kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

domingo, agosto 30, 2009

POLITICACA 2



Corrijam-me se estiver errado, mas esta do presidente da república se baldar à decisão acerca da nova lei das uniões de facto, cheira-me ao que tem cheirado sempre a presidência de Cavaco Silva: não comento, não é a melhor altura, não é oportuno, não cabe ao presidente comentar estes assuntos. Ou seja, é um inútil, preconceituoso, pouco ou nada corajoso e de carácter reduzido. Especialmente porque não usou o mesmo argumento para outras leis que deixou passar.
Honestamente tudo isto me parece um sinal evidente de um mal que aflige o nosso país - e outros, evidentemente - e que é a constante concessão a um poder religioso que nem sequer é impositivo. A sociedade continua a ser condicionada civil, política e legislativamente por uma forte mentalidade cristã e por todos os seus mais retrógrados cânones. E isso tem de acabar. De uma vez por todas.
Para que isso aconteça, a sociedade civil tem de tomar uma posição de força e de se comportar como um agente activo de pressão. Reclamar, queixar, protestar, questionar, são as ferramentas que abrem portas á velha máxima "o poder ao povo". São as únicas que temos ao nosso dispor antes de partirmos para a desobediência civil e a insurgência. Que, parece-me, fazem cada vez mais falta.
porque me parece completamente ilógico que um partido como o PSD possam eventualmente ter qualquer hipótese de bater o PS. porque é um partido sem um líder real. porque é um partido que não se cansa de dar tiros nos pés. Porque é um partido que para além de não ter líder não tem uma segunda linha de dirigentes com carisma, força e credibilidade - os tubarões sociais-democratas continuam a abandonar o barco a todo o gás, na esperança de não serem arrastados para o fundo em caso de uma eventual derrota nas eleições. para além disso o programa do PSD só parece ser radicalmente do seu némesis, PS, na questão da anti-política. Parece ser certo que o PSD vai direccionar a sua campanha eleitoral para um ataque cerrado ao que o governo de Sócrates tem feito nos dois últimos mandatos. E isso não chega. Ou melhor, não deveria chegar.

quinta-feira, agosto 27, 2009



O problema da Pixar sempre foi e sempre será a maioria do público estar à espera de que o novo filme seja tecnicamente mais evoluido do que o anterior. Se o traço está melhor, se o movimento está mais próximo da perfeição, se tudo é ainda mais realista. Esse público perde o sentido ao que realmente é importante na Pixar e que a distingue - coloca a anos-luz de distância - da concorrência: as histórias que conta.

Já não importa saber se o estúdio de Brad Bird, John Lasseter e outros consegue reproduzir na perfeição pêlos, cabelos, penas e texturas diversas, de tecidos a madeira, de pedra a papel. O que importa cada vez mais seguir, é a vontade de correr o risco de investir em argumentos cada vez mais adultos. Isto sem afastar os seus filmes do público infantil - a Pixar consegue de uma forma extraordinária agarrar público adulto e respectiva prole - e sem perder a magia e o ritmo, dois ingredientes que são a imagem de marca dos estúdios desde a sua primeira curta-metragem.

"Up" é o melhor filme da Pixar de sempre. E digo isto com o peso da responsabilidade de quem considerou "Wall-E" um dos melhores filmes de sempre da história do cinema. Digo isto com a mágoa de quem está a desiludir um velho amigo. Mas é a verdade. "Up" é o filme mais completo da (mais ou menos) curta história da empresa que já assinou o seu nome na longa história do cinema. Tecnicamente é irrepreensível e não há nada mais a dizer. É ao nível do argumento que a coisa dá definitivamente o salto que a Pixar vinha ensaiando nos seus últimos filmes, nomeadamente em "Ratatouille" e "Wall-E".

"Up" é um filme de animação, sem dúvida. Mas o que se pode dizer de um filme de animação que aos fim dos primeiros cinco minutos já nos deu um potente murro no estômago acompanhado de fortíssimo nó na garganta e respectiva lágrima no canto do olho? Que reacção se pode ter quando se é apanhado assim, completamente desprevenido? Já sabíamos que os criativos da Pixar tinham uma sensibilidade ímpar quando comparados (mais uma vez) com a concorrência. Quase todos os seus filmes transportam um lado mais sério e adulto, uma dor ou uma tragédia, mais ou menos pequena, e que a dada altura nos faz engolir em seco e pensar seriamente nas coisas da vida. "Wall-E" levou isso ainda mais longe e foi o primeiro passo em direcção ao que poderá ser um dia o primeiro drama da Pixar, sem piadinhas, sem humor e sem a ocasional risadinha para aliviar a tensão.

"Up" é um dos mais belos filmes de animação que já vi. Grande parte dessa beleza, e que se traduz em algumas das mais belas imagens animadas que já vi, resulta da força da história de um homem, viúvo mas ainda apaixonado pela sua mulher, uma casa que voa içada por milhares de balões e por uma criança à procura do amor do pai sem se ter apercebido ainda que não o tinha. As imagens da casa acima das núvens ou, mais tarde, do velho a puxar a mesma casa por uma mangueira são incríveis e de uma beleza absurda - beleza plástica mas obviamente não só.

O filme é também uma referência disfarçada (mas não muito) a clássicos incontornáveis como "A Ilha do Dr. Moreau", "O Planeta dos Macacos" e, o mais evidente, "O Feiticeiro de Oz". E é absolutamente magnífico, sem falhas, sem um erro que seja, sem ser pretensioso - aliás como todos os filmes que lhe precederam - e que nos conquista ao primeiro segundo. É um filme em que cada fotograma é uma obra-prima. É uma obra-prima como quase todos os filmes da Pixar o foram. Uma das bandas sonoras mais bonitas de que tenho memória. Interpretações por parte dos actores que dão voz às personagens principais, efeitos sonoros e respectiva edição do mais alto nível e uma realização prodigiosa e que não perde nunca o pulso a tudo o que se passa. E tudo isto me leva mais uma vez à questão em que muita gente em Hollywood já deve pensar: quando começam estes filmes a ter a oportunidade de concorrer com os outros em diversas categorias? Éste argumento merece um Oscar. Esta banda sonora merece um Oscar. Este filme merece acima de tudo Um Oscar. O de melhor filme do ano.







Etiquetas:

terça-feira, agosto 25, 2009

"FAZER A COISA ERRADA PELAS RAZÕES CERTAS"



Devo admitir que pode soar a exagero ouvir alguém dizer "o livro que mudou a minha vida" ou qualquer outra coisa que "mudou a minha vida". É um cliché, sem dúvida, mas como já aqui expliquei uma vez, os clichés são clichés porque se referem a coisas que acontecem mesmo e com bastante frequência.

Acabo de ler o livro que não mudou a minha vida mas que serviu para mudar muita coisa na minha vida. Um livro que andava lá por casa há mais de um ano, que me tinha sido profundamente aconselhado por um amigo cuja opinião valorizo e a que ainda não tinha dado a devida atenção. A necessedidade de levar um livro para ler nas férias e a incapacidade de encontrar um que quisesse mesmo comprar fizeram-me finalmente pegar no bloco maciço de mais de 800 páginas chamado "Shantaram".

O romance best-seller escrito por Gregory David Roberts, e que é um caso sério de sucesso à escala global, é um perigoso vício do qual não nos conseguimos libertar facilmente. Misto de história real do próprio autor - embora me tenha passado diversas vezes pela cabeça que tal história nunca poderia ter acontecido a um só homem - com a invenção/criação das personagens, "Shantaram" conta o período em que Roberts, depois de ter fugido de um prisão de máxima segurança na Austrália, viveu em Bombaim. De mero turista misterioso, a médico improvisado de um dos maiores bairros de lata da cidade, a habitante provisório de uma aldeia remota, passando pelos quatro meses vividos numa cadeia indiana, pela recaída no vício da heroína, pela participação na guerra do Afeganistão contra os soviéticos, pelos anos de contrabando de tudo e mais alguma coisa (à excepção de droga e mulheres). "Shantaram" conta-nos isso tudo, presenteando-nos com personagens tão boas e tão bem descritas que foi uma desilusão saber que afinal tinham sido inventadas - embora acredite mais facilmente que o autor se limitou a alterar os seus nomes.

O livro é um tratado histórico, cultural e sociológico do grande país que é a Índia e da magnífica metrópole que deve ser Bombaim. As descrições de Roberts, nomeadamente dos locais, das comidas e das roupas, chegam a ser cansativas de tão detalhadas, e o autor por vezes não consegue evitar a queda em terrenos piegas. No entanto, uma segunda leitura de algumas passagens faz-nos entender porque é assim a sua escrita. É assim que os indianos vivem a sua vida; é dessa forma que vêm o que se passa ao seu redor e é essa a sua sensibilidade.

"Shantaram" anda há quatro anos a ser adaptado para se tornar o guião de um filme protagonizado por Johnny Depp. Ao fim dos primeiro três ou quatro capítulos a idéia parece óptima e agrada, e é fácil imaginar tudo aquilo que estamos a ler, todas aquelas personagens, no grande ecrã de um cinema. É até fácil escolher o realizador para pegar num história assim tão rica. Um Spielberg, um Mel Gibson ou até Joe Wright, o realizador de "Atonement", por exemplo. A meio do livro já não há como amaldiçoar o dia em que Depp leu "Shantaram" e decidiu que queria fazer daquilo um filme. Porque é ainda mais fácil perceber que nenhum realizador no mundo consegue fazer um único filme de tudo aquilo, de toda aquela informação, sem retalhar, mutilar e esquartejar. Não tenho dúvidas, o filme vai mesmo ser uma realidade. O autor não só já vendeu os direitos como está ele mesmo a tratar da adaptação da história. É pena. Para além disso, e pelas razões óbvias e pelas menos óbvias e que só são compreendidas por quem ler o livro, Johnny Depp é desde já um dos piores erros de casting da história.

Seja como for, é um dos melhores livros que já li. Não pela forma como foi escrito, mas pela história que nos conta. E mudou muita coisa na minha vida. Definitivamente. Mas isso é cá comigo.


Pode não ser evidente, mas há algo na Zambujeira do Mar da Casablanca dos romances. Porque tem uma variedade de tribos absolutamente irreal para uma vila tão pequena. Os hippies, punks, vadios, surfistas, middle-age yuppies da linha, bêbados, loucos, saltimbancos e artistas. Misturados com os habitantes locais de uma forma totalmente pacífica e natural. Uma Casablanca dos pequeninos.
A Zambujeira tem também a sua sombra de mistério, como se algo de estranho estivesse sempre para acontecer. Como se a cada instante algum segredo estivesse a tomar forma num recanto, numa sombra ou numa viela.
As minhas férias na Zambujeira este ano foram uma viagem de fuga para Casablanca. Fuga de algo que não sei agora, nesta linha, definir. Demasiados cigarros, demasiado cafés e um livro de 892 páginas - que nunca se deixava esquecer - e tempo livre para pensar. Pensar e concluir que a Zambujeira já não tem nada para me oferecer. É sempre assim, acho. Depois da sensação de novidade das coisas novas há sempre um momento de fim do conforto de uma determinada rotina. É quando temos de nos decidir pelo desprendimento, pelo abandono de algo. Um lugar, uma férias, um grupo de pessoas. Se calhar devia ter feito esta viagem sozinho. Não pelos meus irmãos, que apesar da turbulência dos seus 20 anos continuam a ser óptimos companheiros de viagem. Devia tê-la feito sozinho porque acabou por ser uma viagem de despedida.
A Zambujeira devia ter morrido para mim há três anos. Era natural que assim fosse. No entanto tive o prazer de sentir o prazer do renascimento de um local tão importante para mim, de sentir, por dois anos consecutivos, esse prazer de novas rotinas, com outras pessoas, diferentes. Esse renovado encanto durou dois anos, dois verões, dois meses de Agosto.
Posso estar enganado mas estas terão sido as últimas duas semanas de férias na Zambujeira do Mar. O que agradará e aliviará muita gente, certamente. Gente que vai continuar a acreditar que a minha presença ali não era mais do que um acto de provocação. Um acto de provocação agora derrotado. Gente que criticou, contra tudo o que é lógico e são, o meu regresso à pequena vila. Gente que verdadeiramente acreditou ser impensável voltar a ver-me na praia das Alteirinhos. Porque havia mais sítios onde passar férias, disseram. Fui motivo de conversas nocturnas em torno de uma mesa, causador de pancadinhas benevolentes em costas auto-vitimizadas. Fui um pretexto para compaixão pedinchada, objecto estranho olhado com o soslaio hipócrita dos pouco corajosos. Dos que preferem acusar erros que não existem na tentativa de esconder as suas próprias falhas. Táctica eficaz mas pouco consistente face à boa memória de quem sabe mais do que é esperado.
Não escondo, nunca escondi, que a Zambujeira, de há três anos para cá, tinha um sabor amargo aqui e ali. Ainda assim, e fazendo uso de uma lição preciosa de alguém precioso, enfrentei esse azedo que às vezes acompanha as memórias boas. Fui teimoso. Afinal a Zambujeira também era minha e eu queria - e tinha o direito - de a partilhar com as pessoas que amo.
Fiquem descansados, portanto, aqueles que ainda não conseguem disfarçar um certo "o que é que eu faço, o que é que eu digo" quando me encontram numa esplanada da pequena vila. Para o ano terão o vosso lixo bem arrumadinho debaixo do tapete parolo de Arraiolos sem ninguém para o remexer e o vosso sossego com cheiro a podre assegurado. Já podem agir como se nada fosse. Podem fazer de conta que nada nunca se passou e que não existe uma pedra no vosso sapato.
Escrito isto, percebo agora qual era a minha fuga indo para a Zambujeira. Era uma fuga em frente, à procura de uma solução. Encontrei-a e enterrei um problema na minha vida.

Escrevo isto com um gato que me ama deitado fielmente ao meu lado. Dorme há horas sem sair do meu lado e este eu tenho a certeza que nunca me abandonará. Este nunca fará de conta. Este nunca fará juízos de valor precipitados, sem certezas.

POLITICACA



Há uns dias fui convidado para participar num programa de debate do canal por cabo, "Regiões TV". O programa em questão pretendia discutir que influência tem a política nos jovens portugueses, e eu fui convidado na qualidade dos que não acreditam na política - embora eu não tenha outro remédio senão acreditar. Não acrdito nos políticos, isso não acredito.

Por motivos que se prendem com as súbitas dificuldades de comunicação criadas por um telemóvel que se suicidou por afogamento, fui relegado para o papel (ingrato, para quem tem tanto para dizer sobre a matéria) de membro do público.

O programa, esse, foi uma chachada, mal gerido pela dinossáurica apresentadora Fátima Torres - que se devia ter reformado da RTP quando saíu ou foi dispensada - que preferiu dar mais tempo de antena aos representantes das juventudes partidárias representadas do que propriamente aos cepticos da política nacional. O que por um lado até resultou em algo de positivo.

Passo a explicar: sempre me questionei sobre a utilidade das juventudes dos diversos partidos com representação parlamentar. Sempre me perguntei se tinham de facto algum peso junto do respectivo partido e se esse peso serviria para alterar fosse o que fosse. Estar presente no dito programa foi a resposta a todas essas dúvidas. Não só os representantes das "J" cumprem à risca o mesmo discurso formatado dos líderes dos seus partidos como não fazem outra coisa que não seja pura campanha política, um quase marketing televisivo gratuito. Ou seja, não têm nenhuma razão de existir a não ser angariar mais mentes jovens e desprovidas de vontade própria para engordarem os seus clubes de ocupação dos tempos livres.

Sou contra os políticos. Definitivamente. Pelo discurso formatado. Pelo interesse pessoal que têm (e não tentam disfarçar) na carreir que melhor serve os seus propósitos. Porque são de todas as classes profissionais existentes a mais corrupta. Porque são fracos. São fracas figuras. Não é preciso estudar história política para saber que a base estrutural de qualquer sistema político reside na existência de um líder e dos seus seguidores. Há muito tempo as pessoas seguiam os seus líderes por se reverem de alguma maneira neles. Por perceberem que havia alguém com capacidades de liderança que partilhava com elas os mesmos interesses, valores e objectivos. Já não existem líderes assim, que motivem as pessoas. É essa a principal razão para a cada vez maior abstenção,não só no nosso país.

O voto é um direito. Um direito que foi arduamente conquistado e eu respeito isso. Imensamente. Mas um direito não é uma obrigação. E há quem o entenda assim, o que é grave. Há quem vote por votar, por achar que tem de o fazer mesmo que não percebe nada do que se está a passar à sua volta ou de quem são os candidatos ou aquilo que defendem. E o voto em branco não é mais do que um objecto que ajuda os restantes, os que assumem que não sabem nada do que se passa à sua volta, a limpar a sua consciência amorfa. Aqueles que fazem na política o mesmo que alguns fazem com a religião quando se assumem como católicos não practicantes.

Eu não voto. Não voto nao por não saber nada do que se passa à minha volta, ou porque não conheço os prgoramas dos diferentes partidos políticos ou ainda por não saber em quem votar. Nao voto precisamente porque sei em quem não votar. Não voto porque não há nenhum político português em quem confie; nenhum que me motive, me encha de esperança, me convença das suas prioridades. Nao voto porque não há nenhum político que me engane. E não vou votar porque o meu pai já o fazia, ou porque o voto é um direito/dever/obrigação. Porque acredito que se realmente ainda podemos fazer alguma diferença, porque se realmente ainda temos o poder de fazer alguma coisa, é nas pequenas acções do dia-a-dia. Especialmente nesse acto tão nobre e importante - e que também é um direito conquistado e de que muitas pessoas se parecem ter esquecido - que é a reclamação.


O título deste post foi roubado de uma revista de banda desenhada brasileira da década de 80

COMEDIANTE?


Continuo a dizer que este senhor só era considerado comediante porque tinha realmente piada. Pessoalmente acho que filósofo era mais correcto, mas no mínimo, professor. Porque isto são aulas, meus meninos. Aulas.


domingo, agosto 23, 2009

PLAYING THE BUILDING



É sensivelmente unânime que David Byrne é um dos maiores músicos vivos do mundo inteirinho. É influente, activo, interessado em outras músicas para lá do apertado círculo Pop e Rock e maravilhosa e positivamente experimental. A prová-lo, a instalação que montou em Estocolmo e em Nova Iorque - e que acabou de acabar no passado dia 10 de Agosto.
Basicamente o que Byrne fez foi ligar um órgão a um prédio com a intenção de originar música.
O vídeo é bem melhor do que qualquer coisa que eu possa escrever.

sábado, agosto 22, 2009

BEM...



pode ser uma das maiores experiências cinematográficas da sempre ou uma banhada de todo o tamanho. Vamos ter de esperar por Dezembro para descobrir se James Cameron ainda é capaz de nos surpreender...


Pode ser absolutamente maravilhoso ou mais uma confusão incompreensível de um constantemente incompreendido Terry Gilliam...


Este só pode ser do caraças...

DE REGRESSO






E para destacar duas coisas que, por razões diferentes, merecem ser realçadas.
Para já, Usain Bolt, que ameaça seriamente tornar-se, ainda antes do fim da primeira década do século XXI, no maior atleta do século. Alguém consegue questionar isto? É que o que Cristiano Ronaldo faz, e cujo merito e valor são inquestionáveis, já outros fizeram - e alguns ainda melhor. O que Usain Bolt faz já foi feito por outros, é certo, mas a facilidade com que o faz é algo de nunca visto. Só me lembro de ter visto uma disparidade tão grande entre adversários na altura do fabuloso Carl Lewis. Ainda assim, as marcas de Bolt e acima de tudo a diferença entre um recorde e o outro são absolutamente de outro mundo.


E a absoluta vergonha que tem sido o tratamento dado a Caster Semenya, vencedora da final dos 800 metros nos campeonatos mundiais de atletismo em Berlim. Ninguém se lembrou de lhe fazer essa tão propalada prova de sexo quando a rapariga começou a praticar atletismo, ou quando conseguiu os mínimos exigidos para estar presente no dito certame, ou ainda quando venceu a meia final. Decidiram levantar a polémica assim que ela arrumou com as adversárias com a mesma facilidade com que o já referido Bolt o faz sempre. Fizeram-no quando toda a gente se apercebeu de que podia, com essa facilidade, bater o recorde da especialidade, marca com 26 anos. A coisa é de tal forma grave que até os meios de comunicação preferiram dar mais atenção à corredora inglesa - medalha de bronze - do que à sul-africana no momento em que festejava a vitória. É feio.





segunda-feira, agosto 10, 2009



E assim vou-me de férias, sim? Até qualquer dia e beijinhos e abraços e tal...

ORA BEM...

Está mesmo aí a estrear e só pode ser outra maravilhosa obra-prima da Pixar. Sem dúvidas de qualquer espécie.
Nunca mais nunca mais nunca mais....

RAJADA AO LADO




Talvez eu seja um bocadinho ortodoxo, aqui e ali, mas pessoalmente gosto dos meus filmes de gangsters bem barrocos, pesadões e a saber a clássico. Filmes que respeitem a fórmula inventada por Coppola quando assinou o primeiro capítulo da saga da família Corleone.

Isto a propósito de "Public Enemies", o novo filme de Michael Mann e que trata da vida e obra - pode-se chamar assim, acho eu - do famigerado John Dillinger, famoso assaltante de bancosnos EUA da década de 30. A história de Dillinger era matéria mais do que suficiente para o renascimento de um género e a realização de um daqueles clássicos imediatos. Pena que tenha sido escolha de um realizador que tem feito mais mal do que bem pelo cinema actual. De todos os filmes realizados, apenas dois se destacaram e bem, "Heat" e "Collateral". Porque foram obras que à sua maneira rasgaram com algumas fórmulas e que nos deram uma nova perspectiva sobre como fazer cinema, não só ao nível da técnica, como acima de tudo ao nível da construção da narrativa.

"Public Enemies" é, nesse sentido, quase uma cópia descarada de "Heat". Tem duas personagens em constante duelo à distância, sem se cruzarem, tem o peso de uma tragédia que, já sabemos, vai acabar por acontecer, tem um vilão desde logo adorado pelo público e tem cenas de acção em tudo idênticas às do filme protagonizado por Pacino e DeNiro. Michael Mann não soube ou não quis inovar. Também não quis fazer um clássico, claramente, e deitou tudo a perder com o uso desiquilibrado de uma técnica de filmagem e uma fotografia digital que não só não são constantes ao longo das mais de duas horas de filme, como não se coadunam com o género , com o género em questão. Ou seja, a técnica não serve de maneira alguma a obra cinmatográfica.

Johnny Depp é um claro erro de casting. É igual a tantos outros personagens por si desempenhados, não tem chama, não tem brilho e mais do que isso, não parece ser fiel ao John Dillinger de que a história nos contou. O famoso assaltante de bancos era cool, sim senhor, e tinha um charme, ao que parece, irresistível . Mas John Dillinger era um assaltante de bancos, duro, cru, nada bonitinho ou polido. Era inteligente, sem dúvida, mas um puto da rua educado à porrada. Nada disso se vê em Depp.

Como não se vê em todo o filme. É uma obra fria, distante do espectador, pouco informativa ou interessante e que se salva do desastre total única e simplesmente por dois fortes motivos: o primeiro, as sequências de acção, reais, intensas e que nos colocam mesmo no centro do tiroteio (literalmente). O segundo chama-se Marion Cotillard e é a actriz que desempenha o papel da namoradinha de Dillinger. É o único brilho em todo o filme. É a única personagem credível em todo o filme. É a única que se salva de um filme em que todos os outros actores parecem ter sido totalmente desperdiçados.


"Public Enemies" não chega a ser um mau filme. É, isso sim, um filme que não o foi. Tem algumas sequências notáveis e nem todas obrigatoriamente de acção, mas que não chegam para evitar que o filme passe ao lado de uma grande carreira.


Etiquetas:

sexta-feira, agosto 07, 2009

QUANDO ATÉ O KITSCH TEM LIMITES

Não era preciso mais nada para que este videozinho fosse do caraças, mas alguém lembrou-se (e bem) de o tentar legendar. Ora bem, não é uma legendagem à letra, mas sim aquilo a que parece soar a língua (hindú?) dos senhores cantores.
E que grande coreografia, nomeadamente nos segundos em que o senhor sexy nos mostra "olha o que eu sei fazer com o meu pé"...

MAUFEITIO

No semanário "Sol" de hoje, podem ver uma reportagem bastante elucidativa sobre a marca de roupa MAUFEITIO, propriedade da Cristina Costa. A Cristina é uma amiga de longa data que há já muito tempo devia ter avançado para uma coisa assim. Nunca me cansei de lhe dar cabo do juízo, e essa insistência - não só minha, claro - resultou no que podem ver e comprar no blog dela e que já foi aqui aconselhado há uns tempinhos.





SERÁ...?



De uma forma ou de outra vão andar por aí. Resta saber se no cinema, videoclube ou pirataria. Seja como for...

A minha geração lembra-se bem de "Tron" e da revolução técnica que representou na altura em que estreou (1982). Nunca pensei ser possível alguém apostar numa sequela, mas quem o fez parece ter feito uma boa escolha.


Os Coen é que parecem apostados em regressar ao estilo e género que mais fama lhes trouxe e voltam a apostar no puro disparate. Desta vez parece que foram mais longe e investiram num elenco absolutamente desconhecido. O que só pode ser bom. Digo eu... A ´«música» do trailer é brilhante.


Surpreendente é descobrir assim, sem mais nem menos, que Peter Jackson ainda tem tempo para realizar filmes, mesmo a meio de uma produção (District 9) e uma co-realização (Tintin a meias com Spielberg).


E eu gosto disto, o que querem?

quarta-feira, agosto 05, 2009

ÓÓÓ QUE SURPRESA!

Uma televisão venezuelana que normalmente é crítica ao governo de Chávez, foi atacada com bombas de fumo e ameaçada por uma multidão em fúria. Dizem as más línguas que a coisa foi orquestrada - ou pelo menos aplaudida - pelo próprio presidente.
Ainda esta semana trago aqui notícias da Venezuela e do comportamento «nada fascista» de Hugo Chávez e de sus muchachos.

DÁ VONTADE DE RIR

Mas não pelas razões certas.
Um dos meus ódios de estimação, as Produções Fictícias, geraram em pouco tempo um exército de comediantes wanna be que não só não têm piada como ainda se acham uma grande coisa. É vê-los na televisão ou em alguns jornais a assinarem crónicas ou a emitirem opiniões «especializadas» acerca das diversas vertentes da comédia como "humoristas".
Sejamos francos - até porque já é um assunto do conhecimento comum - os Gato Fedorento podiam ser facilmente reduzidos a um one man show (e mesmo esse já gasto e com fraca graça) de Ricardo Araújo Pereira. Basta ler os textos de um dos seus comparsas num jornal da praça para perceber as limitações, não só no campo do humor, como na escrita, básica e desinteressante.
Basta ver o programa diário "5 Para a Meia Noite" (de que já aqui falei) para perceber que nada ali tem realmente piada. Não faz rir, pura e simplesmente, e é essa, parece-me, a principal intenção dos seus responsáveis.
Rui Sinel de Cordes? Não tem piada.
Aquele desgraçado que anda agora nas bocas do mundo por imitar meio mundo? Não tem piada.
Nílton? Não tem piadinha nenhuma.
Produções Fictícias? Lixo. E lixo que goza de uma promiscuidade com o jornal Público que lhe permite meter protegidos seus a dar opiniões absolutamente foleiras acerca do filme "Bruno", como se fossem realmente opinion makers da comédia.
É triste, no entanto, e como sempre foi, ver gente com piada e talento e inteligência para terem piada, escondidos do conhecimento do grande público.
É triste ver gente como o Raminhos - sim senhor, um amigo, mas que não chega para me condicionar a opinião que tenho do seu trabalho - enterrado nessa tal merda de programa que é o (novamente) 5 Para a Meia Noite.
É triste e dá vontade de rir...

KARMABOX WITH A VIEW - ADELE - "MY SAME"

É sempre pena não haver o vídeo oficial, mas enfim, a música compensa. Perdõem-me os fãs, mas mete a Winhouse no bolsinho dos trocos...


Etiquetas:

terça-feira, agosto 04, 2009

GRANDES BOIS

O que é que se pode esperar de um país em que as touradas ainda são encaradas desta forma:

- um dos canais de televisão do Estado tem um magazine tauromáquico

- o outro canal do Estado tem a sua própria tourada

- um dos canais privados de televisão também tem uma corrida em seu nome e promove outras que têm como objectivo a angariação de fundos...

sábado, agosto 01, 2009



O meu irmão Tiago, há já uns meses que inventa músicas no computador lá de casa. Rouba-me sons do Ipod, mete-os no programa que já domina razoavelmente, e cria novos a partir de coisas (mais ou menos) antigas. Até aqui os resultados eram desiguais; às vezes chegava muito perto do pretendido, outras, nem por isso. A semana passada surpreendeu-me por completo com uma nova música criada a partir de uma canção do angolano Waldemar Bastos, "Sofrimento". Chamou-lhe "Sentidos" e com razão. Rendi-me...
É bom vê-lo à procura de referências para novas invenções. Está a aprender música de uma forma que nunca me tinha ocorrido. Na busca constante por meros segundos que possam ser transformados em outra coisa qualquer, fica a conhecer folk, blues, jazz, rock, pop e country. Já sabe mais, hoje, de muitos clássicos de todos os géneros musicais que muitos da idade dele.
Ainda tem muito a aprender, mas já desenvolveu uma coisa que nem toda a gente tem ou procura: sensibilidade para a música. A leitura que faz das milhares de músicas que ouve, orientada pelo objectivo de encontrar uma malha sonora que lhe sirva de matéria prima, permite-lhe olhar as composições de um ponto de vista totalmente diferente e privilegiado.

O original


A música do meu irmão
Sentidos