kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, novembro 30, 2005

Que querem? Hoje deu-me para isto da poesia, e...?

Drão



Drão
O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminhadura
Dura caminhada pela estrada escura
Drão não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão, estende-se, infinito
Imenso monolito, nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer!
Nossa caminha dura
Cama de tatame pela vida afora
Drão os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão, não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Se o amor é como um grão!
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão

Gilberto Gil

A Paz



A paz
Invadindo meu coração
De repente me encheu de paz
Como se o vento de um tufão
Arrancasse meus pés do chão
Onde um dia não me enterro mais
A paz fez um mar da revolução
Invadir meu destino
A paz
Como aquela grande explosão
Uma bomba sobre o Japão
Fez nascer um Japão na paz
Eu pensei em mim eu pensei em ti
Eu chorei por nós
Que contradição só a guerra faz
Nosso amor em paz
Eu vim vim parar na beira do cais
Onde a estrada chegou ao fim
Onde o fim da tarde é lilás
Onde o mar arrebenta em mim
O lamento de tantos ais

Gilberto Gil

Quixabeira



Amor de longe
Benzinho
É favor não me querer
Benzinho
Dinheiro eu não tenho
Benzinho
Mas carinho eu sei fazer até demais
Fui de viagem
Passei as Barreiras
Avisa meus companheiros
Sou eu Manoel de Isaías
Na ida levei tristeza
Na volta trouxe alegria
Passei pela Quixabeira
Mané me deu uma carreira
Que até hoje correia
Tu não faz como um passarinho
Que fez um ninho e avoou
Mas eu fiquei sozinho
Sem teu carinho Sem teu amor
Alô meu Santo Amaro
Eu vim lhe conhecer
Eu vim lhe conhecer
Sambá Santamarense
Pra gente aprendê
Pra gente aprendê
Tu não faz como um passarinho
Que fez um ninho e avoou
Mas eu fiquei sozinho
Sem teu carinho Sem teu amor

Carlinhos Brown

O agradecimento mais especial



Não posso deixar passar a oportunidade de agradecer as palavras de carinho que têm sido dedicadas ao espectáculo da Região Estrangeira no passado dia 26 no Laf. Para meu grande espanto, tenho recebido as melhores reacções de pessoas que não conheço e que estiveram lá e que se divertiram e que querem mais... E esse é o nosso maior prémio, acreditem.

Não posso também deixar de enviar um abraço de reconhecimento ao nosso Tuniko que, e apesar de não poder ter estado no Laf nesse dia, tem sido de uma utilidade, de um apoio abnegado e de um carinho muito especiais e importantes. Para a próxima não falta que a gente não deixa.

No entanto, há uma pessoa que merece da nossa parte um cuidado e um agradecimento especial. Alguém que, pelo apoio que nos tem dado desde o início deste projecto, merecia ter subido ao palco para receber a ovação do público connosco. Chama-se Jo e é a responsável pelo nosso clube de fãs e pelo xarope para o ego de que ncessitamos sempre que as coisas correm menos bem. É a pessoa cuja gargalhada se ouve sempre mais alto do que todas as outras; aquela que, mesmo sem darmos conta, já fazia parte do grupo e estava connosco em todas as reuniões, ensaios e espectáculos. Aliás, não falhou nenhum, mesmo os da digressão «mundial».
O link para o blog que criou para o clube de fãs está aqui ao lado desde o início deste vosso cantinho, e muito me entristece que o esforço que leva a cabo não tenha ainda a resposta que merecia. Passem lá, deixem opiniões, vão ver que vale a pena. E ela merece.
E como!

Obrigado, minha querida Jo, estás nos nossos corações.

As músicas mais importantes de 2005 - O resto do alfabeto




Lemon Jelly - '76 Aka Stay With You
M Ward - Hi-Fi
Madeleine Peyroux - Don't Wait Too Long
Madonna - Hang Up
Marcio Faraco - Meu Amigo
Nick Drake - Impossivel escolher alguma...
Nina Simone - I Loves You Porgy
Nostalgia 77 - Seven Nation Army
Oasis - The Importance Of Being Idle
Ryan Adams & The Cardinals - Dear John
Seu Jorge - Tive Razão
Sharon Jones and The Dap-Kings - Got a Thing On My Mind
Sivert Hoyem - Theme From Bambi
The Smiths - Heaven Knows I'm Miserable Now
Squirrel Nut Zippers - Meant To Be
The Strokes - Mas alguém consegue escolher só uma...?
Talvin Singh & Rakesh Chaurasia - Todo o àlbum "Vira" e que não, não é folclore português...
Tom Waits - Toda a discografia, mas principalmente Clap Hands
Turin Brakes - They Can't Buy The Sunshine
United Future Organization - On Est Ensemble Sans Se Parler
The White Stripes - Blue Orchid
Womack & Womack - Footsteps

terça-feira, novembro 29, 2005

As músicas mais importantes de 2005...



...e que podem, ou não, ser de 2005, mas que foram ouvidas em 2005 e sempre como banda sonora de inúmeras emoções, sentimentos e estados de espirito.
É só uma lista, como muitas outras que vão ver daqui até ao final do ano em diversas publicações, rádios, televisões e sites na internet. Mas esta é muito pessoal, e totalmente transmissível.

Antony & The Johnsons - Mas Is The Baby
Antony & The Johnsons - Bird Guhrl
Audio Bullys - Bring Light
Basement Jaxx - Red Alert
Benjamin Diamond - These Emotion
Björk - A Boy Like Him
The Boy Least Likely To - Be Gentle With Me
Brazilian Girls - Sirenes De La Fête
Camille - Le Sac Des Filles
The Chemical Brothers - Believe
The Dears - Don't Lose The Faith
Devendra Banhart - Muito complicado escolher uma, desculpem lá...
Ed Harcourt - The Birds Will Sing For Us
Ed Harcourt - The Wind Through The Trees
Elvis Costello - Still
Fionna Apple - Extraordinary Machine
Franz Ferdinand - Outsiders
Gorillaz - Feel Good Inc.
Hal - Don't Come Running
Handsome Boy Modelling School - I've Been Thinking
Helena Noguerra - Le Jardin Prés De La Falaise
Helena Noguerra - Aux Quatre Vents
Huskey Rescue - Summertime Cowboy
Jack Johnson - Banana Pancakes
Jamie Lidell - Multiply
Jamie Lidell - Game For Fools
Jeff Buckley - Lover, You Should Have Come Over
Jeff Buckley - Mama, You Been On My Mind
Johnny Legend - Number One
Josh Rouse - Life
Josh Rouse - Saturday
Kanye West - Drive Slow
Kelis - Trick Me
Kelis - Millionaire
Keziah Jones - Pleasure Is Kisses Within
Kings Of Convenience - Toxic Girl
Kings Of Leon - São muitas, perdoem-me...

E amanhã continuo o alfabeto, ok?

Ainda sobre o espectáculo da Região estrangeira...

...e acerca do que que se sente sempre que se sobe a um palco.

Medo! Muito!!
Uma hora antes do início do espectáculo é um não parar de viagens á casa de banho. As dores de barriga que julgávamos só existirem quando era chegada a hora de recebermos aquele exame de matemática.
As mãos tremem, os joelhos falham-nos, a voz denuncia-nos, e somos invadidos por um frio sobrnatural.

A subida ao palco. Pânico breve, muito breve, mas que nos rouba a voz, que nos impede sequer de reconhecer um rosto, seja ele de quem for, no meio da multidão. Daí em diante, só adrenalina. Em estado puro e com elevado teor de concentração. Como se o nosso sangue fosse subitamente sugado e nas nossas veias corresse apenas adrenalina, que alimenta os músculos, irriga o cérebro e nos impede de sentir cansaço ou dor. Acreditem, cair assim no chão, como acontece comigo no nosso primeiro sketch, parece brincadeira, até começar a contar as nódoas negras no dia seguinte.
O tempo perde todo o sentido, horas parecem segundos - literalmente -, esquecemo-nos de que estão 200 pessoas a olhar para nós, a admirar-nos, a criticar-nos, a comoverem-se com as palavras, a rirem-se das figuras que fazemos, a vibrarem tanto ou mais do que nós. Só voltamos a olhar para elas no final, quando de repente nos apercebemos que estão a aplaudir em pé. Quando sabemos, com toda a certeza do mundo, que estivéssemos nós mais uma hora em palco e nunca estaríamos sozinhos.

É... um momento. São três, quatro, cinco horas que são apenas um momento.

O final do espectáculo de Sábado passado... ver-vos em pé, aplaudindo o nosso trabalho com tanto carinho, com tanta vontade, emocionou-me a um ponto que tive que me esforçar muito para não chorar em palco. Nunca antes tinha sentido nada tão poderoso, tão arrebatador. E acordei no dia seguinte com saudades vossas. Dos regionários, do público, e desejei ficar preso no tempo, naquela noite, para o resto dos meus dias.

As horas que se seguem a um espectáculo são marcadas pela impossibilidade de abrandar o ritmo. É realmente impossivel parar, sentar o corpo cansado e parar. Dormir, de repente, torna-se algo estranho, que nunca fez parte da nossa vida, nunca existiu.
Nada mais existe. Só a vontade de saltar de novo para o palco e continuar o espectáculo. Seria uma doce, doce maldição. Passar a eternidade no palco, com as pessoas que amamos, a fazer o que fizemos no passado Sábado, dia 26 de Novembro, no Laf-Comedy Club.

E é tão, tão bom.
Não podemos repetir?

segunda-feira, novembro 28, 2005

This one's for you

I feel so far away from love
'Cause I can never get enough
Like a kid with his hand in the highest jar
And if I came back from the grave for a while
Would you, could you make a dead man smile
I'd wear you on my arm like a brand new scar
My oh my oh my I've had a few
My oh my oh my this one's for you
My heart is on its sleeve
I need you to believe that the dark times will fade
So crack the shell of the hardest heart
Slip inside when they're caught off guard
Kill all the urgent lies that stain their blood
And if you think that you know everything
Don't give me this chance to sing
I'm not a fool, a fool to lighten up
My oh my oh my I've had a few
My oh my oh my this one's for you
My heart is on it's sleeve
I need you to believe that the dark times will fade
And I can't stop staring at you
And your expression looks a little confused
This little story will end so well

Um fim de semana



Um fim de semana apenas.
O fim de semana. Certo, perfeito.
E de repente tudo muda.
O fim de semana passado foi... intenso.
Na Sexta tive a visita do meu irmão Marco, que actualmente mora em Aveiro e com quem já não estava há algum, demasiado, tempo. Encontramo-nos com duas amigas do coração, a Rita e a Bárbara, e divertimo-nos a noite toda. Só pela conversa. Pela brincadeira. Pelo riso. Foi libertador e o prenúncio do que se viria a seguir no resto do fim de semana. Sexta serviu essencialmente para me mostrar que ainda existe alegria, vontade de viver a vida pelo que ela é.

Sábado... não consigo dizer mais nada que já não tenha dito no post de ontem. As coisas são mesmo assim, e quando menos esperamos surgem novos amigos, de novas e diferente maneiras, pessoas que sabemos que nunca nos vão deixar. Surgem novos objectivos, novas vontades, novos desejos.
Quase que deitava tudo a perder com uma actitude precipitada, mas felizmente tudo se compôs.

Domingo, e mais uma vez sem estar à espera, um jantar de família, não a minha, mas que me fez sentir em casa. E a casa de um homem é e será sempre onde e com quem ele se sente bem. As pessoas certas, na altura certa, e mais importante, na fase certa da minha vida. A fase do renascimento. Que bom sentir-me assim.

Que bom, sentir-me vivo, com perspectivas, sonhos e objectivos bem demarcados.

Inspirar-expirar-inspirar-expirar...

domingo, novembro 27, 2005

A melhor noite do ano

Ontem, dia 26, no Laf, a Reunião Estrangeira voltou a reunir-se.
Foi uma das melhores experiências da minha vida. Nunca um espectáculo nosso correu tão bem. Nunca o público tinha estado tão disponível, tão participativo. Nunca a harmonia, a calma e, acima de tudo, a ligação entre nós, tinha sido tão... perfeita.

Muitas são as razões que explicam porque foi esta noite em particular tão diferente, tão melhor do que tantas outras. Algumas dessas razões não as posso aqui divulgar, já que têm directamente a ver com a intimidade de alguns elementos da Região Estrangeira. O que posso adiantar é que muitos de nós, senão mesmo todos, necessitavam da noite de ontem. Necessitavam do pretexto que é fazer um espectáculo daqueles para libertar os fantasmas de dentro do armário; necessitavam que ele corresse como correu para que o sentimento de libertação e de realização fosse completo.

Pela parte que me toca... nesta fase da minha vida, e mesmo sem estar a contar, a noite de ontem serviu fundamentalmente para me dizer "acorda estúpido, faz-te à estrada".
Por variadíssimas razões.
A minha mãe assistiu pela primeira vez ao nosso espectáculo;
Mais pessoas especiais para mim estiveram na sala do Laf e fizeram-me sentir, como elas, especial...
Ana Bárbara Rita Xico Grande Patricia Maria João

Ontem pela primeira vez, e logo ao início da noite, a intimidade dos Regionários foi colocada na mesa para ver quem lhe pegava. Pegaram todos. Emotivamente, sinceramente, com vontade.
Em todos estes meses de trabalho em conjunto, nunca como ontem a nossa ligação tinha sido tão forte, tão sentida. No fim da noite fiquei com a nítida sensação de que qualquer um de nós estaria disposto a dar a vida por um colega, se tal fosse necessário. Foi especial. Muito.

O momento em que o Baldaia se juntou a nós no palco, e depois, no fim da noite, para celebrar connosco aquela noite tão incrível, foi... mágico.

Tantos e tantos momentos maravilhosos numa só noite fazem-me pensar e repensar nas minhas prioridades, em tudo aquilo que considero sagrado. E fazem-me ter saudades destas pessoas que amo e que me fazem tanta, tanta falta. E que foram tão importantes numa fase da minha vida tão atribulada. Que teve início no dia 25 de Abril de 2004 e que tem agora, e de uma forma inequívoca, o seu final.
E que final. Que celebração de amor, de amizade, de carinho.
Que final...

sexta-feira, novembro 25, 2005


O seu corpo virou-se contra ele. Fez um motim. A única parte dele que funcionava ainda com alguma - relativa - noção da realidade, era a cabeça, sempre pensante. Digamos que... era como um colégio de freiras, em que a Madre Superiora sabe sempre muito bem como é bom brincar e fazer asneiras, mas mantém sempre aquele ar austero e responsável, enquanto todas as alunas se escondem no escuro da noite para lerem livros proibidos e ensaiar beijos desajeitados.

O seu corpo, por exemplo, não queria saber de mais nada a não ser do dela. Do toque da sua pele, da sensação do seu cabelo nele repousado.

A boca sonhava com a dela, pequenina, e pensava na próxima vez em que estariam juntas.

Até os seus orgãos internos se revoltaram e começavam a dar sinais evidentes de desconforto. O estômago revolvia-se em intermináveis cambalhotas sempre que não estava com ela e aceitava muito mal que se lhe tentasse dar algum alimento.
Os pulmões enchiam-se de ar, mesmo que tal não fosse preciso, sempre que a cabeça se esquecia de ser responsável e criava uma imagem dela. Uma imagem sempre real, palpável.

Os dedos perderam toda a sensibilidade a partir do dia em que tocaram as suas costas pela primeira vez. "Não tocamos em mais nada, nunca mais!!!" Tinham mau feitio, os seus dedos...

O coração... bem, esse, com a personalidade que tinha, era obviamente aquele que sentia mais a sua falta. O que chorava às escondidas debaixo do lençol à noite. E enquanto as outras partes do corpo observavam o àlbum com fotos dela, que tinham roubado da sua gaveta fazendo comentários e soltando risadas inofensivas, ele acendia a lanterna, e debaixo do tal lençol protector, olhava uma foto sua e chorava lágrimas de saudade pura. E pensava que sortudas eram as restantes partes do corpo por terem já experimentado as sensações com que sonhavam todos os dias, enquanto que ele...


No entanto, o coração era de longe o mais feliz. O seu consolo era fácil. Rapidamente se esquecia da dor assim que a via. Assim que ela se sentava ao colo do corpo; assim que beijava a boca, assim que se deixava tocar pelos dedos e que enchia os pulmões com mais ar do que eles deviam suportar.

Sempre que ela lhes dava o que eles pediam, o coração ficava contentinho e sonhava mais um bocadinho.

Outsiders


Ok, ok, ok, é a música da semana. E que música, meus amigos, que música. "Outsiders" devia ser cadeira obrigatória na Faculdade de motricidade-extrema/espasmos-musculares-descontrolados-provocados-por-impulsos-musicais de uma qualquer cidade que agora não me ocorre (a criatividade só funciona para as coisas mais rebuscadas...).

É engraçada esta nova onda Pop-Rock que me faz dançar mais do que qualquer música house, disco ou electónica, seja ela qual for.

The Strokes, Kings of Leon, The Hives, claro, os Franz Ferdinand, e também, porque não, os White Stripes, Queens of the Stone Age...

Enfim...
Ouçam-na, dancem-na e saltem-na vezes sem conta. Vão ver que se sentem melhor

quinta-feira, novembro 24, 2005



Attaboy, go spin a yarn about the good old days
Catching fish laughing aloud out on Compton Bay
I'm not one for nostalgia, don't really like the past
I'm just a happy man with a ship and a sail and a mast

Attaboy, go spin a yarn about the good old times
What's that film we went to see when I was five?
I'm not one for remembrance, but I do like to make it last
I'm just a happy man with a boat and a hatful of glass

No no no it seems so easy yeah
To reflect on times gone by
And I expect you'll spin a yarn till you die

Ed Harcourt



Pela primeira vez desde que iniciei este blog, encontro-me à frente do computador sem absolutamente nada para escrever. Acaba por ser engraçado. De certa forma marca o patamar em que me encontro agora, nesta fase da minha vida.
Poucos o sabem concretamente, mas acabei de atravessar uma época em que as emoções, os pensamentos, as situações a pedirem urgentemente uma resolução, foram de uma carga emocional avassaladora. Aliás, quase que me levavam a sanidade mental. Durante meses senti-me como que num sonho, nem mau nem bom. A dificuldade em me concentrar começava já a ser incomodativa e não consegia sequer aperceber-me com segurança o que era bom e mau na minha vida. Sabem quando nos encontramos à beira-mar e vemos a àgua violentamente a invadir a areia? Conseguem imaginar o que acontece a seguir, quando lentamente, quase sem nos apercebermos, a mesma àgua abandona a areia, como se desaparecesse por completo?
De repente, estou às portas do resto da minha vida. Como se estivesse à porta de uma grande cidade. Ao mesmo tempo ansioso por entrar, curioso para saber o que existe de facto lá dentro; encantado com as histórias que sempre ouvi contar acerca dessa grande cidade, mas também assustado com o que me possa acontecer assim que der o primeiro passo para lá dessas portas. O mesmo medo que sentimos no primeiro dia em que fomos para a escola, ou que demos o primeiro beijo; a primeira vez que nos despimos em frente ao «amor da nossa vida», ou em que admitimos ao nosso pai "sim, fumo". Ou seja, não é um medo totalmente mau. É um medo perfumado de esperança.
Não sei - mas também ninguém realmente sabe - o que vai acontecer daqui para a frente. O que sei, porque é o que sinto, é que de repente um ano me parece tanto, tanto tempo. Um ano para mudar a direcção da minha vida. Uma ano para voltar a ser um Nuno - e acho que é a primeira vez que escrevo aqui o meu nome - que já está do lado de fora da cidade há demasiado tempo.

Under this national rain cloud
I'm getting soaked to the skin
Trying to find my umbrella
But I don't know where to begin
And it's simply irrational weather
Can't even hear myself think
Constantly bailing out water
But still feel like I'm gonna sink
Coz I'm under the weather
Just like the world
So sorry for being so bold
When I turn out the light
You're out of sight
Although I know that I'm not alone
Feels like home
You say you feel like a natural person
You haven't got nothing to hide
So why do you feel imperfection
Cut like a sword in your side
Coz you're under the weather
Just like the world

KT Tunstall


Let's take a trip together
Headlong into the irresistible orbit
Breathing the cold black space
With the glistening edges
Let's take a trip me and you
Let's go the scenic route
Get to finally
Get to know each other
Just to be alone
Just to be alone with thee
Somewhere there's no distracting breeze of information
Leaking through the windows dripping from the trees
Somewhere there's no earthquakes
Of other people's anxious questions
No nervous wrecks going down
Let's take a trip together
Headlong into the irresistible orbit

Morphine


Outra das minhas carreiras favoritas, no que à música diz respeito.
Os Morphine, liderados pelo enorme mark Sandman, infelizmente já falecido, tiveram uma carreira curta demais para tanta qualidade, tanto engenho, tanta originalidade.
Formada em Boston por Sandman, Dana Colley no mais tresloucado saxofone de que há memória, e Billy Conway e/ou Jerome Deupree na bateria e percussões, a sua música elevou-se a outros patamares através de uma capacidade de recriação musical e, acima de tudo, instrumental que sempre tornou difícil a sua catalogação enquanto banda rock/pop/jazz(?).
Sandman tocava um baixo com apenas duas cordas mais uma de guitarra eléctrica, Colley tocava frequentemente dois saxofones ao mesmo tempo, e os concertos eram uma explosão de energia que transbordava para o público, sempre cúmplice dos três músicos em palco.
Estranhamente nunca aqui tinha falado neles.
Imperdoavelmente nunca tive a oportunidade de assistir a um espectáculo deles...
Ficaram as músicas - convites irresistíveis à dança, ao pulsar dos corpos - e as palavras absolutamente engenhosas de Sandman.

We used to meet every Thursday Thursday
Thursday in the afternoon
For a couple of beers and a game of pool
We used to go to a motel a motel
A motel across the street
And the name of the motel was the Wagon Wheel
Oh
One day she said come on come on she said
Why don't you come back to my house
She said my husband's out of town
You know he's gone till the end of the month
Well I was just so nervous so nervous
You know I couldn't really quite relax
Cause I was never really quite sure when her
Husband was coming back
Sure one of the neighbors yea one of the neighbors
One of the neighbors that saw my car
And they told her yea they told her
I think they know who you are
Well her husband he's a violent man a very violent and jealous man
Now I have to leave this town I got to leave while I still can
We should have kept it every Thursday Thursday
Thursday in the afternoon
For a couple of beers and a game of pool
We should have kept it every Thursday Thursday
Thursday in the afternoon
For a couple of beers and a game of pool
She was pretty good too

Acerca das mulheres...



...segundo a visão muito obscura de Tom Waits

Did you hear the news about Edward?
On the back of his head he had another face
Was it a woman's face or a young girl?
They said to remove it would kill him
So poor Edward was doomed
The face could laugh and cry
It was his devil twin
And at night she spoke to him

Things heard only in hell
But they were impossible to separate
Chained together for life
Finally the bell tolled his doom
He took a suite of rooms
And hung himself and her from the balcony irons
Some still believe he was freed from her
But I knew her too well
I say she drove him to suicide
And took poor Edward to hell

Já sei, já sei...


Já aqui falei do Tom Waits, eu sei, mas descobri que não consigo parar de falar no homem. A influência que exerce em mim é demasiado forte e demasiado... influente para não falar nele.
Voltei a ouvir os seus àlbuns 36 horas por dia, e ao primeiro acorde de qualquer uma das suas músicas, imediatamente me surgem na mente coreografias para bailados dementes, pinturas mais ou menos estranhas, poemas de decadência boémia, enfim, um nunca terminar de idéias a que não consigo, nem nunca conseguí, dar forma.
Tenho de me motivar e começar a trabalhar com pessoas que conheço e que sei que me podem dar o que me falta para o passo seguinte. A criação!

Well, Jesus will be here
Be here soon
he's gonna cover us up with leaves
With a blanket from the moon
With a promise and a vow
And a lullaby for my brow
Jesus gonna be here
Be here soon
Well I'm just gonna wait here
I don't have to shout
I have no reason and
I have no doubt
I'm gonna get myself
Unfurled from this mortal coiled up world
Because Jesus gonna be here
Be here soon
I got to keep my eyes open
So I can see my Lord
I'm gonna watch the horizon
For a brand new Ford
I can hear him rolling on down the lane
I said Hollywood be thy name
Jesus gonna beGonna be here soon
Well I've been faithful
And I've been so good
Except for drinking
But he new that I would
I'm gonna leave this place better
Than the way I found it was
And Jesus gonna be here
Be here soon

...e quase que me convencia de que Jesus realmente está para chegar.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Quase sem palavras...


Este indivíduo acabou de assinar uma carta que proibe a ordenação religiosa de homossexuais...

E em princípio isto bastava para fazer um post, mas não consigo ficar calado.
Não quando a igreja que este indivíduo representa é a autora de alguns dos crimes mais horrendos da história da himanidade. Não quando este indivíduo defende os «interesses» de uma igreja que assume publicamente certos valores humanos e morais sem nenhuma intenção sequer de os cumprir.

O que se segue, proibir todos os homossexuais de entrarem nas igrejas nem que seja para as visitar?
Uma nova inquisição, para fazer um levantamento «religioso» das preferências sexuais de cada um, e desse modo poder agir em conformidade com essas mesmas pessoas? É que de repente ocorrem-me mil e uma torturas de que os homossexuais - sim, principalmente os homossexuais, por serem TÃO diferentes do resto da população - não gostariam nada.

Mas ainda bem que este... indivíduo existe e toma atitudes destas. Assim fica mais fácil explicar as razões que levaram as gerações mais jovens a afastarem-se radicalmente da religião por ele representada.

Obrigadinho, ó indivíduo!

terça-feira, novembro 22, 2005

Viva a Região estrangeira, viva o LAF!!!


É já no próximo dia 26 que a Região Estrangeira regressa à sua casa-mãe, o LAF. Não só a casa que nos viu nascer, mas também a casa que nos deu a projecção que não merecemos... vão-me matar por esta!

Já há muitos meses que não actuamos no LAF, e por várias razões de que não posso aqui falar - algumas por serem demasiado pessoais, outras porque representam decisões ainda não oficializadas - este vai ser, sem dúvida alguma, o melhor espectáculo da RE no LAF. Vai ser uma noite emocionante e, acima de tudo, emotiva. Definitivamente a não perder!

Gostava, pelas mesmas razões - as tais, de que não posso falar -, de ver a casa bem cheinha; cheinha com o público que manda vir, que se porta mal, que grita e aplaude com o mesmo entusiasmo, que bate com os pés e que dá ao LAF a cor e a alegria que merece.

Passem a palavra, obriguem os vossos familiares a irem ao LAF no dia 26, penso até que podem levar os vossos animais de estimação. Não se acanhem, garanto-vos que não se vão arrepender.
Pensem numa caótica celebração tribal, com àcidos e alucinogéneos à mistura, e terão uma pequena amostra do que vai ser o próximo espectáculo da Região Estrangeira no LAF - Comedy Club em Leça.

Até lá.

"Tenho sono, tenho muito sonono..."



Esta frase morou anos a fio numa das paredes da Escola António Sergio, em Vila Nova de Gaia.
Sempre que a via associava-a a alguém sozinho no mundo. Alguém cuja mente tinha já perdido todo e qualquer contacto com a capacidade que temos de raciocinar, de pensar friamente nas coisas.
"Um louco" pensei, da primeira vez que li aquelas palavras e senti um estranho arrepio.
Com o passar dos anos a minha visão daquela frase tão despida foi mudando. Comecei a respeitá-la por me aperceber que só alguém com a noção de que está a perder o juízo podia alguma vez escrever aquilo. Uma declaração de culpa; o confessar de que se está lentamente a desaparecer.
Só uma pessoa com muita coragem dá um tiro na cabeça. Da mesma forma, só alguém muito consciente, alguém muito certo de si; alguém que sabe com toda a certeza do mundo de que já não é ele próprio mas sim o resultado de tantas e tantas coisas que não consegue controlar, escreve algo assim.
O assumir "estou a enlouquecer".

Pois bem, tenho sono...

A pele


A pele
se nada mais houvesse, então a pele, apenas
Mas não a sua
Um abraço
Como uma mortalha enrolada à volta do corpo,
um conforto depois da morte.
Porque até os mortos merecem uma última dádiva.
A pele, então.

Brooklyn

segunda-feira, novembro 21, 2005

Mama, you been on my mind...



Perhaps it is the color of the sun cut flatan' cov'rin' the crossroads I'm standing at,
or maybe it's the weather or something like that,
but mama , you been on my mind.
I don't mean trouble, please don't put me down, don't get upset,
I am not pleadin' or sayin', that I can't forget you
I do not walk the floor bowed down an'bent, but yet,
mama, you been on my mind.
Even though my eyes are hazy and my thoughts they might be narrow,
where you been don't bother me nor bring me down in sorrow.
I don't even mind with who you're wakin' up tomorrow,
but mama, you've been on my mind.
I am not askin' you to say words like "yes" or "no,"
please understand me, I have no place I'm calling you to go
I'm just whispering to myself so I can pretend that I don't know
mama, you been on my mind.
When you wake up in the mornin', baby, look inside your mirror.
You know I won't be next to you, you know I won't be near.
I'd just be curious to know if you can see yourself as clear as someone who has had you on his mind.

Jeff Buckley

sexta-feira, novembro 18, 2005


Num momento.
Num momento, que tanto pode ter sido um milésimo de segundo como uma noite interminável, todos os seus fantasmas foram expulsos do armário.
Sem saber muito bem como, timidamente, iniciou um caminho de que já não tinha memória.
E a cada passo que dava, admirava-se com a beleza do que via.
E comoveu-se.
Não só com a beleza do que via, mas com a beleza do que (re)descobria.
"Admirável Mundo Novo", pensou.
Maravilhou-se com a magia que se sente quando se descobre algo pela primeira vez, e no entanto... cada passo que dava, era tão seguro e tão intencional, tão familiar...
Estranhamente familiar.
Como se já tivesse percorrido aquele mesmo caminho tantas e tantas vezes.
Perdeu-se nesse caminho, mas com o gozo de quem se quer perder; de quem quer experimentar todos os outros pequenos caminhos que vão surgindo.
O gozo de quem quer admirar; de quem quer perder horas, dias, meses a admirar tudo o que esses caminhos possuem.
E experimentou-os, somente para descobrir que todos eles eram igualmente maravilhosos, todos eles dignos de serem percorridos...
Descobriu também que, às vezes, e só às vezes, a beleza é tanta que pode magoar.
Descobriu que às vezes, e só às vezes, um determinado caminho deve ser percorrido lentamente.
Que às vezes, e só às vezes, os caminhos devem ser percorridos um de cada vez.
E descobriu, quando chegou ao fim do caminho, que os fantasmas estavam lá à espera dele...

E lembrou-se das palavras do poeta "I touched her thigh and death smiled..."

quarta-feira, novembro 16, 2005

Red Alert


Já viram alguém a dançar no carro, inclusive a desenhar coreografias, como se a música que ouve fosse ouvida por toda a gente no mundo?
Pois se quiserem saber o que isso é, estejam ali para os lados da Fernão Magalhães amanhã às oito da matina e podem testemunhar a figurinha que eu faço a partir do momento em que entro no carro e me conduzo até Gaia.
E a razão? Estes Senhores da elctrónica (não, não são os japoneses...) chamados Basement Jaxx e a sua fabulosa música "Red Alert". Faz-me esquecer completamente de que estou rodeado de pessoas ainda sonolentas e taciturnas a caminho do trabalho, e dançar como o camandro!!!
Aliás, neste preciso momento em que vos escrevinho estas simples linhas, ouço-a pela trigésima vez desde o almoço e... danço sentado na minha cadeira! Incontrolavelmente!!
Já é antiguinha, mas funciona sempre. É como um gatilho que, quando pressionado, me faz disparar a 200 à hora, independentemente dos problemas que tenha na vida ou do estado de espirito por que passo neste ou naquele momento.
E sabem que mais? Está a acabar e vou ouví-la outra vez!
And the music keeps on playing on and on...

segunda-feira, novembro 14, 2005



Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations as their shoes fill up with water
And maybe I’m too young to keep good love from going wrong
But tonight you’re on my mind so you never know
When I’m broken down and hungry for your love with no way to feed it
Where are you tonight, child you know how much I need it
Too young to hold on and too old to just break free and run
Sometimes a man gets carried away, when he feels like he should be having his fun
And much too blind to see the damage he’s done
Sometimes a man must awake to find that really, he has no-one
So I’ll wait for you... and I’ll burn
Will I ever see your sweet return
Oh will I ever learn
Oh lover, you should’ve come over’cause it’s not too late
Lonely is the room, the bed is made, the open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep that will never come
It’s never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It’s never over, all my riches for her smiles when I slept so soft against her
It’s never over, all my blood for the sweetness of her laughter
It’s never over, she’s the tear that hangs inside my soul forever
Well maybe I’m just too young
To keep good love from going wrong
Oh... lover, you should’ve come over’cause it’s not too late
Well I feel too young to hold on
And I’m much too old to break free and run
Too deaf, dumb, and blind to see the damage I’ve done
Sweet lover, you should’ve come over
Oh, love well I’m waiting for you
Lover, you should’ve come over’cause it’s not too late

Jeff Buckley

terça-feira, novembro 08, 2005

Acabou-se o spam!



Pois é.
Agora quando escreverem aqui as vossas simpáticas palavras, terão de confirmar umas letrinhas que vos serão apresentadas. Um bocadinho como quando éramos pequeninos e tinhamos as nossas palavras secretas.
Não custa nada.

Alice



(Juro que esta não tem nada a ver com a minha vida, não se preocupem. Nem sequer conheço nenhuma Alice, muito menos sei patinar no gelo...)

It's dreamy weather we're on
You waved your crooked wand
Along an icy pond with a frozen moon
A murder of silhouette crows I saw
And the tears on my face
And the skates on the pond
They spell Alice
I disappear in your name
But you must wait for me
Somewhere across the sea
There's a wreck of a ship
Your hair is like meadow grass on the tide
And the raindrops on my window
And the ice in my drink
Baby all I can think of is Alice
Arithmetic arithmetock
Turn the hands back on the clock
How does the ocean rock the boat?
How did the razor find my throat?
The only strings that hold me here
Are tangled up around the pier
And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twiceI fell through the ice
Of Alice
And so a secret kiss
Brings madness with the bliss
And I will think of this
When I'm dead in my grave
Set me adrift and I'm lost over there
And I must be insane
To go skating on your name
And by tracing it twice
I fell through the ice
Of Alice
There's only Alice

Tom Waits

One of these things first



I could have been a sailor, could have been a cook
A real live lover, could have been a book.
I could have been a signpost, could have been a clock
As simple as a kettle, steady as a rock.
I could be
Here and now
I would be, I should be
But how?
I could have been
One of these things first
I could have been
One of these things first.
I could have been your pillar, could have been your door
I could have stayed beside you, could have stayed for more.
Could have been your statue, could have been your friend,
A whole long lifetime could have been the end.
I could be yours so true
I would be, I should be through and through
I could have been
One of these things first
I could have been
One of these things first.
I could have been a whistle, could have been a flute
A real live giver, could have been a boot.
I could have been a signpost, could have been a clock
As simple as a kettle, steady as a rock.
I could be even here
I would be, I should be so near
I could have been
One of these things first
I could have been
One of these things first.

Nick Drake

This one's for you



I feel so far away from love
'Cause I can never get enough
Like a kid with his hand in the highest jar
And if I came back from the grave for a while
Would you, could you make a dead man smile
I'd wear you on my arm like a brand new scar
My oh my oh my I've had a few
My oh my oh my this one's for you
My heart is on its sleeve
I need you to believe that the dark times will fade
So crack the shell of the hardest heart
Slip inside when they're caught off guard
Kill all the urgent lies that stain their blood
And if you think that you know everything
Don't give me this chance to sing
I'm not a fool, a fool to lighten up
My oh my oh my I've had a few
My oh my oh my this one's for you
My heart is on it's sleeve I
need you to believe that the dark times will fade
And I can't stop staring at you
And your expression looks a little confused
This little story will end so well

Ed Harcourt

segunda-feira, novembro 07, 2005

Time has told me
You’re a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.
And time has told me
Not to ask for more
Someday our ocean
Will find it’s shore.
So i`ll leave the ways that are making me be
What I really don’t want to be
Leave the ways that are making me love
What I really don’t want to love.
Time has told me
You came with the dawn
A soul with no footprint
A rose with no thorn.
Your tears they tell me
There’s really no way
Of ending your troubles
With things you can say.
And time will tell you
To stay by my side
To keep on trying’til there’s no more to hide.
So leave the ways that are making you be
What you really don’t want to be
Leave the ways that are making you love
What you really don’t want to love.
Time has told me
You’re a rare rare find
A troubled cure
For a troubled mind.
And time has told me
Not to ask for more
For some day our ocean
Will find it’s shore.

Nick Drake

A culpa não é minha, os gajos parece que adivinham...


Quando pegou na mão dela e a encostou ao seu peito para que sentisse o seu coração bater por ela; quando a levou a perceber o que realmente se passava lá dentro, assustou-a...
Num gesto rápido mas gentil ela negou-lhe o toque.
E fugiu.

Pensando cada dia, cada hora
Pensando en ti
Caminando, mi sesta llena de moras
Son para ti
Temprano por la tarde y por la noche
Sueño de ti
Comiendo pera
En santa maria de la feira
Que placer ir
La gente buena
Solo gozan nunca hay pena
Pa' que sufrir
Jugando en el mar, en la arena
Viviendo haci
Ventana blanca
Hay que venga la mañana
Hay que venga otra vez
Esperando
Asi es como yo paso mi tiempo
Esperando a Inaniel
Y rezando por su calor, por su aliento
Sobre mi piel
Te digo todo aqui va bien
Conmigo de no dormir
Amigo, te lo suplico, te lo pido
Que me ayudes a mi, a mi
Buscando
Con mi ancla en la marea
Nadando en ti
Yo voy andando
Oyeme, te estoy llamando
Te amo a ti
Por el valle me encontré un rio escondido
Me recuerdo, hacía calor pero tenia frio
Me iba a morir
Bianca
Ay Paloma, ay Angelina
Por fin te vi
Por fin te vi
Por fin te vi

Devendra banhart

Tenho de parar com esta mania de que nas palavras dos outros revejo a minha vida...

Desculpe...!?



"Hello, you blog is funny and informative. I have a website about improving your adult sex life. Please visit if you want to enjoy sex more in a proper way."

Este spam já apareceu várias vezes aqui no meu blog. Tenho constantemente apagado este tipo de publicidade, mas... hoje pela primeira vez resolvi parar e pensar nisto mais a sério.

Aquilo é uma frase de engate, "Hello, your blog is funny and informative."? E o que se segue, um convite ordinário? "Please visit if you want to enjoy sex more in a proper way"?

Não sei como é que esta gente sabe da qualidade da minha vida sexual, mas tenho que ter mais cuidado com quem falo dela...

domingo, novembro 06, 2005


Hoje à tarde fui ver este filme, "The Constant Gardener" do Fernando Meirelles, o mesmo do "Cidade de Deus" e... teorias da conspiração à parte, fez-me recordar a merda-de-mundo-de-merda em que vivemos.
Fez-me pensar na vergonha que somos enquanto seres humanos; o quanto andamos distraidos, despreocupados ou ignorantes em relação a tanta coisa suja e nojenta.
Na passada quinta-feira, enquanto via a entrega dos prémios da MTV, ouvi um dos elementos dos System of a Down vociferar ao microfone "civilization is a failure".
Como lhe dou razão.

E o que é isto senão colinho...



These few lines I'll devote
To a marvellous girl covered up with my coat
Pull it up to your chin
I'll hold you until the day will begin
Still
Lying in the shadows this new flame will cast
Upon everything we carry from the past
You were made of every love and each regret
Up until the day we met
There are no words that I'm afraid to hear
Unless they are "Goodbye, my dear"
StillI was moving very fast
But in one place
Now you speak my name and set my pulse to race
Sometimes words may tumble out but can't eclipse
The feeling when you press your fingers to my lips
I want to kiss you in a rush
And whisper things to make you blush
And you say,
"Darling, hush hush still, still"

Elvis Costello

sábado, novembro 05, 2005

Ontem acho que magoei alguém importante para mim.
Acho que no meio da confusão de idéias que vivem na minha cabeça disse coisas que não devem ser ditas sem preparação. Minha e da pessoa que vai ouvir o que eu tenho para dizer.
Não sei se o assustei, desiludi ou realmente o magoei. Não obtive um feedback imediato, mas... acho que sentimos as coisas de uma forma inequívoca, não é? Mesmo quando estamos errados, o que sentimos é o que conta. E ontem senti que lhe fiz mal. Senti que estou decididamente no caminho errado na minha relação com ele, com o meu amigo.

Há muitos anos partiram-me o coração de uma forma brutal. A meio do sofrimento em que mergulhei, dei de caras com um amigo de longa data, mas com quem já não estava há muito. Tomando conhecimento do que se tinha passado, e do que me estava a acontecer, presenteou-me com o melhor conselho que alguma vez me foi dado. "Faças o que fizeres, não faças nada de que te possas arrepender. Acima de tudo não faças figuras tristes".

Acho que ontem, após muitos anos a seguir essa máxima, escorreguei e mostrei as minhas fraquezas a alguém sem saber se essa pessoa estava sequer interessada em saber delas; sem saber se isso interferiu de uma forma menos positiva na nossa relação.
Eu acho que interferiu.

A meio da conversa tive a nítida sensação disso mesmo. Acreditei saber o que ele estaria a pensar. "Não era nada disto que eu queria; não era isto que eu precisava de ti".
Just sing a song and feel all right
Cause that’s just life
And if you’re lost
Don’t be sad
There are good times to be had
Just sing a song and let love shine
Cause that’s just life
That's just life
That's just life
So darling don't cry
And when your hour
It is near
And your friends
They all are here
To share their love and to be kind
It’s just life
Oh and when you’re gone
You won‘t be back
I’ll remember those
Special times we had
I’ll sing this song and feel alright
Cause that’s just life
That's just life
That's just life
So darling don't cry

Josh Rouse

A decisão está tomada

Meu Seu Jorge

O ciclo completou-se. Só faltava ter ido à sala de estar de Seu Jorge para o encanto ser total.
O concerto que deu ontem na Casa da Música foi isso mesmo. Um encontro de amigos; uma tertúlia em sua casa numa qualquer favela do Rio de janeiro. Tocou, cantou e encantou. Puxou o público para uma roda de samba e fez-se magia; uma magia que não acontece em muitos concertos. Ontem não estavam músicos e espectadores naquela sala. Estavam amigos, que trocaram carinho e atenção.
Foi bonito de se sentir.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Jorge... Seu Jorge...



Hoje à noite vou ver um dos meus heróis recentes. Não tanto pela música que toca e canta - tão bem, diga-se passagem - mas pela atitude de anti-star system que passeia com muita classe.
Seu Jorge ficou famoso com a surpreendente interpretação do famoso Mané Galinha no absolutamente incontornável "Cidade de Deus". Aliás, filme que nos brindou com uma das mais memoráveis interpretações colectivas da história do cinema moderno. Mas disso falarei noutro post.

Seu Jorge encanta pela aparente humildade e frontalidade com que fala das coisas da vida; dos problemas que existem no dia-a-dia daqueles que habitam na favela carioca. Ao mesmo tempo é já uma das coqueluches de Hollywood e presença habitual em, imagine-se, passagens de modelos.

Ou seja, logo à noite vou-me deixar encantar mais um bocadinho por este Senhor de aspecto (aparentemente) descuidado, de voz tranquila e palavras acertadas. Um verdadeiro sex-symbol, pelo menos no meu conceito do que é um sex-symbol...

E agora lá vou ter que levar com os comentários homofóbicos do costume...

Impossivel é resistir a um violão, uma cuíca e um pandeiro.

Tive razão, posso falar
Não foi legal, não pegou bem
Que vontade de chorar, dói

Em pensar que ela não vem, só dói
Mas pra mim tá tranquilo, eu vou zoar

O clima é de partida
Vou dar sequência na vida
De bobeira que eu não estou

E você sabe como é que é
Eu vou, mas poderei voltar quando você quiser
Demorou, vai ser melhor

O suicídio


Uma boa amiga, também visita habitual deste meu blog, perguntava-me hoje se eu já teria marcado a data do meu funeral. Acreditem, é mesmo boa amiga. Só me fez essa pergunta por ter lido os posts que tenho publicado.
Obviamente levei a coisa para o único lado possivel, o da brincadeira.
No entanto, gostava de aproveitar esta ocasião para deixar aqui a minha opinião acerca do suicídio.
Nunca, mas nunca, me suicidaria. Por muito que a minha vida fosse uma merda.
Acredito sempre no dia seguinte. Acredito sempre que, e como disse à minha boa amiga, se nos estivermos a afundar, só conseguimos dar o impulso necessário para começar a subir quando chegamos bem ao fundo e temos novamente uma superfície para empurrar com as pernas e ganhar força para essa ascenção. E o prémio de chegar à tona será sempre o mesmo: oxigénio
Vivo o dia-a-dia, mas sempre com o pensamento no dia de amanhã. Não mais do que isso...


E a propósito desta fé no dia seguinte...

A day once dawned, and it was beautiful
A day once dawned from the ground
Then the night she fell
And the air was beautiful
The night she fell all around.
So look see the days
The endless coloured ways
And go play the game that you learnt
From the morning.
And now we rise
And we are everywhere
And now we rise from the ground
And see she flies
And she is everywhere
See she flies all around
So look see the sights
The endless summer nights
And go play the game that you learnt
From the morning.

Nick Drake

quinta-feira, novembro 03, 2005

Possiveis conclusões precipitadas...



...resultantes de um comentário ao meu último post.

Eu tenho de facto uma cirrose. Um tio meu morreu de um cancro no fígado
provocado por uma cirrose, embora nunca tenha bebido àlcool na vida. A minha
pele vai-se transformar numa espécie de papel vegetal cinzento e escorridio,
sem vida. O meu fígado vai ter buracos do tamanho de nozes. Os meus dentes
vão-me cair e os meus olhos vão ser amarelos até ao último dia da minha
vida. Vou ter reacções violentíssimas de carência de àlcool, típicas de
qualquer viciado em heroína.

Sim, tenho de facto um cancro nos pulmões, nos dois, e vou-me extinguir
lentamente, mais lentamente do que seria desejável. Aliás, vou acabar os
meus dias numa cama de hospital, daquelas envoltas por uma bolha de
plástico. Não vou poder voltar a sentir as mãos dos meus amigos, que me irão
visitar algumas, poucas, vezes porque não vão aguentar a dôr de me verem
naquele estado. A minha mãe vai-se consumir por ver e sentir a minha vida a
esvair-se a pouco e pouco. Eu, o seu filho mais velho.

Existe realmente um coágulo de sangue no meu cérebro. Está lá e não parece
gostar muito de mim. Já não digo coisa com coisa, babo-me com abundância e
começo agora a não conhecer pessoas, a esquecer-me dos nomes delas e de como
se faz para usar a escova dos dentes ou sequer para o que é que ela serve.
Não tarda nada apago-me.

Ou...
A minha vida não anda nada fácil. Tenho trabalhado como o caraças, tenho
cem milhões de coisas na cabeça, algumas delas a necessitar urgentemente de
resolução e tenho mesmo dormido muito pouco. Para além disso, ando com falta
de apetite, reação habitual em mim sempre que os meus nervos se parecem com
bailarinos do Lord Of The Dance sob o efeito de potentes àcidos.

Ainda não fui muito conclusivo? Leiam este post com outros olhos, vão ver
que percebem que não tem realmente nada a ver com o que está escrito.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Hmmmmmm.....




Na última semana, perdi dois quilos. As calças que trago hoje saiem mesmo sem desapertar o botão.
Não sei se isso tem alguma utilidade ou não...


Causas possiveis:


Tenho uma fortíssima cirrose (embora não beba àlcool)

Tenho um cancro nos pulmões (apesar de não fumar... tabaco)

Tenho um coágulo no cérebro (mesmo acreditando que nenhum coágulo minimamente inteligente quereria alguma coisa com este meu cérebro)

O meu súbito emagrecimento resulta das sete (sete!!!) semanas consecutivas a dormir menos de cinco horas por dia e do estado caótico em que estão as franjas dos meus nervos. Ou nervos em franja...

Se conseguir perceber que esta última hipótese é a correcta, então terei descoberto um método barato, e tão perigoso para a saúde como qualquer outro, de perder peso com efectividade.
Se assim for... vinde a mim tias do jet-set, esqueçam lá essa porcaria da banda gástrica.