kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

sexta-feira, setembro 29, 2006

Hmmmm...
hoje vou fazer uma pequenina batota no que ás sequências de filmes diz respeito.
É que as três que escolhi hoje são do espectáculo que os Monty Python deram no Hollywood Bowl na década de setenta. Ou seja, não é propriamente um filme...

Mas que me influenciou tremendamente, influenciou. E, sem tirar valor aos episódios da série que lhes deu fama, a verdade é que os sketches dos Python têm outra energia em palco.

Nomeadamente a última, uma das melhores performances ao vivo de sempre.
(Lá estou eu...)

Antológico.







Karmabox - A música do dia

NÃO PASSEM À FRENTE!!! OUÇAM!!!

Por favor, se costumam olhar para o Karmabox e andar em frente, não o façam hoje.
É que vale mesmo a pena. Aliás, acho que pode até mudar a vida de alguns de vocês...

Ao segundo álbum os Nouvelle Vague atiram-se a um clássico dos Echo & The Bunnymen e criam uma das músicas mais delico-doces, tristes e bonitas que já ouvi em trinta e três aninhos de vida. A sério. Já sei que passo a vida a dizer este tipo de coisas, mas garanto-vos, desta vez é mesmo a valer.
É das fórmulas mais simples e mais efectivas.
É que a música dos Echo já era bastante bonita ao seu estilo - convém lembrar que estávamos na época de ouro do movimento shoe-gazing, e o conceito de beleza associado à música pop era outro bem diferente - , o que fazia com que fosse muito difícil estragá-la. Os franceses não só não a astragaram como foram ainda mais longe e assinaram uma cover que ultrapassa o original a duzentos à hora e sem dar pisca.
E, como dizia, a fórmula é realmente muito simples. Um acordeão, um vibrafone, uma guitarra, o ritmo da valsa em jeito de ó-ó, tudo embrulhado numa voz angelical e em mil e um sons de um percussionista que só pode ter estudado no paraiso. Já sei, este texto transpira a exagero, não é?
Então ouçam as duas versões e deixem aqui a vossa opinião.
Se conseguirem articular depois desta experiência.

Logo vou dançar valsa contigo, pode ser?








E fiquem também com a letra do Ian McCulloch, que é mui bonita...
Under blue moon I saw you
So soon you'll take me
Up in your arms, too late to beg you
Or cancel it, though I know it must be
The killing time
Unwillingly mine
FateUp against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him
In starlit nights I saw you
So cruelly you kissed me
Your lips a magic world
Your sky all hung with jewels
The killing moon
Will come too soon
FateUp against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him
Under blue moon I saw you
So soon you'll take me
Up in your arms, too late to beg you
or cancel it though I know it must be
The killing time
Unwillingly mine
FateUp against your will
Through the thick and thin
He will wait until
You give yourself to him

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quinta-feira, setembro 28, 2006

Diário de férias - 12 de Agosto


A noite, hoje, foi de excessos.
Excesso de álcool. Excesso de fumo. Excesso de bolachas de chocolate com leite achocolatado.
Excesso de sonhos, também...
Raramente me recordo dos meus sonhos, mas os sonhos esta noite foram demasiado fortes para não me lembrar deles.
Mas...
são meus. Não os posso partilhar.

Como dizia, a noite foi de excessos. Passada na praia, como sempre, na companhia do Marco e da Ana e, a espaços, do Tiago. O Joel, esse, andava perdido.
Foi uma noite como há muito não via uma aqui na ilha. Um dos bares da praia organizou uma (imagine-se) festa de espuma em pleno areal, e a loucura foi total.
Obviamente mantivemo-nos afastados do epicentro da confusão, e aproveitamos apenas a música da festa.
É bom ver a ilha assim animada, mas é estranho este tipo de acontecimentos. Pode soar a arrogância, mas a verdade é que não é tipico de Tavira, este tipo de animação.

Ás quatro da manhã abandonei o grupo e regressei à tenda. Têm sido noites longas e o corpo não aguenta o que eu desejava.
Mas foi uma noite memorável, lá isso foi.

O dia foi igual a todos os outros. De facto não há nenhuma novidade a acrescentar.
Um dos filmes mais enternecedores, cómicos e disparatados que tive a oportunidade de ver.
Chama-se The Life Aquatic With Steve Zissou e é uma verdadeira pérola. Quase nem parece um filme...


Karmabox - Jim Morrison & The Doors - Ghost Song

Escrevi Jim Morrison & The Doors e não apenas The Doors porque esta música faz parte do álbum a solo de Morrison - embora com o apoio instrumental dos restantes membros da mitica banda americana -, An American Prayer.

É muito suave, ideal para um dia como o de hoje, chuvoso.

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quarta-feira, setembro 27, 2006



Sinceramente?
Acho que é a única coisa realmente que o mundo não pode dispensar. E tudo num gesto.
Até senti saudades tuas, Ana.

Diário das férias - 11 de Agosto


Provavelmente o dia mais quente do ano.
De tal forma que a cabeça lateja, o corpo amolece e só se está bem - e nem assim - à sombra. Tudo é impossivel. Respirar é impossivel.
Só se pode estar na praia até à uma e sempre dentro de água.
A tarde começa com um almoço com o Marco, a Ana e os pequenos João e Diogo. Serve de refúgio do sol, também. Segue-se uma horinha de repouso para leitura à sombra de uma árvore e depois, mais praia.

A noite precipita-se.
Há que rumar à vila para uma experiência mágica.
A visita ao atelier de Bartolomeu dos Santos, uma sumidade na área da gravura, com enorme reconhecimento internacional. Fui levado pela mão sábia da Rita com o objectivo de ver uma instalação da autoria da sua irmã.
Sumo de laranja geladinho, amêndoas e vinho branco num terraço com vista para a vila. Iniciámos o fim de noite da melhor das formas.

Seguimos para o REF, barzinho com ambiente encantador e pessoas maravilhosas. A Rute, o Zé, o Nuno e o Chocas, o cão com o olhar mais doce do mundo.
O convite para continuar até de madrugada é recusado. Com muita pena minha. O corpo de campista reclama com sono e chego à ilha, ainda em festa, ás cinco da manhã. Ainda tento uma pequena incursão pelos diversos grupos espalhados pela areia da praia. Procuro pelos meus irmãos, mas apercebo-me rapidamente de que a noite chegou mesmo ao fim.

Foi um dia estranho e estranhamente rápido. O calor desnorteou-me e fez-me recuperar alguns pensamentos da noite anterior. Resta-me dormir e convencer-me de que as coisas levam tempo até serem devidamente afinadas.
Fica-me uma idéia: as coisas boas que partilhamos com as pessoas que amamos formam as bases sobre as quais construimos as relações. São coisas que, quando guardadas, servem apenas o individuo que as guarda dentro de si, e em nada favorecem os laços com outras pessoas.
Sim, as coisas más devem também ser partilhadas. Devemos essa honestidade aos outros. Mas não são suficientes para consolidar as relações.
E acima de tudo, e se mais não houvesse, sabe sempre terrivelmente bem ouvir um elogio, uma emoção, um sentimento. Conforta-nos o ego, dá-nos confiança e a vontade de devolver tudo de bom que nos acabaram de dar.
Acredito que se tal não acontecer, secam os sentimentos e invariavelmente começam a morrer.
Acredito nisto.

Diário das férias - 10 de Agosto




Começo pelo fim- ou pelo que julgo ser o fim.

É uma da manhã e estou à porta da tenda. Nem de propósito, ouço Devendra cantar swiming in the sea I know what to call you know. É que hoje foi um dia de mar. De uma mar incrivel. Tão incrivel que me fez estar com ele por horas.

Fui ter com a Rita à praia e conheci a irmã dela, a Margarida. Passámos horas na conversa, dentro e fora de água.
Foi um dia bom. Muito bom.

E agora a paz. Precisava disto. Desta calma, desta tranquilidade.
Como me disseram hoje, não ter de estar aqui ou ali, a tal hora previamente marcada. Não ter obrigações, horários...
Precisava de lavar a alma com o que de melhor há no mundo. Paz.

O meu pensamento regressa à tenda, e à uma da manhã.
Não sei se adormeço já, ou se aproveito esta calma até ceder ao sono. Mereço-a e preciso dela. Como preciso de ti.
Aqui.
Porque és a imagem da calma em mim. Porque me sossegas e tranquilizas como ninguém.
O colo mais bonito do mundo.
Se aqui estivesses, à porta da minha tenda, cobria-te de beijinhos. Abraçava-te bem juntinho a mim e dizia-te coisas bonitas ao ouvido.
Dir-me-ias está tudo bem e gosto muito de ti.
Davas-me a tua mão para eu beijar e repousar no meu pescoço, como sempre faço.
Fazias-me festinhas com os dedos dos pés, e entrelaçavamos as pernas para dormir. E amava-te assim, à porta da minha tenda, debaixo das manchas de céu estrelado por entre as copas das árvores.

O Nick Drake obriga-me a ficar acordado mais um bocadinho, mesmo quando me preparava para ir dormir.
Aproveito para continuar a escrever...
Ouvi-o tantas vezes no caminho para casa, à noite. Naquelas noites em que não pensava noutra coisa senão em tomar uma decisão. A decisão que viria a mudar a minha vida de forma irremediável. Pensava no que fazer. Como fazê-lo, quais os motivos, as consequências e como aguentar com elas.
Como lidar com a dor que ia inflingir numa pessoa que adoro e por quem tenho um imenso carinho.

To me our lifes are fast approaching death so let's go out in my suit and your black dress.
Penso em tudo de bom que me aconteceu este ano. Do que conquistei, do que vivi. Tantas emoções que tenho a certeza de que sou eu que choco contra elas e me deixo levar.

O Devendra regressa para me dizer pensando en ti.
E eu penso. Penso em ti novamente, no que podia facilmente ser um exercicio de masoquismo mas não é. É conforto.
Imagino-te silhueta na luz que emana dos candeeiros do parque, saltitando na minha direcção. A minha personagem da BD.
Gostava que estas férias pudessem ter sido the days of perfect tunes, the colours red and blue. We had a promise made, we were in love.
Ás vezes olho para os meus desenhos, que guardo numa pasta lá em casa, e não sei bem como é que os fiz, ou até se fui eu que os desenhei.
Não me lembro de como comecei, por onde comecei, porque é que fiz as pernas assim, ou os olhos assado.
Não é de todo importante, mas achei que isto teria criado uma espécie de vazio na minha cabeça.
É uma sensação estranha, não reconhecermos o nosso trabalho como sendo nosso.
Ou reconhecê-lo, de todo.


Hoje não resisto à tentação de deixar, de uma vez só, duas sequências notáveis de filmes que me marcaram.
Ambas primam pela simplicidade. Quase que se podia dizer que nem era preciso fazer grande coisa, só deixar a máquina filmar. E no entanto significam tanto.
E continuam a significar...

A primeira é do filme In The Mood For Love, de Wong Kar Wai, e a segunda, da (na minha opinião) obra-prima de Almodóvar, Habla Con Ella.








Karmabox - Belle And Sebastian - "White Collar Boy"


Porque hoje preciso de música animada...


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terça-feira, setembro 26, 2006

Há coisas sobrenaturais.
No mesmo dia, o Carlos Moura e eu decidimos investigar animação na net.
Mandou-me uma curta do Bill Plympton no exacto momento em que eu via o que preferia para deixar aqui no blog.
Agora, que me preparo para disponibilizar uma animação da magnifica Pixar, noto que ele já se adiantou e fez o mesmo...
Seja como for, acho que nos próximos dias vou abusar destes senhores.
Começo por For The Birds, vencedor do Oscar para melhor curta de animação no ano de 2001.
Sem palavras...



Gozo e dor
Se estou contente, querida,
Com esta imensa ternura
De que me enche o teu amor?
Não. Ai não; falta-me a vida;
Sucumbe-me a alma à ventura:
O excesso de gozo é dor.

Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.

É que não há ser bastante
Para este gozar sem fim
Que me inunda o coração.
Tremo dele, e delirante
Sinto que se exaure em mim
Ou a vida ou a razão.

Almeida Garrett

Diário das férias - 09 de Aosto

Novo amanhecer em suor. O calor abrasador da tenda junta-se aos sintomas de ressaca e obriga-me a arrastar-me para o exterior.

Não há como fugir ás inúmeras memórias que vivem nesta ilha. Cada canto do parque de campismo, o caminho feito de ida e volta da tenda, as rotinas, os horários, ou a falta deles, as mesmas pessoas. O cheiro das coisas e dessas memórias.
Ontem ouviram-se pela primeira vez os tambores à distância. Os mesmos que sempre compuseram a banda sonora deste local, e que sempre, como ontem, nos acompanhavam pela madrugada e até de manhã. Ainda assim, nota-se que não é nada como há uns anos, em que os tambores chegavam a ser vinte, trinta.
Ainda assim, ontem fizeram-se ouvir pela primeira vez, embalaram-nos e reforçaram a nostalgia deste lugar.

Como dizia, o dia voltou a amanhecer escaldante, mas encoberto, desta vez. Por entre a neblina começa-se a perceber o sol e a ter uma idéia do inferno que vai ser esta ilha daqui a um par de horas. A praia, claro. Acho que vou adormecer por lá.

Do resto do dia nada há a dizer. A noite foi igual à de ontem, sem tirar nem pôr...

Engraçado como um aroma súbito nos transporta para outros locais. Sentado na esplanada do Ferreira senti-me - e apeteceu-me estar - em Barcelona. Tudo levado por um aroma.

INTERDITO A MENORES DE 18



Nunca pensei dizer isto aqui no meu blog, mas as imagens que se seguem podem ferir a susceptibilidade de algumas pessoas.
E os nervos.
E o estômago.

Reservoir Dogs é a obra de estréia de Quentin Tarantino e a única que respeito. Para além de ser um dos meus filmes favoritos de todos os tempos.
Vi-o em estréia absoluta no Fantasporto, na velhinha sala do Auditório Nacional Carlos Alberto, e na altura várias foram as pessoas que sairam da sala a meio da projecção. Lembro-me inclusive de uma senhora que passou algo mal e necessitou mesmo de ajuda. Lembro-me ainda das horas que passei com o Xico numa estação de serviço depois de sairmos do cinema, ás três da manhã, e de relembrarmos o filme uma e outra vez, e de o dissecarmos até à miligrama.

A história de Reservoir Dogs é muito simples. Um assalto a um banco corre mal, e é só. O que se segue é uma convulsão de emoções, energia, intensidade, desconfiança e a sombra de uma traição, tudo num velho armazém abandonado.

A sequência que podem ver aqui embaixo, ficou conhecida como a cena da orelha, e acreditem, é mesmo para quem pode, não para quem a quer ver. Até eu, com tanta experiência em filmes-choque me contorci enquanto as imagens me passavam à frente.
Não vos conto o que por lá se vê, mas adianto-vos que está extremamente bem filmada, muito bem interpretada e é, apesar da violência que a envolve, incrivelmente cool.
Como nunca mais Tarantino conseguiu ser. Levou o coolness longe demais sem o saber dosear com as doses certas de tudo o resto. Nomeadamente da intensidade que emana deste filme.

Portanto, vejam com os vossos prórpios olhos...
se conseguirem.


Sempre foi minha opinião que, ao fim e ao cabo, no fim de cada ano cinéfilo algumas das melhores obras saiem directamente dos estúdios de animação e muitas das vezes em formato de curta metragem.

Esta é um óptimo exemplo. São pouco mais de seis minutos de altíssima qualidade.



Karmabox - A Música Do Dia

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segunda-feira, setembro 25, 2006



O café que me queima a garganta faz-me pensar nesta estranha capacidade que o ser humano tem de saber prever certas dores, mas de não as conseguir impedir.
A incapacidade, se preferirem, de não se deixar atrair para algum tipo de sofrimento, mesmo sabendo que esse é inevitável.
Quando peguei na chávena de café já sabia, só de olhar para ela, que o liquido estava a escaldar. Mesmo assim, não me impedi de o beber e de me queimar. Garganta, lingua e céu da boca - como dói o céu da boca.
Até quando vou cair neste erro?

Diário de férias - 08 de Agosto


O amanhecer no parque de campismo é sempre infernal.
O calor expulsa-nos das tendas ao pontapé. O que acaba por ser benéfico. Afinal há uma praia fabulosa à espera.
O dia corre sem grandes acontecimentos. Tipico de uma estadia em Tavira. O que se pretende é paz e sossego, e tirando uma ida à vila para mantimentos - que se revela extremamente esgotante devido ao calor que se faz sentir - o resto das horas são passadas entre a sombra do campismo e o mar plácido da ilha.
E depois os rituais do costume. Duche frio - fabuloso - jantar improvisado e saída para a confusão nocturna.
Deito-me ás cinco e meia da manhã, depois de muito ruído, muita música e muitos olhares cúmplices. Na ilha comunica-se muito sem ser necessário falar. Já me tinha esquecido de como aqui a líbido é colocada à prova...




Um pouco antes, o Tiago tinha-me deixado na praia debaixo de uma lua cheia. Cheia de força.
A mesma lua que há uns meses me dizia não poder ser deperdiçada e que tinha de ser partilhada.
E partilhei-a.
Contigo.
Em sonhos e sempre que fechava os olhos.






Backspace

www.backspace.com é o site de uma empresa consultora de design. Vale bem a pena a visita, e este video... bem, este video, devia ter mais de dois minutos.
Flutuem...






São dois projectos que provavelmente nunca serão mais do que isso mesmo, projectos.

São idéias propostas por uma editora para livros infantis e que questões internas da própria editora atiraram para um arquivo do qual dificilmente sairão.

O primeiro sobre dois irmãos que perdem o seu boneco de neve (derretido), e que na sua procura acabam por percorrer o ciclo da àgua. Nasceu de um outro projecto - este fotográfico - subordinado ao mesmo assunto, e da vontade de o explicar aos mais pequeninos. Chamar-se-ia "Branca Neve" e seria muito, muito bonito.

O segundo, acabadinho e pronto a lançar, era um livro acerca dos peixes que existem nos mares do Pacífico, mas acompanhado por jogos daqueles em que temos de unir os pontos para ver a imagem escondida, labirintos e outros puzzles do género. Foram trabalhos que deram um gozo enorme a criar, por mim e pelo meu parceiro de sempre, o Zé, mas que infelizmente só existem assim, em imagens arrumadas num computador. E nos nossos corações.

Karmabox - A Música Do Dia


Foi uma das minhas portas de entrada para o universo Ben Harper. Na altura, e como sempre, por motivos sentimentais, Forever dizia-me bastante.
Continua a dizer. É muita bonita e delicada, e o seu significado é sempre o mesmo, independentemente do meu estado de espirito.




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sexta-feira, setembro 22, 2006

Os Aristocratas



A história é simples:
imaginem a anedota mais violenta, nojenta, escatológica e politicamente incorrecta da história.

Agora imaginem um elenco de comediantes absolutamente de luxo numa tentativa muito especial de a contar da forma ainda mais violenta, nojenta, escatológica, politicamente incorrecta e brutal de sempre.
É isso que vemos no brilhante documentário The Aristocrats.
Ou seja, o que assistimos realmente é à forma brilhante como se constrói um filme de hora e meia em torno de uma anedota que nem chega sequer a ter piada. A piada reside nas diferentes - e são bastantes, acreditem - formas dela ser contada.
É genial, teve uma passagem fugaz pelas salas de cinema de Lisboa e merece muito ser visto e revisto.
Cheguei a ele pelas mãos sábias do Carlos Moura, e nessa mesma noite não só já tinhamos duas ou três versões muito nossas da anedota, como já tinhamos criado uma outra nos mesmos moldes.

Neste clip assistimos à versão do histriónico Gilbert Gottfried. Segundo a opinião de alguns dos participantes deste documentário, nunca como nesta ocasião esta anedota foi tão bem contada.
E ao vivo, perante, não só centenas de pessoas, mas como perante uma platéia de ilustres comediantes, que tentavam angaraiar fundos para as familias dos mortos resultantes do 11 de Setembro, um mês após os atentados. Gottfried começou por gozar com os próprios atentados e, perante as vaias do público - claramente sensibilizado ainda pelos terriveis acontecimentos -, decidiu, numa clara curva apertada e em duas rodas, enveredar pelo que de mais violento se podia contar numa noite tão pouco ortodoxa para a comédia.
Vejam, e percebam o resultado.

Mesma história, final diferente...


Isolou-se do silêncio ensurdecedor dos pais.
Era tão pequenino, afundado no banco de trás do carro.
Afastou-se o mais que conseguiu do encosto, e aproximou-se da janela. Os seus olhos quase não chegavam à altura do vidro. Através das milhares de gotas de chuva, ali presas como que por magia, olhou o mundo lá fora. Era tudo tão mais bonito do que dentro daquele enorme carro. Tudo tão mais pacifico.
Viu as árvores, correndo em sentido contrário. As pessoas, estranhamente andando para trás. Os prédios, passando a uma velocidade inacreditável, para algo daquele tamanho.
Nada no mundo lá fora parecia conseguir ficar quieto. Tudo se mexia. Ao contrário do interior daquele gigantesco e silencioso carro.
E então viu-a.
A única pessoa que andava no mesmo sentido que ele. Pequenina como ele, os olhos quase não chegando à altura do vidro. De certo, em silêncio absoluto naquele tão enorme carro. Sozinha, como ele.
Admirou-a por alguns segundos. Apaixonou-se por ela. E rapidamente se apercebeu que a estava a perder. Corria mais veloz do que ele. Muito mais veloz do que ele.
Nunca se esqueceria dela. O amor mais forte que alguma vez sentiria na vida, através de milhares de gotas de chuva.

Deixou-se afundar no assento do negro carro.
Afastou os olhos do vidro e manteve-se isolado do silêncio dos pais. Triste.

Ao chegar à escola, desceu com dificuldade do odioso carro e, abrigado da chuva pela enorme mochila, correu em direcção ao enorme e pesado edificio.
Era tão pequenino. Achava sempre que as sua pernas pequeninas não seriam capazes de subir a gigantesca escadaria, feita de monstruosos e feios degraus de pedra.

Quando, a custo, chegou ao cimo daqueles degraus, viu uma mão branquinha e fininha segurando um bilhete encharcardo pela água da chuva.
Era ela!
Estava ali à espera dele e agitava-lhe o bilhete em silêncio como que dizendo "anda, pega lá nisto!!!".
Ele pegou, tendo todo o cuidado para não tocar no pulso dela.
Ela fugiu, envergonhada.
Ele perdeu a força nas pernas tão pequeninas.
Abriu o bilhete, que quase se desfazia nas suas mãos.
Leu-o sem respirar...

Meu fofinho,
um bom dia de aulas e muitos
miminhos entre as
gotas de chuva
I.
Num dos cantinhos do bilhete, I. tinha desenhado um pontilhado e escrito as palavras vale 1 beijinho.
Sem pensar segurou no bilhete com as duas mãos e apertou-o de encontro ao coração. Não ouviu a campainha anunciando o início das aulas. Não ouviu os passos apressados e encharcados dos atrasados do costume. Não se apercebeu do enorme silêncio que sempre se faz sentir assim que todos os alunos se fecham nas salas de aula.
Ela tinha-o visto, por entre milhares de gotas de chuva.
Ela tinha-o admirado e tinha-se apaixonado também.
E tinha corrido mais veloz do que ele para ter tempo de chegar à escola e escrever aquele bilhete para lhe entregar.
Por entre milhões de gotas de chuva.
Lembrei-me que existe um senhor chamado Woody Allen que já foi um génio da comédia. Não que não seja um génio agora, mas de facto, lá que abandonou a comédia disparatada, lá isso abandonou.

Esta sequência, do filme Bananas, é perfeitamente lunática e mostra um Woody Allen em perfeito estado de graça, ao mesmo tempo em que prova ser um legitimo discípulo do enorme Buster Keaton.
A segunda metade do clip apresente também uma surpresa em forma de... convidado.
Vá, vão lá rir um bocadinho


Karmabox - A Música Do Dia



Hoje, muito especial e com dedicatória.

Sou fá acérrimo da carreira de Danny Elfman, o compositor habitual parceiro de Tim Burton. Não me levem a mal os seguidores do realizador, mas tenho a certeza de que a sua carreira não tinha sido a mesma sem a preciosa colaboração deste compositor. Se os ambientes soturnos e neo-góticos de Burton de certo sempre viveram na sua imaginação, a verdade é que foi através das bandas sonoras de Elfman que eles ganharam grande parte da sua visibilidade. E acho mesmo que será muito difícil ver um filme de Burton sem a música de Elfman. São a parceria perfeita.

Esta é a música de Eduardo Mãos de Tesoura, também um dos meus filmes preferidos de todos os tempos. É, aliás, o tema dedicado à personagem principal. E estive na dúvida entre colocar esta música ou outra, intitulada Ice Dance, e que representa, provavelmente, o momento mais bonito de todo o filme.
Lembrei-me de que poderia conseguir encontrar esse momento em vídeo e deixá-lo aqui no meu blog. Caso não encontre prometo que lhe dedico um Karmabox.

Ah, já me esquecia, a dedicatória.
Sei que é também um dos teus filmes preferidos e daqueles que te fazem chorar do início ao fim. Sei que de certa forma te identificas com a personagem principal, o pobre Eduardo.
Gostava de vê-lo contigo um dia destes, aceitas um convite?



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quinta-feira, setembro 21, 2006

Diário de férias - 07 de Agosto (cont.)


Completa que ficou a montagem da tenda, e respectiva arrumação de toneladas de tralha, seguimos o mais rapidamente que nos foi possivel para a praia. O calor é insuportável, e a água parece mesmo ser o único sitio onde se consegue estar...



Mas o cansaço vence-nos. O primeiro dia é sempre esgotante e decidimos rumar de volta ao parque de campismo e para uma boa sesta à sombrinha dos pinheiros. O cansaço e o calor retiram ao corpo toda e qualquer vontade. Seja do que for.

Mas sinto que, assim que passar esta sensação de confusão, este torpor, tipicos da chegada, a estadia aqui vai ser memorável. Estão cá pessoas que me fazem bem e de quem sinto a falta. O Marco, a Rita, querida Rita e outros que ainda estão para vir. E os meus putos. Esses sim, vão fazer destas férias algo de inesquecivel.

Esta noite vai ser tranquila. A verdadeira desgraça, essa, começa amanhã. Vão ser dias bons.

Isolou-se do silêncio ensurdecedor dos pais.
Era tão pequenino, afundado no banco de trás do carro.
Afastou-se o mais que conseguiu do encosto, e aproximou-se da janela. Os seus olhos quase não chegavam à altura do vidro.
Através das milhares de gotas de chuva, ali presas como que por magia, olhou o mundo lá fora.
Era tudo tão mais bonito do que dentro daquele enorme carro. Tudo tão mais pacifico.
Viu as árvores, correndo em sentido contrário. As pessoas, estranhamente andando para trás. Os prédios, passando a uma velocidade inacreditável, para algo daquele tamanho.
Nada no mundo lá fora parecia conseguir ficar quieto. Tudo se mexia.
Ao contrário do interior daquele gigantesco e silencioso carro.
E então viu-a.
A única pessoa que andava no mesmo sentido que ele.
Pequenina como ele, os olhos quase não chegando à altura do vidro. De certo em silêncio absoluto naquele tão enorme carro. Sozinha, como ele.
Admirou-a por alguns segundos. Apaixonou-se por ela. E rapidamente se apercebeu que a estava a perder. Corria mais veloz do que ele. Muito mais veloz do que ele.
Nunca se esqueceria dela. O amor mais forte que alguma vez sentiria na vida, através de milhares de gotas de chuva.

Desapareceu, finalmente.
Desviou o olhar do vidro e das gotas e voltou a afundar-se no assento do monstruoso carro.
Mas manteve-se isolado do silêncio ensurdecedor dos pais.

Diário de férias - 07 de Agosto (madrugada)









Cinco da manhã.

Caminhada dura até Quatro Águas para atravessar a ria Formosa e chegar finalmente à ilha de Tavira.

Decidimos apanhar um aquatáxi para não termos de esperar pelo primeiro ferry até ás sete horas. O cansaço retira paciência a um ritmo impressionante. A vista da ria e da ilha é impressionante. Os sons das centenas de pássaros que habitam a ria torna o cenário imponentemente calmo e quase irreal.

O Joel cedeu a este ambiente e teve uns quinze minutos sentado de frente para a paisagem que nos era prometida do lado de lá das águas. É impossivel ficar indiferente a tanta beleza.

Finalmente o barco que nos levaria à ilha. São dois minutos de viagem, não mais, mas o suficiente para nos fazer sentir um arrepiozinho de entusiasmo.

Chegamos. Finalmente!

Ainda assim, e apesar da óbvia alegria em estar aqui, a verdade é que vamos ter de aguardar trÊs horas até podermos entrar no parque de campismo. Os gémeos adormecem no chão de entrada, e eu aproveito para dar uma volta pela ilha. Uma caminhada pelas memórias que guardo deste lugar. A última vez que cá estive faltavam dois meses para um dos acontecimentos mais importantes da minha vida. Por isso, e por tudo que vivi aqui desde que cá vim a primeira vez - há sete anos -, tenho memórias muito fortes desta ilha. Deste passeio, deste parque, desta praia. Algumas dessas memórias - boas e más - passam-me em segundos pelo olhar, como se as estivesse a viver novamente. Cheiros, prazeres, vontades, dores. E torna-se inevitável sentir saudades desses tempos.

A ver se me refaço de tão grave esquecimento...


No passado fim de semana desloquei-me a Ponte de Lima para as famosas festas. As Feiras Novas.
A verdade é que depois de tantos anos a ouvir falar deste acontecimento, decidi ceder à curiosidade e fui com duas belas moças até ao alto Minho em busca de boa comida, farta bebida e bailarico à moda antiga.

Pois bem, confesso que foi assim uma espécie de desilusão.
A comida, era a normal, que por lá se vende todos os dias e, no nosso caso, resumiu-se a um caldo verde - acabado de fazer, é certo - e um cachorro quente muito manhoso.
A vontade de beber também acabou por não ser assim tanta e bailarico, nem vê-lo. Alguns duelos de acordeão aqui e ali, mas nada que me fizesse dançar e saltar.
Sendo assim regressámos ao Porto por volta das duas da manhã, sem saber que ainda nos esperava um fila de trânsito de uma hora só para conseguir sair de Ponte de Lima.

E pronto, acabaram de ler o que foi apenas uma introdução para o que eu aqui queria realmente dizer. É que no meio disto tudo tive o prazer de travar um conhecimento mais aprofundado com alguém que já me andava a despertar a curiosidade há já algum tempo.

Trata-se da quarta cousin do blog das cousins, o blog revelação do ano, declaro eu assumidamente parcial e suspeito - e para o qual podem encontrar o respectivo link na listinha do costume.
Já tinha estado com a I um par de vezes, mas sempre de forma rápida ou diluida em grupos mais ou menos dispersos, o que não permitia um conhecimento mais intimo da pessoa. A oportunidade surgiu nesta ida a Ponte de Lima. E é disso que eu quero falar.

I, gosto de ti.
Assim, simples e directo. Como tu.
Gosto do teu humor mordaz e extremamente atento. Aprecio os que sabem usar o sarcasmo sem serem brutos ou rudes, e deixa-me que te diga, usas essa técnica de forma apurada. Anos de práctica, percebe-se.
Gosto particularmente da classe demonstrada perante problemas tão graves quanto uma embraiagem tostada.
Gosto da forma perfeitamente encantadora com que desfazes as ilusões de todo e qualquer responsável por olhares babosos e ordinários aos rabos femininos daquelas que te acompanham. Lindo!
Gosto que não tenhas papas na lingua - como as tuas ilustres priminhas, aliás.
Gosto, acima de tudo, de acreditar que ainda me vou divertir muito ás tuas custas (no melhor dos sentidos, claro).
Só não gosto de me ter esquecido de escrever isto, e pior ainda, de não to dizer pessoalmente.
Mas já ouvi falar numa tal festa do bigode, portanto...
Gosto de ti, miúda. Espero ver-te por aqui mais vezes, sim?
Ah, e só te chamei de «quarta prima» porque foste a última a aparecer...
É uma das minhas músicas favoritas. De sempre.
Foi a primeira hoje. De manhã, e pelas ruas do Porto.

terça-feira, setembro 19, 2006

Diário de férias - 07 de Agosto (duas da manhã no autocarro para Tavira)


Dizia o Tiago que umas férias nunca seriam a mesma coisa sem uma paixão de Verão.

Gostava tanto que fosses a minha paixão de Verão; que fosses minha namorada por uma semana. Podíamos fingir que nunca nos tinhamos visto. Cruzaríamos olhares malandros sempre que nos víssemos; olhares como convites. Depois iria ter contigo à praia, já tarde, à noite, depois de todos os bares terem fechado. Perguntava-te posso-me sentar? e oferecia-te a minha sangria. Dir-me-ias não bebo através de um sorriso de quem sabe bem qua não era aquilo que eu queria dizer.

Ali, junto daquela fogueira, falaríamos de tudo. De outras férias, de outras paixões, de corações partidos, de como era bonito aquele mar. A velha desculpa do frio serviria para te chegares pertinho de mim, e naquele momento de silêncio absoluto e desconfortável, que nunca ninguém consegue quebrar, chegar-me-ia a ti com o coração na garganta e dava-te um beijo na bochecha.
Sorririas como quem sabe bem que não era ali que o beijo queria ser deixado e beijavas-me com a coragem que eu não tinha tido.
E ali, debaixo do céu mais bonito do mundo, seríamos apaixonados, amantes, namorados.

Vou passar os dias à procura do teu olhar malandro, do teu convite num sorriso. Sempre que estiver ocupado com alguma coisa, distraido, desinteressado de tudo o resto, vou estar à espera da tua mão no meu pescoço. Uma festinha de surpresa.
E quando de manhã estiver a fazer a barba, vou procurar-te no espelho, saltitando na tua saia atrevida.
E à noite, quando for hora de me deitar, vou demorar mais uns minutos a adormecer. O tempo suficiente para te sentir entrar devagarinho na minha tenda, com toda a leveza que te transporta. O tempo suficiente para me aperceber de que te estás a despir, devagarinho, para não me acordares, e que devagarinho te vais meter no meu saco-cama, encostares o teu corpo pequenino no meu e sussurrar-me beijinhos nos ombros, levezinhos.
E nesse momento o meu coração será teu para sempre, e eu serei muito feliz.

Diário de férias - 06 de Agosto


Os excessos da noite anterior fazem-se sentir, no estômago e não só. A estupidificação é generalizada e passamos quase todo o dia enfiados em casa. Em parte culpa também do calor que invadiu Lisboa.

Ao fim da tarde saí com o Tiago e o Joel para um passeio cem por cento turistico por Lisboa. Foi bom levá-los a conhecer um pouco de Lisboa, mas confesso que ficaram muitos cantinhos alfacinhas - para mim tão importantes - por lhes mostrar. Temos de cá voltar, isso é certo.
O jantar teve lugar no restaurante mais concorrido da cidade, McDonald's.

Antes da viagem para Tavira ainda houve tempo para bolo de chocolate, salada de fruta e leite-creme em casa do aniversariante. Ou seja, mais excessos!


A seguir: Tavira. Ou melhor, cinco horas enfiados num autocarro e depois sim, Tavira.

Karmabox - A Música Do Dia



Hoje, um breve regresso aos meus tempos do grunge.

Embora os Smashing Pumpkins nunca tenham respeitado exactamente as regras do grunge -se é que tais regras chegaram mesmo a existir -, a verdade é que a banda de Chicago esteve, durante algum tempo, associada à linha da frente deste neo-sub-género de rock.

Obviamente o tempo ditaria a diferença entre os Pumpkins e outras bandas como os Pearl Jam, Nirvana e Mudhoney, por exemplo. Não a diferença em qualidade - isso não está sequer em questão - mas a diferença no estilo. A banda de Chicago sempre apostou num certo rock psicadélico (por vezes levado ao limite) e que está bem patente nesta musiquita. Musiquita essa que até fez parte da fabulosa banda sonora do filme Singles, supostamente a primeira obra de sétima arte a versar o movimento grunge e as suas raízes em Seattle.

Drown remte directamente e sem disfarçar para o universo de Jimi Hendrix, nomeadamente através do solo demente de James Iha e que dura practicamente a totalidade da música.
Mesmo assim, não chateia mesmo nada e é tão suave que até embala.


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segunda-feira, setembro 18, 2006

Sequências de filmes (cont.) - Fight Club

Já aqui disse, é um dos meus filmes favoritos, e uma verdadeira bíblia da anarquia para o século XXI.
Tenho pena, mas a verdadeira cena que para mim resume este filme, não está disponivel na net, ou pelo menos, não se encontra completa.
No entanto, acho que esta é bastante intensa e acima de tudo incrivelmente bem interpretada pelo enorme Edward Norton.
Em suma, é a segunda melhor sequência do filme.


Diário de férias - 05 de Agosto (noitinha)


O fim de dia foi assim, suave e quentinho.
Trouxe a certeza de coisas boas para os próximos quinze dias

Como já disse, da praia seguimos directamente para a Aldeia do Meco para um jantar excessivo. Uma alarvidade! Comer assim só pode ser pecado. Ah, e é mesmo...

Acabado o jantar, e devido ao frio absurdo que se fazia sentir, decidimos transportar os festejos, inicialmente programados para um bar de praia, para casa do André e da Ana. Ou seja, mais excessos...
De álcool e não só. Para ser sincero, foi um fim de noite de excessos de tudo e mais alguma coisa. Para terem uma idéia, ás cinco da manhã a ementa incluía salsichas (cruas), pão, queijo, fiambre, presunto, mexilhões num molho qualquer (?) e mostarda. Esclarecedor, não?






Diário de férias - Sábado, 5 de Agosto

Começo hoje a transcrever para este blog o diário das minhas férias. Não será um assunto interessante para mais niguém a não ser para mim e para os que estiveram comigo nestes dias que passo a descrever. As fotos são apenas de algumas dessas pessoas, nomeadamente dos meus irmãos, da minha mãe e de um ou outro amigo. Os restantes, por uma razão ou outra, não vão aparecer aqui - facto que lamento imenso... -, mas foram todos igualmente importantes. Fizeram destas férias algo de muito confortável e revigorante. E fazem, por isso mesmo, parte de algumas das melhores memórias deste ano. Como vão poder perceber, muito do que vou escrever aqui será desiquilibrado, e por vezes desfazado de um enquadramento. Enquadramento só possivel na mente de quem passa por uma série de acontecimentos e de sensações, todas em catadupa e a um ritmo impossivel de acompanhar com uma caneta e um bloco de apontamentos. Mas são todas elas palavras sinceras e fresquinhas de sentimentos, pois foram sempre escritas em cima da hora. Assim como aquelas noticias de última hora que surgem sempre no fim dos serviços noticiosos na televisão. Seja como for, espero que gostem, das palavras e das imagens, e que se considerem convidados a virem comigo no que foram as minhas férias em 2006.



A primeira música das férias, Hawaii, dos Strokes. Aleatoriamente. E fez todo o sentido. O amanhecer foi triste de saudade e precisava de animar.
Pensei nos dias que estão para vir. Nas férias com os meus irmãos e contigo. Respirei fundo e senti uma mudança imediata. As ruas do Porto de manhã, lembras-te? São sempre bonitas.
Vou sentir a tua falta.

A seguir...
Stress, mochilas pesadas, a toalha quase esquecida, o aloquete, "pilhas, precisamos de pilhas", beijo no Romeu, que adivinhou a nossa partida, e colinho à Totó, que anda estranhamente meiga e dengosa. Abraço colectivo à mãe, que se portou muito bem no momento da despedida.



A viagem de comboio foi divertida e correu muito bem. Começo imediatamente a aperceber-me de que os meus irmãos são bons companheiros de viagem. Chegados a Lisboa seguimos quase que de imediato para a praia do Meco - ou lá perto - para dar início à festa de aniversário do André. Belo dia de praia, e um óptimo começo de férias.


Daí seguimos para a Aldeia do Meco para um jantar a todos os niveis excessivo. Será a continuação lógica de um fantástico e agitado primeiro dia de férias


Decidiu-se a sair finalmente de casa. O Domingo já ia no fim e ainda não tinha sentido o ar da rua.
Caminhou até à padaria no fim da rua. O sol estava à altura do seu ombro direito e do lado do seu ombro esquerdo já se sentia o friozinho do fim de tarde.
Ao balcão da padaria pediu os três pães mais brancos que viu e uma nata. O senhor disse-lhe que eram três barquinhos e uma nata. Quando pagou disse à senhora da registadora "são três barquinhos e uma nata. Foi assim que me disseram para dizer". "E disse muito bem", respondeu a senhora.
Voltou para casa com a idéia de lanchar à janela da cozinha, como fazia todos os dias. Caminhou de regresso a casa com toda a calma do mundo. Adorava aquela rua, aquela vizinhança. Eram, na sua maioria estrangeiros, indianos, chineses, africanos e ucranianos. Trabalhadores e estudantes, todos naquela rua, naqueles prédios. Ao fundo, o anúncio luminoso Taj Mahal não deixava lugar a equivocos. Aquele lugar era de todo o mundo. Um aglomerado de pequenas embaixadas.
Já em casa preparou os dois pães que sempre comia ao lanche. Um com doce de morango e o outro só com manteiga. Aqueceu o leite no microondas amarelado, colocou tudo no tabuleiro de plástico baço não se esquecendo de dois guardanapos de papel que se esgotavam imediatamente a seguir à primeira dentada no pão com doce de morango. Gostava daquela cerimónia aparentemente desnecessária. Fazia-o sentir como se estivesse a lanchar numa requintada casa de chá. Uma casa de chá das que ficam no meio de um lindo jardim. Servido por empregados altamente qualificados para a tarefa.
Olhou os telhados dos vizinhos e imaginou-se no meio de carvalhos, acácias, rosinhas de Santa Teresa e Boganvilias. Imaginava que a calma e o silêncio que reinavam naqueles telhados eram na realidade os sons desse tal jardim e dos animais que o habitavam. O ruído das folhas agitadas pelo vento.
Olhou os telhados de novo e pensou que provavelmente, naquela vizinhança, àquela hora, ele seria a única pessoa atrás de uma janela de cozinha, com um tabuleiro baço nos joelhos, doce de morango nos dedos e feliz por estar ali.

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quarta-feira, setembro 13, 2006

The Falling Man


Este homem vai morrer.
Sabemos isso no momento em que olhamos para a fotografia.
Ele sabia isso antes até de tomar a decisão de saltar do topo de uma das torres do World Trade Center, no dia 11 de Setembro de 2001.
Já estava morto.

Digam o que disserem; sejam quais forem as reacções a esta fotografia e à sua divulgação; estes foram os últimos momentos deste homem.
Passou-os em solidão, ou, se preferirem, em paz consigo e com o silêncio que - quero acreditar - se faz sentir enquanto a morte não chega.
Nunca saberemos se morreu antes de atingir o solo.
Não interessa.
A verdade é que, no dia em que se completou mais um ano desde que este homem decidiu apressar a sua morte, importa acima de tudo pensar nos que morreram naqueles prédios.
Não consigo compreender, nem quero, como ainda existem pessoas que dizem "bem feito" ou "estavam a pedi-las", quando falam dos acontecimentos em Nova Iorque naquela manhã.
Este homem não estava de certo a pedi-las. Este, e todos os duzentos que escolheram o salto para fugir a uma morte ainda mais terrivel, não estavam a pedi-las.

Chega do saloio anti-americanismo que nem sequer é produtivo ou criativo seja de que forma for. Chega deste rancor inexplicável por tudo o que é americano. Eu também não gosto e muito menos concordo com a politica externa dos EUA e com o mal que ela provoca no mundo.
Nem vou começar a falar novamente em todos os outros países cuja politica externa é igualmente prejudicial ao equilibrio do globo.
Nada disso interessa quando, neste dia, morreram quase três mil pessoas em poucos minutos.

E nenhuma delas estava a pedi-las.

Tanta chuva.
Tanto calor.
Quando entrou em casa já nem sabia dizer com certeza se era água ou suor o que lhe escorria do corpo magro e moreno e que formava uma poça no chão da entrada, sob os seus pés descalços.
Chovia sempre tanto em Saigão que toda a gente sabia que o melhor era ter o chão plastificado. Nada de carpetes ou tapetes, mesmo dos mais baratos. A chuva era tanta que tudo se estragava em poucas semanas. Os únicos que pareciam não aprender com a chuva eram os estrangeiros. Os que trabalhavam na cidade como professores, ou secretários e secretárias das grandes companhias americanas e europeias. Esses insistiam sempre em substituir a alcatifa apodrecida pelo peso da chuva por outra, ainda mais bonita.

Sorriu ao pensar que naquela altura algum americano chamado Steve devia estar a amaldiçoar a chuva por ter arruinado o bonito tapete Made In Singapore, comprado no grande mercado por tuta e meia e que jazia agora, fétido e escuro no chão da sua cozinha.

Pegou numa tigela com gelatina de maçã que sobrara do jantar com a sua mãe na noite anterior e dirigiu-se para a sala. Como sempre fazia, saíu pela janela, escalou as escadas de incêndio que davam para o minúsculo terraço e lá chegado, sentou-se de frente para Saigão.
Tinha construido uma espécie de abrigo com longos pedaços de lona e ferros de guarda-sóis abandonados que encontrava nas suas caminhadas pela rua. Dessa forma podia estar ali, de frente para Saigão, sem ter de se preocupar com a chuva.
Tanta chuva.
Fazendo-lhe companhia estavam os pombos do senhor Mei.

O senhor Mei era um velho inquilino daquele prédio - a quem a miudagem chamava carinhosamente de "o velho da Manchúria", já que era da Manchúria que ele tinha vindo - que criava pombos, pelo simples prazer de os ter por perto.
Um dia o velho senhor Mei foi atropelado e como o seu estado de saúde ficou irremediavelmente ameaçado, um dos seus filhos decidiu-se a levá-lo de volta para a sua aldeia, lá longe, sem nunca se preocupar com o que ia ser dos pombos, que ficaram fechados no enorme pombal construido pelo senhor Mei, sem comida ou àgua.
Foi a única vez que a vizinhança se juntou por um propósito comum. Nunca se falavam, nem sequer para se cumprimentarem. Não faziam reuniões de condomínio, nem se juntavam para decidir o que se poderia fazer para melhorar a canalização do prédio, ou a recolha do lixo. Não se reuniam nas escadas nem para falar mal uns dos outros...
Mas juntaram-se, de forma quase espontânea, para libertar os pombos do senhor Mei da prisão a que tinham sido sujeitos. E no entanto os pombos não sairam do prédio. Passaram a habitar o minúsculo terraço e, dessa forma, a fazer-lhe companhia nos seus fins de tarde de frente para Saigão.

Pensava sempre nela, naqueles fins de tarde.
Lembrava-se do caderno preto que repousava há dois anos em cima do guarda-fatos sem fatos no seu quarto. O caderno onde nunca tinha escrito uma palavra sequer, mas onde estava o nome dela, seguido pelo seu número de telefone. Lembrava-se da noite em que isso tinha acontecido. Um café, amigos comuns, uma mesa, o caderno preto e ela do outro lado da mesa, à distância de um toque na mão. Do nada, sem que nunca o tivesse previsto, ela pegou no caderno, abriu-o gentilmente, escreveu qualquer coisa pequenina, quase ilegível, voltou a fechar o caderno, gentilmente, e entregou-o, num gesto que parecia nunca mais acabar. Era o seu nome. O nome mais bonito do mundo. E o seu número de telefone.

Lembrava-se do primeiro beijo que tinham dado. Um primeiro, tímido, na face, e um segundo, arriscado, na boca. Lembrava-se que naquele momento tinha ficado com um sabor incrivel nos lábios. Um sabor de primeiro beijo que não conseguia explicar. Como se nunca tivesse beijado mais ninguém na vida. Lembrava-se perfeitamente do carinho que sentiu naqueles minutos. Do carinho que encheu o carro naquela noite, e que lhe encheu o peito de ar quente por todos os dias que se seguiram.

E os fins de tarde acabavam sempre da mesma maneira, ali de frente para a bela Saigão.
Já não se sentia. Não sentia o seu corpo pequeno e moreno, e ás vezes tinha mesmo de se tocar para acreditar que existia realmente. Segurava o seu ante-braço com força, até doer, para saber que era mesmo ele que estava ali.
E quando começava a escurecer, e milhares de colunas de fumo se começavam a libertar dos telhados da cidade, lembrava-se da última vez que estivera com ela. Da dor que sentira ao ouvir a sua voz dizer-lhe que era melhor ir-se embora. Da imagem dela, em pé na entrada de sua casa, uma poça de água sob os seus pezinhos.

Descia as escadas de regresso à sua janela.
Entrava em casa e acendia um cigarro indiano.
Daqueles de que ela gostava tanto.

sexta-feira, setembro 08, 2006

F, este é para ti, miúdo


Ok, eu até nem ia escrever nada relacionado contigo, mas não me aguento.

Já por diversas vezes tive a oportunidade de realçar a quantidade e a qualidade de diversas pessoas com quem travei conhecimento este ano. Pessoas que - quero acreditar - ficam comigo e em mim para o resto da vida. A mais nova destas pessoas, e que completa hoje dezoito aninhos - e aos quais eu bem poderia chamar «anões» já que são dezoito anos de respeito, e só não o faço porque depois teria todas as associações de defesa das gentes pequeninas à perna - é alguém com quem não tinha ainda criado grandes intimidades. Os últimos dois fins de semana, assim como a fantástica festa de aniversário improvisada de ontem, serviram para, pelo menos, fortalecer os laços já existentes.
E meu amigo, deixa-me que te diga, vale bem a pena ter-te conhecido. E se mais não fosse, por uma razão muito simples mas que a mim me toca tão de perto. És a pessoa com o melhor coração que tive a oportunidade de conhecer. Poucas pessoas neste mundo cada vez mais negro mantêm a gigantesca capacidade de acalmar aqueles que com elas convivem, e tu fazes isso com uma facilidade e uma eficácia extraordinárias. Ao mesmo tempo que manténs a tua postura ultra-correcta de ver o mundo e aqueles que te rodeiam.

E mais:
nesse teu coração enorme cabe um sem número de qualidades que só não são mais visiveis por seres tão low profile. Mas ainda bem. Nunca percas essa habilidade impossivel de ser aprendida. A de nos mantermos despercebidos, mas não invisiveis.
Nesse teu coração cabe um sentido de humor inabalável e contagiante; uma inteligência e uma capacidade de raciocínio só equivalentes à tua vontade (humilde) de aprenderes sempre mais; um grande sentido de justiça; e (não finalmente) uma permanente boa disposição que faz com que todos os que te conhecem te gabem por seres tão na boa. E tens um bom remate de pé direito, também. Daqueles que dão dores nos pulsos. Arrre!

Como já disse, não tivemos tempo nem as circunstâncias para nos conhecermos melhor do que isto. Espero sinceramente andar por cá o tempo suficiente para poder ter mais momentos como os de ontem. Se isso não acontecer e que eu tenha de me ir, pois bem, é essa a lei da vida (muito private joke).

Poderás achar isto tudo um tremendo exagero e até algo desnecessário. Mas podes perguntar à tua irmã, aí ao teu lado, que ela explica-te um bocadinho a minha maneira lamechas até à exaustão de funcionar com isto da amizade e das empatias. Ok?

Ah, já me esquecia, um tremendo UUAAUUAAUUIIIIIIUUUAAAAA para ti, meu caro.

Recebi este preocupado mail esta semana...


Olá!
Gostaria de partilhar convosco alguns episódios que me relataram, que de facto são impressionantes.
Há algumas semanas atrás, numa loja de Chineses, em ÁGUEDA:
O pai deixou a filha à porta da loja (que de certo tinha alguma compra a fazer nesse estabelecimento), e aguardou por ela no estacionamento dentro do carro. Após bastante tempo de espera, resolveu entrar na loja à procura da sua filha, mas não a conseguia encontrar lá dentro.
Questionou alguns funcionários da loja que afirmavam não a terem visto, teimou de tal forma que a filha tinha entrado para a loja, ao ponto de chamar a polícia, os polícias entraram e também não encontravam a jovem, até que por fim chamaram reforço de colegas com cães-polícia que através do seu faro conseguiram detectar a presença da jovem numa zona mais retirada da loja, dentro de um alçapão. A jovem já tinha o corpo marcado perto de alguns órgãos vitais e o destino dela seria: MORTA PARA TRÁFICO DE ÓRGÂOS. Outro caso idêntico aconteceu na loja de Chineses, no RETAIL PARK, em AVEIRO: O marido ficou a fumar um cigarro à porta da loja enquanto que a esposa entrou. Quando o marido após alguns minutos entrou à procura da esposa, também já não a viu. Após procurar por ela, esta também já estava amarrada nas traseiras da loja e o destino dela provávelmente seria o mesmo. Agora, se entrarem numa loja desses filhos da ....., tenham o cuidado de não irem sózinhos, pois facilita-lhes o trabalho. Isto não é brincadeira, P.F. divulguem ao maior nº de pessoas possível. E agora reflictam comigo: É ESTE O AGRADECIMENTO DOS CHINESES AO ESTADO PORTUGUÊS, por não lhes cobrar impostos durante 5 anos para abertura de lojas. Puta que os pariu, éra mandá-los todos recambiados para a China...
Com os melhores cumprimentos
(estava assinado, mas a menina que me mandou isto é-me desconhecida, pelo que...)


Agora por favor digam-me que isto é a brincar. Digam-me que de facto ninguém acredita numa coisa destas ao ponto de fazer correr algo do género pela net.
É que era não leva acento...

Já agora, e por falar em Shyamalan, vejam lá este anúncio com o próprio - e aposto que a realização também é do moço.



Ontem a conversa foi dar a cenas antológicas de cinema.
Foram várias e todas elas excepcionais. Uma delas é, na minha opinião, uma das mais intensas que conheço.
Já aqui disse ser fã de M. Night Shyamalan. Na minha opinião é um dos realizadores que actualmente melhor sabe filmar. Saber filmar. Saber usar a câmara para dar a uma cena a intensidade e o peso de que necessita.

Nesta sequência, do filme The Unbreakable, Bruce Willis regressa de um inesperado mergulho - quase mortal - numa piscina, para acabar com o sofrimento de uma mulher, feita refém, na sua própria casa, por um brutamontes animalesco.
O filme trata de super-heróies e vilões em jeito de banda desenhada mas nos tempos modernos. Reparem que Bruce Willis enverga uma capa impermeável, afinal o seu fato de herói, e toda a cena é filmada e musicada para transmitir a nobreza dos actos de um herói que em nenhuma altura o pretendeu ser. Os últimos minutos, do confronto entre ambos os oponentes, é filmada de uma acentada só. Um take, uma câmara, um espaço confinado e uma intensidade que me provoca arrepios de cada vez que a vejo.


Genial.

Karmabox - A Música Do Dia

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Hoje vou fazer um electrocardiograma.
Espero que a máquina só capte o ritmo cardíaco...

A MELHOR FESTA DO ANO!!!

O melhor concerto do ano! A melhor noite do ano!!
Os Fanfare Ciocarlia invadiram o Porto e a celebração foi no mínimo diabólica.
O Palácio de Cristal encheu para receber os romenos que tanto tocam num casamento lá na aldeia como vão a Tóquio dar um concerto para milhares de pessoas. Não há alegria como aquela. Não há amor à música como a da fanfarra. Não há prazer de estar em palco como o daquele grupo de ciganos. E tudo isso contagiou imediatamente quem se deslocou ontem ao Palácio. A comunhão foi total. Público e músicos exactamente na mesma sintonia. As gargantas berraram o mais alto que conseguiram e os corpos nunca tiveram descanso. É literalmente impossivel não nos deixarmos levar pelo ritmo endiabrado desta música. Impossivel. E ainda bem.
No fim de mais de duas horas de concerto - e que pela vontade do público ainda estava a decorrer - a pérola do costume. Os Fanfare desceram do palco e tocaram mais três temas em jeito de despedida.





Mas houve mais do que somente Fanfare Ciocarlia, ontem à noite. O bando que se formou na festa - composto por dois grupos distintos de amigos - resultou num dos momentos mais altos da noite. Animaram-se e animaram um concerto já de si perfeitamente descontrolado de alegria e boa disposição. Mais, conseguiram mesmo contagiar todos ao seu redor, que no fim da noite já gritavam a plenos pulmões e em bonito uníssono UAUAUIUA!!!
Para além disso um dos elementos da pandilha - provavelmente o mais querido pelos que estavam com ele na festança - completou dezoito primaveras à meia noite, e a aguardada celebração dentro da celebração foi emotiva e muito especial. Parabéns! Do fundo do coração.

Em suma, foi uma noite das que ficam para sempre no coração e na memória, e cujo efeito se vai prolongar por muitos dias.
E ontem, estava mesmo a precisar de uma noite assim.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Karmabox - A Música Do Dia




Leva qualquer eu a meu dia
Dá-me paz eu só quero estar bem
Foi só mais um quarto uma cama
No meu sonho era tudo o que eu queria

Quando alguém deixar de viver aqui
Espera que ao voltar seja para ti
Nada vai ser fácil
Nunca foi
Quando alguém deixar de te dar amor
Pensa que há quem viva do teu calor
Hoje é só um dia e vai voltar
Amanhã
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São coisas
São só coisas
São coisas

Se uma voz nos diz que é viver em vão
Pra que raio fiz eu esta canção
E se o fim é certo
Eu quero estar cá amanhã
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São coisas
São só coisas
São coisas

Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou bem
Quase tão bem
Vê como é bom voltar a dizer
Eu estou quase a viver

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Novo link

Sou fá deste blog desde o momento em que tomei conhecimento da sua existência, aqui há uns meses. Como não tinha ainda desenvolvido contactos de forma a poder obter a devida autorização para lhe dedicar um link aqui no meu cantinho, mantive-vos inadvertidamente afastados de um blog genuinamente cómico. Mesmo que seja um blog quase em ritmo de private joke - vão perceber porquê assim que derem lá um saltinho - , a verdade é que é irresistivelmente hilariante.

Para além disso, parece-me que vou começar a fazer parte do universo retratado no blog dos Mânfios. Orgulhosamente, diga-se de passagem!

Já sabem, é o último link ali na listinha.
Fechou a porta do quarto e regressou à cama. Regressou a ela. E voltou ao sono.


Vou ter saudades tuas nesta cama
Instantes antes tinha ouvido estas palavras, pequeninas, enquanto o seu corpo largava a cama a custo. A muito custo.
Não havia para ele dor maior no mundo que a dor de sair da cama e deixar uma parte dele lá, deitada.
Já sabia o que se seguia. O sentimento de solidão mais triste. A rotina de quem se prepara para sair de casa. O banho, o vestir de roupa, o pequeno almoço, tudo tão frio, tão só. Sabia que voltaria ao quarto para se despedir e que ao chegar à porta lançaria um último olhar sobre ela, deitada na cama, e que essa sensação de vazio lhe apertaria o estômago e o coração pelo resto do dia.

Estava na cozinha. Aquecia a canja de galinha que levaria para almoçar, sozinho, na cantina do escritório. Tinha já guardadas num saco de papel, bonito, com grandes letras brancas, uma maçã e uma pêra. Tinha também uma faca e guardanapos. Tudo muito bem arrumadinho por ela.
De repente as palavras pequeninas que ouvira instantes antes voltaram a ser ouvidas, uma e outra vez. Apercebeu-se de que podiam muito bem ter um outro sentido, diferente do que tinha percebido na altura.
Imaginou-se meses mais tarde, noutra cozinha. Sem saco de papel, sem a maçã ou a pêra. Viu-se à porta de um quarto com uma cama vazia, sem uma parte dele deitada no colchão. Voltou a ouvir as mesmas palavras e o nó no estômago apertou mais um bocadinho.

Fechou o recipiente com a canja de galinha, arrumou-o no saco de papel com a maçã, a pêra, a faca e os guardanapos.
Descalçou os sapatos, tirou a camisa roxa, a preferida dela, e pousou o relógio em cima da televisão. Abriu a porta do quarto e deu-se todo o tempo do mundo para admirar a beleza que normalmente lhe era roubada durante o dia.
E entrou...

quarta-feira, setembro 06, 2006

É uma das fotografias mais bonitas que tirei até hoje.
Foi no Avante, num dos momentos altos da festa. Ao som da Carvalhesa as gentes saltaram e dançaram em comunhão absoluta. Puxaram-me para a dança por um braço e fizeram-me rodopiar. Tinha a máquina fotográfica na mão. Decidi disparar e consegui uma imagem tão simples quanto bela. De um momento ainda mais belo. Daqueles de que falava há dias quando dizia que gostava que os meus olhos fossem fotográfico...
Desculpem não a mostrar, mas não é meu esse direito.