kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, junho 30, 2009

ISTO COMEÇA A FICAR ABORRECIDO

Primeiro o Rei da Pop agora a Rainha da Coreografia...

ENFIM...

Ontem dei-me ao trabalho de perder alguns minutos para ver o novo programa do canal 2, "5 Para a Meia Noite". Supostamente é um talk show, divertido, cómico até, apresentado por cinco apresentadores, um para cada dia da semana. Ontem calhou-me a Filomena Cautela, sendo que os restantes responsáveis são Nílton, Pedro Fernandes, Fernando Alvim e Luís Filipe Borges, o famoso «Boinas». Ou seja, a perspectiva seria sempre arrepiante.
E na verdade as espectativas não sairam goradas, o programa é mesmo uma valente e irremediável merda. Não tem piada, não tem ritmo, é mal pensado, mal realizado e apresentado por uma mulher que me faz sinceramente acreditar que o sexo feminino pode mesmo apanhar umas valente pancadas.
Verdade seja dita, acho que qualquer um dos restantes apresentadores é bem capaz de fazer muito pior que a histérica a quem um dia alguém disse que devia tentar o mundo da interpretação. Mas não há ninguém de responsabilidade com a capacidade de dizer "isto não é mesmo nada boa idéia"?
A única coisa minimamente engraçada que pude retirar de todo o programa, foi mesmo este videozinho, porque de resto...
O sentido de humor é o mesmo de sempre, idiota, perfeitamente triste e sem piadinha nenhuma, mesmo que tenha esforçado por tentar encontrar alguma réstia de graça nos sketches. De fugir, mesmo.
E se não acreditam, vejam o segundo vídeo...




SESSÃO CASEIRINHA


Um homem tem de se entreter nas poucas horas que tem de intervalo entre estudo e mais estudo. O que é que faz? Vê pirataria. De todos os filmes que vi nos últimos dias em casa, dois merecem destaque, por razões diferentes.

O primeiro, "Austrália", de Baz Luhrman, não me cativou o suficiente para o ir ver ao cinema e na altura pensei que poderia estar a fazer mal. Pensava que um filme com aquele aspecto grandioso mereceia ser visto num ecrã de cinema. Enganei-me. "Australia" é a tentativa de recriar os clássicos pesadões de Hollywwod; clássicos como "E Tudo o Vento Levou", uma clara e constante referência neste trabalho de Luhrman. De tal forma que mais um bocadinho de influência e a coisa seria um remake disfarçado do magnífico filme de Victor Fleming.

O problema é que há coisas que têm um tempo e uma lógica irrepetíveis, e Baz Luhrman, por muito barroco que seja, não é Fleming; Hugh Jackman não é de maneira alguma Clark Gable nem Nicole Kidman é Vivian Leigh. Há coisas que não se mimetizam, paciência. E a dupla até tem química, verdade seja dita. E o filme tem imagens belíssimas que não resultam somente das paisagens absurdas da ilha-continente. E a banda sonora é bastante boa. Mas o argumento é demasiado pequenino para quase três horas de filme. E algumas opções técnicas são demasiado artesanais e evidentes numa altura em que já se consegue o impossível em efeitos especiais digitais. E tudo se arrasta pesadamente na primeira hora de filme e a realização de Luhrman - sempre com um pé na comédia ridícula e exagerada - deixa muito a desejar. E...

O filme não é mau, longe disso, mas não é suficientemente bom para o que se pretendia de um clássico à moda antiga. Tem uma pérola rara, porém. Um detalhe apenas mas que carrega o filme às costas mesmo até ao plano final. Os olhos de uma criança. Um aborígene, filho de um branco; um «creamie» que não é branco nem preto, que não pertence a lugar algum e que devia ser assumidamente o centro de toda a história. Um miúdo que bate em expressividade qualquer um dos experientes actores do elenco com que contracena. É importante porque ajuda também a contar a história de um povo que até 1973 ficava legalmente sem as suas crianças, levadas à força para instituições católicas para serem «educadas». As lost generation. O miúdo Brandon Walters é o dínamo de todas as emoções no filme, e a relação espiritual - dir-se-ia fantasmagórica - que tem com o avô, à espera para o levar na sua longa caminhada até à idade adulta, é o mais interessante em todo o filme e damos por nós a pensar quando vamos voltar a essa história. Quando vamos voltar a ver o miúdo aborígene.

Australia podia ser o regresso àquele cinema que já não se faz. Que Spielberg já não faz, por exemplo. Tem todos os ingredientes, mas mal aproveitados, e falhou o propósito de ser um clássico. Não o é por causa do realizador, nitidamente deslumbrado com o que tinha em mãos. Borrou a pintura. Não muito, mas borrou.






Já "Appaloosa", realizado pelo conhecido Ed Harris - segunda vez atrás das câmaras, depois de Pollock " - é uma obra magnífica e totalmente despretensiosa. É um clássico, este sim, como todos os ingredientes de um clássico do género, bem utilizados, na medida certa e com um toque de classe difícil de encontrar estes dias. É um western. À moda antiga. Dos que fazem salivar os fãs.

"Appaloosa" é um filme calmo, pausado, com um ritmo e uma cadência suaves e muito bem filmado. Ao ritmo da narrativa. Tem dois personagens maravilhosos, desempenhados por Ed Harris e Viggo Mortensen. Juntos, formam uma dupla de mercenários que andam de vila em vila no farwest para manter a justiça e castigar os vilões. São Marshall e deputy a soldo e são muito bons no que fazem e que já fazem há muitos anos. Um elemento totalmente estranho à vida que tinham em conjunto surge e as coisas começas a mudar, de uma forma boa, mas a mudar. E entretanto há os tais vilôes com que têm de lidar.

O filme não podia ser mais simples e fiel aos standards do westerns, só que Ed Harris decidiu impregná-lo de um estilo irresistível. O filme tem pinta. Os personagens têm muita pinta, e o argumento tem um sentido de humor ingénuo que cai no filme que nem ginjas. E tem uma banda sonora absurda de boa e totalmente inesperada num western. E merece ser visto e revisto porque sabe mesmo bem ver uma «coboiada» que podia muito bem ter Gary Cooper, John Wayne, Montgomery Clift, Dean Martin ou qualquer um dos monstros sagrados que deram respeito ao género. Harris, Mortensen, Jeremy Irons e Renée Zellweger fazem o mesmo e dignificam uma obra a que não se pode apontar nada.

"Appaloosa" é belíssimo e a prova por comparação directa que não são precisos milhões incontáveis, uma máquina de produção gigantesca e vaidade para se alcançar o estatuto de clássico. Basta saber muito bem o que se pretende. Ed Harris - 5, Baz Luhrman - 0.




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segunda-feira, junho 29, 2009

OLHA QUE ISTO TEM MUITA BOM ASPECTO!

Tem mesmo e tem um elenco do caraças, um argumento no mínimo original, e embora seja realizado por uma dupla practicamente desconhecida está cheio de bom aspecto. Já tinha dito...?

DESCULPE?



para quem tinha dúvidas sobre o passado traumático de Michael Jackson e da influência negativa do seu pai, esta entrevista poderá ser esclarecedora.
De tudo o que pode ser encontrado em pouco mais de 4 minutos de perguntas e quase-respostas, destaco dois momentos altos, altíssimos. O primeiro, em que respondendo à pergunta "quer fazer algum comentário acerca do seu filho e do seu legado", Joe Jackson chama uma assessora que se limita a ler um documento escrito obviamente por um advogado. O segundo, quando interrompe o jornalista para apresentar um amigo e para anunciar que os dois, proprietários de uma empresa qualquer, vão investir no mercado Blu-Ray...
Parece um sketch muito bom de um programa humorístico, mas infelizmente não é. E tem lugar na passadeira vermelha - ou ao lado dela - de uma cerimónia de entrega de prémios a que o patriarca da família Jackson decidiu assistir.
Se não quiserem perder tempo a ver esta triste amostra de quem é realmente Joe Jackson, aguentem só os primeiros segundos para ouvir o seu magnífico e revelador comentário. Diz o jornalista "... the last couple of days I know have been really tough for you guys...". Sem problemas o pai Jackson solta um "and...?", logo seguido de um "remeber we just lost the biggest star in the world".


sexta-feira, junho 26, 2009

ABSOLUTE...

Pois, pelos vistos a Absolute Vodka teve a coragem de encomendar umas curtas para o seu site a Zach Galifianakis, Tim Heidecker e Eric Wareheim. O resultado...

THE COVE


Já agora, e numa altura que Portugal vergonhosamente é (foi) palco de uma cimeira onde se discutiu a caça à baleia - não a sua proibição mas se se deve ou não aumentar as cotas actuais - devíamos todos ver este documentário. Não só porque me parece ser uma peça jornalística de grande coragem e perseverança, mas porque é cada vez mais importante conhecer a extensão das atrocidades que infligimos aos animais. Já se sabe, não o vamos ver nos cinemas portugueses.


PONYO

Polamordedeus alguém que se proponha a encontrar isto antes que se saiba que não vai estrear em Portugal, ok?


SESSÃO DUPLA

Há que aproveitar as mini-folgas do estudo para pôr a 7ª em dia. Gasta-se mais dinheiro, mas acaba por valer a pena, nem que seja para limpar a cabeça de conceitos mais ou menos jornalísticos. Assim, vai-se ao cinema ver produtos 100% entretenimento. "Transformers: Revenge Of The Fallen" e "The Hangover".

O primeiro, é a prova viva da incapacidade do seu realizador Michael Bay fugir àquela velha máxima mercantilista de muito do cinema americano que manda que a sequela de uma obra com sucesso seja bigger, better, faster. O segundo filme da saga dos Autobots e Decepticons é bigger e faster, mas fica longe, muito longe de ser better. Culpa exclusiva de um realizador que não sabe outra coisa que não fazer telediscos gigantescos e de um produtor que às vezes é parolinho que chegue. Mas a isso já lá vou.

O primeiro filme de Michael Bay sobre os Transformers primava por uma característica anormal ao trabalho do realizador de "Armaggedon" e "Pearl Harbour", isto é, não era nada pretensioso. Era relativamente simples e humilde para um blockbuster, e respeitava de certa forma um certo lado infantil que a série de televisão tinha. O sucesso foi o que se esperava e a sequela era, como sempre, inevitável. Não tinha de ser inevitavelmente pior, mas Michael Bay parece que gosta de estragar as fórmulas que ele próprio inventa. Paciência.

Sendo assim, "Transformers: Revenge Of The Fallen" tem tudo o que primeiro filme tinha mas multiplicado por 500. Tem mais robôs, para agradar os fâs do género, tem mais acção, mais efeitos especiais e... tem também um argumento imberbe e insuportável e um sentido de humor absolutamente ridículo e idiota. O sentido de humor só pode ser da exclusiva responsabilidade do Steven Spielberg dos últimos anos. O produtor Spielberg gosta da piadinha fácil, juvenil e típica de um tipo de cinema que já ninguém aguenta, a comédia de universidade. Alguns dos diálogos e situações cómicas do filme são de bradar aos céus e não fazem lá faltinha nenhuma - as vozes de alguns robôs, por exemplo. De resto, a razão da existência de um segundo filme é quase nenhuma, e muito menos justifica duas horas de duração de uma obra que é simplesmente fogo de vista.

Apenas os efeitos especiais nos enchem a vista. São realmente magníficos, bem enquadrados com a imagem real, servem o filme sem exagero e deviam ter sido melhor explorados. Sinceramente, não havia necessidade de centrar tanto a acção nos seres humanos que colaboram com os Autobots; o filme podia muito bem ser ocupado quase na sua totalidade com os gigantescos robôs que não se perdia nadinha. Mas enfim, estamos a falar de cinema-comércio, que tem de pagar milhões para fazer milhões, e quando é assim, há regras muito rígidas a respeitar. E ainda por cima já vem aí um terceiro capítulo...





"The Hangover" tem precisamente aquilo que falta ao filme de Bay: é total e completamente desprovido de pretensão a qualquer outra coisa que não um bom entretenimento. É uma comédia ao bom estilo dos buddy movies, com ritmo, bons actores e que evita com imenso estilo a escatologia tão típica de grande parte do humor que se faz nos EUA. E tem uma pontinha de originalidade que vai faltando à maioria das comédias americanas dos últimos dez anos.

O ponto de partida, desde logo, é genial. Quatro amigos partem para Las Vegas para comemorar a despedida de solteiro de um deles. Acordam no dia seguinte sem saberem o que se passou durante toda a noite e sem o noivo, desparecido e sem rasto. E mais importante que isso: nós também não fazemos idéia do que se passou. O resto é uma tentativa desesperada e nada organizada de reconstruirem as últimas doze horas e perceberem o que aconteceu, porque está um tigre na casa-de-banho, uma galinha na sala, um bebé no armário - tudo isto na suite do hotel - porque roubaram um carro da polícia, porque tiveram de passar pelas urgências do hospital, porque falta um dente a um deles e porque é que ele está casado com uma stripper, porque é que o amigo despareceu... e mais uma centena de merdas que aconteceram ou estão na sua posse sem qualquer tipo de justificação ou memória.

Portanto, o que temos é um filme em que os gags acontecem a cada minuto, e em que as situações mais pequeninas acabam por ser as mais hilariantes. Os actores estão perfeitamente à vontade nos papéis e têm uma química irresistível, mas há que ser justo e destacar o desempenho absolutamente arrasador de Zach Galifianakis, um actor que se tem destacado pela sua carreira de comediante de stand up, e que rouba o filme a toda a gente, com estilo, com classe e com uma facilidade incrível. São suas as melhores cenas, são seus os melhores gags, e a sua presença é notada mesmo quando não está em cena.

O filme peca por alguma confusão e indefinição lá mais para o meio. Como se o realizador tivesse sido incapaz de filtrar os inúmeros gags e não resistísse a metê-los todos de seguida. O efeito Looney Tunes dilui-se e o final do filme acaba por ser assim uma solução metida à pressão. É pena, porque acaba por estragar um bocadinho a idéia central de um argumento bem escrito. Mesmo assim, vale bem a pena a visita e prova que afinal ainda há alguma coisa a fazer nas comédias americanas - desde que não tenham o dedo produtor de Steven Spielberg. E o género comédia de suspense agrada, surpreende e resulta, porque ficamos mesmo presos ao mistério.
O único problema? Já estão a planear uma sequela...



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De todos os substantivos capazes de definir Michael Jackson, incontornável será aquele que provavelmente lhe assenta melhor. Porque goste-se ou não se goste do homem e da sua carreira - o que realmente devia ser importante - a verdade é que o chamado Rei da Pop é mais conhecido que a Coca-Cola. E merecidamente, digo eu.

O primeiro disco que comprei com o meu próprio dinheiro - que o meu pai me deu, para ser mais preciso - foi "Thriller". Ou seja, contribuí para as mais de 100 milhões de unidades vendida do seu segundo álbum a solo. Não acredito que algum dia algum artista a solo consiga bater o recorde de Jackson, muito menos porque as novas gerações habituaram-se a ir às «compra» à net.

Michael Jackson revolucionou o conceito de artista da música e levou-a, a música, a outros patamares nunca explorados. Tornou-se no primeiro artista realmente universal da história, e mesmo os monstros sagrados da música, os Rolling Stones, os U2 e poucos mais, não têm o impacto de Jackson. Nunca terão, acho.

Goste-se ou não se goste, o homem tem números de vendas e de lucros com digressões absolutamente absurdos. Ensinou a muitas gerações de músicos - especialmente os músicos da pop negra americana - como se fazem vídeos, como se dança e como se coreografa. Inventou um produto, mal copiado pelos seguidores, mas copiado ainda hoje.

Infelizmente o homem Jackson não conseguiu não ser um alvo fácil para os media. Deu-lhes razões para o perseguirem, denegrirem, e a nós para o gozarmos e inventarmos anedotas. Expôs-se ao ridículo, como muitas outras celebridades antes dele. O fim trágico e antecipado é tambem semelhante ao dessas celebridades e o único lógico para quem, como ele, sempre teve uma existência dramática.

Os fãs choram na televisão e dizem que acreditavam que era imortal. Concordo. Há celebridades que inevitavelmente achamos que sempre vão estar lá, por muito ridículo que isso possa parecer. Por mim, guardo com carinho as memórias da década de 80, os anos em que descobri os meus gostos musicais e em que Michael Jackson teve um papel determinante. E lembro-me da minha irmã a fugir do meu quarto aos gritos por causa de um poster gigantesco que tinha na parede: Michael Jackson rodeado por zombies.







quinta-feira, junho 25, 2009

BEM, BEM, BEM...

Graças ao esforço do amigo João, rapaz normalmente atento a estas coisas e a quem perguntei há dias por novidades do M. Night Shyamalan, fiquei a saber que as novidades são estas.
Pode parecer estranho, a princípio, o aspecto do novo filme de Shyamalan, mas a verdade é que já começava a ser necessária uma mudança de estilo. Para além disso, e não fugindo muito ao universo de que o realizador é obviamente fã, esta nova obra é uma adaptação de uma série animada de grande sucesso nos states, "Avatar: The Last Airbender". Promete como o caraças!


quarta-feira, junho 24, 2009

SÃO JOÃO

Ontem descobri que afinal o S. João é um dia de memórias. Ao jantar a minha mãe contou-me que nos primeiros anos no Porto, vindos de Angola, o dia de S. João era um problema para mim. Assim que começava o fogo-de-artifício, eu agarrava-me às pernas dela e perguntava-lhe "isto é a guerra mãe"?

33 anos depois, no dia de S. João, relembrei uma das coisas mais importantes que tive na minha vida. Quase que me obriguei a enfrentá-la, para a sentir melhor; para lhe sentir o ambiente, o cheiro e a sensação. Fui-me a ela para me lembrar de tudo, do mais ínfimo detalhe. Fui-me a ela e perdi. A memória às vezes é como me dizia um amigo algarvio, "traiçoêra". Faz-nos convencer de que já tá tudo bem, e que não sentimos a falta das coisas e das pessoas e dos dois juntos numa mesmo noite. Na noite de S. João. E agora essa noite já não existe e eu sei a razão mas não sei porquê.

Assim, passei a noite de S. João em casa, a ver filmes pirata e a beber Coca-Cola e a fumar cigarros. Até às 4.30 da manhã. Não comi sardinhas ou fêveras (febras), mas comi pimento assado a acompanhar as costeletas e o arroz de feijão. Não ouvi os martelos nem o fogo-de-artifício e nem corri para as pernas da minha mãe. Os auscultadores ligados ao computador ligado ao filme mantiveram-me numa noite como outra qualquer. Mas é mentira.

PELA COERÊNCIA


Aqui há uns anos, lembro-me perfeitamente de ter seguido com atenção a questão da legitimidade das touradas de morte em Barrancos, da discussão que o assunto suscitou no parlamento e fora dele. Lembro-me perfeitamente do argumento utilizado pelos do PCP, que defendiam a continuidade das touradas de morte lembrando do peso da tradição - quando na verdade a questão dos comunistas se prendia exclusivamente com o peso que o eleitorado do Alentejo tem nos seus resultados eleitorais. Lembro também da verdadeira cruzada levada a cabo por Francisco Louça contra este costume e, principalmente, contra a argumentação descarada do PCP.

Pois bem, passados que estão tantos anos desde essa questão, e que foi resolvida como bem se sabe, eis que me deparo com uma daquelas contradições tão típicas da política. Salvaterra de Magos, no Ribatejo, é a única autarquia bloquista do país, e apesar da continuada luta pelo fim das touradas, e de outras actividades envolvendo animais, levada a cabo pelo Bloco, a verdade é que não faz parte da agenda política do partido intervir naquela terra, tradicionalmente berço de ganadarias, toureiros e forcados. Porquê? Bem, uma porta-voz do partido de Louça justifica a não intervenção com o facto da presidente da câmara em questão ser uma independente que concorreu às eleições pelo Bloco de Esquerda e que, como tal, não é obrigada a ter o mesmo discurso do partido pelo qual foi eleita... Então porque é que se aliou ao partido? Então porque é que o partido aceitou que ela fosse a sua candidata para Salvaterra de Magos? Onde está a coerência nisto tudo?

Mais uma vez, a explicação reside no interesse meramente eleitoral de um partido que, em fase de nítida expansão, não quer perder a única câmara que tem. É vergonhoso, mas não é nenhuma surpresa. É a prova de que todos sem excepção adquirem o vício do poder. E mesmo que seja pelas melhores das razões, é um vício perigoso e que não me deixa minimamente sossegado.

terça-feira, junho 23, 2009

QUEM FAZ XIXI NO BANHO?

É tão simples e ao mesmo tempo tão maravilhoso este site que me foi apresentado recentemente. Chama-se Xixi no Banho, assim mesmo, e é útil, sério e muito, mas muito irresistível. Vejam-no com som, se fazem favor.

segunda-feira, junho 22, 2009

THE GOODS: LIVE HARD, SELL HARD



Também não tenho a certeza se isto vai estrear por cá, mas posso desde já adiantar que já não me lembrava de ver o aviso "The following preview has been aproved for mature audiences only...".
E depois Jeremy Piven, um dos meus secundários favoritos e que encontra mais um papel à altura da sua (aparentemente) interminável energia.



SYNECDOCHE, NEW YORK

À atenção dos piratas cibernéticos (este tem mesmo de ser, não há outra hipótese).

Foi a bomba em Cannes o ano passado. Odiado pela crítica presente e totalmente incompreendido pelo público, foi imediatamente apelidade de OVNI. É a primeira realização de Charlie Kauffman - sim, o argumentista de "Being John Malkovich" e "Eternal Sunshine Of The Spotless Mind", entre outros - e conta com um elenco (especialmente o feminino) absolutamente de cair para trás. Alguns dizem que o homem foi de longe de mais no surrealismo que lhe é tão característico, mas o trailer despertou-me a curiosidade...



KARMABOX WITH A VIEW - KINGS OF LEON - "SEX ON FIRE"

Quem os viu e quem os vê... (porque ouvi-los continua a ser do caraças).

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sexta-feira, junho 19, 2009

THE MOST VALUABLE PUPPETS

Ok, primeiro uma pequena explicação/enquadramento:
actualmente, Kobe Bryant e LeBron James devem ser os melhores jogadores e os maiores rivais na NBA, a liga profissional de basquetebol americano.
A Nike esteve-se nas tintas para a rivalidade e desenvolveu uma série de anúncios - que não apresentam nenhum produto novo ou lançamento especial - que mostram os dois atletas a viverem juntos... com o mesmo nível de rivalidade.

Só mais um detalhe: o primeiro anúmcio aqui em baixo goza indecentemente com um ritual de que James não abdica no início dos jogos. O homem curte, sabe-se lá porquê, encher as mãos com pó de giz e... bem, basicamente fazer QUASE o que se vê no vídeo. Para além disso, e como se pode ver no último vídeo, só Kobe Bryant tem anéis de campeão da NBA...






DESIGNEZINHO

Perdõem-me a vaidade, mas não consegui resistir a publicar os trabalhos que desenvolvi para a disciplina de Design de Comunicação Visual, lá para a faculdadezita.
E justiça seja feita, nunca os teria conseguido fazer (pelo menos não desta forma) sem a ajuda inestimável da Maria João. Miúda, devo-te uma prenda do caraças.

O primeiro trabalho consistia em utilizar os elementos básicos da comunicação visual e através da sua aplicação, construir uma capa de u
m possível CD assim como o dito disco. O ponto de partida era uma música à nossa escolha, e a minha recaíu, obviamente - mas não sem antes quase ter desesperado com tantas possibilidades - em "Take a Walk On The Wild Side", do Lou Reed. E desde sempre essa música me trazia à memória a cidade de Nova Iorque. O respectiva memória descritiva pode ser lida no meu blog da respectiva disciplina. Se tiverem curiosidade podem perceber o «elaboradíssimo» processo que resultou nestas duas imagens.
Posso adiantar apenas que tudo começou com uma fotografia de Manhattan, papel vegetal de engenharia, uma caneta branca e muita pachor
ra...

Imagem original

A infografia não despertava particularmente um grande interesse. Gosto de as ver, entendo que são de uma grande utilidade, mas não tinha vontade de a fazer. Escolher o tema foi um problema e acabeo por optar pelo mais simples. E a verdade é que me diverti a criar a imagem e a acrescentar a informação sobre o Empire State Building. E acho que ficou bem bonitinho, modéstia à parte.



O projecto dedicado à tipografia e a três poemas dos heterónimos de Fernando Pessoa, foi unanimemente considerado como o mais interessante e aquele com mais potencial criativo. No entanto, os primeiros exemplos mostrados nas aulas de trabalhos do género serviram precisamente para me mostrar o que eu não queria de todo fazer. Isto é, fazer o mais fácil e desenhar o texto de Pessoa com as suas palavras. Não que não o tenha feito, de facto. O último trabalho tem realmente um balão desenhado com a frase respectiva. O que quero dizer é que nunca desenharia a imagem que o poeta tenta transmitir com as palavras. Acho piroso, muito sinceramente, e fartei-me de ver engrenagens, rodas dentadas, ou rios e florestas feitas de letras. Por isso, desenhei parte dos trabalhos e complementei-os com o resto. Acho que podia ter ido mais longe nos segundo e terceiro, mas a escassez de tempo não permitiu mais dedicação.

Desenho original

quinta-feira, junho 18, 2009

PIRATPARTIET

Também não estava nada à espera desta. O Piratpartiet é um partido político sueco, fundado em 2006 e que basicamente é contra as leis de copyright e as patentes e a favor da liberdade de expressão e de partilha... de tudo, digo eu. Ainda mais surpreendente é que conseguiu eleger um deputado para o parlamento europeu no passado dia 7...

Que não é este senhor na imagem. Este é o fundador do partido, Rickard Falkvinge. O deputado chama-se Christian Engstrom e vai ter uma trabalheira do caraças.


SÓ PARA ME CONTRARIAR...



... e para me surpreender, está um filme nas salas portuguesas - pelo menos nas do Porto - que supostamente nunca deveria ter estreado. Porque está totalmente nos antípodas da política comercial das distribuidoras nacionais e, ainda por cima, é sueco. Sabem quantos filmes não americanos estreiam todos os anos no circuito comercial cá da terra? Pois é.
"Låt Den Rätte Komma In" - a tradução para português seria "deixa a pessoa certa entrar" - é muito provavelmente o melhor filme de vampiros que já vi até hoje. Agora, esqueçam imediatamente que lhe chamei filme de vampiros e prestem atenção ao resto, porque a obra de Tomas Alfredson é também um dos filmes mais maravilhosos que vi nos últimos anos e não é de maneira alguma um filme de terror. É um filme sobre um sem número de dores que fazem parte do processo de crescimento de uma criança de doze anos. A solidão, o divórcio dos pais, o bullying na escola, a falta de amigos com quem nos identificarmos. Para além disso, "Låt Den Rätte Komma In" é um filme sobre a descoberta do primeiro amor. E é irresistivelmente doce e mágico. Tão simples, tão bem dirigido e interpretado, sem truques, sincero e totalmente despretensioso. Tão despretensioso quanto sensível, e é isso que mais impressiona e faz perguntar, uma e outra vez, porque não investem os realizadores portugueses em histórias assim, tão fáceis de filmar. É fácil: se até há bem pouco tempo os nossos realizadores apostavam sempre num estilo de cinema que se queria independente do mainstream - e que tão bem encaixaria um conto destes - a tomada das rédeas por parte dos canais televisivos, que agora mandam e desmandam na produção cinematográfica, obriga a que se filmem pedaços de lixo, recheados de caras conhecidas das novelas e que têm como público-alvo os mesmos espectadores das... novelas. Simples.
"Låt Den Rätte Komma In" é simplesmente magnífico e um dos mais belos filmes que já vi e que nos enternece a cada fotograma. O grande plano é usado sempre em favor da intimidade e do carinho entre os dois protagonistas, a neve tem um papel fundamental e quase que se pode dizer que é um terceiro principal personagem, a música é excelente, os actores - especialmente os mais novos - emprestam uma dignidade e uma beleza difíceis de encontrar em muito do cinema que se faz hoje em dia e o resultado final é algo que nenhum realizador americano consegue alcançar. Por muito bom e europeizado que seja. Há aqui um scandinavian way que já reconheço de outras experiências, nomeadamente no Fantasporto, e que confere um sabor estranho e que ao mesmo tempo nos entra imediatamente no coração.
Simplesmente obrigatório e matéria para muita aula de cinema. É obviamente um dos melhores filmes do ano.



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THE BOOK OF KELLS


É um filme que, ou muito me engano, ou nem sequer vai passar para o mercado vídeo cá na aldeia. É inglês, é animação ao bom estilo tradicional - ajudada pelo digital, inevitavelmente - e tem um maravilhoso bom aspecto. À atenção dos piratas...


quarta-feira, junho 17, 2009

AINDA QUEREM QUE UM TIPO CONFIE...

Já é mau o suficiente haver uma cimeira para decidir se se continua ou não a caçar baleia. É ridículo ser um grupo de homens de fato e gravata, sentados ao redor de uma mesa, a discutir se se deve ou não continuar a matar este ou aquele animal. Pior do que isso, só mesmo os merdosos dos dinamarqueses e, espantem-se, dos suiços, que se vêm aliar agora a Japão, Noruega e Islândia e que andam a fazer campanha política pela causa dos baleeiros. Os suiços!? Mas estes cabrões alguma vez pescaram baleias? Qual será a contrapartida?

RUDO Y CURSI



Aqui há uns bons anos, em 2001, um filmezinho bastante simples e despretensioso, realizado por um mexicano relativamente desconhecido do grande público, foi um sucesso tremendo e conquistou o público um pouco por todo o lado. O responsável chama-se Alfonso Cuarón, e depois desse tremendo sucesso - por causa desse tremendo sucesso - viu-se a braços com um dos capítulos de Harry Potter. A sua primeira experiência mainstream em terras americanas não tinha sido propriamente uma maravilha, e o filme, "Great Expectations", não convenceu ninguém. Cuarón resolveu regressar ao México, pegar em dois jovens actores e numa belíssima actriz e filmar um road movie. E fez muitíssimo bem. "Y Tu Mamá También" continua a ser delicioso de se ver, e revelou ao mundo o talento de um desses jovens actores - o outro, Gael Garcia Bernal, já era sobejamente famoso - Diego Luna.

Oito anos depois, um Cuarón que não o Alfonso, mas sim Carlos, o irmão, resolveu pegar na mesma dupla de protagonistas e tentar a sua sorte no departamento dos filmes simples e despretensiosos. Carlos Cuarón não é propriamente um novato nestas andanças cinematográficas. Já escreveu o argumento de mais de uma dezena de filmes - nomeadamente de "Y Tu Mamá También" - e foi associate producer de "The Assassination Of Richard Nixon". Só que...
"Rudo y Cursi" não chega aos calcanhares do filme do mano mais velho. É simpático, é enternecedor, é divertido e é no seu todo um filme agradável. Falta-lhe a magia do seu (chamemos-lhe assim) antecessor. A química da dupla Luna-Bernal está lá, e é bom ver como os dois cresceram tanto desde o seu primeiro encontro; ambos têm carisma e uma energia muito própria que enriquece o filme, claro. Mas saí da sala com a nítida sensação de que algo tinha faltado ao filme; algo que tinha ficado muito próximo de acontecer e não aconteceu.
Para além disso, o filme tem uma boa meia hora a menos. Porque de repente tudo o que acontece na vida dos dois irmãos futebolistas - e acontece-lhes muita coisa - é metido à pressão, e às tantas sentimo-nos um pouco perdidos.
Como disse, é um filme bastante razoável, mas que não tira partido de todos os ingredientes à sua disposição. Nomeadamente das paisagens mexicanas, rural e urbana, e que podiam ser exploradas, o tipo de filme permitia-o. Ainda assim, vale a pena ser visto, até porque tem um actor que enche o ecrã sempre que aparece e, não por acaso, é o narrador da história. Chama-se Guillermo Francella e é genial. Ah, e tem o vídeo mais ridículo da história dos vídeos musicais. Quase pior do que os que publiquei aqui há dias, mas com a vantagem deste ser mau de propósito.





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VAMOS FAZER O MESMO?

Os amigos às vezes ajudam este blog a ficar mais interessante. E embora o que se vai ver a seguir não seja particularmente uma novidade para mim, ou para quem visita este bloguito, é sempre bom lembrar que há malta que ainda faz umas coisas engraçadas.

O primeiro vídeo é giro, mas é o segundo que verdadeiramente me encanta. Espreitem o site da Improv Everywhere e vejam o que os senhores são capazes de fazer.






NEM DE PROPÓSITO...

E acerca do que escrevi aqui ontem sobre as eleições no Irão, ontem, dia de contra-manifestação por parte dos apoiantes de Ahmadinejad, os jornalistas foram obrigados a permanecer nos quartos de hotel e proibídos de filmarem qualquer movimentação dos que ainda não estão aceitam o resultado da votação. Obrigado, ó senhores do Irão, por serem tão rápidos a darem-me razão.

terça-feira, junho 16, 2009

BLAH, BLAH, BLARGH




Isto chateia-me! Tanta coisa com a gripe suína, gripe A, gripe A (H1N1); tanta polémica, tanta histeria com a porcaria da doença, que uma seca, já se sabe, e ainda ninguém percebeu que isto leva o mesmo rumo da gripe das aves que assustou meio mundo aqui há uns anos. Seremos assim tão desiquilibrados? Seremos assim tão susceptíveis e tão fáceis de assustar? Devíamos pensar seriamente na quantidade de pessoas que morreram até agora desta «nova» doença e comparar esse número com a estimativa da OMS que diz que anualmente morrem entre 250 e 500 mil infectados com gripe comum.



Por ano, cerca de 300 mil portugueses visitam Madrid. Nem todos partem de Portugal, entenda-se. Os números são responsabilidade do turismo espanhol, e para muitos são argumento suficiente para continuar a acreditar que um TGV é realmente necessário. É curioso o discurso do governo que insiste nesta aberração que é ter um comboio de alta velocidade quando já existe um comboio de velocidade em Portugal e que ainda por cima não é aproveitado no máximo da sua capacidade. Um discurso que aponta para as terríveis consequências do cancelamento do projecto e que basicamente, para o dito governo, significam perdermos o comboio da Europa (metaforicamente) e ficar para trás na modernização que outros países perseguem.
Já aqui falei deste tema, mas continua a assustar-me o custo desta obra e que ascende aos 7 mil milhões de euros. Em termos de qualidade de vida - algo que devia ser constantemente uma preocupação de qualquer governo - é interessante perceber quais os critérios tidos em conta pela Mercer (uma empresa de consultoria) quando se decide a nomear as cidades do mundo com melhor índice de desenvolvimento no seu “
Worldwide Quality of Living Survey”, e que são os seguintes:
  1. Ambiente Social e Político (estabilidade política, crime, política de segurança, etc.)

  2. Ambiente Económico (política cambial, serviços bancários, etc.)

  3. Ambiente Sócio-cultural (censura, limitações à liberdade individual, etc.)

  4. Factores médicos e sanitários (serviços, medicamentos e dispositivos médicos, doenças infecciosas, saneamento básico, colecta de lixo, poluição do ar, etc.)

  5. Escolas e educação (nível e disponibilidade de escolas internacionais, etc.)

  6. Serviços públicos e transportes (electricidade, água, transportes públicos, congestionamentos de tráfego, etc.)

  7. Entretenimento (restaurantes, teatros, cinemas, desportos e lazer, etc.)

  8. Bens de Consumo (disponibilidade de alimentos, itens de consumo diário, automóveis, etc.)

  9. Habitação (casas, equipamentos domésticos, móveis, serviços de manutenção, etc.)

  10. Factores naturais (clima, registo de desastres naturais)

Facilmente se percebe quais os critérios em que o governo português não mexe uma palha, certo? Mas o que interessa é investir 7 MIL MILHÕES DE EUROS num meio de transporte que serve unicamente três cidades, uma delas fora de Portugal, cujas viagens ficarão mais caras do que qualquer avião que faça a ligação entres os três destinos. Entretanto, não há dinheiro para a cultura em Portugal, as fases seguintes no trajecto do Porto são constantemente adiadas por falta de verbas, inúmeras vias de comunicação estão paradas, atrasadas ou canceladas pelo mesmo motivo, as falências nascem como cogumelos e o país está mergulhado na crise mundial. Confortavelmente mergulhado, diria. É esta mania de querermos parecer grandes quando na verdade somos pequeninos. Portugal parece aqueles tipos demasiado baixos que usam sapatos de tacão para ficarem uns milímetros mais crescidos. Somos parolos, pronto.




Por esta do Irão é que eu não estava à espera. Ver as manifestações populares contra o resultado das últimas eleições presidenciais, especialmente tendo em conta que o Irão é um país com uma forte tradição repressora, deixa-me intrigado e, não o posso esconder, contente. A liberdade individual encanta-me. Como sempre me apaixonei por aqueles que ao longo da história tudo fizeram para lutar por ela. Incomodam-me situações de desrespeito pelas liberdade de cada um; desde a escolha da religião, à escolha da sexualidade, passando pela escolha do que se quer ler, ouvir ou dizer. O Irão é uma das nações que mais contribuíu para a história da humanidade; é uma cultura riquíssima, elaboradíssima, impossível de mesurar. O Irão vive escondido pelos fanáticos religiosos que ocuparam politicamente o país há umas décadas, e passa, desde então, por ser um antro de maluquinhos bombistas, ultra-conservadores e que querem destruir o mundo. De tal forma que o mundo se esqueceu que os iranianos nem sequer são árabes, e que «só» são muçulmanos desde o século VII - como se ser árabe fosse sequer um problema.

É claro, já existem teorias da conspiração que dizem que é a CIA que está a provocar todo este reboliço. Ingenuidade. A CIA sempre esteve no Irão, de um lado e do outro da mesa das negociações. Ora somos amigos, ora não somos, tá bem? Sempre foi assim e sempre será, na Síria, no Líbano, no Egipto ou na Jordânia. Mas acreditar que foi a CIA - ou outro qualquer organismo do género - a convencer milhares de iranianos a arriscarem a vida e a fazerem de figurantes de uma espécie de revolução popular é demasiado. Adoro uma boa teoria da conspiração, mas daquelas que fazem algum sentido.

Pouco interessa, nesta altura, se Mahmoud Ahmadinejad viciou ou não as eleições. O que interessa é perceber que afinal o povo do Irão não está comodamente resignado a um regime político fortemente condicionado por mais uma interpretação errada do Corão e que quer retirar o poder das mãos de um energúmeno, sem qualquer tipo de visão política e social e que arrasta cada vez mais a Pérsia para um lugar na história que de todo não merece. Fica tudo completamente diferente se escrever Périsa, não fica?

Ah, e para os que ainda precisam de ser esclarecidos, deve ser relevante o facto de estarem mulheres nas manifestações que se têm sucedido em Teerão. As imagens abaixo são da CNN. Será que foram eles a organizar os protestos...!?








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domingo, junho 14, 2009

PORQUE ESTE BLOG TAMBÉM PRECISA DESTAS COISAS...

E porque devia estar a estudar mas não consigo.

Os vídeos que se seguem são MESMO da responsabilidade dos artistas e têm três coisas em comum:
- são todos de emigrantes portugueses no Canadá
- têm todos eles penteados fantásticos
- mostram todos eles coreografias elaboradíssimas e da mais fina qualidade

Em relação a Shawn Fernandes, convém dizer que o rapaz mudou o nome para Shawn Desman e ao que tudo indica é agora uma estrela real, bem ao jeito de Justin Timberlake. Diz-se...

Eu sei que coisas destas logo a seguir a um vídeo dos Patrick Wilson pode heirar a esquizofrenia, mas já disse: este blog também precisa de animação... popular.






LES CONCERTS À EMPORTER - PATRICK WATSON


Já aqui falei do(s) Patrick Watson, mas nunca me canso de voltar a este grupo que por estes dias ocupa grande parte do tempo de antena no meu Ipod. Desta vez porque os moços deram, não um, mas quatro micro-concertos para La Blogothéque. E do caraças!



#97 Patrick Watson / Part 4 - A Take Away Show from La Blogotheque on Vimeo.

sexta-feira, junho 12, 2009

SHUTTER ISLAND


Hmmm, será que é desta que definitivamente volto a gostar do Scorcese?


quarta-feira, junho 10, 2009

POLITOLOGIA DE BOLSO

Não sou nem pretendo ser politólogo, essa bela profissão que parece ter sido descoberta pela televisão, e que dela faz tão bom uso - se tivermos em consideração a busca de audiências. É como Zé Povinho que me questiono muitas vezes o porquê de algumas coisas que envolvem directamente os partidos políticos com assento parlamentar. Neste caso específico o Partido Comunista Português. O partido que actualmente mais me irrita. Mais ainda que o nefasto CDS-PP e por razões que mais à frente explicarei.

O PCP, de todos os partidos nacionais, era aquele que à partida, e pela sua ideologia, tinha a maior responsabilidade. Responsabilidade em ser um partido moderno e em constante actualização com o rumo dos acontecimentos. Foi um dos partidos que mais lutou pela conquista da democracia para Portugal e que - mais uma vez pela sua ideologia de esquerda - sempre combateu pelos interesses do povo. O problema é que depois de ter ajudado a revolução que mudou de uma vez por todas o cenário político do país, resolveu ficar por lá, há mais de 30 anos, e congelou. Entrou em crio-hibernação. Tudo no PCP cheira a velho, a mofo. Os seus dirigentes, as suas campanhas e, de um modo geral, a sua forma de fazer política. O modus operandi do PCP tresanda ainda a partido clandestino. Basta ver as campanhas eleitorais. Os cartazes são nitidamente uma reminiscência do início da década de oitenta, os discursos são antiquados e muitas das vezes desajustados - não no conteúdo, mas antes na forma - e mesmo a decoração das campanhas está muitas décadas atrasada. O PCP apostou na nostalgia e (quase assumidamente) prefere fazer as coisas à moda antiga. Estranho, especialmente quando se sabe que sempre lutou pela mudança, pelo avanço e pelo modernizar de costumes e formas de intelectualizar. Ideologicamente, claro, porque na práctica continua a fazer o que todas as ditaduras comunistas fizeram durante os anos da guerra fria. Andar para trás, atrasar, impedir o avanço, regredir, tornar retrógrado.
Conheço vários comunistas convictos. Uns sabem porque o são, outros nem desconfiam. Herdaram esse comunismo. De todos, apenas um tenta olhar os movimentos do partido de forma coerente e isenta. É curiosamente um dos mais jovens, de todos os que conheço, mas é também o que melhor conhece o PCP. Por várias razões. Concorda com muitos dos princípios e discorda de alguns, mas é também um opositor desta forma de fazer política. A filosofia de caça-votos do PCP é desactualizada, e o núcleo duro do partido, composto por demasiada gente na idade da reforma, obviamente não entende a coisa dessa maneira. Dizia-me esse jovem comunista que o PCP é o único partido nacional onde ainda existe uma forte e determinada militância. Concordo parcialmente e entendo que isso poderá já ter sido uma vantagem. Hoje em dia não o é. Não pelo menos como essa militância é usada pelos comunistas. Porque o CDS-PP também tem ferozes militantes, disso não haja dúvidas. São coerentes com os princípios ideológicos do partido que defendem, e mantêm-se firmes na defesa daquilo em que acreditam. Por muito que seja igualmente e absolutamente desajustado da realidade, e por muito que seja também o reflexo de um tempo que já há muito foi ultrapassado. No entanto, os populares mudaram um nadinha o modo como conduzem as suas políticas. Embora não pareça, conseguiram introduzir um certo elemento de modernismo no seu discurso. Aproximaram-no de uma outra fatia da população e de forma orquestrada souberam adequá-lo ao aparecimento de alguns novos descontentamentos sociais que, imagine-se, até forma de encontro ao que sempre o o partido de Paulo Portas tinha defendido. São odiáveis, são perigosamente irritantes, indisfarçadamente xenófabos e ortodoxos como o próprio Estado Novo. Mas não são nada burros. E isso chateia.

Em relação à pergunta que deixei aqui, e em que basicamente procurava uma resposta ao ódio comunista pelos do Bloco de Esquerda:

Indagados vários destes «meus» comunistas, obtive uma mesma resposta quase generalizadamente. Segundo eles, o BE não passa de um partideco novo e sem quaisquer propostas efectivas, carregadinho de utopias várias e absolutamente sem nexo. Para mim tudo isto soa a estranho, já que sim, o BE é de facto um partido novo - quase que se pode ainda considerar como recém-nascido - mas que nos poucos anos que leva de vida conseguiu ultrapassar em velocidade o PCP e o CDS-PP. Para além disso, é um dos partidos socialmente mais activos e um dos que mais propostas apresente na Assembleia da República - sejam elas utópicas ou não, isso sinceramente não sei avaliar. Portanto, os argumentos deste comunistas que manifestam o tal odiozinho pelos esquerdistas, e aos quais ainda acrescem o facto de ter dividido a esquerda, tresandam a ressabiamento de mau perdedor. Até porque duvido honestamente que alguma vez a esquerda tenha estado de facto unida. Por outro lado, se alguma vez esteve unida, o simples facto de se ter dividio somente pelo surgir de uma nova alternativa partidária, diz muito da forma como a esquerda estava a ser gerida. Basta pensarmos no líder que ocupou o lugar deixado vago por Álvaro Cunhal - esse muito fraquinho Carlos Carvalhas - e a polémica em que o PCP se envolveu aquando da crise dos progressistas, para percbermos, mais uma vez, que o comunismo em Portugal é feito à mão, de forma tosca e sem o recurso a qualquer tipo de tecnologia ideológica. E a piada/provocação que deixei aqui há dias e que referia o uso de ranchos folclóricos, tambores e gaitas-de-foles nos comícios e arruadas dos comunistas (e não só, diga-se), não era somente uma graçola. É o sinal mais caricatural da paragem no tempo por parte do PCP. Porque os outros que recorrem a essa forma tão portuguesa de chamar público têm outros recursos e fazem bom uso deles. O PCP não.

E é pena. Já houve um tempo em que acreditava nos comunistas. Acreditava que eles realmente acreditavam naquilo que pregavam. Rapidamente me dei conta de que se Marx fosse vivo, seria o primeiro a desacreditar todo e qualquer tipo de partido comunista por esse mundo fora. É que nenhum comunista em actividade alguma vez deu atenção às palavras do próprio «pai» do comunismo (afirmação altamente polémica) quando este afirmou sem dúvidas que a ideologia, ela própria, era uma utopia só possível de concretizar se um dia o mundo inteiro, sem excepções, a decidisse pôr em práctica.

terça-feira, junho 09, 2009

CONSIDERAÇÕES...


Depois dos resultados claros das eleições europeias, apetece-me realçar alguns pontos que considero importantes e curiosos. Coisas que se calhar não vamos ver abordadas na televisão, por exemplo.

1 - A vitória do PSD não é realmente esmagadora. Se tivermos em conta o resultado do mesmo partido nas eleições de 2004 - e apenas do PSD, já que na altura concorreu coligado com o CDS-PP - veremos que a subida não foi sequer significativa. O segredo, que não é segredo nenhum, reside na queda aos trambolhões do PS, e nada mais.

2 - Se de facto essa queda tremenda é o resultado de um castigo popular, então o momento foi, como já é costume, mal escolhido pela populaça. Porque a maioria dos portugueses, mesmo os que são politicamente activos, não sabem de todo no que é que estão a votar. Podem até saber que é para o parlamento europeu, mas a verdade é que assim que as coisas estão decididas perdem por completo o contacto com aqueles que elegeram e, acima de tudo, com as propostas que por lá vão ajudar a concretizar - ou ajudar a chumbar. Alguém pode afirmar saber com toda a certeza o que se passa no parlamento europeu durante um ano?

3 - A subida fantástica do BE é um bom sinal e dá mostras de que o partido pode começar de uma vez por todas a comer votos aos clássicos PS e PSD. Mas faz-me questionar: por um lado, porque têm os comunistas um tão assumido ódio pelos do BE? Saberão explicá-lo? Por outro lado porque nutre Pacheco Pereira um ódio semelhante pelo partido de Louçã, Portas e etc?

4 - Preocupa-me que o principal resultado destas eleições seja uma subida significativa da direita europeia. Preocupa-me porque está cada vez mais ortodoxa, preconceituosa e, mais do que tudo isto, snob. No caso de Portugal bastou ver a quantidade de camisas cor-de-rosa e polos da Mike Davis que ladeavam Paulo Rangel no momento da vitória. Já não bastava o manifesto mau gosto do PP...

5 - O PS perdeu cinco deputados em resultado destas eleições. Interessante será acompanhar esses cinco novos desempregados e saber que destino os aguarda. O parlamento cá do sítio? Um posto superior num grande banco? Professor universitário a receber um chorudo ordenado? Qual será o tacho que se segue?

6 - Interessante também é ler a reportagem de um jornal nacional que nos dá a conhecer o substancial aumento de qualidade de vida de alguns antigos políticos; ficar a saber os seus ordenados enquanto exerciam cargos nos governos de que fizeram parte e os ordenados agora, desde que abandonaram a política. Facilmente se conclui que só conseguem ocupar os cargos que ocupam actualmente porque passaram pela vida política activa. Já para não falar nos que enriqueceram «misteriosamente».

sexta-feira, junho 05, 2009

KARMABOX WITH A VIEW - THE RACONTEURS - "SALUTE YOUR SOLUTION"

Viva os Led Zeppelin, os Beatles e os Rolling Stones! Mas viva acima de tudo estes mocitos por fazerem a música que os velhos dinossauros deviam ter feito durante a totalidade das suas carreiras e não conseguiram.
Tenho dito.


SESSÃO DUPLA



Rápido e directo:


"Terminator Salvation" tinha tudo para ser um bom filme e a salvação de uma saga que já tinha dado mostras evidentes de estar moribunda. O terceiro episódio, claramente desbotado e a gritar "FALTA DE IDEIAS", tinha aparentemente enterrado o projecto, o que até nem parecia má ideia na altura. E volto a dizer: "Terminator Salvation" tinha tudo para ser um bom filme, menos um bom realizador. Pelo amor de Jesus Cristo, mas quem é que se lembrou de um desgraçado que dá pelo nome de McG e que foi responsável pelos dois filmes dos Anjos de Charlie para realizar um filme destes? A coisa pretendia-se séria, negra, depressiva e não mais um chorrilho de acção ao desbarato, más personagens e diálogos imberbes! A coragem de finalmente virar o bico ao prego e situar a acção no tal futuro sempre anunciado mas nunca abordado era o necessário para relançar a série, e confesso que foi o que me deixou em pulgas para ir ver este quarto capítulo. É que já ninguém tinha pachorra para joguinhos de gato e rato que ocuparam os três filmes anteriores.
E confesso que este "Terminator Salvation" nem começa mal. Os cenários pós-apocalípticos sempre me agradaram e este já andava a ser prometido há 25 anos. O problema é que tudo resvala rapidamente para uma espécie de jogo de gato e de rato um pouco ao estilo do que já havia sido feito mas com uma pequena inversão: a dada altura é John Connor quem persegue o Exterminador. Giro, mas mal aproveitado. E depois é uma corrida desenfreada para chegar ao fim do filme. Fim que é claramente metido à pressão como se a coisa já tivesse ultrapassado o prazo e fosse mesmo imperativo pôr um fim naquilo.
Para além disso, irritam sobejamente as piscadelas de olho a referências dos filmes antecessores; o "I'll be back" e o "come with me if you want to live" e especialmente o clone mal engendrado de Schwarzenegger são tão ridículos e de tal maneira metidos à pressão que até dá náuseas.
A única coisa boa disto tudo? Sam Worthington, que literalmente carrega o filme às costas e dá a única gota de nobreza àquilo tudo. Não que Christian Bale não esteja bem no papel de Connor. Está e esforça-se por estar. Isto de meter actores de qualidade dramática em filme de pura acção tem os seus resultados, e Bale dá uma certa carga emocional ao filme. No entanto é o australiano Worthington quem rouba as atenções. É bom actor, nada mono, tem figura e parece talhado para filmes de acção com uma dose mínima de miolos. Safa-se à grande e safa o filmito da derrocada total.
Que pena estragarem assim boas ideias. Está tudo lá. As situações, o cenário, algumas personagens, a maquinaria infernal e que os fãs sempre tinham imaginado. Tudo estragado pela forma leviana com que um realizador de anúncios de segunda gere a matéria prima disponível. Assusta a já certeza de uma quinto filme lá para 2011. Até porque é o mesmo merdoso de realizador...







"Zack and Miri Make a Porno" quase que era um grande filme. Daquelas surpresas com sabor a independent movie que nos surgem pelo menos uma vez por ano e que nos fazem rir e chorar ao mesmo tempo. Mas não é. Não é porque Kevin Smith parece ter perdido a capacidade de fazer comédias estúpidas mas geniais. A premissa é bastante interessante, os actores são ideias e esforçados, mas a coisa simplesmente não tem... assim... muita piada. Pronto, é só isso. Demora muito a assumir que pode ser uma comédia desbragada mas depois afinal não é. Ameaça que pode ser uma comédia negra, mas não o concretiza. Acaba por ser um objecto estranho, desligado, demasiado pensado, e que parece ter sido feito só porque sim. Fica a meio caminho entre todas as direcções possíveis e perde-se. Completamente. É simpático o suficiente para nos fazer sorrir, pronto. Nem tudo é assim mau, mau. Mas podia ser genial, e é isso que chateia.
Novamente, é uma pena, caraças.





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quarta-feira, junho 03, 2009

PARA METER NOJINHO...