kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Nunca aqui falei da Madredeus, sem dúvida alguma a minha «carreira» nacional preferida.
Não deve haver música destes Senhores que não me provoque imediatamente um fortíssimo, quase insuportável, nó na garganta.
Não há nenhum outro grupo no mundo que trate a delicadeza desta forma tão pessoal. Nenhum outro interpreta sentimentos de doçura e carinho, amor e tristeza como a Madredeus.

Confesso-me sem capacidade para tentar sequer definir mais, ou melhor, o que representa este magnifico conjunto de músicos.
Talvez pedir-vos que se lembrem da voz de Teresa Salgueiro... sem a conseguir descrever.

Talvez chamar-vos a atenção para um dos nossos melhores poetas, Pedro Ayres de Magalhães.

Na impossibilidade de escolher apenas uma canção, deixo aqui um desses poemas, na esperança de que alguém que o leia sinta saudades de ouvir o disco da Madredeus que tem lá em casa e que já não ouve há demasiado tempo.


Claridade

Suave e calma sei
Na claridade do céu
vem a luz do Sol
Breve,
Qual
um pensamento, sempre igual...
E é tão fácil assim confirmar
o tão grande tormento
que nos faz andar em constante questão.
Quantas são as liberdades que nos dão?
Quantas perguntas graves vão ser encontradas?
Quantos vão
de mãos atadas
viver sempre em causa
causas abraçadas
perdendo essa luz
que se esconde atrás
duma
Suave e calma claridade
escondendo a luz à vontade
Doce e calma claridade
escondes a luz à vontade
Suave e calma sei
na claridade do Sol vem...

Carta para o Huck

Meu querido Huck,

não gosto nada de estar aqui na casa da àrvore sozinho.
Não sei, parece estranho estar aqui sem te ter comigo para termos aquelas conversas idiotas que tanto irritam a minha tia. Cá para nós, acho que ela se irrita por tudo e por nada.
A vista continua ser a mais bonita do mundo. O Mississipi continua o seu curso, imparável, os barcos a vapor continuam a ser os mais bonitos que existem, mas... nada disto faz sentido sem ti aqui.
Acreditas que tenho vergonha de me despir para ir nadar nu no rio?
Há já duas semanas que não roubo a tarte de maçã da janela da senhora Quinn. Acho até que mesmo ela já deu pela tua falta, pois nunca mais fez tarte...
Não tenho motivo para faltar às aulas, não sinto vontade de correr descalço pelo prado, ou de soltar os porcos do sr. Parker para ele ter mais um ataque de nervos, e muito menos me apetece contar núvens enquanto sinto as formigas a treparem-me pelos braços.

Mas continuo aqui na casa da àrvore à tua espera.
Vê lá se apareces...


Já aqui falei e voltei a falar de Nick Drake.
Pois agora, e com a preciosa ajuda de um amigo, descobri que o Enorme Beck se prepara para lançar versões de três músicas do Senhor Drake. Parasite, Wich Will e Pink Moon.
Podem ouví-las
aqui.
E ouçam...
Não há pior silêncio do que este.
Não o silêncio de não ter com quem falar.
Não o silêncio de não se conseguir articular palavras, essas são sempre recriadas na nossa imaginação.
O silêncio que nos é pedido quando queremos dizer algo.
Quando achamos que o que temos para dizer é bom, e nos apercebemos de que afinal só é bom para nós porque alguém nos pede para segurar o que temos a dizer cá dentro.
Aquele silêncio que resulta do matar das palavras na nossa garganta.
Essa morte que cria fantasmas de palavras que para sempre assombrarão o nosso coração e a nossa mente.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Região Estrangeira

Exacto!
D'hoje a uma semana a região volta a atacar, desta vez em Montemor-o-Velho e numa concentração motard(!).

Não imagino sequer como poderá ser a reacção de um público à partida tão afastado daquele a que estamos habituados.

Sei disto, no entanto: estamos lixados!!!
Se subirmos ao palco antes do concurso de Miss T-Shirt Molhada, vamos ser esmagados pela força de milhares de assobios impacientes.
Se subirmos depois do tal concurso... já não estará lá ninguém para nos assobiar sequer.
Ou seja, será talvez melhor actuarmos todos com t-shirts molhadas...
Estava mesmo à espera que isto acontecesse.
Aquelas palavras compostas por letras sem nexo que somos obrigados a escrever sempre que queremos fazer um comentário a um post num qualquer blog (também aqui, no meu), mais dia, menos dia, haviam de compor alguma coisa de... menos desconexa.

Ontem, ao comentar um post de um amigo meu, surgiram-me as seguintes letrinhas: "FMCPUTA"

Isto para dizer que estou definitivamente a nadar para voltar à tona e ao meu estado de espirito de que tinha tantas saudades.
Pois quem retira prazer de coisas tão idiotas quanto esta e se ri a bom rir enquanto transcreve, com indisfarçado regozijo, as letrinhas pedidas, só pode ser tolo ou estar de bem com a vida.
Ontem, aula de voz no TUP.
Mais do que uma aula de voz, como todas as anteriores, uma experiência sensorial.
Uma aula feita de sons, pois claro, mas de sensações literalmente às cegas.

Vou ter saudades deste Jorge Pinto, actor e professor, mas ao mesmo tempo muito mais do que isso.
Faz-me lembrar o professor interpretado por Robin Williams no Clube Dos Poetas Mortos.
A comparação é tão ridícula quanto afastada dessa realidade filmica, mas a verdade é que nas três horas em que estamos juntos naquela sala, aprendemos muito mais com ele do que meras técnicas vocais.
Aprendemos, porque ele assim nos ensina, a ver o que nos rodeia e a sentir tudo e todos à nossa volta, com olhos e sentidos que até agora não tinhamos de facto.

É uma das pessoas mais interessantes que tive a oportunidade de conhecer, e vou sentir a falta destas três horas, duas vezes por semana, na sala fria do TUP.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Eu quero... (continuando)


... ir a Bombaim.
Conversar sobre o calor sufocante com o dono do restaurante onde todos os dias me servirei do melhor chá indiano para acompanhar as torradas tão british.
Perder-me por entre os bairros de lata, perder-me por entre sabores, odores e sons que só conheço na minha imaginação.

Apanhar o comboio que durante nove horas me levará a terras de Goa. Nove horas em que, com todas as minhas forças, combaterei o sono, que sei, não me levará de vencido.
Quero percorrer essas nove horas de olhos bem abertos, de sentidos bem despertos, absorver tudo o que me vai acompanhar nessa viagem. Nessas nove horas.
Chegar a Goa ao início de uma manhã em tons de rosa, laranja e carmim e seguir até à praia para sentir o mesmo mar que me levou ali há centenas de anos.
Conhecer o sr. Silva, orgulhoso propietário do seu nome e do quarto pequenino de onde todos os dias, por entre as alvas cortinas da janela, vou espreitar o reboliço do comércio.
Olhar a rua de onde todas as manhãs virá o som que me despertará para mais um dia que vou desejar nunca acabar.
Sonhar acordado com cores, texturas, sensações que parecem já não existir em nenhum outro local no mundo.
Cadeiras enormes demais para aqueles corpos pequeninos, cortinas leves demais para aquele vento quente, cores descascadas pelo tempo mas que me vão parecer tão alegres, tão garridas, tão vaidosas.

Viajar de barco para o Sri Lanka.
Percorrer as ruas de Colombo.
Conversar com os pescadores, pendurados nas suas varas de bambu.
Deitar-me por entre os intermináveis campos de chá, inebriado com o seu aroma intenso.
Penetrar templos escavados na rocha tão antigos quanto as divindades, como se talhados pelas suas mãos divinas.
Ajudar o pequeno Chandrasena de apenas oito anos a dar banho ao seu elefante de estimação, apenas um bebé, mas tão imenso, com tanta pele, tanto prazer em ser lavado, que serão horas dentro de àgua. E que parecerão apenas alguns, breves minutos.
Conhecer a placidez no seu estado mais puro.
A alegria na sua simplicidade mais genuina.
A felicidade, finalmente...
A propósito de uma conversa que tive ontem...

A sensualidade não reside de modo algum no ser ou não ser bonito. Certo?
A sensualidade pode muito bem ser um malmequer no cabelo.
Um sorriso espontâneo.
Um olhar malandro.
Umas meias às riscas usadas com orgulho.
Umas calças velhinhas.
Um passar de mãos pelo rosto.
Um caminhar decidido...

Não posso concordar, por isso, que se exija das pessoas a beleza como atributo essencial à sensualidade.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Mais um link para um blog fantástico.
Faço minhas as palavras do senhor Carlos Moura que me fez por lá passar e acrescento, merece bem uma visitinha diária.
Cliquem ali em Fotografias...

Um ano de blog.
Um blog que inicialmente estava programado para ser um fiel depositário de textos mais ou menos «engraçados»; de modo a poder explorar a minha veia humorística - se é que ela existe.

Rapidamente me apercebi que iria ser muito mais do que isso.
Que poderia ser realmente muito mais do que isso.

Já aqui falei de tanta coisa...
Tanta coisa que me aconteceu em apenas doze meses.
Coisas boas, coisas más.
Pessoas boas, todas elas.

Falei de discos, de músicas e de como elas me afectavam.
Falei de filmes.
Falei de banda desenhada, de autores, dos meus herois.
Falei dos meus amigos, sempre com o coração na ponta dos dedos.
Falei de mim, às vezes, e segundo a opinião dos meus amigos, com uma abertura excessiva.
Falei de mudança...
E falei das minhas dores, também.
Das minhas inseguranças, muitas das vezes escondidas atrás de uma metáfora.
Mas falei.
Sempre.
E vou continuar a falar.

Não posso deixar de falar do conforto que sinto quando e sempre que recebo a mensagem que me diz que vocês fizeram mais um comentário no meu blog.
Sabem bem as vossas palavras.
Fazem-me bem.
Continuem desse lado, fazem-me falta.

Daqui a um ano logo vemos onde e como estão as nossas vidas.
Terça-feira, Fevereiro 22, 2005

Ena, ena!
Que emoção!!! O meu primeiro texto no meu blog... e nada para dizer!Mas não se aborreçam, proximamente terão motivos mais do que suficientes para sentir uma vontade irresistível, quase sobrenatural, de visitar este bloguezito.
posted by karmatoon @
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Começava assim há um ano...

terça-feira, fevereiro 21, 2006

A mais importante lição

Ontem, aula de movimento no curso do TUP.
Em jeito de surpresa tivemos uma aula de danças, com uma professora da Academia Contemporânea do Espectáculo.
E digo danças porque fizemos tudo isto (e perdoem-me se estiver mal escrito):
Kizomba, Cu Duro, Funaná, Cha-cha-cha, Hip-Hop e Ragga.
E foi tão, tão bom!
Que enorme desbloqueador de vergonhas.
Que prazer!
Serviu para perceber como o nosso corpo está constantemente bloqueado por preconceitos, limitado por uma timidez perfeitamente injustificada.
Injustificada porque a dança, o movimento de todas as partes do nosso corpo, é alegria, é vida!
E a lição mais importante foi esta:
Seja como for, o que eu quero fazer para o resto da minha vida é isto. É teatro, é dança, é a exploração de formas de expressão.
Seja como for.


É estranho...
É estranho como, a partir do momento em que deixei de escrever palavras de tristeza, de mágoa; palavras para muitos deprimentes... os comentários daqueles que vinham lendo a minha vida acabaram.
Ainda aí estão?


A música da semana.
"Music Whwn The Lights Go Out" dos The Libertines.
Pop fresquinha, dançável, voz de Bowie, arranjos à Beatles.
Contagiante, a enganar o que dizem as palavras.


Is it cruel or kind not to speak my mind
and to lie to you rather than hurt you?
And I'll confess all of of my sins
after several large gins
but still I'll hide from you:
hide what's inside from you.
And alarm bells ring
when you say your heart still sings
when you're with me.
Won't you please forgive me?
But no longer hear the music
Oh no no no no no
And all the memories of the pubs and the clubs
and the drugs and the tubs we shared together,
Will stay with me forever
But all the highs and the lows and the to's and the fro's,
They left me dizzy,
Oh won't you please forgive me
I no longer hear the music
Oh no no no no
Well I no longer hear the music when the lights go out,
Love goes cold in the shades of doubt
The strange fate in my mind is all too clear
Music when the lights come on
The girl I thought I knew has gone,
And with her my heart had disappeared...
Well I no longer hear the music
Oh no no no no no
All the memories of the fights and the nights and the blue lights,
all the kites We flew together,
I thought they'd fly forever
But all the highs and the lows and the to's and the fro's
They left me dizzy,
Oh won't you please forgive me
But no longer hear the music
Oh no no no no noI no longer hear the music when the lights go out
Love goes cold in the shades of doubt
The strange fate in my mind it's all too clear
Music when the lights come on
The girl I thought I knew has gone
With her my heart had disappeared
But no longer hear the music
Oh no no no no no
And no longer hear the music
O quarto e último filme...

Talvez um dos filmes maiores que terei a oportunidade de ver este ano. Já o sabia antes mesmo de o ir ver. Há coisas assim que não se explicam. Sentimentos. Já não assistia a um western assim desde Imperdoável do mestre Clint Eastwood. Um filme que vai direitinho ao estômago, como um murro bem aviado. Que nos incomoda pelos sentimentos com que mexe. Pela honra e pela nobreza, atributos que normalmente nos esquecemos de atribuir a homens duros como os que o filme retrata, que marcam o ritmo da história que nos é contada. Contada por Tommy Lee Jones com uma parcimónia, uma calma e uma mestria raras hoje em dia.É o primeiro filme que este soberbo actor realiza. E que primeiro filme!E que actor! Quase totalmente anulado por um axercício de underacting que chega a ser irritante, que chega a cortar a respiração, que nos faz querer gritar em pleno cinema "por amor de Deus perca a calme e mate-o de uma vez!".Para além disso, conta com um elenco, todo ele em contenção e do qual se destaca obviamente Barry Pepper, um jovem actor que já tinha dado nas vistas em alguns pequenos papéis e que poderá agora ter o merecido destaque. E que justificava desde já a nomeação para o Oscar de melhor actor secundário.Na minha opinião, um actor deve ser assim. Como Barry Pepper neste filme. Andar descalço em cima de pedras, ser arrastado pelo pescoço para dentro de um rio, no limiar do afogamento, gritar, cuspir, chorar, perder a voz. Não me venham com a história de que um actor se deve proteger. Não. Um actor deve dar tudo o que tem dentro dele. Ter este tipo de disponibilidade. Exigir dele o que nunca tinha exigido até então. Pepper fez isso neste The Three Burials Of Melquiades Estrada e o resultado está bem à vista.
Quanto ao filme...
Merece todos os olhares que conseguir. É uma obra-prima!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Passei-me!!!
Este fim de semana fui, nada mais, nada menos, do que quatro vezes ao cinema!
Quase uma overdose...

Vi este, Two For The Money, de pé atrás. Por achar que ia assistir a mais um desenrolar de tiques já habituais do Senhor Al Pacino, que ultimamente mais não tem feito do que passear-se pelos filmes em que participa a meio gás, sem brilho, sem faísca. Mas... enganei-me. Ou melhor, não andei muito longe do meu vaticínio, os tiques de facto estão lá todos, mas o filme acaba por ser interessante o suficiente para nos fazer esquecer de que já vimos este senhor bem melhor do que nos últimos dez anitos de carreira.
Para além disso foi uma oportunidade de rever o trabalhos de dois outros actores que tanto aprecio, Matthew McConaughey e a bela, belíssima, René Russo. E em boa forma, ambos.
Não chorei o dinheirinho...





Este Walk The Line fui vê-lo com um brilhozinho nos olhos. Por admirar a carreira de Johnny Cash e por admirar o homem Johnny Cash.
Desde pequeno que fui sendo atraído para o homem de preto pelas palavras de inúmeros cantores e músicos, dos mais variados sectores do mundo da música, que se diziam imensamente influenciados pelos quase sessenta anos de carreira construídos por este verdadeiro monstro da música norte-americana. Ao mesmo tempo fui desenvolvendo uma simpatia inexplicável pelo homem e pela sua vida. As opiniões eram unânimes. Cash era um bom homem, humilde e com um coração maior do que a vida.
O resto?
O resto é somente a voz mais impressionante que a música viu nascer.
As palavras cantadas no limite do que seria aceitável à época em que foram escritas.
O fugir a uma atitude rock - difícil, para quem acompanhava Elvis Presley e Jerry Lee Lewis nas digressões - em virtude do assumir de uma personalidade puramente country e folk.
Não sou propriamente fá de biopics, por considerar que a dificuldade de condensar uma vida em duas horas de filme acarrete sempre grandes falhas ao nível do enredo que se quer sempre interessante e magnético. este filme não consegue inteiramente fugir a isso. Mas compensa pela entrega dos actores, principalmente de uma Reese Witherspoon simplesmente luminosa. Compensa pela aura de sinceridade que o filme carrega consigo, a sinceridade que marcou a vida de Cash.
E compensa por um momento. Um daqueles momentos que marcam um filme.
Explico.
Logo nos primeiros minutos de Walk The Line, enquanto seguimos a infância difícil de J.R. Cash, damos por nós lado a lado com o miúdo na margem de um rio enquanto ele pesca, à espera do irmão mais velho que - não sabe ainda - nunca vai chegar. E é quando ele olha por cima do ombro para o caminho por onde o irmão devia chegar; quando nós vemos nos olhos da criança um misto inumerável e indescritível de dúvidas, que nos apercebemos de que é daquele tipo de olhar que se fazem os verdadeiros actores. Provavelmente muitos actores adultos e experientes não conseguiriam recriar aquela expressão com facilidade...

Ora...

este Aeon Flux não se me apresentava como uma escolha óbvia. Bem, talvez pela hipótese de hora e meia de divertimento e acção a rodos. Mas no fim nem isso.A história passa-se na última cidade humana do planeta Terra, num já habitual cenário pós-apocalíptico. Normalmente estes ambiente são sempre apresentados como muito artificiais, as referências acabam por ser já clássicas do cinema de ficção científica. Or é precisamente aqui que reside o problema deste filme. A artificialidade é transportada para os personagens, para o argumento e, o pior disso tudo, para as interpretações, ocas e leves demais para nos agarrarem ao ecrã.

Salva-se o único motivo que de facto nos agarra ao ecrã. Aliás, que nos agarra de tal modo que os seguranças tiveram de me «descolar» dele no fim da sessão, tal era a força que eu exercia sobre aquele gigantesco pedaço de tela. Charlize Theron, senhoras e senhores! Charlize... Theron...


sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Mais importantes lições retiradas das minhas aulas no TUP:

As ancas são emoção;

O corpo não pode trair as palavras e as palavras não podem desmentir o corpo;

Agir naturalmente quando nos é pedido, é tão difícil que chega a ser inacreditável.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Mais um link para espreitarem.
Desta feita de um site, o www.bestadsontv.com, onde podem encontrar o que de melhor se vai fazendo em publicidade para televisão (e não só).
E mais, existe uma secção especial onde podem ver anúncios antigos, se preferirem, oldies goldies.
Bora lá!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Mais ódio destilado.

"News today"


Ao ler o jornal "Metro" d'hoje, várias notícias me chamam a atenção.


"Um em cada cinco portugueses sofre de disfunção sexual."
Ok...
A notícia continua dizendo que "para prevenir a disfunção eréctil é preciso pensar na alimentação, sobretudo na gordura no sangue, e evitar o stress". E pergunto eu, serão os redactores deste útil diário - gratuito, ainda por cima - importados de outros países? A gordura é a base da alimentação dos portugueses, meus caros! Stress? É o nosso melhor amigo!!
Já para não falar que os preconceitos religiosos que continuam a prevalecer em muitas cabecinhas portuguesas tiram a tesão a qualquer um...
"Cartoons: CDS-PP interpela Governo"
O partido com os penteados mais ridículos do parlamento vai interpelar o Governo português no caso das caricaturas acerca de Maomé, por achar que "a quebra de solidariedade europeia é um acto da maior seriedade".
Desculpem lá, mas da última vez que estive atento pareceu-me que o partido das camisas às riscas azuis, vermelhas e amarelas era completamente adverso à idéia de uma Europa unida...
"Ourives do Apito Dourado a «arder»"
Esta é muito simples e só possivel de acontecer em Portugal... ou na Serra Leoa.
Leiam bem:
"O Ourives que vendeu as peças que alegadamente eram oferecidas aos àrbitros - no âmbito do processo Apito Dourado - processou o vice-presidente da Câmara de Gondomar por falta de pagamento".
Ou seja, já não se pode confiar num trafulha corrupto...
"Gays de meios rurais vivem em solidão"
Existem gays nos meios rurais?
"À procura de novos desafios
Nuno Lopes conta como foi representar Portugal no Festival de Berlim"
Nada a dizer. Apenas que, na minha singela opinião, é o melhor actor português da actualidade, mais nada! E talvez a melhor coisinha que o herman José fez nos últimos dez anos, lançá-lo.
"Os Arctic Monkeys vêm aí"
E fazem eles muito bem, porque são uma das novas bandas rock mais excitantes do momento. Paradise Garage, 18 de Maio, não percam!

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Aqueles que me conhecem sabem que há poucas coisas que me dão tanto prazer como assobiar.
Algumas pessoas dizem mesmo que o meu assobio é como um instrumento musical, as tontas...
Mas é verdade, adoro assobiar e não me impeço de o fazer em qualquer lado, na rua, nos transportes públicos, enfim, onde quer que não seja um incómodo.

Isto para dizer o seguinte:
Ontem adormeci com a voz de Caetano.
Embalou-me até à inconsciência.
Não sei sequer quem desligou o I-Pod e me tirou os phones dos ouvidos. Já não estava lá...
Um dia ainda deixarei aqui uma declaração de amor a Caetano.
No dia em que tiver a coragem de dedicar palavras minhas a Caetano, deixarei aqui uma declaração do amor que sinto pelas palavras dele, pela sua voz, pela delicadeza que imprime à vida de todos os que o ouvem pelo menos uma vez - embora me pareça esta ser uma tarefa impossivel.

Ontem, antes de cair na doçura de uma inconsciência sonolenta, ainda consegui assobiar uma música de Caetano. Aquela que mais prazer me dá assobiar. A música que ouço agora enquanto escrevo estas linhas.
Esta, de que já aqui deixei a letra completa, e que começa assim:

Minha voz, minha vida
Meu segredo e minha revelação
Minha luz escondida
Minha bússola e minha desorientação

O meu assobio é a minha voz...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006


É o artista do momento.
Chama-se M Ward e é mais um cantautor da estirpe de Ed Harcourt ou Devendra Banhart.
De uma assentada tive acesso a todos os seus àlbuns, inclusive um mini concerto numa estação de rádio, e posso garantir que é tudo boa música, excelente voz e um poder de embalo tão, tão agradável.
A ouvir, claro.
Às vezes sabemos de antemão que vamos sentir uma dorzinha.
Não tem necessariamente de ser uma dor forte, ou insuportável.
Uma dorzinha, perfeitamente localizada, não há erro possivel.
Mesmo assim...
nunca estamos suficientemente à espera dela.
Não de modo a não darmos por ela quando chega.
Porque chega sempre com o impacto de mil cometas.
E doi sempre.
Disfarçamo-la, às vezes com sucesso, mas basta desligar o telefone para não sentirmos mais nada em nós senão aquela dorzinha.
Basta fecharmos a porta de casa para sermos submersos nesse pequenino sofrimento.
Como se caíssemos numa piscina que supostamente não deveria estar lá.
Mas é só uma dorzinha...

Ou não?



Ontem mais uma noite de desbunda!
Desta vez começou no Maus Hábitos, onde actuava o enorme Keb Darge, um dos maiores colecionadores de Funk e Soul do mundo, e que pôde demonstrar isso mesmo, num extraordinário DJ set. Foi a loucura!
Os corpos não conseguiam parar, mesmo visualmente cansados.
E quando temos perante nós um DJ que diz "and now for some real R'n'B. Puff Daddy? Cunt!", sabemos que estamos em boas mãos.

Para além disso era o local com mais mulheres bonitas por metro quadrado do mundo...

domingo, fevereiro 12, 2006

Àguas Furtadas

É uma loja, fica no espaço "Bazaar", alí para os lados da marginal do Porto, perto do famoso viaduto, e tem criações de designer (de moda e não só) portugueses que são um regalo para a vista.
Vale a pena a visita.

O link está aqui ao lado e chama-se "Fabuloso..."
É só um anúncio a uma marca de roupa...
Só?

sábado, fevereiro 11, 2006


É um momento alto de televisão, meus amigos, um momento alto.
Vejam até ao
fim.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Facto:
Um bilião de seres humanos sofrem de fome e sub-nutrição.

Facto:
Diariamente morrem em média 24 mil pessoas de fome, das quais 75% são crianças de idade inferior a cinco anos.

Facto:
Em 1999, um ano economicamente favorável, 31 milhões de americanos - AMERICANOS - sofriam de insegurança alimentar, ou seja, ou não tinham o que comer ou não tinham a certeza onde conseguiriam arranjar a próxima refeição.
12 milhões destes americanos são crianças...

Estes e outros factos podem ser consultados no site www.thehungersite.com, onde têm a hipótese não só de tomar conhecimento do estado deplorável do nosso planeta - espécies em extinção, populações em dificuldades, um qualquer habitat em perigo -, como também contribuir para ajudar uma causa da vossa escolha.

Cliquem lá, não custa MESMO nada.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

At The Hop

Put me in your suitcase
Let me help you pack
'Cause you're never coming back
No, you're never coming back

Cook me in your breakfast
And put me on your plate
'Cause you know I taste great
Yeah, you know I taste great

At the hop, it's greaseball heaven
With candy pants and Archie too

Put me in your dry dream
Or put me in your wet
If you haven't yet
No, if you haven't yet

Light me with your candle
And watch the flames grow high
No, it doesn't have to try
It doesn't have to try

Well, I won't stop all of my pretending
That you'll come home
You'll be coming home, someday soon

Put me in your blue skies
Or put me in your gray
There's gotta be someway
There's gotta be someway

Put me in your tongue tie
Make it hard to say
That you ain't gonna stay
That you ain't gonna stay

Wrap me in your marrow
Stuff me in your bones
Sing a mending moan
A song to bring you home


Devendra Banhart

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Mais uma aqui...


Já repararam no link "A Missão"? Ali, nos links para outros blogues?
Pertence ao Eduardo, um enorme amigo, um guru espiritual do meu grupo de amigos, e que está prestes a partir para as longínquas terras de Àfrica como missionário.
Acho que só poderão encontrar lá os seus textos a partir de Maio, altura em que parte definitivamente, mas acreditem, se bem conheço o Eduardo, vai valer a pena a espera.
E não se deixem assustar pela palavra «missionário».

terça-feira, fevereiro 07, 2006


Eu sei, é o maior post que já publiquei aqui. Mas por favor, comentem-no, não me deixem sozinho com esta angústia.

Já não pensava dar continuidade à polémica «Israel/Palestina» iniciada com um post do Carlos Moura. Na altura dei a minha opinião e pronto!
Teria ficado por ai, não fosse um documentário que tive a sorte de ver ontem, num qualquer canal de cabo. Daqueles, de documentários.
Filmado a correr, por entre tiros, bombas e mortos acabados de morrer. Pela mão corajosa de uma repórter inglesa somos levados pelas ruas e becos da faixa de Gaza. Somos levados a ver atrocidades que nunca veremos no noticiário das nove. Não é suficientemente gráfico, ou violento, para chamar a atenção. Não tem dezenas de mortos aos pedaços, nem litros de sangue espalhados por metros de rua.
O que vi ontem...

O que vi ontem foi isto.
Vi uma pacifista britânica - equipada com um colete reflector, com o símbolo da paz nas costas (irónico) utilizado apenas pelas diversas organizações não-governamentais a operar naquela região - ser esmagada pelas lagartas de um tanque de guerra, modificado para derrubar as barracas onde habitam os palestinianos.
Se calhar merecia-o. Ousou colocar-se à frente do colosso metálico e tentar impedi-lo de executar a tarefa para a qual tão corajosamente tinha sido enviado.


Vi um jovem estudante de fotografia, pertencente à mesma organização, ser baleado na cabeça. E de repente não consigo escrever mais...
Vi-o ser baleado na cabeça, minutos depois de ter entregue a máquina fotográfica a um colega para poder ousar também colocar-se entre as lagartas dos tanques de GUERRA e as barracas dos palestinianos. Vi o buraco da bala que lhe trespassou o cérebro bem marcado na parede, lado a lado com outros buracos de bala. Buracos que, como a repórter britânica fez questão de demonstrar, estavam TODOS à altura da cabeça de um adulto de estatura normal.
Vi médicos palestinianos fazerem os possiveis e os impossiveis para conseguirem transportar o jovem inglês para um hospital em Tel Avive, para poder ser devidamente operado, apenas para poder passar o resto da sua vida como um vegetal. Vi-os a exigirem à embaixada britânica garantias de que podiam transportar o paciente na sua ambulância em segurança, já que é práctica comum os soldados israelitas dispararem rajadas de metralhadora contra esses veículos de «GUERRA». Vi nos olhos de uma colega desse jovem inglês, também ela uma pacifista, o mesmo ódio visceral pelos homens que tentaram EXECUTAR o seu colega que se vê nos olhos dos radicais do Hamas. O desespero...

Vi uma equipa de televisão britânica ser parcialmente assassinada.
Quando deixava um abrigo onde tinha estado a filmar os tanques de GUERRA, enquanto estes se dedicavam a derrubar as barracas onde habitam palestinianos, esta equipa de jornalistas, devidamente identificados com coletes reflectores com a palavra PRESS bem visivel, acenando uma bandeira branca, símbolo da PAZ, dirigiram-se aos mesmos tanques de GUERRA gritando que eram imprensa e para por favor não dispararem... Dispararam. Dispararam três tiros. Um entrou pela garganta do chefe da equipa, outro matou a sua assistente. Isto foi filmado. Eu vi.

Acerca destes... incidentes, uma militar responsável pelas operações israelitas naquela zona disse o seguinte: a primeira pacifista foi esmagada acidentalmente por uma placa de betão que lhe caiu em cima;
O pacifista fotógrafo foi baleado enquanto disparava tiros de metralhadora contra o tanque, não enquanto ajudava duas crianças a esconderem-se por baixo de um carro, como várias testemunhas, jornalistas inclusive, afirmam ter visto;
Os repórteres britânicos foram apanhados entre fogo cruzado...

Mas vi mais.
Vi uma miúda de dez anos ser baleada na cabeça por um sniper israelita em plena sala de aulas. Eu vi o buraco da bala na parede, lado a lado com o sangue da miúda.
Acompanhei a sua familia na primeira visita que lhe fez, ainda no hospital. Vi a alegria nas suas faces quando a viram viva. Mas vi o horror impossivel de conter quando se deram conta de que ficara cega para o resto da sua vida. E pior do que isso, vi a dôr na cara da criança quando lhe deram a saber que aquela escuridão tão estranha e assustadora a acompanharia para sempre. E essa imagem nunca mais me deixará dormir descansado.

Vi o momento em que a repórter inglesa, quando apontava para o buraco da bala na parede da escola, teve de se atirar para o chão, devido a um obuz disparado contra o edifício. UMA ESCOLA!!! Vi as crianças calmamente escondidas debaixo das suas secretárias...

Vi um rasgão numa parede de betão. Um rasgão estranho, pintado a sangue. Foi uma munição de um tanque de GUERRA que o fez. O sangue? Proveniente da cabeça de um jovem de quinze anos que estava escondido na esquina onde começava a parede. O seu crime? Atirar pedras com os seus amigos aos tanques de GUERRA. Conseguem imaginar como ele ficou? O jovem?

Alguém me vai acusar de estar a ser tendencioso, de só ter visto o lado palestiniano da questão. Mentira! Também já vi o lado israelita. Já acompanhei um jovem pai acabado de perder a sua mulher e as duas filhas num ataque terrorista à sua própria casa. Vi o momento em que ele chegou a casa e foi impedido de entrar e de se abraçar aos corpos inertes das pessoas que mais amava, pelo seu próprio irmão.

Eu já vi os dois lados da questão.
E sabem o que vos digo? Esqueçam-se que aquelas pessoas existem. Desistam de procurar uma solução para aquele problema. Não há solução!

Como é que se pede a esta gente, aos seus familiares, para terem calma. "Medidas estão a ser tomadas, vamos sentar e conversar, vamos dialogar". Não há diálogo possivel.
Conseguem imaginar o ódio e a dôr que estas pessoas sentem? Acham que é contornável?
Não! Não é!
Ontem, primeira aula do curso de teatro no TUP.
Primeira importante lição: não sabemos andar descalços e não sabemos andar devagar...

Parece-me significativo.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006



Quando estamos apaixonados adquirimos uma capacidade espantosa de nos apercebermos de que todas as músicas que ouvimos falam de amor.
Da mesma maneira, quando sofremos um desgosto amoroso, todas as músicas nos martirizam com as dores de amor daqueles que as cantam.
Em suma: todas as músicas falam de amor!

Nos próximos quinze dias acho que vou arrumar o I-Pod...
Só para anunciar o novo post no blog dos leitões.
Ou
aqui...

Fool says

Hey,
I ain't never met
anyone like you before.
I thought that all the good ones
were gone.
You're here to tell me I was wrong.

Hey, you ain't never met
a fool like me before.
They told you all romantic fools
had died.
I'm here to tell that they lied.

You can't be allways
right my friend.
Come on and tell me
I got it wrong again.

Hey, I ain't never seen
anything like yhis before.
I thought all the mistery was gone.
You're here to tell me I was wrong.


M Ward

domingo, fevereiro 05, 2006

Inesquecivel noite em Lisboa

A gente sabe que a noite de copos foi em grande quando a nossa amiga - em cuja casa vamos dormir - tenta abrir a porta do prédio com a chave do carro e a melhor coisa de que o namorado se lembra de dizer é "olha, o prédio não pega".


Pois é, mais uma noite de festa em Lisboa com os amigos de sempre. Noite essa, aliás, que começou às duas e meia da tarde, na companhia da Bárbara e do João (grande João) e de uma enorme pizza salvadora.
Que teve continuidade no encontro com o Carlos Moura para mais umas horas de pura loucura criativa em torno de um projecto que, a concretizar, será algo de muito importante para nós, acompanhados por dois gelados de categoria acima da média.
Que teve continuidade no encontro com o André e com a Ana - os do episódio da chave do carro e da porta do prédio - e para o jantar com mais dois amigos, a Silvia e o Nuno.
Que teve a devida continuidade no encontro com a Ritinha querida no bar "Baliza" no bairro alto.
Ou seja, por esta altura eramos já sete, dispostos a fazer da noite de ontem mais uma inesquecivel noite em Lisboa.
E foi.
Porque teve continuidade numa festa promovida também pelo "Baliza" num espaço de queridas memórias para mim, o Grémio Lisbonense. O Grémio é um clube de cavalheiros num prédio no Rossio datado de 1854 onde o meu tio Alex me levava para ver os senhores jogarem à Canasta. Ontem não era noite de cartadas, mas sim de outro tipo de diversão. Mais ruidosa, mas igualmente enriquecedora. Dançar!
Dali seguimos para o habitual "Jamaica" onde nos voltamos a render à força do ritmo.
Até às seis da manhã.
E que teve continuidade numas valentes sandes de ovo mexido, paio e queijo, elaboradas com mestria pelo André, e que souberam como nunca uma sandes de ovo mexido me tinha sabido. Devoradas em frente a uma janela que dá para o nascer do sol mais bonito de Lisboa. Devoradas enquanto a luz do sol empurra a escuridão cada vez mais para cima.
E depois dormir...

sábado, fevereiro 04, 2006

O TUP

Segunda feira que vem, inicio as minhas aulas de teatro no TUP (Teatro Universitário do Porto).

...estou entusiasmado, nervoso, ansioso, mas acima de tudo contente com a perspectiva de aprender com quem sabe.

Vamos lá a ver...

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Desculpem-me os que não gostam que eu preencha o espaço útil do meu blog com palavras de outros, mas palavras destas são para serem partilhadas...

Now That I Know
Now that I know
The way it goes
You've gotta pay back every penny that you owe
Twelve years old
In your mama's clothes
Shut the blinds and lock up every door
And if you hear
Someone's coming near
Just close your eyes and make them disappear now
Years away
Finds me here today
On my own and always on my way now
So I send my friends
Gifts from where i've been
Something for the hand that never there to lend
Better keep those eyes
Climbing paradise
And don't pretend you won't reach it in the end now
Dearest dear
I know you've been here
Why'd you run, tell me why'd you disappear
Now that you're not
Here with me
Seems to be the only time I can see you clearly
I may not know
How to treat or give you what you need
But I am a gentle man who says what he means now
And now I sing
Upon my knees
And praise the kindness of a gentle breeze
I see it swell
Like a story in me to tell
Told years away and past my day of dying
So you raise them up
To have and always have
They're unaware of share or give a hand to help some
Oh you give them away

But they’ll come back to you someday
Wanna know why nobody was ever there to help them
And not it ain’t fair

And if God forbid you care
It’s enough to get you in a whole lot of trouble
Awww realize

It ain’t wise to idealize
Or put your life in the hands of any struggle
Never renounce or ever claim to be

And never buy that freedom just ain’t free now
Ella sang

Sifting in the sand
Like a hymn within to help us understand
Heaven awaits

We’re making our last stand
Glory bound and sparrow in our hand

Devendra Banhart
Estou viciado neste senhor.
David Elsewhere.
O moço da camisola vermelha...

Justiça seja feita...



Fiz tudo muito bem feitinho, menos a parte da divulgação.

Na coluna de links para outros blogues, está lá há já uns dias um novo, que diz "os gorros mais lindos".
Pois bem, são mesmo os gorros mais lindos do mundo, e o blog e a sua responsável bem que merecem a vossa visita.
Cá por mim, já vou encomendar um...

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Ontem deram-me um beijo debaixo do azevinho...

O dia d'hoje

Há 33 anos, neste preciso momento, vim ao mundo meio-morto.
O meu cordão umbilical decidiu ser um dos protagonistas do que deveria ter sido um momento perfeito. Achou que eu estava melhor dentro da minha mãe e enrolou-se à volta do meu pescoço, puxando-me para o conforto de um lar que só era suposto ser meu durante nove meses.

Não respirava quando nasci. O meu coração mal batia. Fui reanimado, assim.
Dessa forma a minha mãe habituou-se a ver-me morto logo desde o primeiro momento em que os olhos dela me admiraram.

E como eu gostava de a ter admirado naquele momento.
Não deve haver momento assim em nenhuma outra altura da nossa vida, pois no meio do pânico e da confusão que é a nossa vinda a um mundo tão frio, tão grande, surgem sempre dois olhos que nos miram com todo o amor, todo o orgulho e carinho.
Dois olhos para nos transmitirem a calma de que necessitamos para sobreviver.

Tenho 33 anos.
E neste preciso momento sinto a falta de dois olhos que me possam dizer "shhh, tem calma, vem cá"...

O dia d'ontem

Não foi grande coisa, o dia d'ontem.

Passei a manhã enfiado na Loja do Cidadão, um lugar sempre divertido e garantia de umas horas bens passadas.
A tarde, essa, foi passada na sala de espera das consultas de ortopedia do Hospital de S. João. Hospital de S. João onde fiquei a saber, definitivamente, que o meu braço esquerdo - o tal que parti nesse acidente de que já aqui falei - nunca mais voltará a ser o mesmo. As mazelas de que padece desde esse fatidico acontecimento vão acompanhar-me para o resto da minha vida. Não há nada a fazer.

O regresso a casa foi estranho porque... não foi para casa que regressei.
Durante quase ano e meio, a rotina do regresso do hospital ditava que seria sempre o mesmo autocarro, sempre as mesmas pessoas, sempre a mesma paragem em frente ao Supermercado "Dia". Ontem não foi assim...
Ontem, pela primeira vez, não saí nessa paragem. E foi uma sensação tão estranha. A minha mãe, que me fez companhia, apercebeu-se do misto de dor e confusão que se apoderou de mim e chorou... por mim.

De súbito, no meio de tanto casaco cinzento ou azul escuro; no meio de tanto semblante carregado e mal-disposto: no meio de tanto cinzentismo, um oásis.
Um casal de namorados, com 16, 17 anos, não mais, viajava num espaço só seu. Apaixonados, coloridos, sozinhos, como se não houvesse mais nenhuma alma naquele autocarro.
Beijaram-se, abraçaram-se com a força de mil braços, acomodaram-se um no outro.
Ela, bem mais pequena do que ele, apertou o seu corpo minúsculo contra o dele e encostou a sua cara no seu peito. E foi nesse momento, ao vê-la ali abrigada no amor dele, confortável como mais ninguém naquele autocarro, que me apercebi de que é tão bela a face do amor. De que é tão bela a face de quem ama. Do quanto é bela e pacifica a face de quem acredita que aquele peito será seu para todo o sempre; de quem acredita que poderá repousar a sua face naquele corpo forte e sonhar para o resto da vida.
E posso jurar que os olhos dela se humedeceram...

E invejei-os.
Mas de repente o meu dia valeu bem a pena.