Diário das férias - 11 de Agosto
Provavelmente o dia mais quente do ano.
De tal forma que a cabeça lateja, o corpo amolece e só se está bem - e nem assim - à sombra. Tudo é impossivel. Respirar é impossivel.
Só se pode estar na praia até à uma e sempre dentro de água.
A tarde começa com um almoço com o Marco, a Ana e os pequenos João e Diogo. Serve de refúgio do sol, também. Segue-se uma horinha de repouso para leitura à sombra de uma árvore e depois, mais praia.
A noite precipita-se.
Há que rumar à vila para uma experiência mágica.
A visita ao atelier de Bartolomeu dos Santos, uma sumidade na área da gravura, com enorme reconhecimento internacional. Fui levado pela mão sábia da Rita com o objectivo de ver uma instalação da autoria da sua irmã.
Sumo de laranja geladinho, amêndoas e vinho branco num terraço com vista para a vila. Iniciámos o fim de noite da melhor das formas.
Seguimos para o REF, barzinho com ambiente encantador e pessoas maravilhosas. A Rute, o Zé, o Nuno e o Chocas, o cão com o olhar mais doce do mundo.
O convite para continuar até de madrugada é recusado. Com muita pena minha. O corpo de campista reclama com sono e chego à ilha, ainda em festa, ás cinco da manhã. Ainda tento uma pequena incursão pelos diversos grupos espalhados pela areia da praia. Procuro pelos meus irmãos, mas apercebo-me rapidamente de que a noite chegou mesmo ao fim.
Foi um dia estranho e estranhamente rápido. O calor desnorteou-me e fez-me recuperar alguns pensamentos da noite anterior. Resta-me dormir e convencer-me de que as coisas levam tempo até serem devidamente afinadas.
Fica-me uma idéia: as coisas boas que partilhamos com as pessoas que amamos formam as bases sobre as quais construimos as relações. São coisas que, quando guardadas, servem apenas o individuo que as guarda dentro de si, e em nada favorecem os laços com outras pessoas.
Sim, as coisas más devem também ser partilhadas. Devemos essa honestidade aos outros. Mas não são suficientes para consolidar as relações.
E acima de tudo, e se mais não houvesse, sabe sempre terrivelmente bem ouvir um elogio, uma emoção, um sentimento. Conforta-nos o ego, dá-nos confiança e a vontade de devolver tudo de bom que nos acabaram de dar.
Acredito que se tal não acontecer, secam os sentimentos e invariavelmente começam a morrer.
Acredito nisto.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home