Leio a crónica de Rui Pedro Batista no jornal Metro e fico a saber que a cada seis minutos morre uma mulher vítima de de um aborto clandestino.
Fico também a saber que dos 46 milhões de abortos feitos por ano em todo o mundo, 20 milhões são clandestinos, realizados em condições pouco ou nada seguras, provocando aproximadamente 80 mil mortes por ano devido a infecções, hemorragias, danos uterinos e efeitos tóxicos dos métodos utilizados para induzir o aborto.
E passo a citar o autor da crónica, que diz que "manter o actual regime, criminalizando o aborto, não reduz os números. A Roménia é um óptimo exemplo. Em 1966 o aborto legal foi restringido e a taxa de mortalidade de mulheres grávidas causada por abortos clandestinos aumentou dramaticamente, tornando-se dez vezes mais alta do que no resto da Europa. Em 1989 o aborto foi de novo legalizado quando pedido pela mulher, e a taxa de mortalidade de mulheres grávidas diminuiu drasticamente. Em contraste, a Holanda tem a taxa de aborto declarado mais baixa da Europa porque tem leis não restritivas ao aborto, leis estas inseridas numa estrutura que inclui: educação sexual universal nas escolas, serviço de planeamento familiar de acesso fácil e fornecimento de contracepção de emergência".
Isto e mais a propósito da coragem demonstrada pelo nosso primeiro ministro ao assumir-se publicamente a favor da despenalização do aborto. Não se sabe a razão deste assumir duma posição ainda vista com tantos maus olhos pelos portugueses. Politiquice? Talvez. Mas há a forte hipótese do homem ter mesmo a coragem suficiente para, de uma vez por todas, assumir uma posição relativamente a um dos assuntos não resolvidos do nosso país - e um dos mais graves - e dar-lhe uma solução.
Quanto a mim, não percebo sequer a necessidade de um referendo. É uma lei que a nada obriga. Ninguém tem de abortar só porque o aborto foi despenalizado. É uma lei que não cria obrigatoriedade, mas antes concede uma liberdade.
Vamos aguardar...
2 Comments:
At 00:24, Anónimo said…
Na minha opinião isso deve agradar a muitos homens. No entanto eu não estou a dizer que sou contra a legalização do aborto.
O que eu quero afirmar é que num país onde existe uma total falta de cultura, de civismo, de respeito pelo próximo e pela legalidade, onde isso nos vai levar!?
At 04:35, Anónimo said…
Politiquice arriscada ou não, pelo menos teve a intrepidez de se chegar à frente isso vai fazer com que 3 ou 4 portugueses pensem a sério sobre o assunto.
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