Alguém, um dia, me ensinou o valor de algumas, muitas, pequenas coisas.
Pequenas.
O valor que tem o toque imperceptivel de uma mão pequenina na nossa.
Como o pousar de um insecto.
O prazer que se sente com um toque da mesma mão no nosso cabelo, na nossa nuca.
Que os dedos foram feitos para tocar quase sem o fazer.
Que as pontinhas dos dedos são exploradores implacáveis mas de uma doçura sem igual.
Aprendi que é bem melhor quase não sentir; somente um leve arrepio.
O enebriante sabor que algumas palavras têm.
Ou porque nunca nos foram ditas, ou porque nunca nos tinham sido ditas de uma certa forma.
Que sussurrar será sempre melhor do que gritar.
Que a placidez vive na maneira como uma boca articula o nosso nome.
Que a paz está guardada no tom comovido com que nos chamam num momento de prazer.
A descoberta de que afinal ainda existe espaço, neste mundo de gente grande, para alegrias de gente pequenina.
De que ainda é fácil ser-se feliz com um sorriso que nos é lançado do nada, sem motivo aparente.
Que nos sentimos protegidos nos braços de quem nos quer agarrar.
Que os olhos de quem nos admira são o nosso mais confortável berço.
Que os corpos quando se encaixam transformam realmente duas pessoas numa só, e que não há sensação melhor no mundo do que essa.
3 Comments:
At 17:42, aglidole said…
Man, isso é coisa de gaja! Tens que ser como eu, macho...
At 05:26, Anónimo said…
Há muito tempo... muito mesmo, não lia algo que me soubesse tão bem!!!
Sabe a diários antigos, a palavras por dizer, sabe a ... saudade, sabe a amor.
At 09:25, karmatoon said…
Em cheio...
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