Ainda pensei que me iria arrepender de dizer isto, mas...
O Homem Aranha III e uma merda! Pronto, tá dito!
E é uma merda por imensas razões.
Primeiro, e para os que não sabem, este terceiro capítulo da saga realizada por Sam Raimi, marca o fim do contracto de Tobey Maguire no papel de Peter Parker/Homem Aranha. Quer isto dizer que os estúdios responsáveis queriam fazer deste terceiro filme uma espécie de vale-tudo da carreira do aracnídeo mais famoso da BD, e usufruir assim da imagem que o jovem actor conquistou junto dos fãs da personagem - um excelente Parker, diga-se.
E o que é que se faz quando assim é? Misturam-se ingredientes sem qualquer peso nem medida, desrespeita-se a cronologia dos eventos e cria-se uma salada russa completamente estapafúrdia.
Eu explico:
Neste filme assistimos ao aparecimento de, não um, mas sim dois inimigos clássicos do Homem Aranha, o Homem-Areia e Venom. Ora se o primeiro é nitidamente um dos vilões de segunda linha da carreira do herói - embora seja um dos mais humanos e carregados de nobreza -, já o segundo é um dos mais importantes de sempre. Tendo surgido primeiramente como um alter ego negro do trepa-paredes, Venom assumiu a certa altura o papel de um dos vilões mais violentos e terríveis, não só da vida do Homem Aranha, mas de todo o universo Marvel - a editora responsável pelas histórias deste e de outros super heróis.
O que acontece neste filme é que Venom tem uma participação vistosa e fulgurante, mas rápida e quase desnecessária. A verdade é que o ser alienígena - um simbionte - que dá à luz a monstruosa criatura conhecida como Venom (nome ao qual não se faz sequer referência), merecia um filme só para a sua história, e para a influência que teve na vida e na carreira de Peter Parker. Mas assim não é.
E depois temos um filme sensaborão, lento, demasiado lento e pesado, que nos arrasta durante duas horas e meia por uma teia - perdão pelo trocadilho - complicada e baralhada de acontecimentos e fait divers que não interessam a ninguém, muito menos aos fãs do herói.
É um misto de comédia ridícula, dramalhão de pacotilha e filme de acção e ainda por cima mal feito. O uso e abuso da tecnologia CGI (Computer Generated Image) chega a irritar. Porque é em demasia e porque é estranhamente de má qualidade.
E ponho-me a pensar: embora o segundo filme da série me tivesse deixado com água na boca, e a sonhar com os seguintes, a verdade é que este me fez voltar atrás e concluir o mesmo que tinha concluído aquando da estréia do primeiro. Tivesse Tim Burton pegado neste projecto, e tínhamos uma trilogia de respeito. Negra, dramática e com seres de carne e osso. Por muito inverosímeis que possam ser.
Assim o que temos é algo como um belíssimo fogo de artifício que se pode admirar, mas não se pode ouvir. Falta sempre qualquer coisa importante...
Mas tenho de voltar atrás só para fazer referência à excelência do trabalho de Thomas Hayden Church no papel do outro vilão de serviço, Sandman. De todos, é o vilão menos vilão. Aquele que verdadeiramente tem um motivo para agir daquela maneira. De todos o único que não queria mesmo nada ser assim. Como já disse, o mais humano. E é tudo isto que o olhar e a voz de Church transportam ao longo do filme. Uma tristeza e uma amargura nada típica dos vilões de BD.
Mas é só.
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