INPUT' 07 - MACHINAMENTUM
Idéia interessante - embora não tanto original - a do grupo de teatro da faculdade de belas artes do Porto - Tic Tac. Uma aventura orwelliana numa repartição de finanças - ou algo assim -, física e gestual, sem palavras.
O aspecto cénico é irrepreensível e prende de imediato a atenção do espectador.
No entanto, isso não chega, e é preciso cabedal para aguentar uma peça de mais de uma hora sem palavras. É preciso energia e genica, e a idéia de simular uma repartição de finanças, provavelmente - e sem intenção - levou a coisa para um terreno sonolento e mole.
O espectáculo começa com o posicionamento dos funcionários, cada um no seu posto de trabalho. Cada um executando a sua rotina diária, chata e muito repetitiva. A idéia é construir, desta repetição, uma malha sonora; um ritmo transformado em quase música que acompanhe o que se vai assistir a seguir. O problema é que, embora o espectador por esta altura já tivesse adivinhado a intenção, essa malha rítmica custa a pegar, muito por culpa da interpretação pouco enérgica dos executantes. Faltou a maquinação que se pretendia. Maquinação humana, entenda-se.
O resto é bem mais desinteressante. Acompanhamos cinco personagens e a burocracia por que têm de passar para ver os seus assuntos tratados. Deveria ser mais cómico e mordaz. Não foi. E não o sendo, não conseguiu roubar a atenção do espectador ao que se passava no fundo do palco - a tal música de fundo - e que entretanto se tinha finalmente tornado interessante.
Fica a idéia, muito boa, mas que necessitava obviamente de mais ensaio, de modo a eliminar tantas arestas e pontas soltas.
1 Comments:
At 12:30, Anónimo said…
O grupo em questão é o Sobretudo (grupo de artes cénicas e afins da FBAUP), e não o tic tac de ciências.
Obrigado.
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