kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, julho 18, 2006

Algo que escrevi no dia 15 de Janeiro...



Não sei como dizê-lo...
Mas também começo sempre por nunca saber como o dizer.
A principio as palavras não assumem logo a forma com que gostavam de ficar.

Dispo-as, volto a vestí-las...
Não sei nunca como começar a falar dela.
Por achar que não devo.
Por julgar saber que não gosta que o faça.
Por não saber, com a certeza absoluta...
Não sei nunca o que dela dizer.
Não saberia por onde começar, sequer.
Não consigo organizar o seu filme na minha cabeça, de modo a conseguir contá-lo sem falhar um único fotograma. Gostava de ser Neruda, esse nunca engasgava de certo.
Mesmo que não sentisse pelas suas «elas» o que eu sinto pela minha;
mesmo que não fosse inteiramente sincero, as suas palavras eram sempre tão bonitas.
Gostava de ser DeMille.
Sem ele Elizabeth Taylor nunca teria sido Cleópatra.
Nunca teria sido tão bela, pois foi ele quem a imortalizou.
Queria ser Bresson e conseguir imprimir as imagens que tenho dela com a mesma beleza cristalina com que o mestre retratou Paris.
Queria tanta coisa que de repente me esqueci de parar de correr.
Queria tanto tanta coisa.
Odeio esta memória que para me castigar só é fotográfica quando eu mais me queria esquecer. Quando o que eu mais queria era manter a imagem geral e esquecer-me dos pequenos pormenores.
Os pequenos pormenores que moldaram este sentimento à sua imagem e fizeram dele algo tão imenso. Não sei como começar a dizê-lo...
e nunca sei como parar de o fazer.