Diário das férias - 10 de Agosto
Começo pelo fim- ou pelo que julgo ser o fim.
É uma da manhã e estou à porta da tenda. Nem de propósito, ouço Devendra cantar swiming in the sea I know what to call you know. É que hoje foi um dia de mar. De uma mar incrivel. Tão incrivel que me fez estar com ele por horas.
Fui ter com a Rita à praia e conheci a irmã dela, a Margarida. Passámos horas na conversa, dentro e fora de água.
Foi um dia bom. Muito bom.
E agora a paz. Precisava disto. Desta calma, desta tranquilidade.
Como me disseram hoje, não ter de estar aqui ou ali, a tal hora previamente marcada. Não ter obrigações, horários...
Precisava de lavar a alma com o que de melhor há no mundo. Paz.
O meu pensamento regressa à tenda, e à uma da manhã.
Não sei se adormeço já, ou se aproveito esta calma até ceder ao sono. Mereço-a e preciso dela. Como preciso de ti.
Aqui.
Porque és a imagem da calma em mim. Porque me sossegas e tranquilizas como ninguém.
O colo mais bonito do mundo.
Se aqui estivesses, à porta da minha tenda, cobria-te de beijinhos. Abraçava-te bem juntinho a mim e dizia-te coisas bonitas ao ouvido.
Dir-me-ias está tudo bem e gosto muito de ti.
Davas-me a tua mão para eu beijar e repousar no meu pescoço, como sempre faço.
Fazias-me festinhas com os dedos dos pés, e entrelaçavamos as pernas para dormir. E amava-te assim, à porta da minha tenda, debaixo das manchas de céu estrelado por entre as copas das árvores.
O Nick Drake obriga-me a ficar acordado mais um bocadinho, mesmo quando me preparava para ir dormir.
Aproveito para continuar a escrever...
Ouvi-o tantas vezes no caminho para casa, à noite. Naquelas noites em que não pensava noutra coisa senão em tomar uma decisão. A decisão que viria a mudar a minha vida de forma irremediável. Pensava no que fazer. Como fazê-lo, quais os motivos, as consequências e como aguentar com elas.
Como lidar com a dor que ia inflingir numa pessoa que adoro e por quem tenho um imenso carinho.
To me our lifes are fast approaching death so let's go out in my suit and your black dress.
Penso em tudo de bom que me aconteceu este ano. Do que conquistei, do que vivi. Tantas emoções que tenho a certeza de que sou eu que choco contra elas e me deixo levar.
O Devendra regressa para me dizer pensando en ti.
E eu penso. Penso em ti novamente, no que podia facilmente ser um exercicio de masoquismo mas não é. É conforto.
Imagino-te silhueta na luz que emana dos candeeiros do parque, saltitando na minha direcção. A minha personagem da BD.
Gostava que estas férias pudessem ter sido the days of perfect tunes, the colours red and blue. We had a promise made, we were in love.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home