Este indivíduo, e outros iguais a ele, estarão irremediavelmente extintos daqui a doze anos. Extintos. Não existirá um sequer igual a ele.
Chama-se Orangotango. É um ser tão vivo como nós, garbosos humanos. Sente, gosta, ama, diverte-se, zanga-se, vive. Como nós.
Por nossa causa vai deixar de ser. Simplesmente.
Vive em duas ilhas, Bornéu e Sumatra, e vai desaparecer principalmente por duas razões:
Porque estamos a arrasar com o seu habitat natural para construirmos palmeiras que nos dão a castanha que produz o óleo de palma;
porque estamos sumariamente a executá-los.
Sem razão.
Ontem na televisão vi fotografias de indivíduos, como este, queimados vivos, cortados por catanas manejadas por homens «inteligentes»; vi um documentário que me fez chorar como uma criança, no qual pude assistir ao salvamento e tratamento de um indivíduo como este. Tratamento esse de uma ferida - mais uma vez produzida por uma catana humana - no braço dum indivíduo, como este, resultado de ele o ter erguido para proteger o rosto de um golpe, esse sim, fatal.
Chorei porque o que vi foi um ser vivo em estado de choque. Um ser tão vivo quanto nós que nem se conseguia pôr em pé porque só os nervos lhe comandavam as pernas. Um ser com tanto direito à vida quanto qualquer um de nós, que insistimos em lhe retirar esse mesmo direito, e que, no entanto, parecia pedir que lhe acabassem com o sofrimento de ver a sua casa destruida, os seus entes queridos queimados vivos e a sua vida completamente arrasada.
Um Homem como este na imagem.
E de repente deixo de me revoltar contra os homens que matam homens da mesma espécie. Quer seja através de guerras, actos terroristas ou catanadas certeiras.
De repente, dois aviões contra duas torres deixam de me parecer o pior que a humanidade produziu até hoje.
Já agora, Orang Utan em malaio significa mesmo "homem da floresta"...
2 Comments:
At 03:59, Carlos said…
Somos um cancro.
At 18:08, Anónimo said…
Fala por ti, ó Moura!
ChilangoP
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