Curta troca de correspondência
Mas que provocou um terramoto.
Duas cartas, a do Moura para mim, no seu blog, e a minha para ele, no meu.
Apercebo-me de que a falta de entoação nas palavras que escrevemos pode levar a diversas interpretações.
E levou. As reacções foram muito variadas, mas todas em torno dos mesmos sentimentos. Perplexidade, preocupação, curiosidade. Uma reacção, a mais violenta, chocou-me pelas palavras utilizadas, mas compreendi-a. Tentei explicar, acho que funcionou.
Quanto a mim, a verdade é que sim, concordo com os que acham as palavras do Moura duras. Mas compreendam, não sou daqueles que aceitam com facilidade palmadinhas nas costas. Da mesma forma, talvez com ainda maior dificuldade, não sou daqueles que dão essas mesmas palmadinhas. Entendo cada uma das palavras que ele me dirigiu. Fosse eu a escrever-lhe aquela carta e garanto-vos que as usaria na mesma medida e da mesma forma.
E sim, adorei quando ele me chamou "parvo à Paços de ferreira".
Genuinamente.
E, por muito que isto vos pareça contraditório da minha maneira de levar a vida, a verdade é que concordo mesmo com o que ele me disse.
Auto-eduquei-me e crescí sempre com a convicção de que as mulheres não mereciam outra coisa senão carinho, compreensão, amizade e sensibilidade. Achei sempre que esse era o melhor... não, o único caminho. Que não podiam existir receios. Que "um homem não chora" é a falsidade mais negra que se pode tentar vender a alguém. Que "um homem só pensa em sexo" é uma distorção de um facto, sim, mas que não tem necessariamente de ser um mau facto.
Acreditei sempre, como ainda acredito, que devo agir para com as mulheres, como para tudo na minha vida, da mesma forma com que tenho agido até aqui.
No entanto...
Cedo me dei conta de que as mulheres apreciam estas caracteristicas nos homens com quem lidam apenas superficialmente. Na melhor das hipóteses no seu melhor amigo.
Já sei, não estou a ser justo. Nem todas as mulheres serão assim. Mas as mulheres com quem tive a sorte de privar na intimidade; as mulheres que amei e que me amaram, cedo se fartaram de tanta sensibilidade, tanta compreensão. De certo modo, foi como se necessitássem de saídas dramáticas de cena; de discussões mais ou menos violentas para melhor gozarem o doce sabor da reconquista, da reconciliação.
Não consigo viver assim, e por isso mesmo já me desiludi inúmeras vezes. Já dei por mim a colocar em causa essa minha maneira de viver a vida, as relações, a paixão, o amor. O que criou em mim os tais fantasmas que ainda hoje me perseguem para onde e para quem vá.
Não vou, obviamente, falar aqui de situações reais que ajudaram ao nascimento desses demónios que me enfernizam a vida. Garanto-vos, porém, que o Carlos tem de facto razão. As pessoas que amamos são aquelas que, por isso mesmo, nos hão de magoar mais cedo e com mais força do que estamos à espera.
Senti isso muitas vezes.
Muitas vezes por culpa própria.
Concordo, porque sei que é assim, que tudo o que o Carlos me disse é verdade. E é de amigo. Não duvidem.
Só não consigo viver de outra forma. E isso dói como não imaginam. E não consigo viver de outra forma. E isso dói como não imaginam. E não consigo... e dói.
Tenho aqui deixado algumas impressões de coisas que me aconteceram num passado tão recente que a tinta ainda escorre pela parede (e agora podia ser insuportavelmente piegas e dizer "pela parede do meu coração"...).
Algumas pessoas, pela proximidade que tiveram desses acontecimentos compreenderam as metáforas que utilizei. Àqueles que não as compreenderam totalmente eu digo que são essas experiências que me fazem sentir bem por ser como sou. Que me fazem acreditar que o caminho continua a ser o mesmo que tomei ainda em rapazinho. Que me ajudam a crescer sempre.
Depois, invariavelmente, vêm as dores de crescimento que já conheço tão bem, e que fazem parte integrante do mesmo processo. É um defeito apaixonarmo-nos desta maneira, mas... é a única maneira que conheço.
E se querem saber, é a única maneira que quero conhecer.
Não gosto das outras...
3 Comments:
At 16:36, Carlos said…
A minha carta era para ti e ponto final.
Por isso jamais justificarei qualquer coisa que tenha dito, excepto a ti. E quero que toda a gente se foda com as suas presunções e definições e interpretações e intromissões.
Porque ninguém me telefonou a perguntar fosse o que fosse, como aliás é habitual.
Sabes, pá, cada vez tenho menos problemas em dizer o que realmente penso, ao contrário de muitas pessoas que conhecemos. E como dizia o Agostinho da Silva, "quanto mais envelheço, cada vez gosto mais de menos gente".
At 00:13, Anónimo said…
Não sei pq raio é que o meu comentário de sexta não chegou a ficar publicado, e tb acho que não consigo escrever tudo igual outra vez, mas aqui vai uma tentativa: APOSTO QUE ATÉ O CROMO DO DR PHILL CONSIDERA ESTA COISA DOS BLOGS NO MÍNIMO PECULIAR. PELA PRIMEIRA VEZ, E ESPERO QUE PELA ÚLTIMA, DOU A MINHA OPINIÃO: ABOMINO UM BOCADINHO ESTA MANEIRA ESTRANHA DE... NEM SEI BEM...FALAR DA VIDA E DOS OUTROS. PARECE-ME UMA COISA UM BOCADO MESQUINHA ATÉ. SE CALHAR SOU EU QUE SOU ANTIQUADA, OU ENTÃO NÃO! DANCEM MAIS E DEPRIMAM MENOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
At 00:16, Anónimo said…
Ahaha... desta vez o Deus-dos-Blogs estava distraído, consegui saltar a censura!!!!!!
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