Por favor espreitem o blog do Miguel, a campainha.
A dada altura, numa das fotos usadas para compor este video, um homem segura um cartaz onde se pode ler Love means all.
E a humanidade esqueceu-se disso. Não tenho dúvida alguma...
Bom Karma... ou não!
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E agora, se eu não vos dissesse nada, iam-se embora pensando que o homem é fotógrafo e que até nem faz nada de especial, correcto?
Então olhem outra vez...
Pois é, o homem é escultor, e usando fibra de vidro, resina e silicone cria gigantes e gente pequenina, minúscula, que convivem lado a lado no nosso mundo. Não consigo sequer imaginar a técnica de Mueck ou como é que ele consegue este nivel de perfeição perfeitamente assustador e sobrenatural. Façam uma busca no Google por imagens a partir do nome dele e percebam o universo de um artista que não se encaixa em nenhuma categoria que eu conheça. É inqualificável. E reparem no pormenores. Na pele, nas rugas, nos poros, na expressão e na energia que emana destas... esculturas. Perdão, destas pessoas. Têm vida própria, e isso chega a provocar arrepios na espinha.
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Estou rendido!
Não tinha outra alternativa, senão render-me aos encantos da bela San Sebastian (Donostia em basco). É que de todas as cidades que visitei até hoje, esta é de longe a mais bonita. E nem me vou dar ao trabalho de procurar adjectivos para ilustrar aqui esta crónica. Nem consigo...
Vou, portanto, por partes.
Cheguei a Donostia ás seis e meia da manhã, e logo para me dar conta do rebuliço da cidade mesmo áquela hora. A estação de comboios - onde me abriguei da chuva durante uns minutinhos - era um não parar de vai e vem de pessoas, para fora e para dentro de comboios que não paravam de chegar. Ou seja, pese embora seja uma cidade relativamente pequena, Donostia é uma cidade fervilhante, disso não tenho dúvidas.
A cidade é, como já disse, lindissima. A arquitectura é deslimbrante, e o estado geral de conservação dos edificios e das ruas é... imaculado. Mesmo o bairro velho - onde fiquei hospedado - em nada se assemelha aos bairros velhos de cidades como Barcelona, Lisboa - e o Bairro Alto - e muito menos a ribeiro do Porto. Porque é limpo! Tudo é limpo. Tudo é luminoso.
Para além disso, a quantidade de tascas, bares, cafés, pincherias e restaurantes é avassaladora, chegando a atingir a impressionante média de «porta-sim, porta-sim». E deixem-me que vos diga, o que lá dentro se nos é oferecido é de quebrar a resistência da anorética mais empedernida. Donostia é a capital mundial da badochice, da gula, dos que comem com os olhos e com a barriga. Tudo é bom, em quantidades alarves e bonito, apetecivel. Uma semana lá, e os niveis de colesterol no sangue ficariam mais elevados que a divida externa de Cabo Verde.
Os bascos são de facto pessoas peculiares. Para além do seu bom aspecto, cultivam um estilo muito próprio e que em nada se parece com o do resto dos espanhóis. Durante a semana, quem sai à noite não os vê em lado nenhum, a não ser os que trabalham nos bares e restaurantes da cidade. Os noctívagos de Donostia são os turistas que não se fartam de encher a pança de pinchos - aqueles bocadinhos de pão ali em cima na foto, onde os bascos colocam tudo, até postas de bacalhau! - e cerveja. Basta, no entanto, chegar o fim de tarde de sexta feira para as ruas de Donostia se transformarem num autêntico S. João no Porto!
Para lá da cidade e dos seus habitantes, convém dizer que foi uma das (mini) viagens mais agradáveis que tive. Por várias razões. Pelas acima já referidas e por outras, muitas, milhares, que nem sempre são visiveis, mas sentidas. O sentimento de chegar a um local novo, por exemplo. A ansiedade por começar a andar e ver e conhecer que me fez esquecer até de que tinha uns trinta quilos às costas em forma de mochila. O prazer constante da descoberta. E experiências. Como a de me ver repentinamente engolido por uma manifestação a favor da amnistia dos presos politicos que defendem a independência do país basco. A descoberta da realidade etarra, afinal ainda tão viva na cidade e sempre, sempre presnete. Nas paredes, em forma de cartazes, graffitis e chamamentos populares. A descoberta de uma lingua que toda a gente conhece e fala mas da qual ninguém sabe a origem.
E uma sensação crescente de bem estar. E outras sensações que não são para aqui chamadas... mas todas igualmente brutais e que fazem de mim, hoje, um tonto feliz.
(Ah, a foto inicial não é minha, obviamente...)
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