Provavelmente vou ser bruto, um pouco agressivo, mas tenho de responder a uma resposta. A uma resposta de um anónimo.
Portanto, para começar, relembro a resposta ao meu post acerca do aborto em Portugal:
"Na minha opinião isso deve agradar a muitos homens. No entanto eu não estou a dizer que sou contra a legalização do aborto. O que eu quero afirmar é que num país onde existe uma total falta de cultura, de civismo, de respeito pelo próximo e pela legalidade, onde isso nos vai levar!?"
Peço desde já desculpa ao anónimo pelo que se segue, mas bastou a primeira frase para me deixar absolutamente furioso.
Caso a anónima não saiba, a proncipal força de apoio à despenalização do aborto em Portugal é levada a cabo pelas mulheres. Chocada? Não fique. A liberdade de escolha que se pretende não é para os homens, é para vocês, mulheres. E muito bem. Ou ainda não se apercebeu que, seja qual for a situação, a escolha final será sempre vossa? Que a opinião do homem pouco importa para o resultado final de uma gravidez indesejada, quando o que está em causa é o corpo que recebe uma criança que não quer?
Estou fartinho e cheio deste preconceito ignóbil contra os homens portugueses - que são grunhos, pois são - e que é usado indiscriminadamente, seja qual for o assunto. Este assunto é das mulheres, o que não significa que os homens, os grunhos dos homens, virem as costas à questão. E não têm virado. Só que aparentemente, de acordo com a opinião da anónima, porque não estão para ter trabalho com mais um fedelho, ou não querem gastar gasolina e viajar até Espanha - embora possam trazer caramelos como consolo -, ou porque pura e simplesmente se estão a marimbar para tudo isso e o que queriam era só uma queca inocente.
Quanto ao resto...
Gostava sinceramente que a anónima me explicasse o que é que a total falta de cultura, de civismo, de respeito pelo próximo e pela legalidade têm a ver com o aborto, ou com os resultados que possam advir da sua despenalização. É que, embora concorde com o que diz - de facto não estamos no país do civismo, ou do respeito pelo próximo, ou da cultura ou sequer do amor à lei -, não consigo perceber onde é que a despenalização do aborto associada a todos estes predicados tipicamente lusos nos irá conduzir. Mas arrisco o argumento de todos os que insistem nos valores tradicionais da familia e da moral para impedirem que essa mesma despenalização seja uma realidade: Toda a gente vai fazer abortos!!! O aborto passará a ser o método contraceptivo por excelência! Será totalmente uncool não fazer um. E em meia dúzia de meses teremos as clinicas espanholas a encherem o horário nobre da relevisão com spots publicitários realizados por brasileiros - especialmente nos intervalos da Floribela, para chegar também aos mais pequeninos.
Ninguém concorda com um aborto. Ninguém! Ninguém acha que um aborto é um passeio no jardim. Todos temos mais ou menos presente a violência fisica e psicológica a que é sujeita uma mulher que practica um aborto. Junte-se-lhe a obrigatoriedade de o fazer num fundo de quintal, ou numa garagem. Some-se a vergonha a que é sujeita. Ou não!
Vamos continuar a enfiar a cabeça na areia ou a assobiar para o alto. Vamos continuar a apoiar governos que pensem "não lhe mexas, quem vier a seguir que se lixe".
Muitos parabéns, senhor Primeiro Ministro. Sim, senhor, haja coragem.
Portanto, para começar, relembro a resposta ao meu post acerca do aborto em Portugal:
"Na minha opinião isso deve agradar a muitos homens. No entanto eu não estou a dizer que sou contra a legalização do aborto. O que eu quero afirmar é que num país onde existe uma total falta de cultura, de civismo, de respeito pelo próximo e pela legalidade, onde isso nos vai levar!?"
Peço desde já desculpa ao anónimo pelo que se segue, mas bastou a primeira frase para me deixar absolutamente furioso.
Caso a anónima não saiba, a proncipal força de apoio à despenalização do aborto em Portugal é levada a cabo pelas mulheres. Chocada? Não fique. A liberdade de escolha que se pretende não é para os homens, é para vocês, mulheres. E muito bem. Ou ainda não se apercebeu que, seja qual for a situação, a escolha final será sempre vossa? Que a opinião do homem pouco importa para o resultado final de uma gravidez indesejada, quando o que está em causa é o corpo que recebe uma criança que não quer?
Estou fartinho e cheio deste preconceito ignóbil contra os homens portugueses - que são grunhos, pois são - e que é usado indiscriminadamente, seja qual for o assunto. Este assunto é das mulheres, o que não significa que os homens, os grunhos dos homens, virem as costas à questão. E não têm virado. Só que aparentemente, de acordo com a opinião da anónima, porque não estão para ter trabalho com mais um fedelho, ou não querem gastar gasolina e viajar até Espanha - embora possam trazer caramelos como consolo -, ou porque pura e simplesmente se estão a marimbar para tudo isso e o que queriam era só uma queca inocente.
Quanto ao resto...
Gostava sinceramente que a anónima me explicasse o que é que a total falta de cultura, de civismo, de respeito pelo próximo e pela legalidade têm a ver com o aborto, ou com os resultados que possam advir da sua despenalização. É que, embora concorde com o que diz - de facto não estamos no país do civismo, ou do respeito pelo próximo, ou da cultura ou sequer do amor à lei -, não consigo perceber onde é que a despenalização do aborto associada a todos estes predicados tipicamente lusos nos irá conduzir. Mas arrisco o argumento de todos os que insistem nos valores tradicionais da familia e da moral para impedirem que essa mesma despenalização seja uma realidade: Toda a gente vai fazer abortos!!! O aborto passará a ser o método contraceptivo por excelência! Será totalmente uncool não fazer um. E em meia dúzia de meses teremos as clinicas espanholas a encherem o horário nobre da relevisão com spots publicitários realizados por brasileiros - especialmente nos intervalos da Floribela, para chegar também aos mais pequeninos.
Ninguém concorda com um aborto. Ninguém! Ninguém acha que um aborto é um passeio no jardim. Todos temos mais ou menos presente a violência fisica e psicológica a que é sujeita uma mulher que practica um aborto. Junte-se-lhe a obrigatoriedade de o fazer num fundo de quintal, ou numa garagem. Some-se a vergonha a que é sujeita. Ou não!
Vamos continuar a enfiar a cabeça na areia ou a assobiar para o alto. Vamos continuar a apoiar governos que pensem "não lhe mexas, quem vier a seguir que se lixe".
Muitos parabéns, senhor Primeiro Ministro. Sim, senhor, haja coragem.
3 Comments:
At 12:29, Supirinha Amarela said…
Nuninho,
Deixa-me que te diga que quem não assina aquilo que escreve acerca de um tema tão importante, não merece sequer a tua resposta, que alias é muito bom!
País de gente pequenina o nosso.
At 14:49, Anónimo said…
Resposta do anónimo:
Quanto ao facto de pensares que sou mulher, acredito que o que disse deve ter levado a isso. Mas não, sou homem! Quando digo que vai agradar muitos homens, é verdade, vivemos num país machista por excelência (não digo que seja culpa dos homens, é de todos). E infelizmente, muitos homens acham que o controle de gravidez deve ser uma prerrogativa feminina, daí o que afirmei. Quanto ao resto era só um mero comentário, que queria dizer que enquanto as mentalidades não mudarem é dificil criar bons hábitos mesmo que as leis sejam correctas.
E quanto ao facto de uma gravidez indesejada, só posso afirmar que fui criado pelo meu pai porque a minha mãe faleceu era eu pequeno e dou graças por não ter tido muitas das familias tradicionais pai/mãe para não sofrer o que pessoas amigas sofreram.
Espero de alguma forma ter esclarecido as tuas dúvidas, mas como existe a possibilidade de comentar, não pensei que te sentisses tão ofendido.
David Castro
At 15:45, karmatoon said…
Desde já as minhas desculpas por te ter chamado anónima.
Quanto ao facto de ter ficado ofendido, não fiquei. Até porque considero esta liberdade, a de comentar, reclamar, questionar, pôr em dúvida, a mais importante de todas as liberdades.
Mas desculpa-me a insistência: a decisão de avançar com o aborto é sempre, e só pode ser, da mulher.
Pensemos neste problema de uma maneira... diferente. Mulher engravida inesperadamente. Não quer o bebé, mas o homem quer. Muito. Mulher não quer mesmo nada e leva a idéia de abortar até ao fim, apesar da vontade do homem de que a criança nasça. Porque percebo nas tuas palavras que o problema passa pelos machos latinos - que os há, infelizmente -obrigarem as mulheres a abortar, mesmo contra a sua vontade, correcto? E o contrário, quando acontece?
Ou seja, o que quero dizer é que deve ser dado à mulher esse direito de assumir uma decisão - que nunca é fácil - sem ser na ilegalidade/clandestinidade.
Conflitos à parte, acho que estamos do mesmo lado da questão e até concordamos em quase tudo.
Abraço e volta mais vezes.
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