kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, maio 30, 2007




Entretanto, e para tentar animar uma semana bem esquisita, deixo o programa das festividades deste ano em Serralves. Já sabem, são dois dias inteirinhos em festa. As ofertas são mais do que muitas e merecem a visita, nem que seja, para passear ao Domingo à tarde pelos mui belos jardins da casa.

Portanto, o
programa, com especial chamada de atenção para mais uma bombástica exibição de loucura, qualidade e ritmo dos inigualáveis 7 Magníficos, de Sábado para Domingo no grande relvado de Serralves. Imperdível!

I-POD - 2004-2007

Foi ontem ao fim da tarde. O relógio marcava 19.00 e o meu I-Pod, fiel amigo e companheiro, suspirava pela última vez um som. Era Alice Russell.

Morreu o meu I-Pod.

Já andava a ameaçar. A sua saúde já não era a mesma, e de vez em quando chegava mesmo a assustar-me. Ontem tudo terminou.

Adeus, bom amigo, fizeste-me companhia em momentos importantes. Transportavas músicas em ti que me ajudaram e me fizeram muitas vezes pensar nas coisas da vida. Ajudaste-me a criar textos, desenhos, idéias e a tomar decisões.

Este blog tem tanto de ti como de mim, e agora...

MINISTRY

Mais cedo ou mais tarde isto ia acbar por acontecer.
Mais cedo ou mais tarde tinha de falar nos Ministry.
Preparados?
Então vamos lá.



Os Ministry são obra de um senhor muito estranho chamado Al Jourgensen, que decidiu formar a banda nos Estados Unidos nos inícios da década de 80 - mais coisa, menos coisa. Foram pais do movimento conhecido como Rock industrial, e só tinham um rival verdadeiramente digno desse nome: os Nine Inch Nails, de outro senhor muito estranho, Trent Reznor.

O seu som não podia ser mais brutal, violento e agressivo. Numa altura em que toda a juventude assistia ao renascimento de uma onda mais pesada, estes senhores faziam música adulta, interventiva e que parecia não querer deixar reféns. Mais tarde, e quando toda a gente pasmava perante o fenómeno grunge - eu inclusive - os moços de Jourgensen mantinham a sua imagem de marca sem ceder a pressões editorias, de moda ou tendência. Ou seja, todas as outras bandas ditas da «pesada», não eram mais do que meninos do coro de Sto. Amaro de Oeiras, quando comparados com este - literalmente - monstros do rock.

Monstros que ajudaram a consolidar o Rock Industrial no grande caldeirão do

Modas vieram e modas foram e só mais tarde dois dos seus «filhos» voltaram realmente a ameaçar a hegemonia paternal e a recolocar o Rock Industrial no panorama mainstream, os Rammstein e Marylin manson - aliás, as semelhanças são por demais evidentes. Mas a verdade é que ainda hoje - show off à parte - os Ministry continuam a ser uma das bandas mais pesadas da história do rock, e a vontade de andar pela rua com as músicas deles aos berros nos ouvidos é a mesmíssima que eu tinha aos dezoito anos.

Portanto, coloquem os cintos, e força...



Thieves






Jesus Built My Hotrod



INPUT' 07 - MACHINAMENTUM


Idéia interessante - embora não tanto original - a do grupo de teatro da faculdade de belas artes do Porto - Tic Tac. Uma aventura orwelliana numa repartição de finanças - ou algo assim -, física e gestual, sem palavras.
O aspecto cénico é irrepreensível e prende de imediato a atenção do espectador.
No entanto, isso não chega, e é preciso cabedal para aguentar uma peça de mais de uma hora sem palavras. É preciso energia e genica, e a idéia de simular uma repartição de finanças, provavelmente - e sem intenção - levou a coisa para um terreno sonolento e mole.

O espectáculo começa com o posicionamento dos funcionários, cada um no seu posto de trabalho. Cada um executando a sua rotina diária, chata e muito repetitiva. A idéia é construir, desta repetição, uma malha sonora; um ritmo transformado em quase música que acompanhe o que se vai assistir a seguir. O problema é que, embora o espectador por esta altura já tivesse adivinhado a intenção, essa malha rítmica custa a pegar, muito por culpa da interpretação pouco enérgica dos executantes. Faltou a maquinação que se pretendia. Maquinação humana, entenda-se.
O resto é bem mais desinteressante. Acompanhamos cinco personagens e a burocracia por que têm de passar para ver os seus assuntos tratados. Deveria ser mais cómico e mordaz. Não foi. E não o sendo, não conseguiu roubar a atenção do espectador ao que se passava no fundo do palco - a tal música de fundo - e que entretanto se tinha finalmente tornado interessante.
Fica a idéia, muito boa, mas que necessitava obviamente de mais ensaio, de modo a eliminar tantas arestas e pontas soltas.

ANTÓNIO


terça-feira, maio 29, 2007

INPUT' 07 - O ARRANCA CORAÇÕES




Foi castigo! Só pode!!
Ainda não me tinha refeito do choque de ter visto uma peça como European House – a respectiva crónica está algures aí em baixo -, e já levei com a PIOR peça de teatro de sempre. A pior, mas por muitos quilómetros de distância! E nem o facto de ser teatro universitário ajuda a compreender tanta falta de qualidade. Foi tão mau, o espectáculo de ontem à noite pelo grupo de teatro Engenharte – da faculdade de engenharia do Porto –, que cheguei a sentir aquela sensação desagradável de embaraço alheio.
Pior era impossível: a total destruição de um texto fantástico, repleto de segundas intenções, sarcasmo e cinismo. E por onde tudo se começa precisamente a desmoronar; pela completa e total falta de intenções nas gargantas daqueles petizes. De tal forma que quase nunca se chega a perceber o que eles querem transmitir; de tal forma que eles próprios pareciam não acreditar no que estavam a dizer. Um pouco mais de cuidado por parte dos encenadores teria resolvido o problema? Nem por isso. O que se passou ontem à noite foi, nem mais nem menos, uma reposição de um espectáculo que já esteve em cena. Ou seja, foi o afinar de algo que já correu muito mal por demasiado tempo.
Safa!!!
Tenho, porém, de ser justo e fazer a devida referência a dois pontos (quase) positivos neste panorama negro como a noite. Duas actrizes – custa-me tanto chamar-lhes isto – que demonstraram um potencial interessante e um saber estar em palco que em nada tinha a ver com o dos seus colegas. Por outro lado, a qualidade geral era tão má, tão má, que facilmente qualquer coisinha melhorzita sobressairia facilmente. Prefiro, no entanto, dar o benefício da dúvida, e acreditar que aquelas meninas com a devida formação podem chegar a fazer coisas bem engraçadas. Quanto ao resto…

Arrependi-me tremendamente por não ter participado na tertúlia que se seguiu ao fim do espectáculo. Sempre gostava de ter ouvido o que aquelas alminhas tinham para dizer.
Hoje arrisco nova incursão pelo universo do teatro estudantil na esperança de lavar um pouco a imagem deixada ontem pelos tristes engenheiros.

Espero sobreviver…

segunda-feira, maio 28, 2007

FITEI - EUROPEAN HOUSE




Na sexta-feira fui ver o melhor espectáculo de teatro de sempre.
O melhor que já vi na vida. Poderão dizer que provavelmente terei visto muito pouca coisa.
Provavelmente…
Mas não tenho dúvida: de tudo o que vi até hoje, este foi o melhor.
European House é um espectáculo dos catalães Teatre Lliure (vejam o
vídeo, vale a pena), um «não» texto – já explico - da autoria de Àlex Rigola, também o encenador de serviço. A história que Rigola criou, mostra-nos os momentos que antecedem o Hamlet de Shakespeare. O que aconteceu imediatamente antes do início da famosa história do Príncipe da Dinamarca, mas adaptado a uma época contemporânea à nossa. A acção decorre em casa de Hamlet, momentos após o funeral do seu pai. A chegada dele e da sua mãe, e dos membros mais próximos da família – a corte, se preferirem.

O cenário é fabuloso: uma casa de três andares sem fachada, todos os seus compartimentos bem à vista do espectador e com a acção a decorrer simultaneamente no quarto, na sala, na cozinha, no jardim. Sem palavras – ou quase, já que algumas, soltas, perdidas, são de facto proferidas. O subtítulo da peça é precisamente “Um prólogo de Hamlet sem palavras”, e mesmo assim, as relações entre todas as personagens é fácil e imediatamente compreendida pelo espectador; as emoções e a sua ligação à questão sempre presente em toda a peça – porque morrem as pessoas? – enchem a sala com uma força incrível, e manifestam-se na espinha do público com um arrepio. Essa energia é transportada por todos os actores que demonstram (mais uma vez) sem palavras o que se sente sempre que alguém querido morre. Até o fantasma do pai de Hamlet – personagem verdadeiramente fantasmagórica e presente sempre que a situação o exige – transporta essa tristeza nobre.

Há uma cena – A cena – que marca este trabalho e a memória de todos os que a vão ver. A cena que podem ver na fotografia que abre este post. A sequência absolutamente notável, embora decalcada de uma em tudo idêntica do filme Magnólia, de Paul Thomas Anderson, em que as personagens ocupam todos os compartimentos da casa enquanto na sala se faz ouvir No Surprises, dos Radiohead. Todos fitam o espaço negro onde estão os espectadores, e todos cantam aquela música. A imagem atinge-nos com uma força quase insuportável, e faz-nos adivinhar aquilo que já há muito vimos temendo: o fim da peça.

Quando saímos da sala, as únicas palavras que decorámos, e que nos foram apresentadas num painel informativo, algures entre o chão da casa de banho e o tecto do escritório, são aquelas que nos perguntaram “Porque morrem as pessoas? Para nos fazerem recordar que ainda estamos vivos!”
O Forte e demorado aplauso, foi a reacção lógica e merecida a um trabalho desta magnitude. Merecia mais dias de exibição. Eu merecia mais dias de exibição. E todos os que não o foram ver mereciam mais dias de exibição.




sexta-feira, maio 25, 2007

Estou em puro êxtase - e até já me esqueci que esta semana levei um grande bofetão no focinho - e faço minhas as sempre sábias palavras do Senhor da Campaínha:

Bárbara, Chico, Torpedo, Henrique, João - que andas lá fora a lutar pela vida -, lembram-se da noite maravilhosa que passámos juntos no jardim do Palácio de Cristal, o ano passado, no concerto ao vivo da Fanfare Ciocarlia? Lembram-se? Pois bem, no dia 7 de Junho, os Shantel & Bucovina Club Orkestar vão actuar na Casa da Música, no
Festival Mestiço ...
Eu sei, é do caraças!





(Post exclusivamente para desabafar algo que ninguém - ou quase - tem conhecimento)



Esta semana mais um estalo nas ventas. Não foi daqueles que se leva sem estar a contar, devo admitir. Não foi como se me tivessem tirado a venda dos olhos e desatado à chapada valente. Não. Desta já eu estava à espera.
Daquelas coisas que acontecem na base de A promete a B algo que B desconfia que não vai acontecer mas que, por força da convicção de A, acaba por ser convencido de que vai, e...
Confuso, não é?
Pois é.
O que interessa, é que aconteceu uma cena triste - mais uma - motivada por uma mesma razão. Já estou fartinho, sinceramente. Já sabia que não ia ser como me tinham dito, mas sou sempre estúpido o suficiente para pôr de lado essas minhas «certezas» e pensar que não, que as pessoas até são porreiras, e que afinal são amiguinhas e tal e coisa.
Não.
Aparentemente há coisas mais fortes do que tudo isso.
E continuo a levar bofetadas na tromba até aprender a ser mais canalha do que todos os outros.
Acho que não vou gostar de mim, não tarda nada.

FITEI - 2007



Como se já não bastasse o INPUT - de que já aqui falei -, agora temos o FITEI perfeitamente instalado na cidade invicta e à espera de uma visitinha. Ou seja, de repente temos mais teatro à mostra do que tempo livre para o ir ver.

Mesmo assim, tenho já as peças escolhidas, de um e de outro, e começo hoje a minha «carreira» como espectador compulsivo de teatro.

Quanto ao programa do festival...

KARMABOX WITH A VIEW - SPECIAL EDITION - KROKE


Já tinha pensado em escrever qualquer coisa sobre os Kroke, mas nunca me tinha realmente preocupado a sério com isso. O que é um tremendo erro.
Os Kroke formaram-se em 1992, na Polónia, mais concretamente na Cracóvia - "Kroke" na língua yiddish. De trio passaram a quarteto, mas seria ainda como trio que gravariam um fabuloso disco ("East Meets East") com o virtuoso-quase-louco do violino, Nigel Kennedy, e que resultaria inclusive em alguns concertos - podem mesmo ver um vídeo desta parceria no You Tube que não está disponível para publicação.
As raízes da sua música são notoriamente judaicas, misturando os géneros Klezmer e (o menos conhecido) sefardita, pelo que o quarteto é considerado como uma das mais importantes bandas de world music da actualidade.
Para grande pena minha, apenas tenho um dos seus álbuns, "Sounds of the Vanishing World", e garanto-vos, é um daquele que se ouve do início ao fim, com direito a repeat.


P.S: E têm uma musiquinha na banda sonora do último filme de David Lynch, Inland Empire...

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quarta-feira, maio 23, 2007

INPUT' 07




Começa hoje o primeiro festival de teatro universitário do Porto.

Inexplicavelmente a reitoria preferiu não usar a terminologia "universitário", e então ficamos apenas com Festival Anual de Teatro da Universidade do Porto. Mas a verdade é que todos os grupos presentes pertencem a faculdades das cidades do Porto, Bragança e Aveiro. Enfim...

Podem consultar o programa
aqui e começar já a pensar em fazer umas visitinhas ao Teatro Sá da Bandeira. Acreditem, o teatro universitário tem qualidade e vem apostando em projectos arriscados e com qualidade comprovada. Basta ler os nomes dos autores e de alguns encenadores para se perceber a que nivel se trabalha hoje nestes pequenos grupos.

Pela parte que me toca, começo hoje o périplo pelo INPUT. Vou deixando as habituais achegas aqui, no canto do costume.

terça-feira, maio 22, 2007

ROAD TO PEACE



(Bárbara, lê com atenção. Acho que vais gostar)

Se pensavam que isto era «só» uma música de Tom Waits, estavam enganados.

É uma declaração.







Young Abdel Mahdi (Shahmay) was only 18 years old,
He was the youngest of nine children, never spent a night away from home.
And his mother held his photograph, opening the New York Times
To see the killing has intensified along the road to peace

There was a tall, thin boy with a whispy moustache disguised as an orthodox Jew
On a crowded bus in Jerusalem, some had survived World War Two
And the thunderous explosion blew out windows 200 yards away
With more retribution and seventeen dead along the road to peace

Now at King George Ave and Jaffa Road passengers boarded bus 14a
In the aisle next to the driver Abdel Mahdi (Shahmay)
And the last thing that he said on earth is "God is great and God is good"
And he blew them all to kingdom come upon the road to peace

Now in response to this another kiss of death was visited upon
Yasser Taha, Israel says is an Hamas senior militant
And Israel sent four choppers in, flames engulfed, tears wide open
And it killed his wife and his three year old child leaving only blackened skeletons

It's found his toddlers bottle and a pair of small shoes and they waved them in front of the cameras
But Israel says they did not know that his wife and child were in the car
There are roadblocks everywhere and only suffering on TV
Neither side will ever give up their smallest right along the road to peace

Israel launched it's latest campaign against Hamas on Tuesday
Two days later Hamas shot back and killed five Israeli soldiers
So thousands dead and wounded on both sides most of them middle eastern civilians
They fill the children full of hate to fight an old man's war and die upon the road to peace

"And this is our land we will fight with all our force" say the Palastinians and the Jews
Each side will cut off the hand of anyone who tries to stop the resistance
If the right eye offends thee then you must pluck it out
And Mahmoud Abbas said Sharon had been lost out along the road to peace

Once Kissinger said "we have no friends, America only has interests"
Now our president wants to be seen as a hero and he's hungry for re-election
But Bush is reluctant to risk his future in the fear of his political failures
So he plays chess at his desk and poses for the press 10,000 miles from the road to peace

In the video that they found at the home of Abdel Mahdi (Shahmay)
He held a Kalashnikov rifle and he spoke with a voice like a boy
He was an excellent student, he studied so hard, it was as if he had a future
He told his mother that he had a test that day out along the road to peace

The fundamentalist killing on both sides is standing in the path of peace
But tell me why are we arming the Israeli army with guns and tanks and bullets?
And if God is great and God is good why can't he change the hearts of men?
Well maybe God himself is lost and needs help
Maybe God himself he needs all of our help
Maybe God himself is lost and needs help
He's out upon the road to peace

Well maybe God himself is lost and needs help
Maybe God himself he needs all of our help
And he's lost upon the road to peace
And he's lost upon the road to peace
Out upon the road to peace.



Não resisti e fui a correr ver ontem o tal novo filme de David Fincher de que tinha aqui falado, Zodiac.


E é mesmo bom.


Se fosse um filme 100% Fincheriano, diria excelente, mas a verdade é que este não é mais um filme tipo na carreira do americano. Este cheira a Sidney Pollack por todos os poros. É calmo, controlado, pausado e muito, muito elegante. A sombra da sua filmografia mais negra, aparece apenas nas cenas em que seguimos o assassino na práctica dos seus crimes - hediondos, diga-se. De resto, nada em Zodiac é show off. Tudo faz sentido e tem um sentido. Todos os actores têm um propósito. Por isso mesmo é que todos os actores são, de alguma forma, caras conhecidas, sejam do grande ecrã, ou de séries televisivas que nos vão invadindo os nossos quatro canais.


Excelentes interpretações, excelente câmara, excelente fotografia e virtuosa montagem, e magnífica banda sonora - como já era de prever.


Maravilhoso Robert Downey Jr., a merecer desde já uma nomeação para o Oscar de melhor secundário - se é que este filme não fazia já parte dos que estiveram em competição este ano -, no papel vagamente gay de um reporter com tiques de diva e manifestamente a borrifar-se para o sistema editorial do jornal que o emprega. Fenomenal também Jake Gyllenhaal, sobrio, calmo e pausado, uma personificação de todo o ambiente do filme.



É compreensível o desânimo de alguns espectadores à saída da sala. Zodiac não é um filme de terror, não é um thriller, nem sequer aproximadamente um filme de suspense. É um filme de homens em torno de uma sequência horrenda de crimes, e de como as suas vidas foram sendo lentamente afectadas pelo desenrolar dos acontecimentos. É um filme de diálogos saborosos e adultos; credíveis e tão humanos.


A título de exemplo, uma sequência absolutamente notável e que, sem se notar, coloca à prova os nervos do espectador. Quando os três detectives se deslocam a uma fábrica para interrogarem o mais que provável responsável pelos assassinatos, e se vêm emparedados entre um role de provas mais do que evidentes, e a impossibilidade de agirem no momento. Quando assistem, impotentes, à saída em grande do indivíduo - quase em declarado desafio - da mesma sala para, provavelmente, nunca mais o conseguirem apanhar. Genial, brilhantemente filmada e ainda melhor interpretada. Nas caras dos quatro actores, percebe-se que todos sabem o que se está a passar; toda a frustração e raiva de um lado, e toda a gabarolice infantil de quem se está inacreditavelmente a safar, do outro. Linda!




Nem tudo é assim tão bom, em Zodiac, e por isso mesmo o meu «apenas» "mesmo bom". A verdade é que o realizador não consegue evitar que o filme se vá abaixo assim lá para o meio; que perca gás, e que a energia contida até aí, se transforme numa certa sonolência e preguiça. Mesmo assim...


Zodiac é um dos filmes maiores do ano, e merece uma segunda visão. Segunda visão essa que tenciono ter muito em breve.


KARMABOX WITH A VIEW - LULU SANTOS "NÃO IDENTIFICADO"




Uma das músicas mais bonitas do Mestre Caetano, tocada e cantada pelo súbdito, Lulu Santos, aqui em regime Hendrix.

Muito bonito, têm é de gramar um minuto de paleio do senhor Lulu...


Eu vou fazer uma canção pra ela
Uma canção singela, brasileira
Para lançar depois do carnaval

Eu vou fazer um iê-iê-iê romântico
Um anticomputador sentimental

Eu vou fazer uma canção de amor
Para gravar um disco voador

Uma canção dizendo tudo a ela
Que ainda estou sozinho, apaixonado
Para lançar no espaço sideral

Minha paixão há de brilhar na noite
No céu de uma cidade do interior
Como um objeto não identificado


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"ÂPDEI-TE"





Estava-me a esquecer de mencionar as novas aquisições ali ao lado na lista de links para outros cantos do mundo...

Curto e grosso, temos o blog dos SEM PALCO - de quem já falei aqui, nomeadamente por terem sido os responsáveis pelas leituras encenadas que o TUP fez de uma peça de Moliére;

temos finalmente - e completamente à revelia - a porta de entrada para o BARRACO mais musical do universo;

temos também o mundo cor-de-rosa (mas só na cor) da MILÉNE - colega de palco e moça de palavras... muito pessoais(!);

e finalmente, o link para o site de um movimento pela defesa da biodiversidade, o COUNTDOWN 2010, e que merece, sem dúvida alguma, o nosso olhar mais atento.

Pronto, dever cumprido! Toca a bisbilhotar.

segunda-feira, maio 21, 2007

E está aqui a próxima peça a que vocês, amantes do teatro, vão assistir.

Como (não) podem ver na imagem, está em cena até o longínquo dia 10 de Junho, e conta com a participação, entre outros, do meu encenador e amigo, Luciano Amarelo. A peça é coisa do Mark Ravenhill, o autor de um texto famoso e muito bonzinho, Fucking and Shopping - que por acaso teve uma muita fraquinha versão portuguesa há uns anos e que eu tive a oportunidade de ver.

Esta encenação está a cargo de João Cardoso e vai a palco no Estúdio Zero, ali na Rua do Heroísmo, 86, mesmo juntinho à estação do Metro.

Apareçam que parece valer bem a pena...

ORA TOMA...


SEXTA-FEIRA, 18 DE MAIO DE 2007 - 21.30H


Não estava nada à espera, quando escrevi o post dedicado ao fim do nosso espectáculo, na sexta-feira, que as coisas pudessem ficar ainda maiores. O último espectáculo foi assombroso – perdoem-me a gabarolice – e deixou todos os que estiveram naquela catacumba verdadeiramente em polvorosa.
Normalmente, quando um espectáculo corre bem, o elenco fica tomado por uma electricidade muito boa e excitante. Na passada sexta, essa energia estendeu-se ao público. E não era para menos: a forma como aquela hora e meia se desenrolou; a força da voz e das palavras; os olhares e todos os pequenos pormenores que nos transformam realmente naquelas personagens, foram inabaláveis e potentes. Foi quase perfeito. E não totalmente perfeito porque existem sempre coisas ainda mais pequeninas de que o público não se apercebe, e que no final ainda nos fazem sorrir.
Foi um momento mágico, e uma das noites mais incríveis e inesquecíveis da minha vida. Uma noite para relembrar, sempre.
O que aumenta a tristeza que sinto por não ter visto mais caras amigas naquelas cadeiras. E agora é tarde de mais. Agora terminou mesmo. De vez. O que senti quando a Sílvia me disse conhecer um espaço idêntico em Lisboa, onde esta peça podia ser exibida, foi exuberante mas curto: existem demasiados problemas de organização que impediriam que tal pudesse acontecer de forma tranquila.
Não vale a pena, por isso mesmo, perder tempo a pensar num projecto assim.
Ficam as memórias. Tantas.
Deviam ter ido ver, eu avisei…

ZODIAC


De cada vez que David Fincher lança um filme novo, o meu coração palpita um bocadinho mais forte. Assim como se de uma paixão de liceu se tratasse. Afinal foi este o homem que mudou a minha maneira de ver cinema, e isto aos 22 anos e depois de já ter visto muito filme.
O moço recriou o cinema em tantas vertentes diferentes que chega a meter nojo. Do film noir ao thriller puro; da ficção científica ao puro entretenimento através da manipulação de imagens - e do espectador também -, Fincher inovou, inventou e basicamente criou um novo sub género de cinema. O estilo «Fincher» impôs-se no cinema americano, e com apenas meia dúzia de obras – primas, claro. Alien 3, Seven, The Game, Fight Club, Panic Room e este Zodiac, que estreou esta semana em Portugal.
Todos os filmes anteriores ficam na memória de quem os vê, nem que seja por uma razão técnica, um movimento de câmara que não existe, uma interpretação de um actor, ou um argumento em que mais ninguém pegaria. Fincher é único, e na minha opinião, líder destacado deste grupo recente de novos realizadores americanos.
Quanto a Zodiac
E se não fosse de David Fincher, outras razões haveria para o ir ver urgentemente a uma sala de cinema: para já, porque filma a história verídica de um serial killer que assombrou a Califórnia da década de setenta – a mesma história que já tinha influenciado Andrew Kevin Walker a escrever o argumento de Seven. E porque apresenta um elenco sem nomes de primeiríssima linha, mas composto por jovens valores do mais alto gabarito, em contracena com alguns ilustres secundários. Jake Gyllenhaal, Mark Ruffalo e Chlöe Sevigny; Brian Cox, Elias Koteas e Robert Downey Jr., e isto só para mencionar alguns.

Portanto, este é um dos obrigatórios, e não digam que eu não avisei.
E já agora, e a título de curiosidade, Fincher está já a filmar a sua nova produção, uma história de F. Scott Fitzgerald intitulada The Curious Case Of Benjamin Button, com Brad Pitt e Cate Blanchet. Promete? Não sei, eu sou suspeito…
Esperem, não se vão embora! Diz quem viu que a reconstituição da época retratada em Zodiac é impressionante. De tal forma se empenhou Fincher nesta reconstituição, que recuperou inclusive os logotipos de então utilizados pela Warner e pela Paramount.
Agora sim, podem ver o trailerzinho...





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sexta-feira, maio 18, 2007













Logo, termina a segunda fase do Cara De Fogo.
Foi quase um mês e meio de trabalho para refazer uma peça que já nos tinha dado tanto trabalho. A saída de uma das actrizes e a vontade de fazer melhor, levou o encenador a redesenhar situações, movimentos e «coreografias», e o resultado final só nos pode encher de orgulho.
A peça cresceu, ganhou uma maturidade e uma coerência que - não nos tínhamos dado conta - faltara, aquando da sua exibição em Janeiro.
As reacções do público têm sido incríveis, especialmente quando o público são pessoas que, de uma maneira ou outra, fazem parte do mundo do teatro. Pessoas com experiência de interpretação, encenação e mesmo formação, têm transmitido a melhor das imagens. Aquela que nós pretendíamos passar e que, pelos vistos, é mais clara do que pensavamos.
Não nos livramos de uma ou outra chamada de atenção, mas a verdade é que a opinião geral é a de que este é um óptimo trabalho. Ontem, alguém cuja opinião respeito tremendamente - precisamente por ter já uma vasta experiência, disse ser este um trabalho extremamente difícil, e que também por isso estavamos todos de parabéns. Sabe bem ouvir isto.

Pessoalmente sinto um orgulho enorme em ter participado neste projecto. É daquelas coisas de que me vou orgulhar sempre e que contaria vezes sem conta aos meus netos, caso os viesse a ter. Sinto que fizemos algo de grande e realmente importante e com qualidade. Um bom amigo chegou mesmo a dizer que um peça como esta nunca funcionaria tão bem nas mãos de actores mais experientes e impregnados dos tiques de quem tem muitos anos de palco. Acha ele que se perderia todo o realismo sujo com que marcamos o nosso trabalho.

Para além do prazer que é poder trabalhar no teatro, subir a um palco e mostrar ao público o que temos para fazer, ficam também boas memórias do que está por trás de uma peça. Os momentos passados antes do espectáculo começar. Os cafés ao sol da Arrábida, sentados no murinho do museu. As relações - nem sempre fáceis - que se criam entre os actores, e todo o ambiente de bastidores que nos ajuda também a ter vontade de repetir processos como este, mesmo depois de os termos amaldiçoado tantas e tantas vezes.







Acho até que vamos sentir falta do nosso «Restaurante», que nos serviu sempre como pôde e até mesmo depois da hora...




Logo à noite, às onze e pouco, o aspecto da nossa sala vai ser este. Mas não se enganem: estas cadeiras nunca vão realmente estar assim, vazias. Vão-se embora os espiritos que viveram ali durante as últimas cinco semanas, mas há que outros ficam lá para sempre.




(Lamento não publicar mais fotos do elenco, mas só proximamente as terei disponíveis)

quinta-feira, maio 17, 2007

Don McCullin




Não costumo gostar muito de chavões, mas neste caso tenho de me render. Não vou fazer figura de urso e falar de um homem que deu mais à fotografia que todos os mini-labs de Tóquio juntos.

Digo só isto: esteve em quase todas aquelas zonas onde ninguém estaria nem por todo o dinheiro do mundo. Vietname, Irlanda do Norte quando as coisas por lá eram bem mais complicadas do que agora, em África, fotografando os infectados com SIDA e as condições em que viviam, na guerra do Chipre e em tantos outros conflitos em tantos outros países.



O seu trabalho é de tal forma poderoso, que quando a Inglaterra entrou em guerra com a Argentina pelo domínio das Ilhas Malvinas, o governo britânico recusou-lhe a autorização para viajar até lá e fotografar o conflito.




A sua Nikon parou uma bala que lhe era destinada, e farto do mundo que fotografar, proferiu um dia estas palavras: "Já fui manipulado, e em resposta já manipulei outros, ao registar as suas respostas ao sofrimento e à miséria. Por isso, há culpa em todas as direcções: culpa porque não pratico a religião, culpa porque fui capaz de me afastar enquanto este homem morria à fome ou era morto por outro homem com uma arma. E estou cansado da culpa, cansado de dizer a mim próprio eu não matei aquele homem naquela fotografia, eu não matei à fome aquela criança. É por isso que quero fotografar paisagens e flores. Estou a sentenciar-me à paz.



Fixem este nome: Gelitin.


É o nome de um colectivo composto por artistas plásticos e que são basicamente uns passados. Mas uns passados com estilo e arrojo.


A dizer pela amostra...




HOMEM ARANHA 3




Ainda pensei que me iria arrepender de dizer isto, mas...
O Homem Aranha III e uma merda! Pronto, tá dito!
E é uma merda por imensas razões.

Primeiro, e para os que não sabem, este terceiro capítulo da saga realizada por Sam Raimi, marca o fim do contracto de Tobey Maguire no papel de Peter Parker/Homem Aranha. Quer isto dizer que os estúdios responsáveis queriam fazer deste terceiro filme uma espécie de vale-tudo da carreira do aracnídeo mais famoso da BD, e usufruir assim da imagem que o jovem actor conquistou junto dos fãs da personagem - um excelente Parker, diga-se.


E o que é que se faz quando assim é? Misturam-se ingredientes sem qualquer peso nem medida, desrespeita-se a cronologia dos eventos e cria-se uma salada russa completamente estapafúrdia.
Eu explico:
Neste filme assistimos ao aparecimento de, não um, mas sim dois inimigos clássicos do Homem Aranha, o Homem-Areia e Venom. Ora se o primeiro é nitidamente um dos vilões de segunda linha da carreira do herói - embora seja um dos mais humanos e carregados de nobreza -, já o segundo é um dos mais importantes de sempre. Tendo surgido primeiramente como um alter ego negro do trepa-paredes, Venom assumiu a certa altura o papel de um dos vilões mais violentos e terríveis, não só da vida do Homem Aranha, mas de todo o universo Marvel - a editora responsável pelas histórias deste e de outros super heróis.


O que acontece neste filme é que Venom tem uma participação vistosa e fulgurante, mas rápida e quase desnecessária. A verdade é que o ser alienígena - um simbionte - que dá à luz a monstruosa criatura conhecida como Venom (nome ao qual não se faz sequer referência), merecia um filme só para a sua história, e para a influência que teve na vida e na carreira de Peter Parker. Mas assim não é.


E depois temos um filme sensaborão, lento, demasiado lento e pesado, que nos arrasta durante duas horas e meia por uma teia - perdão pelo trocadilho - complicada e baralhada de acontecimentos e fait divers que não interessam a ninguém, muito menos aos fãs do herói.

É um misto de comédia ridícula, dramalhão de pacotilha e filme de acção e ainda por cima mal feito. O uso e abuso da tecnologia CGI (Computer Generated Image) chega a irritar. Porque é em demasia e porque é estranhamente de má qualidade.
E ponho-me a pensar: embora o segundo filme da série me tivesse deixado com água na boca, e a sonhar com os seguintes, a verdade é que este me fez voltar atrás e concluir o mesmo que tinha concluído aquando da estréia do primeiro. Tivesse Tim Burton pegado neste projecto, e tínhamos uma trilogia de respeito. Negra, dramática e com seres de carne e osso. Por muito inverosímeis que possam ser.

Assim o que temos é algo como um belíssimo fogo de artifício que se pode admirar, mas não se pode ouvir. Falta sempre qualquer coisa importante...

Mas tenho de voltar atrás só para fazer referência à excelência do trabalho de Thomas Hayden Church no papel do outro vilão de serviço, Sandman. De todos, é o vilão menos vilão. Aquele que verdadeiramente tem um motivo para agir daquela maneira. De todos o único que não queria mesmo nada ser assim. Como já disse, o mais humano. E é tudo isto que o olhar e a voz de Church transportam ao longo do filme. Uma tristeza e uma amargura nada típica dos vilões de BD.

Mas é só.


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AMANHÃ, 17 de Maio, às 19h : Todas/os ao Campo Pequeno!

Porque sim, ainda vivemos no século XIX, e porque sim, ainda matamos animais para nosso prazer e deleite.
Existe alguma justificação para que este tipo de acontecimentos ainda tenha lugar no mundo? NÃO!

Se puderem, e viverem na zona de Lisboa, não deixem de participar nesta manifestação, é mesmo importante.
E nem é necessário usar da velha metáfora "e se estivessem eles na bancada e nós na arena?", porque nem isso é necessário. Toda a gente percebe o sofrimento por que este animal passa, e toda a gente prefere nem pensar nisso.
E é triste...


Celebra-se hoje o dia mundial contra a homofobia, um problema demasiado importante e grave para não se olhar para ele com especial atenção.
Vivemos num país ainda com demasiados preconceitos, e este é apenas um deles.
A título de exemplo, refira-se que o Instituto Português de Sangue recusa terminantemente homosexuais como dadores.
É muito simples: toda e qualquer pessoa que se queira inscrever no dito organismo como dador de sangue tem de preencher um questionário. Ora, uma das perguntas nesse questionário diz respeito à orientação sexual do indivíduo(!), e é, de acordo com a resposta dada, que o Instituto decide se essa pessoa pode ou não ser dadora. Ou seja, não existe nenhuma questão relativa a comportamentos sexuais de risco, e o próprio presidente do IPS afirma que a filtragem de potenciais dadores através da orientação sexual de cada um existe única e simplesmente para garantir a boa qualidade do sangue armazenado.
Portanto, de acordo com o IPS, todo o homosexual apresenta à partida um comportamento considerado como sendo de risco.
Será que esse mesmo presidente tem consciência de que existem, hoje em dia, muitos mais casos de HIV em heterosexuais do que em homosexuais?
Será assim tão óbvio que todas as pessoas podem ter esses comportamentos de risco, e que o problema não é exclusivo da população homosexual?
Será que ainda vivemos no século XIX?

AVISO: Post piroso da semana




As minhas coisinhas maaaai'lindas!!!!





quarta-feira, maio 16, 2007

LAERTE


segunda-feira, maio 14, 2007

RENAISSANCE



Já aqui falei deste filme, aquando do Fantasporto, e do facto de ter sido precisamente este o melhor filme do festival. Agora - no que para mim é uma total surpresa - a obra prima da animação francesa teve estréia no nosso país. Nunca diria.

É o melhor filme do género desde Blade Runner, e não comecem já a atirar-me com acusações de loucura, profanação de valores e outras coisas do estilo. Renaissance é um colosso da ficção científica, olhe-se por onde se olhar. É altamente criativo, tecnicamente irrepreensível, tem um argumentosólido, que nos mantém agarrados a ele do princípio ao fim, e ostenta um aspecto visual a todos os níveis maravilhoso e viciante. Se tivesse de escolher apenas um filme este ano, esta seria a escolha fácil e mais do que óbvia.
E com uma pequena surpresa: o bonzão Daniel Craig, o novo Bond, a dar voz ao «actor» principal, na versão inglesa do filme.
Sinceramente, não acredito que alguém se recuse a ir ao cinema ver esta magnífica pérola depois de um trailer destes. Percebeste?
Imperdivel.






Já sei, normalmente ninguém gosta de filmes de artes marciais.
Pessoalmente, divirto-me à grande a ver esta malta desembrulhar pancada da grossa como se não houvesse amanhã.
Esta sequência, de um filme que não vi, não vale somente pela porrada da velha, mas também pelo excelente trabalho de filmagem - um longuíssimo e complexo travelling -, pelos duplos, fantásticos, e pela intrincada coreografia. Nem imagino o tempo que leva a ensaiar uma coisa destas...

Carlos - tu que me entendes tão bem - acho que vais adorar. Estou a pensar ver isto contigo e com um balde de pipocas, que achas?



Long Fight Sequence - Watch the top videos of the week here

LAERTE



No Sábado, pouco tempo depois de acordar, e ainda na cama, estava precisamente a pensar na vida quando recebi uma espécie de ultimato, meio a sério, meio a brincar. Foi nesse momento que tive a certeza absoluta – como se alguém mo tivesse murmurado ao ouvido – que vou acabar a vida sozinho.
Percebi, pela primeira vez, e sem tentar fazê-lo, que esta solidão que sinto cá dentro, não resulta de dias mais ou menos deprimidos ou daquelas fases de “isto é só uma fase”. Isto sou eu, e não há volta a dar…

sexta-feira, maio 11, 2007

ANGELI


quinta-feira, maio 10, 2007



Fantástico, Os Mutantes vêm a Portugal!
Simplesmente fantástico!

Para quem não sabe, o trio paulista formado nos finais da década de sessenta - e que contava nas suas fileiras com a majestosa Rita Lee -, é considerado ainda hoje como uma das mais influentes bandas da história do rock brasileiro.
Reuniram-se novamente há uns anos - embora já sem a presença de Lee, que se recusou a embarcar na aventura - e contam agora com a presença de Zélia Duncan.
Vou já reunir com os possiveis interessados para fazermos a nossa própria peregrinação a Lisboa. Tá certinho!
Enquanto e não, deixo as pérolas do costume, nomeadamente uma que em muito vai agradar Os Do Barraco e o Miguel Da Campaínha. Ora espreitem para ver quem não conseguiu estar quietinho...


Bat Macumba (com convidado que nem foi convidado...)





A Minha Menina

E haveria tanta coisa para dizer deste vídeo. Prefiro não dizer nada e aconselhar que o vejam e ouçam, alto e bom som.
É brilhante, genial, hilariante, único. E com isto já disse coisas a mais...



Depois de já ter falado mal dos anúncios do Bruno Nogueira - cujo trabalho admiro -, é chegada a altura de falar bem dos anúncios do Bruno Nogueira. Dos outros anúncios do Bruno Nogueira.
Há uma extensa colecção de anúncios deste humorista para o Banco com o nome mais estúpido da praça, e podem ser vistos no site do costume.

Agora, surgiram dois novos, que já passam regularmente na televisão nacional, e que são a prova de que do nonsense se pode fazer tanta coisa girita.
Infelizmente só estava disponível o segundo, no You Tube. Mas mesmo assim, serve para perceber a idéia e serve para perceber que há mais gente no anúncio com talento. Aliás, o anúncio sem o sidekick de Nogueira, não tinha tanta graça.



LAERTE






Já há alguns dias me tinha apercebido da chegada de gatos bebés nos telhados. Tenho ouvido os miados ao longe.
Ontem, enquanto fumava um cigarro à janela, vi um deles sozinho no terraço em baixo. Quando me estava a preparar para descer e apanhá-lo, chegou a mãe, agarrou-o pelo pescoço e galgou telhas, muros e corrimões até o pousar ao lado do irmão. Um tanque da roupa de um pátio vizinho. A vida entra-nos pela janela dentro.


E a morte também.
A Maria era a cadela da família há já quase nove anos. Correcção: a Maria era amiga da família. Ontem morreu sozinha na varanda da casa da minha mãe, vítima de uma torção do estômago. Segundo a médica que recebeu o corpo dela, este tipo de problemas podem ser fulminantes, caso não sejam tratados num curtíssimo espaço de tempo. A Maria não teve esse tempo e morreu.
Às duas da manhã, no vai vem de casa para o médico e do médico para casa, dei por mim a perguntar-me qual a verdadeira razão pela qual nos sentimos tão tristes quando morre alguém. Tristeza pelo falecido? Tristeza por nós? A resposta estava na imagem do meu irmão, Tiago, a embrulhar a Maria para a levar da sua casa, enquanto chorava convulsivamente. Quando, depois de a ter pousado na mala do meu carro, não se conseguiu erguer para não ter de se afastar dela.
A morte é dor. E é só.

quarta-feira, maio 09, 2007



Três semanas, um estiramento nos ligamentos do dedo grande do pé, uma contractura muscular nas costas e problemas técnicos depois e chegamos a isto. Uma estréia adiada de Sábado para Terça, e cinco(!) espectadores na platéia do Museu.
Desanimador.
Não se enganem, o actor trabalha para se mostrar a mais pessoas do que cadeiras vazias.
Quero acreditar que isto foi motivado pelo cortejo de uma queima das fitas que pode também explicar o panorama cinzento que já se prevê para os próximos dias.
Ontem, à saída da sessão, alguém me lembrou que tudo isto, esta idéia de fazer uma reposição, era uma tremenda asneira. Era a última coisa de que eu precisava naquela altura, mas provavelmente é verdade.
Hoje é a segunda noite...

ANGELI


terça-feira, maio 08, 2007

Chamam-se Sem Palco, e deles apenas conheço o Daniel, o Tiago e a Sílvia. Estes três foram responsáveis por toda a técnica utilizada na elaboração da leitura encenada que o TUP fez de As Preciosas Ridículas, de Moliére. E acreditem, para uma «simples» leitura encenada, o trabalho e a dedicação deles foi uma inspiração. Não tive a oportunidade de assistir a este espectáculo deles, HAMLET, de Buñuel, agora em reposição no Fábrica Social, e volto a não poder ver, por causa da peça em que estou envolvido, mas gostava muito que fossem dar uma espreitadela. As fotos são esclarecedoras e pessoalmente acho que está aqui gente de valor e com vontade de marcar pela diferença. As sessões têm lugar nos dias 10, 11 e 12, sempre às 21.30. Obrigatório!

E enfim...



Depois de um dia inteirinho sem poder escrever no meu bloguinho…


As eleições na Madeira deram a vitória ao Alberto por uns claríssimos 64%.
Ou seja…
Se fizessem um inquérito naquela ilha em que a pergunta fosse É estúpido?, as respostas seriam as seguintes:

64% - Sim sem dúvida
25% - O que é isso?
10% - Não, sou da família do tio Jardim
1% - Não percebo português






No Sábado fui em romaria até ao Plano B – famoso e fashioníssimo club/disco do Porto – para uma noitada de rambóia com amigos. À porta, enquanto discutíamos a viabilidade de pagar dez euros para entrar, assistimos a uma cena estranha, original, e basicamente errada. Um grupo de dez a doze surdo mudos aproximou-se da entrada e, exibindo os seus cartões comprovativos da sua deficiência – isto é politicamente correcto, não é? –, pediram para pagar metade do valor exigido. A resposta foi pronta e definitiva: NÂO!
Está mal. Os dez euros pagavam a entrada no espaço e a possibilidade de assistir ao concerto dos fabulosos Wray Gunn. Ora bem, se os moços e moças eram surdos, dificilmente poderiam usufruir do prazer que é OUVIR a música da banda portuguesa – ou qualquer outra música, para os devidos efeitos. Este tipo de imposição limitada e acéfala não encontra nenhuma outra justificação que não seja a ignorância de quem guarda a porta de um espaço destes, e a sua incapacidade em saber resolver problemas… diferentes.







É o encanto e a magia da democracia em todo o seu esplendor.
Em França - um dos países mais industrializados do mundo, um dos mais modernos, um dos mais importantes e líder inquestionável da Europa unida – um pobre desgraçado vence as eleições presidenciais de forma democrática e, aparentemente, sem a sombra da fraude eleitoral, e logo os super liberais de esquerda vêm para as ruas incendiar 730 carros e outras viaturas, destruir espaços comerciais e semear o pânico e o caos. Bonito, sim senhor!
Admito: sempre considerei que uma boa revolução popular é necessária de quando em vez, e quando as coisas começam a ferver. O que se passou em França é pura estupidez humana. Eu também não suporto o senhor Sarkozy, muito menos os seus ideais de direita, preconceituosos e «levemente» xenófobos. Mas aprecio ainda menos a falta de respeito por uma decisão democrática e, mais uma vez, insuspeita.
Podiam, estas hordas de esquerdistas, poupar esforços e horas de sono, e fazer uma selecção criteriosa dos alvos a abater. Por exemplo, perguntavam aleatoriamente se fulano de tal tinha votado no candidato da esquerda ou no da direita, e consoante a resposta passavam à destruição massiva de bens desse mesmo fulano, podendo até optar pelo espancamento do mesmo, da sua família e colegas de trabalho - que nestas coisas da democracia já se sabe que a influência de elementos directamente ligados ao fulano em questão é coisa a ter em conta.
Obviamente, na Ilha da Madeira tal acontecimento nunca poderia acontecer. Se pensarmos que 64% da população optou por votar na continuidade do governo do Alberto, facilmente concluímos que existiriam muito poucas pessoas decididas a polvilhar a bela ilha do Atlântico com caos e desordem. Estavam bem tramadas! É que nem tinham para onde fugir…

LAERTE