kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

sábado, janeiro 14, 2006

Eu quero...



...sair daqui. Partir para Ushuaia, no fim do mundo, sem tostão no bolso, arranjar emprego a ordenhar ovelhas, conhecer a filha do dono da quinta, gorda e rosada como um diospiro, cheia de idéias daquelas que vê nas novelas mexicanas, ser perseguido pelos seus seis irmãos assim que descobrirem que não, eu não me vou decididamente casar com ela e que só estava ali a trabalhar para juntar o dinheiro necessário para partir para o Chile onde trabalharei como empregado de mesa de um qualquer restaurante de um qualquer hotel de cinco estrelas - partindo do princípio que existem hoteis de cinco estrelas no Chile -, hotel esse onde vou conhecer uma senhora de idade avançada mas que, por uma razão que me ultrapassa, me vai achar graça suficiente para me levar para casa dela, uma mansão pertença do seu falecido marido, o Comendador Urriaga, e tratar-me como se fosse o seu incestuoso filho, coisa para a qual terei limitadíssima paciência, o que me fará deixar o Chile e voltar a viajar, desta vez para a o Brasil, onde sei existir uma organização não governamental que trabalha de perto, muito perto, com os meninos de rua em diversas cidades daquele país, trabalho que me vai fazer sentir realizado pela primeira vez na vida e que me vai dificultar a partida para qualquer outro destino, que me vai fazer chorar com saudades, pela primeira vez nesta viagem, mas que nunca vai ser suficientemente forte para me impedir realmente de dar o salto para o México e para o trabalho como barman num clube de praia pertença de um catalão do qual agora não me lembro do nome, mas que me vai tratar como alguém de quem ele sempre tinha sentido falta, outro hermano, como os locais nunca tinham sido, namorar às escondidas com a sua belíssima filha, Madalena, de lindos e enormes olhos verdes, vivos e com vontade de viverem mais um pouquinho, os mesmos olhos que me vão implorar, no dia em que lhes disser que me vou embora, que os deixe seguir caminho comigo - uma súplica que também eu lhes faria, caso o egoísmo que me faz viajar assim não fosse mais forte - e que pela segunda vez nesta viagem me farão questionar os motivos que me levam a andar sem parar...
e não parando seguirei caminho para a Costa Rica, onde permanentemente sentirei a presença daqueles olhos verdes, nas florestas, no mar, no velho vulcão Arenal, sempre em constante rebuliço, como eu, sempre em convulsão interior, sempre na estrada, sempre com vontade de partir, mesmo apaixonado pelas pessoas, pelos locais, pelos cheiros e sabores, mesmo assim com o desejo de sair, deixar mais um paraiso e seguir para o Panamá onde tentarei trabalhar numa agência de turismo, das que colaboram de perto com os indígenas de San Blas e, desse modo, poder viver com eles o tempo suficiente para aprender, de uma vez por todas, o que é realmente paz de espirito, e partir novamente...

2 Comments:

  • At 19:12, Blogger EL Graxa said…

    Comu um sorriso vale por mil palavras, ja deixei o meu!
    Acho que toda a gente viajou ctg e com um sorriso na face.

     
  • At 08:55, Anonymous Anónimo said…

    uau!

     

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