kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

segunda-feira, julho 31, 2006

Karmabox - Edição Especial

Etiquetas:

A História De Aurélio, o Velho Aspirador


Aurélio era um velho e desgastado Aspirador,
que aspirava, mais que tudo, a ser correspondido pelo seu amor.
Uma bela e brilhante Saboneteira chamada Margarida,
cheirosa como a Primavera no Inverno da sua vida.

Aurélio fazia tudo para chamar a sua atenção,
aspirava com redobrada energia, pó, cabelos e cotão.
Tentava assim dar nas vistas, deixando tudo limpo e brilhante.
À noite sonhava com ela e imaginava-se o seu cavaleiro galante.

Observava-a noite e dia, achava-a tão bonita,
contava os seus sonhos ao Bidé e pedia conselhos à Sanita.
Intrigava-se, por ela estar sempre sozinha, sempre tão distante,
e no seu peito morava um amo-te, dito assim, de rompante.

Devorava filmes românticos e com eles aprendia o que fazer:
como a ela se dirigir, como se vestir, uma prenda, o que lhe dizer.
Queria arrebatá-la daquela parede, correr mundo e com ela ficar,
cheirá-la, amá-la, dar-lhe todo o carinho que o seu saco podia carregar.

Até ao dia em que, ó desgraça, o seu saco se encheu da mais negra escuridão,
quando a viu com o seu verdadeiro amor, um sabonete com aroma de limão.
Era ele afinal o seu amante, a ele pertencia o coração de Margarida.
Louco de ciúme, uivando de dor, decidiu sem pensar, pôr termo à sua vida.

Durante horas aspirou tudo o que encontrou, cinza, terra e maçãs com bolor,
indiferente aos gritos da Sanita, que lhe pedia não o faças, por favor!!!
Por fim o seu saco, outrora cheio de amor, cheio de lixo rebentou,
e Aurélio num último suspiro sussurrou Margarida, e uma lágrima derramou...

Dizem que naquele momento Margaria perdeu todo o seu brilho, a sua beleza.
Ficou baça, manchada e cinzenta, sem a frescura e o aroma da natureza.
Afinal a Saboneteira, em segredo, amava o velho Aspirador e com ele queria ficar.
Para toda a vida perfumá-lo, dar-lhe mil beijinhos e nas suas costas passear.

Karmabox - Música do Dia

Etiquetas:

Tive um acordar magnifico.
Acordei com a memória de ter adormecido em carinho.
Em paz.
Já há muito não tinha um adormecer assim, tão bom, tão confiante.

E é sempre maravilhoso correr as ruas do Porto ao amanhecer.
O barulho dos manipulos dos moinhos de café faz-me sempre lembrar do início de qualquer coisa. Neste caso, do início de mais um dia.
E já não me lembrava de uma manhã me saber tão bem.

E quando liguei o I-Pod o que ouvi, e me fez companhia nos primeiros passos da manhã, foi isto...

sábado, julho 29, 2006

Alguém me perguntou hoje numa canção se eu acredito em amor à primeira vista...

A resposta foi fácil; não acredito noutro tipo de amor.

sexta-feira, julho 28, 2006



Não perguntem...
Mas ontem estive a recuperar algumas fotos perdidas e ao ver esta pensei em quantas noites teriam acabado assim, em perfeito nonsense...
Seja como for, sou eu e o Zé no Parque das nações, ele com dois candeeiros e eu com um tapete à cabeça, tudo marroquino.
Safa!!

quinta-feira, julho 27, 2006

O Barraco

Já aqui falei tantas vezes deste barraco...
São aqui, as melhores noites do mundo.
É um barraco que não chega aos dez metros quadrados, mas que contém tanta coisa.
Boa música, boa energia, bom tudo.
Quem lá vai fica fã, irremediavelmente.
O ambiente, esse famoso ambiente de que tanto falo...
é mais ou menos este, ouçam-no.

Karmabox with a view- Video do dia

Chamam-se Hot Chip, são o maior bando de nerds que já vi na vida, mas fazem música para dançar da que não nos deixa qualquer hipótese.
E têm um vídeo bem marado...



Desculpem, mas não consigo deixar de vos mostrar o segundo vídeo deles...

Etiquetas:

Karmabox - Música do Dia

Etiquetas:

Saudade - do ant. soedade, soidade, suidade < Lat. solitate, com influência de saudar

s. f.,
lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir;
pesar pela ausência de alguém que nos é querido;
nostalgia;


quarta-feira, julho 26, 2006

Cântico Negro

A querida Patricia, penso que na tentativa de me animar desta sombra que me cobre hoje, decidiu enviar-me esta obra prima da escrita portuguesa.
Eu compreendo a intenção, minha querida, mas as palavras que mais facilmente permanecem na minha cabeça depois de o ter lido e relido são Eu amo o Longe e a Miragem.
E nem imaginas como foi irónico enviares-me este poema, de todos os poemas...


"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!

Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí.

José Régio

Karmabox - Música do Dia



E para dias baralhados, música simples.



Etiquetas:



Hoje é um dia baralhado.
Muita coisa na cabeça.
Decisões, pensar se as devo ou não tomar, pensar nas que tenho mesmo de tomar; decisões relacionadas com pessoas, com burocracias, com atitudes, com o modo de fazer as coisas, de levar a minha vida.
Fantasmas que regressam, bloqueios que afinal ainda bloqueiam, reaprender a andar, e andar para trás um bocadinho.
Dinheiro, ou a falta dele, incertezas, inseguranças e desnorte.
Ando há demasiado tempo a deixar-me andar (passo a redundância).
Achei que o podia fazer, saltando de pico bom para pico bom, tentando não olhar para baixo, para o chão que os separa. Burrice. É como nos filmes, os que olham para baixo são os primeiros a cair.

No meio disto tudo...
coisas boas, como praia ao finzinho do dia, com direito a chuveirada, cama de rede no jardim, maçãs descascadas e tudo, comidinhas boas como o arroz de tomate divinal que a Cris fez ontem e que deu para comer até ficar mal disposto, o voltar ás noites loucas do barraco, que servem como a melhor terapia do mundo, carinho, miminhos e sono confortável, embora curtinho.

A imagem cada vez mais nitida das férias que se avizinham. Hoje dei-me conta de que em dez anos de trabalho nunca, como agora, precisei tanto de férias. O fisico tem limites, e a mente ainda mais. Preciso de parar de pensar, só por um bocado.
Deixem-me ser totalmente irresponsável por três semanas, não mais.

O jantar de despedida de uma amiga que vai para o estrangeiro trabalhar, logo à noite no Zé Bota com a malta do TUP. Parece que vão quase todos, o que garante à partida uma noite animada. Uma noite de memórias, desta vez, boas.

E mais...
um fim de semana, o próximo, que me vai obrigar a pensar nisto tudo. Um fim de semana com demasiado espaço livre; com uma área ampla demais para que eu me possa esconder de todos estes assuntos.

Refugio-me nos amigos? Enfio-me numa sala de cinema? Escondo-me no sono que me tem faltado?

terça-feira, julho 25, 2006



Mas haverá alguém que não goste disto?
Haverá alguém que fique indiferente a este vozeirão?
E os sopros, tão bem arranjadinhos que estão?
E a maneira como a melodia entra literalmente por debaixo da pele, naquele que deve ser o queficiente mellow mais elevado da história da música?

Senhoras e senhores, o Senhor Francis...



E cantem, também!

I've got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart, that you're really a part of me
I've got you under my skin

I've tried so not to give in
I've said to myself this affair never will go so well
But why should I try to resist, when baby will I know than well
That I've got you under my skin

I'd sacrifice anything come what might
For the sake of having you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear

Don't you know you fool, you never can win
Use your mentality, wake up to reality
But each time I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin
cause I've got you under my skin
Era uma vez o Homem Que Estava.
Vivia num muro, no Jardim Que Miava.
Dos anos que passara ali já não havia memória,
mas todos pareciam saber da sua triste história.

Era a história de um coração magoado, partido,
pela força de uma paixão que o havia esquecido.
Desde então vivia ali, no seu muro sentado,
onde passava os dias pensativo, tranquilo e calado.

Como pôde a paixão, do meu coração se esquecer?
perguntava-se todos os dias, sem nunca saber responder.
Pois tinha sido essa, e nenhuma outra razão,
a causa daquele sufoco, aquele aperto no coração.

E desta maneira ali estava o Homem Que Estava.

Alimentava os passarinhos e com as crianças conversava.
Era magro e muito alto, altivo e elegante,
sempre bem ataviado e muito bem falante.

Tinha começado a gostar deste seu modo de vida,
do muro, da tristeza e até daquela profunda ferida.
Tinha mesmo feito amigos, camaradas e companheiros.
A Senhora Dos Pombos, o Homem Que Acenava, os carteiros.

Perdia-se em conversas com o Abandonado Vestido Preto,
ria-se e dançava com as Esquecidas Cadeiras Do Coreto.
Soprou as velas no seu bolo, na festa no muro que o Chorão organizou,
e onde pela Sombrinha Abandonada perdidamente se apaixonou...

Iluminou-se aquele muro, como nunca nenhum lampião naquele Jardim.
O Noivo Deixado, habitante mais antigo, jurava jamais ter visto luz assim.
Homem e Sombrinha eram um regalo para a vista, uma visão de beleza,
a prova viva de que o amor pode renascer, mesmo da dor e da tristeza.

E a luz, que parecia seguir os dois amantes para todo o lado,
aquecia o jardim e todos os que nele se tinham apaixonado.
Era a luz de um coração, outrora triste e dorido,
que batia agora forte e da dor do esquecimento se tinha...
esquecido.

Karmabox - Música do dia

Etiquetas:

segunda-feira, julho 24, 2006

Karmabox - Música do dia

Etiquetas:

O concerto do ano?
Talvez, mas confesso-me suspeito para afirmar isso.
O que posso assegurar, sem qualquer risco de estar a ser tendencioso, é que foi um senhor concerto, com todos os ingredientes do que um concerto rock deve ser. Energia transbordante, músicas rápidas mas de uma intensidade arrepiante, um público completamente rendido - aliás rendido com horas de antecedência, a ponto do vocalista, Julian Casablancas, gritar que, pelo que tinha visto no sound check, berrar dizer qualquer coisa que aquelas pessoas reagiriam sempre com o mesmo entusiasmo - e um estado de espirito dos músicos em palco totalmente contagiante. Talves o facto de ter sido este o último espectáculo da tournée possa explicar tanta entrega, tanta simpatia.
Momentos altos...
É difícil defini-los, mas a julgar pela reacção do público, acho que estes dois servem na perfeição.








"Autumn's child
You sweet young thing..."


Foste a minha criança de Outono.
Uma doce criança no Outono.
E desde que me levaste a ver a lua, uma lua cheia que não podia ser desperdiçada, nada, nunca mais, deixou de fazer sentido.
A minha doce criança.
Num Outono que nunca esquecerei.

sexta-feira, julho 21, 2006

E por isso mesmo, esta será a musiquinha do dia.


Amanhã à noite...
Amanhã à noite vou viver um momento já há muito aguardado. Para a maioria tudo isto será um enorme exagero, mas a verdade é que já há uns bons anos que aguardava a vinda dos The Strokes a Portugal. Já aqui disse, é uma das minhas bandas/carreiras favoritas. Música rock com energia para pular e dançar. Se alguém cuja opinião respeito enormemente me ensinou que são duas das coisas mais importantes na vida - pular e dançar - então
a minha admiração pelos rapazes de Nova Iorque é amplamente justificada. Para além disso vou na companhia de pessoas que partilham desta histeria musical. Seremos assim a modos que um mini clube de fãs. Mini, mas muito barulhentos!! Já tenho as calças de ganga e as All-Stars mais sujinhas e rasgadas que possuo a postos para a ocasião. Serão a minha farda oficial de gala. Amanhã à
noite não há tristeza. Garantido!

quinta-feira, julho 20, 2006

Sou um tipo sossegado, nunca dei problemas à minha mãe que não se lembra sequer de me ter visto algum dia acordar mal disposto ou rabugento.
Uso sempre "se faz favor", "desculpe", "não se importa", "não faz mal" e "obrigado", nunca exijo, reclamo ou barafusto, embora não permita que me passem à frente na fila do supermercado.
Não gosto de má educação, mas sou irritável. E sou irritável mas nunca sou mal educado.
Aprecio mulheres bonitas e homens bonitos, mas acima de tudo interessam-me as suas feições, não me perguntem porquê, mas posso ir a um psicólogo em busca da resposta.
Não gosto de, nem confio nos psicólogos. Aliás nem percebo muito bem a sua utilidade e nunca lhes darei dinheiro a ganhar. Gosto da palavra psiquiatra, no entanto.
Adoro mamas, rabos, e de sexos mais ou menos rapados, pouco importa. Mas gosto ainda mais de pescoços, pés, mãos e umbigos. Acho o pénis uma parte bonita do corpo do homem (se for bonita) e odeio as mulheres que dizem que nojo quando a ele se referem.
Adoro estrias...
Adoro que me desapertem as calças - não há nada que me excite mais - menos quando estou desmaiado e precisam de me levar para cama, porque depois não me lembro de que o fizeram.
Masturbo-me sempre no chuveiro e sempre com a mão direita, e nunca entendi aquela anedota que diz que os caixas d'óculos estão sempre a puxar os óculos para cima quando o fazem. Nunca precisei de me masturbar com os óculos postos...
Bebo demasiada Coca-Cola, e menos leite do que costumava beber, adoro água, natural, nunca fresca, banhos quentes no Verão e frios no Inverno, embora não tenha coragem para o fazer realmente.
Acredito piamente que o Tarzan foi o primeiro super-herói gay da história da BD, embora adorasse as tardes de Domingo passadas a vê-lo na sua tanguinha ridícula, enquanto me empanturrava de salada de fruta com iogurte e flocos de Nestum de mel.
Adoro calçado, sou viciado em calçado, mas nada me dá mais prazer do que andar descalço.
Faço nudismo sempre que posso e acho que há poucas coisas tão libertadoras quanto nadar nu.
Choro convulsivamente sempre que ouço ópera.
Rio-me convulsivamente sempre que vejo seja o que for com o John Cleese.
E irrito-me até à cólera quando me falam nos valores da democracia como se isso fosse a salvação da humanidade.
Zango-me com touradas, caça à raposa e tiro aos pombos, mas divirto-me a ver as claques do futebol à pedrada e ao pontapé.
Nada me faz mais confusão do que ver um policia a fumar em serviço. Aliás, há poucas coisas que me fazem mais confusão do que um policia.
Adoro polvo, choco e lula, mas infelizmente gosto mais deles no prato.
Nunca mijo no tampo da sanita e lavo sempre a banheira quando acabo de tomar banho, mas acho desnecessário fazer a cama ou passar a roupa a ferro.
Ouço música alto mas não gosto que me gritem.
Gosto de ler mas prefiro escrever.
Vejo o programa da Oprah porque não há pessoa no mundo que me irrite mais e mais rapidamente.
Não vejo o da Martha Stewart porque ela tem um ar diabólico.
Gosto de decoração, moda e culinária, mas detesto jardinagem, cozer botões e fazer arroz.
Detesto ingleses, mas não há nada mais delicioso do que chá e biscoitos.
Gosto de soltar a imaginação e deixá-la sair naturalmente, mas fico tão frustrado quando me apercebo de que a imaginação acabou...





Os amigos são para estas coisas, parece-me...
Em conversa com o bom André, partilhava algumas dúvidas que me perseguem.
O pedido de opinião foi natural, saiu-me. Dizia-me ele não tenho os dados todos em meu poder. E de facto não tinha. Há coisas que nem sempre contamos com facilidade.
Mesmo assim, e perante a minha insistência, disparou uma opinião que acabou com as dúvidas todas de uma forma incrivel. Como se essas dúvidas fossem peças soltas na minha cabeça à espera de uma maior onde pudessem encaixar.
E encaixaram na perfeição.
Para além disso, foi uma das coisas mais bonitas que me disseram até hoje.
Acho que é mesmo isto, ser-se amigo. Mesmo sem saber todos os detalhes, mesmo sem saber de tudo, tudo, tudo, disse-me o que eu precisava de ouvir sem ambos sabermos.
Abanou-me como eu precisava há muito.
Amigo André, a partir de hoje foste promovido à categoria de Amigo-Guru 3º escalão, ok?

Resultados da noite fantástica no barraco do Zé e da Cris

Óptimos resultados, como não podia deixar de ser.

A barriga empanturrada com bacalhau - que acabou por não ser cozido com grão, mas gratinado com batatas e cebola e pimento.

Descobertas musicais de qualidade, como a versão original de Tainted Love, por Gloria Jones, e que é a música do dia;
o álbum novo de M Ward;
uma versão da música da moça Aguillera, Beautiful, da responsabilidade dos Clem Snide;
a descoberta de um projecto nada mainstream, mas que poderia bem ser a nova coqueluche pop escandinava, os Teddybears Stocholm;
uma canção, To All Of You, belíssima, de Syd Matters;
o novo trabalho de Regina Spektor, de onde destaco, desde já, On The Radio e Hotel Song;
e a música do ano (sei de uma certa menina que me vai gozar por dizer isto): um single dos rapazes Strokes, lado B, não constante de nenhum álbum, chamado Hawaii e que não só é uma das melhors dos moços de NY, como é mesmo a melhor música do ano... até ver.

Rir até perder o ar e até as lágrimas me rolarem cara abaixo.


Receber um olhar que me matou, completamente. Foram dois segundinhos, se calhar menos.

Grande noite, a de ontem.

Karmabox - A música do dia


Agora é só uma por dia, para acalmar os criticos deste blog (que é sempre o mesmo, basicamente, cara*** do brasileiro).
Esta é a original, e é demais!!!


Etiquetas:

E é chegado, pois, o grande dia! O dia do grande salto.
Hoje, de acordo com os «especialistas» que planearam e puseram em marcha este enorme evento, 600 milhões de seres humanos deverão dar um gigantesco e colectivo salto. Desta forma a terra sofrerá um desvio na sua órbita e a vida passará a ser imediatamente melhor qualquer coisinha.
Os responsáveis alertam ainda para a inutilidade do salto caso seja este executado em apartamentos. A técnica terá de ser perfeitamente executada na rua, não há volta a dar...

Querem saber a minha opinião?
Tenho cá para mim que isto tudo surgiu de uma forma muito menos científica do que poderiamos ser levados a pensar.
Parece que estou a ver uma roda de amigos em torno de uma fogueira numa qualquer praia à noite, muito bem bebidos e ainda melhor charrados. A dada altura, do meio do silêncio, há sempre um que tem uma idéia brilhante, do género "men, sabes o que era muito louco?"...

Seja como for, ás 11.39, hora de Portugal, vou dar o meu saltinho. Não vá esta coisa resultar... Não queria ficar com a sensação de que poderia ter feito parte de uma coisa realmente em grande.

Já agora, não poderiam ter negociado esta coisa com os chineses e só saltavam eles? Era giro ver onde a terra ia parar caso a força fosse efectuada só de um lado do planeta.

quarta-feira, julho 19, 2006

São 20.50, acabei de tomar um belo banhinho de mar. 45 minutos dentro deágua,para ser mais preciso.
Na companhia do Zé Carlos e de um belíssimo fim de tarde.
Duche, meia hora na rede no jardim, música da melhor, bacalhau com grão na cozinha e a sensação de que não há mal nenhum no mundo que me possa afectar.
E sinto-me feliz.

Karmabox

Desta feita, músicas associadas a pessoas.
Se preferirem, dedicadas a pessoas...



Para a querida, querida Ana


Maria João


Sr. Carlos Moura


Cris, minha piquena


E Zé, meu piqueno


Esta também é dedicada...
Não sei - acho que ninguém o sabe - o que ele lhe disse ao ouvido no final do filme, mas tenho a certeza de que gostava de te dizer o mesmo.



As restantes são para v ocês ouvirem enquanto aturam os vossos patrões, enquanto olham pela janela e pensam que bem melhor estariam em casa, na praia, ou a fazer uma de milhões de coisas mais interessantes.
Mandem sugestões, por favor. Nem imaginam como é importante...


Aquela dorzinha ainda se mantém por cá, mas desta vez vou-vos dar música mais animada, prometo.



















Etiquetas:

terça-feira, julho 18, 2006

Ouçam e comparem as diferenças...





Karmabox









Etiquetas:

As primeiras cinco











Novidade no blog:
a partir de hoje têm musiquinhas à vossa disposição.

Serão, na medida do possivel, concordantes com este estado de espirito tão irregular e incerto que me caracteriza.
Será assim... uma espécie de Jukebox com ligação directa ao meu coração (segunda vez que sou ridiculamente enjoativo neste blog).

Já sabem desta paranóia de dar música a ouvir aos outros, não já?
Mas pensem assim, se no vosso emprego têm de gramar com a Renascença ou, pior, Rádio Cidade, esta será a vossa oportunidade de, pelo menos, terem acesso a alguma alternativa sonora.
Garanto-vos, não faltarão músicas para poderem espreitar.

Esta, para já, podem considerá-la como a número zero. Já aqui falei dela o suficiente para perceberem porque foi a primeira escolhida.
A seguir virá a primeira oficial.

Cliquem lá na caixinha...






Hoje é um dia de tristeza.
Sinto-o no estômago.
Como quando era aula de entrega dos testes, lembram-se?

Algo que escrevi no dia 15 de Janeiro...



Não sei como dizê-lo...
Mas também começo sempre por nunca saber como o dizer.
A principio as palavras não assumem logo a forma com que gostavam de ficar.

Dispo-as, volto a vestí-las...
Não sei nunca como começar a falar dela.
Por achar que não devo.
Por julgar saber que não gosta que o faça.
Por não saber, com a certeza absoluta...
Não sei nunca o que dela dizer.
Não saberia por onde começar, sequer.
Não consigo organizar o seu filme na minha cabeça, de modo a conseguir contá-lo sem falhar um único fotograma. Gostava de ser Neruda, esse nunca engasgava de certo.
Mesmo que não sentisse pelas suas «elas» o que eu sinto pela minha;
mesmo que não fosse inteiramente sincero, as suas palavras eram sempre tão bonitas.
Gostava de ser DeMille.
Sem ele Elizabeth Taylor nunca teria sido Cleópatra.
Nunca teria sido tão bela, pois foi ele quem a imortalizou.
Queria ser Bresson e conseguir imprimir as imagens que tenho dela com a mesma beleza cristalina com que o mestre retratou Paris.
Queria tanta coisa que de repente me esqueci de parar de correr.
Queria tanto tanta coisa.
Odeio esta memória que para me castigar só é fotográfica quando eu mais me queria esquecer. Quando o que eu mais queria era manter a imagem geral e esquecer-me dos pequenos pormenores.
Os pequenos pormenores que moldaram este sentimento à sua imagem e fizeram dele algo tão imenso. Não sei como começar a dizê-lo...
e nunca sei como parar de o fazer.

segunda-feira, julho 17, 2006

O mês passado escrevi este texto.
Este fim de semana senti-o.
Senti-o num gesto.
Senti-o numa carícia inesperada.
Uma que me fez bater o coração descompassadamente de um segundo para o outro.
A caricia mais bela que alguma vez me fizeram...
Há minutos, enquanto ouvia a canção publicada com o tal texto, senti as palavras de Björk, repetidas quase até ao sufoco, she loves him, she loves him, she loves him, e não contive a comoção.
Lá vem este exagerado, dirão alguns.
Não me importo, foi um momento do qual nunca me esquecerei.
E vou passar a ouvir esta música mais vezes.
Porque o momento, esse, será sempre aquele, congelado no tempo, único, irrepetivel, guardado no meu coração.

A Verdadeira História da Menina do Mar

Ontem conheci a verdadeira menina do mar, linda, pequenina, a correr e a saltar.
Estava eu com a água pelas canelas, fria, gelada, com os dentes a tremer - fazendo-me passar por valente, mais alto e mais forte do que todos os outros -, quando ela passou por mim a cem à hora, aos saltos, pinchos, aos gritos e a rir a bom rir.
Cada onda que lhe batia de chapão fazia-a soltar mais um gritinho, mais uma gargalhada sincera.
Juro-vos que nunca tinha visto tamanha alegria. Nunca antes tinha presenciado tão belo espectáculo. Pois não é a alegria sincera e infantil a mais bonita e contagiante de todas?
Para aquela menina não havia mais ninguém naquela praia. Ou será que ela via toda a gente lá presente como seus amigos do coração?
O que sei com certeza é que aquela menina é amiga do mar e o mar seu conselheiro e protector. Falaram-se ao ouvido, dizendo segredos só deles, que mais ninguém podia nem tinha o direito de ouvir. São os melhores amigos do mundo, e como amigos que são, acarinham-se sem ligar patavina ao mundo ao seu redor.
Adorei conhecer a menina do mar. Inspirou-me e comoveu-me com tanta alegria e beleza.
Tenho de voltar àquela praia e desejar com todas as forças que ela lá esteja.
Talvez me ensine a mergulhar de chapão
Ela mais o seu mar.

O fim de semana...



Sexta...
nada de especial a assinalar.
Jantar de shoping com a mãe Lena e o Joel, gémeo de terrivel mas bom feitio e a querida Helena, amiga dele.
Filme de terror manhoso e mau, calor, muito calor, e soninho reconfortante.

Sábado...
acordar preguiçoso, mas cheio de idéias «mazinhas» e imediatamente postas em práctica. Foi um bom acordar.
A seguir, esplanada de praia com amigos de amigos. É bom sentir empatia com estas pessoas que mal conheço. Pode não ser empatia da profunda - não tem nunca que o ser - mas é um sentimento bom, este de integração.
Ainda houve tempo para reencontrar pessoas mais antigas, uma que sabe reagir e me acarinha, outra que prefere não me ver...
De seguida praia: mar, calor e solinho bom.
à noite jantar no italiano, Mozzarella com tomate, ou, no meu caso, e por força das circunstâncias, só tomate. Estava bem bom...
Conversa azeda. Conversa desnecessária e estupidamente azeda. Perdemos demasiado tempo com coisas tão inúteis; coisas que não avançam nem recuam, ficam lá, paradas. E perdemos tempo com elas...
Bendita a capacidade de recuperar destas conversas.
Fim de noite no piolho, com o Xico e a Vera. Foi boa e disparatada a conversa, como todas as conversas de fim de noite devem ser, digo eu.
Adormecer difícil, lento, mas muito doce. Como uma música que conheço, Want do senhor Rufus, tão docinha. Puro mel, adormecer assim. A certa altura ocorreu-me que seria bom passar o resto dos dias a adormecer assim. Como se fosse uma maldição. O inferno é isso, não é? Uma eternidade de castigo e sofrimento. E se fosse uma eternidade de doçura? Uma eterna canção de embalar de carinho.

Domingo...
o acordar mais bonito de que tenho memória. Paz. Tanta paz. Beleza. Abrir os olhos e ver beleza assim. Beleza infantil, pura e em paz.
E calor, tanto, tanto calor. Sempre este calor insuportável, que nunca nos larga.
Saída para a praia novamente, em busca de belos banhos de mar.
Muito tempo passado dentro de água. No vai e vem do mar, as memórias começaram a assaltar-me. Memórias boas, muito boas; memórias más terrivelmente más e dolorosas. Decisões, dúvidas, certezas, ou a idéia de que se está certo, pessoas, coisas, acontecimentos, dias e minutos. De tal forma que dou por mim completamente imóvel no meio de tanto mar e a pensar porque é que o homem é um ser pensante?.
Belos banhos de mar depois, o regresso a casa para, de corrida, ir a casa do Xico e da Vera jantar. Cinema, ver o Cars. Desilusãozita. De longe o pior filme saído da Pixar. Talvez isso explique o porquê de seis anos de atraso na estréia deste filme. Foi uma sessão de cinema incompleta, no entanto. A companhia era, como sempre é, preciosa, mas...
Mais conversas azedas, desta vez de forma indirecta, mas que afectam sempre.
E mais um fim de noite carinhoso e generoso. O adormecer foi ainda mais difícil e atribulado. Muito calor, outra vez. E barulho nos telhados, e barriguinhas que dão problemas...
Duas horas de sono depois, levantar-me a custo, pelas mais diversas e não tão óbvias razões, e quase sem dar por isso, estar novamente aqui enfiado a escrever no meu blog.

Conclusões:
Bebi muita Coca-Cola, este fim de semana. Alimentei-me mal. Fumei demasiado. Tenho coisas na minha cabeça que necessitam de esclarecimento. Necessitam que eu as esclareça, de uma forma ou de outra. No meio de um tão bom e confortável fim de semana, lembrei-me de que tenho demasiadas pontas soltas na minha vida e que estou farto delas. Muito!

Mas foi um bom fim de semana, muito bom. Já há muito que não sentia assim um fim de semana.
Já aqui disse uma vez, não consigo passar sem carinho. E agora redescubro o prazer do carinho associado a outros vontades, outros sentimentos.
Foi um bom fim de semana.

E são 11.37 e já bebi mais de um litro de água. Hoje acho que chego aos quatro litros...
E tenho saudades.

sexta-feira, julho 14, 2006


Ontem à noite fui tomar um café - engraçada esta mania de chamarmos "café" a conversas que duram horas, que se estendem pela noite dentro, saiem do espaço-café, e que muitas das vezes nem envolvem essa bebida, o café - com a querida Silvia. Foi uma noite bem passada, não haja dúvida. Foram conversas boas.
Venham mais.

Depois, o pãozinho do turco da praxe - deste turco falarei aqui um dia.

O sono...
Desta vez o cão sem nome dos mesmos telhados dos gatinhos resolveu dar descanso a quem dorme.
E voltou a ser uma noite confortável, de apenas três horas de sono, com um calor verdadeiramente infernal, mas confortável.
E depois o despertar tudo compensa. Compensa sempre.
E hoje com um pormenor absolutamente delicioso e de que falarei aqui noutra circunstância - e, como de costume, disfarçadamente.

O fim de semana vai ser bom.
Já sei isso.

Regras para cumprir este fim de semana:
Recuperar Natasha do Rufus Wainright;
ouvir até à exaustão Gogol Bordello, música dos balcãs (alô Henrique) para saltar e dançar até esgotar;
jantar com a minha mãe hoje à noite. Acho que a vou levar a comer fora, já está a merecer.
Praia, sol, mar frio e música, muita música;
Yôga no parque;
mais música, por exemplo, The Beautiful Girls;
gatinhos no telhado, ronronar em casa, dormir e sonhar com as férias que se aproximam, sonhar com beijos pequeninos, almoçar chocos grelhados (bora?);
ser feliz, este fim de semana...
acho que não vai ser difícil.

quinta-feira, julho 13, 2006

E não me posso mesmo ir embora sem mencionar a recuperação da semana.
Música perfeita para ouvir nestes dias tórridos e molengões.
Four Calendar Café dos antiguinhos Cocteau Twins.
Já não ouvia este disco há uns bons dez anos.
Pequena maravilha...

Antes que me esqueça...

Obrigado cãozinho sem nome dos mesmos telhados dos gatinhos, por me teres dado, esta noite, a oportunidade de assistir a um dos momentos mais queridos de que me recordo.
Obrigado.
Um dia destes levo-te um osso, certo?
Não me perguntem porquê, mas hoje estou para escrever.
Nem sei se por estar bem ou mal disposto, mas o que sei é isto:
todos que por aqui passam já se devem ter apercebido de que como a música é importante na minha vida. Provavelmente a coisa mais importante na minha vida.
Para perceberem como ela me influencia e me altera o estado de espirito, coloco aqui um videozinho de outra canção que muito prazer me dá assobiar, Cigarettes And Chocolate Milk, do Rufus Wainright - Rufinhos para os amigos.
E funciona assim: aos primeiros acordes desta singela cançoneta, o meu coração ri, literalmente.
E pronto, por quatro minutinhos a vida corre-me bem melhor.

Simples, não é?


Alice (cont.)



Agora fico sempre ao teu lado quando dormes, e tu nem te apercebes de que estou ali.
É difícil habituar-me a isso e é uma dor enorme. Como levar uma pancada na cabeça com um ferro: dói e deixa-me zonzo, desorientado.
Mas não me importo. Passo as noites sentado ao teu lado.
Dormes como os bebés. Sempre foi assim.
Tens um sono despreocupado, e o teu corpo reflecte isso nas formas que assume no lençol.
E o teu respirar é profundo no seu vai e vem.
Passo as noites sentado ao teu lado e admiro-te sempre como se fosse a primeira vez. Cada milímetro de pele, cada ruga nos teus pezinhos, cada fio leve, tão leve de cabelo.
Acabo sempre por não me conter e chamo o teu nome.
Ontem ia jurar que tinhas reagido à minha voz, mas também podia ter sido algum ruído vindo dos telhados e que te incomodou mesmo sem te acordar...
Mas prefiro acreditar que fui eu.
A minha voz.
Passo a minha mão pela tua cabeça e levanto-me.
Engraçado, a única coisa que se mantém, mesmo depois de tudo o que aconteceu, é esta capacidade que tenho de deixar a cama sem te acordar.
Deixo o quarto, passo a sala e abro a porta da rua mesmo sem lhe tocar.
Amanhã venho outra vez, está bem?


Ontem à noite tive o prazer de acompanhar a bela e fantástica Ana - a identidade secreta de Supirinha Amarela, magnifica heroína do século XXI - ao concerto que Lenine deu na Casa da Música.
Não conhecia uma única canção do brasileiro, mas fui com o espirito aberto, não há outra maneira de se ir a um concerto, não é?
A conclusão é rápida e directa: o homem mexe-se por meios musicais que nunca foram da minha preferência; alguns aromas de Djavan, de Jorge Ben Jor e Mílton Nascimento, músicos que nunca me despertaram grande interesse. No entanto, Lenine - baptizado pelo seu pai, o fundador do partido comunista brasileiro - dá a esta música pop brasileira um toque de génio, quase sem se fazer notar. Pela maneira como canta as suas composições, pela métrica e pelo sotaque que lhes imprime; pelos ritmos que escolhe para lhes dar balanço, o pernambucano consegue uma mistura, entre o moderno e o tradicional brasileiro, contagiante e carregadinha de calor.
Os músicos que o acompanharam eram bons, como de costume na música brasileira - excepção feita aos de Seu Jorge, que desiludiram -, o público respondeu ao chamamento e retribuiu cada grama de energia debitada em palco e fez do concerto uma festa.
Sim senhora!
Houve um momento que, na nossa opinião, se destacou de todos os restantes. A canção Só Você, e de que deixo aqui a letra. Provavelmente a letra mais comprida que conheço, mas incrivelmente inteligente e de uma força descomunal.

Não canto mais Babete nem Domingas
Nem Xica nem Tereza, de Ben jor;

Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;

Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;

Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;

Nem a tigreza nem a vera gata
Nem a branquinha, de Caetano;
Nem mesmoa linda flor de Luiz Gonzaga,
Rosinha, do sertão pernambucano;
Nem Risoflora, a flor de Chico Science,
Nenhuma continua nos meus planos.
Nem Kátia Flávia, de Fausto Fawcett;
Nem Anna Júlia do Los Hermanos.

Só você,
Hoje eu canto só você;
Só você,
Que eu quero porque quero, por querer.

Não canto de Melô pérola negra;
De Brown e Hebert, uma brasileira;
De Ari, nem a baiana nem Maria,
Nem a Iaiá também, nem minha faceira;
De Dorival, nem Dora nem Marina
Nem a morena de Itapoã;
Divina garota de Ipanema,
Nem Iracema, de Adoniran.

De Jackson do Pandeiro, nem Cremilda;
De Michael Jackson, nem a Billie Jean;

De Jimi Hendrix, nem a doce Angel;
Nem Ângela nem Lígia, de Jobim;

Nem Lia, Lily Braun nem Beatriz,
Das doze deusas de Edu e Chico;
Até das trinta Leilas de Donato,
E de Layla, de Clapton, eu abdico.

Só você,
Canto e toco só você;
Só você,
Que nem você ninguém mais pode haver.

Nem a namoradinha de um amigo
E nem a amada amante de Roberto;
E nem Michelle-me-belle, do beattle Paul;
Nem Isabel - Bebel - de João Gilberto;

E nem B.B., la femme de Serge Gainsbourg;
Nem, de Totó, na malafemmená;
Nem a Iaiá de Zeca Pagodinho;
Nem a mulata mulatinha de Lalá;

E nem a carioca de Vinícius
E nem a tropicana de Alceu
E nem a escurinha de Geraldo
E nem a pastorinha de Noel
E nem a namorada de Carlinhos
E nem a superstar do Tremendão
E nem a malaguenha de Lecuona
E nem a popozuda do Tigrão

Só você,
Hoje elejo e elogio só você,
Só você,
Que nem você não há nem quem nem quê.

De Haroldo Lobo com Wilson Batista,
De Mário Lago e Ataulfo Alves,
Não canto nem Emília nem Amélia,
Nenhuma tem meus vivas! E meus salves!
E nem Angie, do stone Mick Jagger;
E nem Roxanne, de Sting, do Police;
E nem a mina do mamona Dinho
E nem as mina – pá! - do mano Xiz!

Loira de Hervê e loira do É O Tchan,
Lôra de Gabriel, o Pensador;
Laura de Mercer, Laura de Braguinha,
Laura de Daniel, o trovador;
Ana do Rei e Ana de Djavan,
Ana do outro rei, o do baião

Nenhuma delas hoje cantarei:
Só outra reina no meu coração.

Só você,
Rainha aqui é só você,
Só você,
A musa dentre as musas de A a Z.

Se um dia me surgisse uma moça
Dessas que com seus dotes e seus dons,
Inspira parte dos compositores
Na arte das palavras e dos sons,
Tal como Madallene, de Jacques Brel,
Ou como Madalena, de Martinho;
Ou Mabellene e a sixteen de Chuck Berry,
E a manequim do tímido Paulinho;

Ou como, de Caymmi, a moça prosa
E a musa inspiradora Doralice;
Se me surgisse uma moça dessas.
Confesso que eu talvez não resistisse;
Mas, veja bem, meu bem, minha querida;
Isso seria só por uma vez,
Uma vez só em toda a minha vida!
Ou talvez duas... mas não mais que três...

Só você...
Mais que tudo é só você;
Só você...
As coisas mais queridas você é:

Você pra mim é o sol da minha noite;
É como a rosa, luz de Pixinguinha;
É como a estrela pura aparecida,
A estrela a refulgir, do Poetinha;
Você, ó flor, é como a nuvem calma
No céu da alma de Luiz Vieira;
Você é como a luz do sol da vida
De Steve Wonder, ó minha parceira.

Você é pra mim e o meu amor,
Crescendo como mato em campos vastos,
Mais que a gatinha para Erasmo Carlos;
Mais que a cigana pra Ronaldo bastos;
Mais que a divina dama pra Cartola;
Que a domna pra Ventadorn, Bernart;
Que a honey baby pra Waly Salomão
E a funny valentine pra Lorenz Hart.

Só você,
Mais que tudo e todas, é só você;
Só você,
Que é todas elas juntas num só ser.


Ó Ana, diz-me que já tens esta nos discos que levaste...

Eu te quero só pra mim
Você mora no meu coração
Não me deixe só aqui
esperando mais um verão
Te esperando meu bem
Pra gente se amar de novo
Mimar você
Nas quatro estações
Relembrar
O tempo que passamos juntos
Bem bom viver
Andar de mãos dadas
Na beira da praia
Por esse momento
Eu sempre esperei

Caetano Veloso (quem mais?)


Manhã tão boa, a de hoje.
Ás sete e vinte da manhã caminhava pelas ruas (quase) desertas do Porto e sentia a melhor brisa do mundo. A brisa morna das manhãs de verão. Para mim não há temperatura mais confortável do que esta. Sinto-me como se fosse levado por ela e não tivesse de me esforçar sequer para colocar um pé à frente do outro.

Minutos antes tinha-me despedido dos meus gatos de telhado, os bebés e a mamã, que, juro, já me reconhecem à janela.

Um momento antes disso tinha deitado os olhos na visão mais bonita que vou ter todo o dia de hoje. Enternece-me sempre e lança o meu coração na batida que me vai acompanhar até voltar a fechar os olhos para dormir.

Mesmo assim...
e enquanto caminhava em paz pelas ruas do Porto - absolutamente em paz -, pensava nesta dorzinha que trago sempre comigo. Está aqui alojada junto ao coração e não chega sequer a incomodar. Só que sempre que se faz sentir aperta o nó que tenho na garganta, que todos temos na garganta, uns mais apertados, outros que nem se sentem.
São tantas as coisas que contribuem e contribuiram sempre para esta dorzinha. Coisas antigas, muito antigas, coisas recentes, coisas frescas, fresquíssimas.

Mas é como já disse, a dorzinha não chega sequer a incomodar, e prefiro assim dedicar a minha máxima atenção à brisa de verão, aos meus gatos de telhado e áquela visão de beleza.
E ás fantásticas noites de verão de que vou já falar a seguir.


Antes de mais nada...

Outra música super-assobiável.
Mais uma para a lista, portanto...

Superbacana do Senhor Caetano, pode ser?


Toda essa gente se engana
Então finge que não vê que
Eu nasci pra ser o superbacana
Super-homem, superflit, superfink, superist
Superbacana
Estilhaços, sobre Copacabana
O mundo em Copacabana
Tudo em Copacabana, Copacabana
O mundo explode longe muito longe
O sol responde e o tempo esconde
E o vento espalha e as migalhas
Caem todas sobre Copacabana
Me engana esconde o super amendoim
E o espinafre biotônico
No comando do avião supersônico
Do parque eletrônico do poder atômico
Do avanço econômico
A moeda n° 1 do Tio Patinhas
Não é minha
Um batalhão de cowboys com
Arrancada da legião super-heróis
E o superbacana
Vou sonhando até explodir colorido
No sol dos cinco sentidos
Nada no bolso ou nas mãos
Um instante monstro!

quarta-feira, julho 12, 2006

A história do homem que muito transpirava

Justiniano Maravilha era um homem que muito transpirava,
e que por essa complexa razão as mulheres enojava.
Era esta a cruz que Justiniano tristemente carregava:
não podia nunca fazer sexo porque escorregava!

Tentou de tudo, aromaterapia, chás e botox injectado;
acunpunctura, moxabustão e por um chinês ser massajado.
Mas até o chinês dele fugiu a correr e a gritar,
por tanto nojo lhe meter alguém que mais parecia o alto mar.

Vivia triste, o Justiniano, com esta terrivel maldição,
desde o dia em que tinha tentado fazer sexo com a Maria João
e ela, por causa de tanto suor, nunca pelo seu «tamanho»
tinha saído disparada como um sabonete no banho.

Eram sempre minutos de vergonha imensa,
Justiniano escorria como azeitonas numa prensa.
As mulheres bem tentavam, paciência não lhes faltava,
mas quanto mais elas se mexiam, mais ele destilava.

Prestes a desistir e a entrar para um convento,
conheceu Hermelinda Bezugo, feia como um jumento,
mas que rapidamente por ele de amores se perdeu
e que o seu problema surpreendentemente compreendeu.

Pois Hermelinda tinha também problemas semelhantes,
e que a impediam igualmente de viver aventuras escaldantes.
Não transpirava como Justiniano, sempre a pingar e a escorrer,
o seu problema era outro, de origem intestinal e muito difícil de conter.

Era poluente e desagradável, barulhento, nefasto e fedorento,
mas a Justiniano isso não incomodava, pois estava enamorado do seu «jumento».
Encontraram assim a solução para os problemas nas suas vidas,
juntar-se-iam e seriam para sempre duas almas pelo nojo unidas.

Diz quem sabe, que a lua de mel do feliz casalinho não podia ser mais ardente,
um a suar como uma cascata , o outro a soltar gases como um balão de ar quente.
A vizinhança mudou-se, partiu por causa de tanto nojo, tanto mau cheiro,
deixando o casalinho à vontade para fazer sexo pelo prédio inteiro.

Viveram felizes para sempre, o suor e o gás mal cheiroso,
criando a união perfeita, o entendimento ideal, o amor precioso.
E no mesmo prédio vivem até hoje, enamorados e cheios de petizes,
um, incontinente, outro, bulímico e uma menina,
carregadinha de varizes.

terça-feira, julho 11, 2006

A história do bicho feio e da menina que lhe levou guloseimas




Era uma vez um bicho, peludo e estranho,
era feio, repulsivo, tinha olhos vermelhos e pêlo castanho.
Vivia no meio do lixo, na sarjeta, na confusão,
mas isso era só aparato, pois tinha bom coração.

Comia o que apanhava,o que conseguia
caroços, meios rissóis e restos de enguia.
Mas eram guloseimas que habitavam os seus sonhos,
gomas, marshmallows, bolo rei e licor de medronhos.

A sua pança, farta de tão entediante alimentação,
fez greve, reclamou, simulou uma azia, uma congestão.
Triste, escondeu-se no lixo, na sarjeta a um canto,
e teria ali morrido geladinho, se alguém não o tivese tapado
com um manto.

Quentinho, recuperado pelo manto salvador,
levantou os olhos, ainda molhados pela dôr.
Viu uma menina, pequenina, linda e sorridente
que lhe estendia um saco de compras do Continente.

Ainda confuso pelo seu avançado estado de fraqueza
pensou "só posso estar a alucinar, com certeza",
pois jurava que de dentro do saco saía uma luz bela e brilhante,
laranja, vermelha, amarela e azul diamante.

Curioso e confuso, apressou-se a abrir o saco do Continente.
Num ápice rasgou-o de cima a baixo e ficou tão, tão contente.
Pois a menina, de quem ele já nem se lembrava,
tinha-lhe trazido todo o tipo de doces, até bolo com geleia
de amora brava.

Chocolates, nozes caramelizadas, mousse de banana e gelado.
Tarte de maçã, chantilli, leite creme com açucar baunilhado.
Sem demora enfiou a cabeça no saco e comeu até a pança lhe doer,
e só aí parou para pensar na menina, quem poderia ela ser?

Quem, pela primeira vez na vida, não sentia nojo da sua presença?
Quem se preocupava com ele, com a sua tristeza, a sua doença?
Nunca tal tinha acontecido, era bizarro, inquietante, estranho.
E no entanto, lá estava a menina, sorriso aberto, vestidinho...
castanho!!

Perguntou-lhe quem era, de onde vinha e porque o ajudava.
Era a Irene, vinha de uma escola de pasteleiros e dela ninguém gostava.
Não suportava guloseimas e estava na dita escola por obrigação.
Tinha sabido as histórias da sua descomunal gula e decidido entrar em acção.

À socapa tinha-se esgueirado e fugido da instituição.
Roubara os doces da cozinha mesmo nas barbas do chefe João,
para os entregar ao bicho feio e castanho mas de bom coração,
que estava esmagado, comovido e encantado com tamanha boa acção.

Combinaram logo ali que ela para sempre lhe alimentaria a gulodice,
e ele lhe contaria histórias da sarjeta, anedotas, lendas, «diz-que-disse».
Pois ela era, embora não gostasse, excelente aluna uma óptima aprendiz,
que fazia de tudo, até bolachas com ovos, leite, margarina e 10cl de aniz.

Viveram assim para sempre, dois amigos bem alimentados,
ela com as histórias da sarjeta, ele com biscoitos, drops e rebuçados.
Viveram assim para sempre, felizes e tão contentes,
á excpção do bicho castanho, quando sofria uma ou outra
lixada dor de dentes.