões e faltas violentas e que, ao fazê-lo, exercem uma pressão invisível sobre o árbitro e constroem a ideia de que o adversário, é agressivo para além dos limites. Que são rápidos a cercar o árbitro, de maneira a, mais uma vez, o pressionarem a tomar decisões. Que havia mais do que uma simples profecia nas palavras de Guardiola, quando disse, horas antes, que o Real Madrid ia acabar o jogo com dez. Que Pepe foi imprudente, mas que nem sequer tocou em Alves, mas sim na bola. Que o próprio Dani Alves nem sequer devia ter acabado a primeira parte, à quantidade inacreditável de faltas que fez sobre o mesmo jogador, Di Maria. E sim, que Mourinho também foi imprudente, porque sabendo da pressão que o Barcelona exerce sobre os árbitros, optou por uma defesa agressiva e sempre em cima do adversário. E que não se percebe essa opção táctica. A jogar em casa, o Real devia partir para cima do Barcelona e fazer valer essa imortal máxima que diz que a melhor defesa é o ataque. E que por causa disso, foi visível a infelicidade de Ronaldo durante todo o jogo. Porque Mourinho abafou jogadores de ataque como o craque português e Marcelo, por exemplo, e ainda abdicou de um ponta-de-lança de raiz. E sim, o Barcelona está na final da Liga dos Campeões. Ponto.

quarta-feira, abril 27, 2011

ONDE É QUE TU ANDAS, MOÇO?


Estava eu a preparar-me para ir dormir quando, do nada, começa um filme na RTP. O defeito é meu e coisa antiga, o de ficar instantaneamente pregado ao ecrã da televisão. O filme era Zodiac, de David Fincher, e aos primeiros trinta segundos, a pergunta-título já andava às cacetadas na minha cabeça. Onde pára, afinal, David Fincher?

Onde está o realizador que, entre os 30 e os 37 anos, realizou Alien 3, Seven, The Game e Fight Club, marcando definitivamente a década de 90, e ao mesmo tempo o cinema de uma geração e uma geração de cinéfilos? Por onde anda o homem que deu ao cinema moderno um realismo tão insano que se tornou irreal?; que pegou em histórias que aparentemente mais ninguém queria?; que deu visibilidade a personagens geniais e a interpretações incomuns? Onde está este David Fincher?

Fight Club foi claramente o fechar de um ciclo na carreira do realizador. Panic Room, de 2002, era muito mais contido, mais normal, se preferirem. Ainda assim, com todos os tiques - bons tiques, diga-se - de um cineasta que tinha acabado de reinventar o thriller e de um filme que era, ao mesmo tempo, um novo, inqualificável e indefinível sub-género de cinema, e, muito por culpa do argumento de Chuck Palahniuk, uma obra sem travões, alucinada e alucinogénica e um retrato da geração que idolatrava Fincher. Fight CLub foi o fim de uma era.

Zodiac, de 2007, representa a maturidade profissional de David Fincher. Filme brilhante, seguro, construído de forma meticulosa e muito inteligente, onde o realizador encontrou a fórmula ideal para gerir tensões, para aguentar o suspense por curtos mas intensos momentos, e para, à base de pura conversa, nos manter colados à cadeira. É inquestionavelmente a obra da consolidação de um cineasta. Não é o seu melhor filme, mas é sim aquele que bastaria para, de uma vez por todas, alargar o espectro Fincher, e descolar o homem da imagem de realizador-freak.

Porém, e como todos os homens de meia-idade, o objectivo de David Fincher era só um: assentar. E Fincher assentou. Parou de fazer exercício, acomodou-se, começou a engordar e hoje em dia, realiza os seus filmes confortavelmente sentado no cómodo cadeirão da sala, pernas esticadas, bandeja com comida e bebida e comando da televisão mesmo ali à mão. Abdicou do cinema enérgico, com garra e nervo da década de noventa, para se dedicar ao cinema enjoativo e impróprio para diabéticos de Benjamin Button, e ao biopic convencional de The Network. Deixou de ser o enfant terrible de Hollywood, para passar a ser o menino de coro do sistema.

Ao fazê-lo, Fincher encostou ombros com os grandes da indústria e aproximou-se mais um bocadinho do Oscar. Mas, ao fazê-lo, comprou a sua alma ao diabo, para a revender a um qualquer santinho popular, chato, convencional e muito, muito quadrado. E é uma lástima.

As notícias do que andará Fincher a preparar também não são animadoras. O seu remake de The Girl With The Dragon Tattoo está quase terminado - e confirma que o homem está decididamente apostado no cinema comercial e ponto - e existem rumores de que poderá estar a preparar dois blockbusters: Cleopatra e 20,000 Leagues Under The Sea: Captain Nemo.
E apetece perguntar: afinal quem és tu, David Fincher?

segunda-feira, abril 25, 2011

PAROLA EM ÁCIDOS


A Ivete Sangalo já tinha conseguido mostrar os benefícios da cachaça, da cocaína e dos speeds a todos os parolos que compunham a sua legião de fãs. Agora, a senhora que já tem idade para ter juízo, deu numa de Timothy Leary e parece apostada em fazer o mesmo com os alucinogénicos, psicotrópicos, LSD e ácidos variados. É bom, ter gente assim sem preconceitos a comandar as massas.

Versão coca/cachaça parola



Versão «Timothy Leary» parolo

EM NOME DO PAI

Na Notícias Magazine deste Domingo, pode ler-se uma peça sobre a minha mãe a falar do seu pai. A falar das memórias que lhe ficaram da vida que teve em Angola. Memórias que sempre fez questão de nos passar e que são a herança familiar mais valiosa.


Em nome do pai

RITA PENEDOS DUARTE

Helena Sines Angola 1951-1975

Helena Sines Fernandes carrega o nome do pai com muito orgulho. É a história dele que pretende contar, para que todos o vejam pelos seus olhos. Mas é também a vida numa Angola de outros tempos que ela recorda e que deixa saudades, às vezes, acima do suportável.

«Estive cerca de 11 meses no meio do mato com a minha mãe», conta Helena Sines Fernandes. «A viagem de comboio durou três dias e fez-nos desembocar numa clareira, no aldeamento das minas de manganésio da Quitota.» É com saudade que se lembra da comissão de serviço da mãe, que era enfermeira no hospital militar e que lhe permitiu conhecer todo um mundo novo, de andar descalça o dia inteiro, de tomar banho no rio ou de segurar em cobras com pequenos paus. «Criei os meus filhos com uma liberdade controlada, mas não teve nada que ver com aquela vivência.»

Helena foi para Angola com apenas três meses, no ano de 1951, e só veio de férias a Lisboa uma vez, em 1973, já grávida do primeiro filho. «O meu marido queria cá ficar, mas eu quis ter o bebé em Angola.» Acabou por regressar à metrópole em Novembro de 1975, por temer pela segurança da sua família, mas deixando para trás toda uma vida, que continua a recordar com nostalgia. Os dias de sol - tão mais saudosos quanto são numerosos os dias de chuva na cidade de Vila Nova de Gaia, para onde se mudou - as amizades feitas no Colégio São José de Cluny e no Liceu Feminino, os vizinhos e os amigos acumulados ao longo dos anos, tudo ficou. «Também o meu pai ficou lá.»

Filha do jornalista Sines Fernandes, é com orgulho que se lembra da sua carreira profissional, do seu carácter solidário e também do seu feitio romântico. «A minha mãe era açoriana, de Ponta Delgada, mas já estudava Enfermagem em Lisboa quando conheceu o meu pai. Entretanto, foi para Odemira e deixaram de se ver. Mas assim que ele soube onde encontrá-la, foi até lá. Um dia, ela ia a atravessar a praça e viu-o. Foi um amor muito especial.» Numa fotografia tirada na época em que foram para Angola, podem encontrar-se semelhanças com Frida Kahlo e Errol Flynn. Com tais personagens, o seu amor talvez desse um filme. Casaram no Alentejo e oito anos depois nascia Helena. «Em 1951, quando ela era enfermeira-chefe no hospital em Odemira e o meu pai solicitador, decidiram ir para Angola, porque a vida não estava fácil. A minha mãe foi contratada por uma companhia holandesa e recebeu a carta de chamada.» Sines Fernandes acabou por ser contratado pela mesma empresa. Quatro anos depois a situação era outra. A mãe de Helena abrira um consultório em casa e fazia partos ao domicílio e o pai, depois de estar ao serviço da Companhia de Seguros Mundial, trabalhava no Jornal de Angola. «Ele não tinha formação como jornalista. Mas já na altura da Guerra de Espanha, onde esteve a combater, escreveu umas crónicas, numa espécie de diário que hoje está desaparecido.» Dava-se início a uma carreira de sucesso. Entrevistou personalidades tão diversas como António de Oliveira Salazar e a jovem actriz espanhola Marisol. Fazia crónicas para a rádio, para a agência noticiosa de Angola, e foi chefe de redacção do Jornal de Angola. Era para aí que trabalhava quando sofreu um grave acidente, que o deixou com mobilidade muito reduzida. «Foi no ano de 1963. Estava no Norte de Angola, na zona da Pedra Verde, a filmar em cima de um camião que tinha pouca estabilidade, por ser muito alto e estreito. O carro virou-se e ele caiu lá de cima.» Nesse dia, a sua mulher estava a trabalhar no Hospital Militar e recebeu a notícia de que, à semelhança de outras vezes, estava a chegar um helicóptero com dois feridos. Um deles era o seu marido. A poucas centenas de metros, no Liceu Feminino, Helena ouvia o já costumeiro barulho dos helicópteros e aviões militares que chegavam com feridos. Não sabia que um deles trazia o seu pai, que teria de enfrentar quase um ano de repouso e recuperação para não ficar totalmente incapacitado. «Não foi só o meu pai que se magoou. A família também ficou ferida e, a partir daí, tudo foi diferente.» Helena sentiu necessidade de ajudar e hipotecou os seus sonhos. «Um dia a minha mãe recebeu uma carta do colégio a dizer que eu andava a faltar às aulas. Confirmei-lhe que tinha anulado a matrícula e que iniciara um trabalho como dactilógrafa no jornal.» O treino na máquina de escrever do pai dera-lhe a vantagem necessária para compensar os seus tenros 16 anos. O curso de dactilógrafa, feito mais tarde, veio substituir a vontade de ser arquitecta. «Os tempos eram outros. Não havia qualquer segurança. Se não trabalhava e não amealhava, não se tinha qualquer hipótese de sobreviver.»

Assim que se soube do acidente, todos com quem Sines Fernandes se tinha relacionado apressaram-se a enviar rápidos desejos de melhoras. Agora era ele quem recebia cartas e telegramas para saberem do seu estado, mas pouco tempo antes era o jornalista quem fazia a selecção das cartas vindas da metrópole para os soldados. Tinha como objectivo responder por eles quando, por estarem em missão, não conseguiam fazê-lo. Procurava saber, via rádio, onde estava um tal combatente e como se encontrava. Depois respondia à família, dando notícias. Fazia o que podia - fora das horas e obrigações do expediente - para sossegar os corações de quem sofria longe pelos seus entes queridos.

Mesmo com dificuldades em mover-se e em escrever, continuou no Jornal de Angola. «Morreu a trabalhar e foi sepultado em Angola», conta a filha. Helena sentiu que esta era hora de prestar a devida homenagem a um homem que se tornou um herói aos seus olhos e aos de quem o conheceu. Ao contar a sua própria história, agradece também a bem-aventurada existência na terra que o seu coração adoptou. E da qual ainda não se sente desligada. «Recordo Angola diariamente. Às vezes sonho que estou em frente da minha casa. É de noite e as ruas estão desertas. Não sei o que significa, mas queria ir lá para ver as mudanças com os meus olhos. Só assim vou ser capaz de trancar a minha memória.»

sábado, abril 23, 2011

POUPEM-ME!!!


Rui Sinel de Cordes lançou um DVD...
A coisa é tão importante, que só a SIC, produtora deste lixo, lhe dá destaque.
Rui Sinel de Cordes é um verdadeiro wanna be. Wanna be comediante de stand up; wanna be protagonista de programas humorísticos; e wanna be seguidor de uma política de humor agressivo, ofensivo e sem regras. E nada contra. O problema, é que no caminho para conseguir atingir os seus objectivos, o bom do Rui se tenha esquecido do mais importante, ter piada.

Já aqui falei de muitos comediantes que primavam pela mesma agressividade, acidez e incorrecção política. Gente como Denis Leary, Bill Hicks, Lenny Bruce, George Carlin, entre muitos outros. Homens inteligentes, mordazes, capazes de fazer humor de coisas muito sérias mas com uma forte mensagem social. O que Rui Sinel de Cordes não é mais do que uma tentativa desesperada de, pela agressão verbal, arrancar gargalhadas à força, a todo o custo.

Pedro Boucherie Mendes, patrão da SIC Radical, canal que alberga o suposto comediante, defende o seu trabalho com o argumento típico de quem sabe que o produto é fraquinho. "Portugal não tem sentido de humor", diz, quando na verdade devia dizer que os portugueses têm sentido de humor mas que têm pouco sentido de bom gosto, que muitas vezes se limitam a copiar o que os outros já fizeram e que este país é pródigo em descobrir pessoas com pouco ou nenhum talento e dar-lhes a visibilidade que não merecem.

Nesse sentido, convém dizer que Sinel de Cordes é mais uma das fantásticas descobertas dessa verdadeira fábrica de inúteis chamada Produções Fictícias. Ver os produtos televisivos assinados PF é tão triste quanto constrangedor. Não há uma linha, uma tirada, um sketch ou um gag que me façam rir. O canal da empresa, então, é a maior perda de tempo da televisão por cabo da história da tecnologia. E é pena e um terrível sinal. Pena, porque o império que construíram na indústria do entretenimento devia ser utilizado para realmente produzirem conteúdos de qualidade. Mau sinal, porque continuam a investir em gente sem talento, que não tem nada para mostrar e que ocupam uma considerável parte da programação da televisão nacional.

Como Rui Sinel de Cordes, um tipo sem piada, sem inteligência humorística, mau actor - e convençam-se de uma vez, ser comediante também é ser actor - e que, felizmente, não irá mais longe do que já foi. E já foi demasiado.

HÁ GAJOS COM UMA PACIÊNCIA...


Este chama-se Sagaki Keita e as obras em exibição são feitas à mão...







sexta-feira, abril 22, 2011

AFASTEM DE MIM ESTA... COISA - PARTE 2


Entretanto, fico a saber pela RTP que mais uma série sobre a vida e morte de Jesus Cristo, é uma produção com o habitual rigor histórico da BBC. Histórico? Quer isso dizer que não existem dúvidas nenhumas de que realmente o filho de deus andou pela terra, misturou-se com os comuns mortais, andou sobre as águas, devolveu a visão a cegos, multiplicou comida e devolveu Lázaro à vida? Fantástico. Obrigado, BBC. Andava eu aqui aflito por duvidar seriamente de um mero livro, não conseguindo por isso construir uma qualquer fé católica, e vocês, abnegados que são, esclareceram-me. Obrigado, a sério.
Já agora, não me sabem dizer se Jesus curou gaguez, acne, calvície ou miopia? Ou se alguma vez efectuou o milagre da multiplicação do carvão, ou de qualquer outra fonte de energia? É que em tempos de crise, curas e milagres destes era coisa para animar muitos fieis.
Enquanto isso não acontece, resta-nos assistir, em breve, à cerimónia de canonização de João Paulo II, que vai ter honras de transmissão em directo na TVI. Vai ser um arraso...

quinta-feira, abril 21, 2011

AFASTEM DE MIM ESTA... COISA


Recebi hoje um daqueles mails que temos de reenviar a dez pessoas conhecidas para não correr o risco de sermos castigados com uma praga de verrugas. O dito mail é um powerpoint com uma belíssima imagem da virgem santa e dos três pastores que a viram em cima de uma árvore, e com um texto que, supostamente, revela o terceiro segredo de Fátima no mais correcto brasileiro. Entre profecias mais ou menos descabidas - bem, na verdade são todas descabidas - lá vamos sendo avisados do verdadeiro poder de deus, e de como seremos terrivelmente castigados com sismos, cataclismas vários e novos programas da Teresa Guilherme. E claro, lá vêm os conselhos, de como devemos fazer bem ao próximo, amar a deus e a todas as suas criaturas e blah, blah, blah.

Vem isto a propósito de, numa mesma semana,ter visto grupos diferentes vendendo fé nas esquinas do Porto. Cada um com o seu logótipo, cada um com os seus autocolantes, flyers e revistinhas com a verdade do seu senhor. E a explicação é muito simples. Instala-se a crise e logo vêm os falsos profetas, vendilhões do templo, aproveitadores do desespero alheio. E penso imediatamente em todos os que sempre me disseram que a igreja católica e todas as suas sucedâneas pouco ou nada tinham a ver com o fundamentalismo da concorrência. O fundamentalismo aqui é outro; é o fundamentalismo de tentarem, a todo o custo, angariarem novos sócios e massa adepta, com bandeirinhas na mão e cânticos tipo claque.
Já estou como dizia o outro: "vai mas é trabalhar ó".

UPS


Um anúncio da Danacol - um produto que supostamente previne o colesterol - feito pelo José Carlos Malato, um gajo que deve ter um colesterol superior à dívida externa do Zimbabué, ou é uma piada de muito mau gosto, ou o melhor exemplo do que é um tremendo erro de casting.
Também podem escolher o Bruno Nogueira para anúncios de medicamentos para engordar, o Cavaco Silva para vender aulas de técnicas vocais e o José Sócrates para uma nova conta poupança de um qualquer banco português...

quarta-feira, abril 20, 2011

LA HABANA VIEJA

O governo cubano não podia levar mais à letra a expressão que designa a zona mais antiga da capital daquela ilha das Caraíbas. O congresso do PC local, não só manteve Raúl Castro como seu representante máximo, como ainda elegeu um dinossauro de 80 anos, Ramón Ventura, para número 2 do partido. E é assim que pretendem dar corpo à reforma económica e ao rejuvenescimento político prometidas ao povo pelo clã Castro.

Irmãos Castro que parecem aqueles patrões, proprietários de empresas de família, que mesmo depois de reformados continuam a ir às instalações chatear os empregados. A coisa é de tal forma caseirinha, que Fidel assiste ao congresso de fato de treino. Mais um bocadinho e iam todos de chinelos de quarto e robe. E são estes senhores, que já nem aguentam o cocó, que dirigem uma das mais longas e repressivas ditaduras da história da humanidade. Quer-me parecer, digo eu, que nada sei, que isto também diz muito da espinha vertebral de um povo que passa a vida a querer fugir da ilha, mas que na verdade não mexe uma palha para mudar o rumo da sua própria história. Se calhar não são os espanhóis ou os brasileiros os nossos povos-irmãos...

domingo, abril 17, 2011

SÓ PARA QUE NÃO PASSE DESPERCEBIDO...


Um homem, famoso na pequena cidade onde mora por ser um absoluto looser, conhece uma mulher num bar de um bowling e diz-lhe que acabou de sair de um hospital psiquiátrico onde esteve internado dois anos, após várias tentativas de suicídio. Ela diz-lhe que esteve no mesmo hospital e pelas mesmas razões. Mostra-lhe as cicatrizes nos pulsos e diz-lhe "my doctor told me that it was a cry for help". Ele remata "mine told me I had a thing or two to learn about slipknots". E se este diálogo, do filme You Might As Well Live, não é a pérola mais lunática, insana e brilhante do meu ano cinematográfico, então confesso, não percebo nada de cinema.


YOU MIGHT AS WELL LIVE - Theatrical Trailer from Robert Mutt on Vimeo.

A VELHA EUROPA (COM TIQUES DE TERCEIRO MUNDO)

Estamos habituados a facilmente identificar a corrupção da América Latina, o despotismo africano e o abuso de poder típico dos asiáticos. Identificamos e censuramos, com cara feia e abano reprovador da cabeça. Censuramos e dizemos bem alto as vantagens de se viver na velha Europa, local de e com história, expoente máximo da civilização e organização social. E somos parvos, no mínimo, e gente que gosta de ser enganada.

E porquê? Porque só na Europa surgem figuras que ficarão para a história pelas mesmas razões que tornaram famosos indivíduos do calibre de um Benito Mussolini e de um Napoleão Bonaparte. Mais concretamente, Nicholas Sarkozy e Silvio Berlusconi. Um, aprova leis que proíbem o uso do véu islâmico, a prática da oração na rua e as ementas diferenciadas por crenças religiosas nas escolas públicas; o outro, cria leis ao desbarato, que não têm outra utilidade que não a de servir os seus ímpetos corruptos, déspotas e de total abuso de poder.

E a velha Europa? A velha Europa continua a assobiar para o lado e a fazer de conta que não é nada com ela. E o povo? Bem, o povo é o tal de memória curta, que reclama sempre que a coisa aquece para o seu lado, mas por breves momentos e muito de vez em quando, que isto das manifestações é coisa para cansar os ossos. Mussolini e Bonaparte devem sentir-se orgulhosos.

sábado, abril 16, 2011

COM TODA A SINCERIDADE...



A crónica é o comentário noticioso de factos, que vive do quotidiano mas não visa a informação. Pode ser uma espécie de narração de acontecimentos, uma apreciação de situações ou, na definição tradicional, assumir-se como relato histórico.

Antigamente, a crónica era um relato histórico ou uma narração de factos históricos redigida segundo a rodem do tempo (a palavra grega cronos significa tempo; e em latim chronica, diz-se da narrativa de factos de acordo com o decorrer dos tempos).

A crónica moderna é, muitas vezes, uma apreciação crítica, um comentário ou uma narração de acontecimentos reais ou imaginários, a que se exige oportunidade e carácter pessoal, alterna a subjectividade literária com o relato de factos.



Nas últimas semanas, fui acusado (simpaticamente, diga-se) de dar muita importância e, consequentemente, visibilidade pública, ao fel que há em mim. Passo demasiado tempo a falar mal e dedico muitos textos deste blog a críticas ácidas. Falar mal. Não é bem isso, mas mais à frente explico melhor.

Antes de me aprofundar nesta crónica, quero deixar bem claro que essas acusações, de pessoas cuja opinião respeito, aliás, não só não me caiem mal, como não me melindram de maneira alguma. Entendo-as, aceito o ponto de vista, mas considero ser um ângulo de abordagem demasiado linear e pouco dado a outras hipóteses de explicação. As minhas hipóteses. As minhas razões para escrever o que escrevo.

Sempre concordei com o ditado que diz que um conselho só se dá a quem o pede, pese embora nem sempre seja fácil calar o conselho e limitar-me a abanar com a cabeça em sinal de compreensão pelo problema alheio. As opiniões, no entanto, são outra conversa, e algo que procurei sempre não guardar por demasiado tempo, correndo o risco sério e real de começar a perder o ar. Chamem-me implicativo, esquisitinho ou picuinhas, mas a verdade é que gosto de opinar, mesmo que o sermão não me seja encomendado.

Opinar é um exercício da mais pura e abnegada sinceridade. A sinceridade, lamento, implica falar bem e falar mal. E é aqui que tentarei explicar o meu conceito - discutível, admito - desta expressão, «falar mal». Falar mal, para mim, é atacar algo ou alguém com a intenção, disfarçada ou não, de provocar danos, nem que para isso seja necessário inventar argumentos. Não o faço.

A minha crítica é a minha sinceridade, quer isso agrade ou desagrade aos que ainda têm paciência para ler o que escrevo. Não invento argumentos. Digo, isso sim, o que penso, sinceramente e sem artifícios que não os permitidos pela gramática portuguesa. E é só.

Por isso mesmo, é doloroso ouvir os conselhos psicológicos dos meus amigos, que acham que eu escrevo as barbaridades que escrevo porque tenho problemas por resolver. Memórias atravessadas na garganta, fantasmas encravados no fígado e frustrações que me pesam no discernimento. Acreditar nisso, é acreditar em duas coisas que me parecem absurdas: uma, que as pessoas que passam a vida a falar bem e que se escusam a dizer mal - vou assumir a expressão - têm a vidinha bem resolvida, sem fantasmas, frustrações ou memórias recalcadas. Outra, que todos os que expressam opiniões negativas, são cínicos, pessimistas e serial killers prestes a desabrochar. E aqui reside a tal linearidade de que falava no início desta crónica. E isso faz-me lembrar dos psicólogos, que defendem que tudo o que fazemos ou dizemos tem uma ligação directa aos nossos traumas.

Preocupam-me bem mais as pessoas que passam a vida a apregoar o bem, ou a afirmarem publicamente que passam a vida a apregoar o bem - o que é bem pior, diga-se. Como não me convencem de que têm apenas coisas boas para dizer da vida, acredito que incorrem no risco de guardar o tal fel por demasiado tempo. E é um risco porque esse azedo pode sair-lhes repentina e agressivamente, ou na forma do mais cruel gozo. Não deixa de ser sinceridade, mas é bem mais desagradável.

É curioso, no entanto, que a sociedade aprendeu a gostar - a divertir-se, até - com os que ganham dinheiro e fazem carreira a falar mal e a gozar com os outros. Os humoristas, por exemplo. Os Gato Fedorentos da nossa praça; os Herman Josés da nossa televisão; os opinion makers a quem o fel é encomendado e muito bem pago. Esses estão autorizados a fazê-lo, têm as opiniões abençoadas, gozam do beneplácito popular.

O que escrevo aqui no blog, e desculpem-me a aparente imodéstia, são crónicas. São apreciações de situações, escritas com sinceridade, sem intenção de prejudicar, ofender ou espicaçar. Como esta, que escrevi hoje. Parece-me é que existe muita gente a falar em sinceridade, honestidade e verdade, sem saber realmente o peso dessas palavras. Parece-me, mas posso estar enganado, que estes predicados, tantas vezes elevados a prioridades pessoais, são levados de uma forma pouco séria, leviana e superficial. E de todo são exercitados na totalidade do seu potencial. Mas isto, como tudo o que digo, de resto, é só a minha opinião.

sexta-feira, abril 15, 2011

JORNALISMO ONLINE? NÃO ME FAÇAM RIR


Podia ser bom, mas não é. Podia ser um objecto à parte, no universo do jornalismo na internet, mas não é. Podia, no limite, ser o laboratório perfeito para os recém formados jornalistas da Faculdade de Letras do Porto, mas está longe disso. O site Jornalismo Porto Net, JPN para os amigos, é, como quase tudo no referido curso, uma cebolada de incongruências, indefinições ou definições espartilhadas, lugares-comuns e, consequentemente, um ninho de jornalismo bacoco, com demasiados tiques teen e absolutamente desinteressante.

E o facto de não ser mais do que o jornal do curso, não serve sequer como desculpa. Precisamente por ser o jornal do curso; precisamente por ter um público-alvo tão específico e ao mesmo tempo tão diversificado, tem a obrigação de ser um órgão de comunicação experimental, arrojado, que dê espaço à criatividade dos seus jornalistas e que aposte forte nessa transversalidade multitasking que os adeptos do ciberjornalismo tanto gostam de apregoar.

Ao invés, o que temos é jornalismo escrito, e nem sempre bem escrito, aborrecido e fútil. Fútil, porque a política editorial imposta, exclui quaisquer hipóteses de inovar e alargar o espectro noticioso. O JPN não admite crónicas, artigos de opinião ou críticas, não faz entrevistas, no seu formato puro e duro, e anda a reboque de muito do que vai sendo publicado pelos outros órgãos de comunicação. E qual é a justificação? Pública e assumidamente um estranho "não fazemos concertos porque isso obriga a um discurso de opinião".

E aborrecido porquê? Porque é um jornal de palavras e palavras e palavras. Palavras que na net, valem o mesmo que um quilo de areia bem medido no deserto de Gobi. Palavras que, por vezes, são pontuadas pelo som de quem as disse, o que torna a coisa ainda mais ridícula. E não é isso que se espera de um jornal online. Espera-se dinamismo, energia, impacto visual. Tudo o que possa minimizar os efeitos nefastos do short attention span que afecta os cibernautas.

O problema do JPN reside em dois factores que não apresentam sinais de poderem mudar num futuro próximo. Desde logo, e mais uma vez, a política editorial, imposta por pessoas que aparentemente desconhecem que o segredo do jornalismo é a rapidez com que se publicam as notícias e que são incapazes de exigir uma simples breve para daí a quinze minutos e o respectivo follow up daí a não mais do que uma hora.

O segundo facto é bem mais grave e resulta de um curso leccionado de forma displicente, quadrada, retrógrada e que aposta muito na teoria e pouco na prática. E numa prática que não leva a lado nenhum, que não prepara os alunos para o jornalismo à séria. Alunos que - e basta ler o JPN, ver as peças filmadas e ouvir as jornalistas - ao fim de dois anos e três míseros meses, estão habilitados a ser estagiários ou jornalistas de um objecto online que mais parece um jornal de liceu onde se brinca ao jornalismo.

Por obrigação curricular, estive um mês no JPN. Serviu essencialmente para perceber que existe uma histeria auto-direccionada e uma concorrência nem sempre bonita de se ver. Que os jornalistas recém formados não têm estaleca, rasgo ou criatividade; são chapa-quatro, dominam a linguagem jornalística, mas uma linguagem pouco elástica, sem energia, chata. Deu para perceber que o JPN sofre do mesmo mal que o curso de jornalismo, que não sabe, ou não quer, aproveitar as condições técnicas de que dispõe e não sabe orientar a mão-de-obra (teoricamente) especializada e interessada.

Como em tudo na Universidade do Porto, também o curso de jornalismo e o seu jornal digital são um óptimo exemplo da vaidade injustificada e da soberba absoluta. Ver o vídeo que celebra o dia em que um jornalista do Público foi editor da redacção do JPN é perceber até que ponto vão a auto-promoção mútua e a histeria teenager, nada condizentes com a prática jornalística.

O JPN podia ser, realmente, um caso sério no jornalismo online. Bastava para isso que soubessem dar a volta ao que foi instituído por pessoas que percebem tanto de jornalismo como eu de física quântica. Que tivessem a vontade de quebrar o gelo de regras que não fazem sentido. A política editorial, conforme está definida, deixa transparecer uma de duas coisas, igualmente graves: ou não confiam nos alunos formados naquele mesmo edifício, ou não confiam na formação que lhe foi dada. Seja como for, decidam-se de uma vez.


quarta-feira, abril 13, 2011

COMO DISSE!?


Segundo reza a lenda popular, Carlos Emanuel I, Duque de Saboia, tinha o péssimo hábito, conforme o que lhe era mais conveniente, de se aliar, ora à Espanha, ora à França. Ainda de acordo com a lenda, o dito Duque usava uma casaca reversível, de um lado branco, para agradar aos franceses, do outro vermelho, para satisfazer nuestros hermanos. E daí terá nascido a expressão vira-casaca.

Vem isto a propósito da carreira política de Fernando Nobre. Carreira política que se resume a uma candidatura à presidência da república e alguns quantos apoios, assumidos publicamente, a outros tantos partidos políticos. O homem já se colou ao PS, ao Bloco de Esquerda, foi candidato independente a presidente e agora, num tour de force absolutamente inesperado, é candidato à presidência da assembleia da república pelo PSD.

Ao aceitar o convite de Pedro Passos Coelho, Nobre desapontou aqueles que o apoiaram na corrida a Belém e deu uma imagem de pouca credibilidade, de manha e do chico-espertismo, património nacional. Ao convidar Fernando Nobre, Passos Coelho deu um valente tiro no pé, com potenciais consequências bem mais graves do que parece à partida. Desde logo porque não consegue disfarçar a tentativa de aproveitamento daquilo que o presidente AMI conseguiu na campanha eleitoral - e que, justiça seja feita, foi a todos os níveis notável - e porque cria mais uma ferida aberta no seio de um partido que parece não conseguir encontrar a paz interna de que tanto necessita.

Ou seja, Fernando Nobre passa a ser a anedota preferida dos restantes partidos com assento parlamentar, ridiculariza a imagem simpática que construiu à frente da AMI e contribui decididamente para o preconceito do povo relativamente à classe política nacional. Pedro Passos Coelho, por seu lado, dá razão aos que acham que ainda não tem o que é preciso para governar Portugal. Tudo isto, de uma assentada só, é obra.

terça-feira, abril 12, 2011

OS MILAGRES (DA ESTUPIDEZ) DA FÉ

Ok, a história é esta. Ali para os lados de Bragança, existe uma fonte que os populares dizem ser milagrosa. Aparentemente cura os problemas físicos das crianças que as pessoas da aldeia chamam encalhados. Os encalhados não conseguem andar, e assim que vão à fonte e são banhados pelas águas milagrosas da fonte do Caílho, transformam-se em verdadeiros atletas.

Na televisão, duas senhoras da aldeia explicam o que fazem e que orações dizem quando levam os encalhados à fonte. E explicam também o que são, afinal, os encalhados. Os encalhados são bebés ainda sem idade para gatinhar, e que, quando estão sentados ou deitados, cruzam as pernas... Só isso.

E ainda me vêm falar dos fundamentalismos das outras religiões.

PORTUGAL TEM PESSOAS QUE FAZEM CENAS...

O programa Portugal tem Talento é o flop da SIC do ano. Por muito que o canal de Carnaxide se esforce, será difícil conseguir produzir um objecto pior do que este, onde nada, mas mesmo nada, é bom.

Ironicamente, o produto televisivo é produzido, realizado e apresentado por pessoas sem talento. O que não fica nada bem, diga-se. O espectáculo é mal realizado, desorganizado, tecnicamente mal preparado - há sempre alguma coisa a correr mal, ou o som, ou as luzes ou algo relacionado com o número do desgraçado com talento - e obviamente feito à pressa, sem um planeamento eficaz. Os apresentadores - considerando que os jurados fazem parte da apresentação - são tão fraquinhos que custa a crer.

Em relação ao júri, o que se pode concluir é que a SIC foi buscar a segunda linha, o plano B, o refugo. Não há La Féria? Convida-se o Ricardo Pais, que ninguém conhece- Não temos o Ricardo Araújo Pereira? Traz-se o outro, o mais gordo, como é que ele se chama? E mais? Temos aqui na casa uma sujeita moderadamente simpática e com ar de tontinha. Serve perfeitamente.

Bárbara Guimarães, essa, passa o tempo todo em overacting. Sempre demasiado excitada com tudo, como um puto de seis anos pela primeira vez no zoo; sempre trapalhona, mete as mãos pelos pés, inventa português, engana-se no nome das pessoas e esquece-se do que tem para dizer. Nunca se esquece, no entanto, de contribuir à força toda para o enterro de um programa que podia ser um sucesso.

E não o é, não por culpa da Guimarães, ou por causa do júri, triste figura televisiva, ou mesmo por causa de um realizador que, ou não sabe o que está a fazer, ou preferia estar a realizar jogos de futebol. O programa é um flop porque, ao contrário de todos os países que decidiram avançar com uma versão do franchise, ninguém foi capaz de encontrar uma alminha tuga verdadeiramente com talento.

Sim, há pessoas que sabem fazer... coisas, mas não passa disso. Coisas, tipo, "olhem para mim, consigo tocar com a ponta da língua no nariz". Ou, "vejam, já sei escrever". Sinceramente, não chega sequer para despertar a atenção e aposto que também não chega para fazer frente ao portugal dos pequeninos cantores que passa à mesma hora na TVI.

sábado, abril 09, 2011

NEM A GOZAR


É a nova moda na televisão portuguesa: anúncios feitos por publicitários sem cérebro e que têm, como único resultado, irritar os espectadores e levá-los ao desespero em meros trinta segundos. É obra.






quinta-feira, abril 07, 2011

O ROMEU


Ontem à noite o Romeu morreu-me nas mãos.
Morreu nas mãos de quem mais amava.
Morreu o meu companheiro de quarto.



terça-feira, abril 05, 2011

DE REGRESSO

Recebi este disco com a mensagem "o melhor do ano". Vindo de quem veio, a afirmação não se apresentava como polémica ou sequer precipitada - o rapaz responsável pela prenda tem um gosto apurado em que confio.

Descarreguei o disco, guardei-o no Ipod, e alguns dias depois, finalmente com tempo livre, ouvi-o do início ao fim. Conclusão: é o melhor disco do ano. Era o mais aguardado do ano, e rapidamente deu resposta a todas as expectativas e ansiedades. 'Helplessness Blues', dos Fleet Foxes, não podia chegar em melhor altura, a poucos meses que estamos da estreia da banda em Portugal. Entretanto, resta-nos absorver disco maravilhoso, que mantém o nível dos anteriores trabalhos e que coloca a banda de Robin Pecknold e companhia naquele patamar intocável de qualidade e respeitinho.


segunda-feira, abril 04, 2011

A SEMANA EM QUE ENGOLI AS MINHAS PRÓPRIAS PALAVRAS

No espaço de uma semana fui obrigado a repensar a minha opinião em relação aos concorrentes da Pixar. A vida é mesmo assim. Mas ainda bem, os resultados foram os melhores e altamente recompensadores. De uma vez só, assisti a duas obras de animação,Tangled e How to Train Your Dragon, e posso afirmar, sem dúvidas, que não ficam nada atrás dos respectivos concorrentes da Pixar, respectivamente em 2010 e 2011. Mais, Tangled consegue o inimaginável, e ultrapassa a alta velocidade Toy Story 3. O mesmo é dizer, justiça seria a academia ter entregue o Oscar ao filme dos estreantes Nathan Greno e Byron Howard. Tudo é bom em Tangled. A animação é perfeita - perfeita, mesmo - o argumento muito bem escrito, com um sentido de humor irresistível e um cuidado muito especial com as personagens, e a banda sonora - o filme é assumidamente um musical - é fantástica. Para além disso, o trabalho dos actores, normalmente disfarçados pelos bonecos a que dão vida, passa mesmo para o espectador e transmite o tal cuidado na escrita do guião. Quanto a How to Train Your Dragon, o mínimo que se pode dizer é que é, provavelmente, o melhor filme de animação não Pixar da primeira década do século XXI. Repetem-se os atributos de Tangled mas com um acréscimo: o argumento é irrepreensível a todos os níveis. Não digo que seja melhor filme que Up, da Pixar, mas que não lhe fica atrás, lá isso não fica. Para além disso, é de uma originalidade e frescura que já faziam falta nos estúdios que, normalmente, vão a reboque da empresa de John Lasseter. Ou seja: há uns meses seria incapaz de imaginar um cenário destes, mas a verdade é que se a Pixar se descuida, existem fortes hipóteses de começar a perder terreno para a competição directa. Os primeiros sinais são inequívocos e ainda bem. Nada como um bocadinho de concorrência para estimular o negócio.



PELOAMORDEDEUS


Ando eu aqui a pensar numa maneira de falar mal dos profissionais da comunicação que pululam pelos canais de televisão portugueses, quando, de repente, um amigo me dá a conhecer esta pérola de mau jornalismo. Mau por diversas razões, uma delas baseada nesta mania que os orgãos de comunicação têm de achar que a internet é a plataforma ideal para o
multitasking. É ideal, de facto, mas se as pessoas que participam dessa multiplicidade de formatos tiverem o mínimo de qualidade.
Não é o caso de Bruno Prata, que tem uma notável multiplicidade de dificuldades de comunicação e que se devia ficar pelo jornalismo escrito.
Se tanto...

sexta-feira, abril 01, 2011

VIVA A PARVOÍCE

É mau feitio meu, ou isto da futilidade online começa a chegar a níveis realmente ridículos? Ok, já se sabia que uma forma de comunicação tão rápida e tão global, era a forma perfeita de disseminar todo o tipo de assuntos, especialmente os de consumo imediato e, logo, perfeitamente idiotas. Mas a verdade é que a coisa começa a chatear/preocupar. Se até aqui estava convencido que este culto de estupidez cibernética era exclusivo da camada mais teen dos utilizadores da net, agora não tenho outra solução que não seja a de admitir que estava errado: a estupidez toca a todos, orgãos de comunicação incluídos. O mais recente fenómeno de estupidez/futilidade/boçalidade é este vídeo perfeitamente normal de duas crianças que aparentemente «falam» uma com a outra, embora não tenham sequer idade para distinguir o que cagam do que comem. E toda a gente fica maravilhada com aqueles dois bebés, e toda a gente passa o vídeo caseiro aos amigos, que por sua vez o publicam nas respectivas páginas da sua rede social preferida, e que são comentados pelos mesmos que já os tinham publicado nas suas próprias páginas e por aí adiante, num verdadeiro tsunami de burrice colectiva como a humanidade pré-internet nunca tinha conhecido. E assim, num ápice, um simples homevideo feito por uma mãe estupidamente babada com as suas duas pequenas criaturinhas, passa a ser um fenómeno multi-plataformas à escala global, objecto de destaque em orgãos de comunicação ditos de respeito - como o Jornal de Notícias ou o noticiário da SIC - e, aparentemente, alvo da mais aturada investigação científica. Pessoalmente, a história dos dois monos falantes é tão surpreendente, original ou maravilhosa quanto a notícia do Panda Vermelho da China que, após sete anos da mais avançada investigação científica, ficou a saber que não era parente dos Pandas mas que pertencia a uma espécie própria e que tem mais a ver com os Guaxinins ou as Doninhas. A mim bastava-me olhar para ele para poupar ao governo chinês uns largos milhões de yuan. Da mesma forma, basta-me olhar para os primeiros segundos deste vídeozeco imbecil - confesso, não aguentei mais do que dez longos e penosos segundos - para perceber que não há nada ali de tão entusiasmante. A sério, deixem de ser atrasadinhos mentais, sim?