terça-feira, fevereiro 27, 2007
Vi-o em ante-estréia no Fantas e sim senhor, é um bom filme. Excelente em todo o seu aspecto gráfico, deslumbrante, até. Caracterização, cenografia, fotografia, enfim, no que a técnica diz respeito, este filme marca um novo passo em frente. A banda sonora também é do melhor que tenho houvido nos últimos tempos e parece-me que merecerá o download para o meu fiel I-Pod.
Quanto ao Guillermo Del Toro, prova mais uma vez ser um dos mais inovadores e arrojados realizadores de cinema fantástico. Toda a sua obra tem mantido um nivel de qualidade - estética e narrativa - que muito realizadores não conseguem sequer roçar. De Cronos, passando pelos Blades, El Espinazo Del Diablo e Hellboy, o mexicano tem-se entretido a dar-nos mundos e criaturas que só existem, ou nas páginas da melhor banda desenhada mundial, ou na sua pequenina e gordinha cabeça. A primeira vez que tive contacto com a sua obra foi através de Cronos, que viria inclusive a vencer o Fantasporto nesse ano - não sei qual...
No entanto, a pequena Ivana é ameaçada durante todo o filme - na história e nos desempenhos - por um actor que de repente, e por força da sua entrega a este papel, em actor maior do panorama espanhol: Sergi López. O seu Capitão Vidal entra directamente para a galeria dos maiores vilões da história do cinema. É verdadeiramente insano, frio e a pura representação do mal na terra. E isto não é dizer nada. É preciso ver o filme para perceber o alcance do trabalho deste catalão.
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Acerca dos Oscars...
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
FANTASPORTO 2007
Pois começa hoje o Fantas, com a habitual pompa e circunstância.
E não começa la muito bem. Ou melhor, o pré-Fantas, que ocupou toda esta semana antes do arranque oficial, foi... bem, para ser simpático posso dizer que foi «desinspirado». Longe vão os tempos em que o Fantas se servia das retrospectivas para nos ensinar qualquer coisinha. Cinematografias longínquas, cineastas desconhecidos e de que qualquer outra maneira nunca nos chegariam aos olhinhos.
Agora não. O festival aproveita o que já está feito - e em alguns casos recentemente feito - e cria sessões retrospectivas gastas e mais do que vistas. No caso, um olhar sobre os heróis da banda desenhada... Ok, evito mais comentários, o programa está aí para quem quiser tirar conclusões.
Quanto ao resto, pouco posso acrescentar. Não conheço a maioria das obras a concurso, o que, nos últimos tempos, não tem sido nada bom. Aguardo com interesse os filmes das sessões de abertura e encerramento e mais nada. Depois conto.
Seja como for, o Fantas é o Fantas, e grande parte do seu encanto ainda anda pelos corredores do Rivoli. O Ambiente, esse, já não é sequer remotamente parecido com o que se respirava no velhinho Carlos Alberto, mas é um sinal evidente da mudança. Mudança do festival, e consequente mudança do seu público.
Faz este ano vinte anos também, que comecei a frequentar o Fantasporto. Vi três filmes, esse ano, e todos do David Cronenberg: A Mosca, Videodrome e Scanners. Fiquei agarrado! E em vinte anos aprendi mais de cinema do que se tivesse ido para o curso da Católica e tudo sem ter que rezar o Pai Nosso - aliás, desde sempre arredado dos ambientes «Fantasportísticos» por força da temática ali reinante.
Cronenberg, Lars Von Trier, Sam Raimi, Jeunet e Carot, Shinya Tsukamoto, Peter Jackson e milhares de outros de que só me conseguiria recordar consultando os catálogos que ainda guardo lá em casa. Estes foram os meus professores. E se não fossem eles...
Este Fantas promete desde já uma coisa: o renascimento dos adormecidos No Sell Out. Não conhecem, pois não? Mais lá para a frente explicarei melhor.
Da mesma forma, vou deixar aqui uma visão diária dos acontecimentos e dos filmes que vão fazer deste festival qualquer coisa que para já é ainda uma incógnita. A conclusão daqui a dez dias, sim?
Só para lembrar que Zeca Afonso morreu há precisamente vinte anos.
Não vou sequer tentar falar do homem e da sua vida e carreira. Não tenho exactamente a noção de qual terá sido a sua importância para um Portugal que na altura necessitava urgentemente de uma voz que o transformasse. Parece-me que essa voz foi a de zeca Afonso, mas prefiro olhar para o músico Zeca Afonso e para a sua obra. E só posso concluir que é uma obra que merece respeito. Esqueçam por um momento a mensagem inerente a toda a sua carreira enquanto cantautor e poeta, e deliciem-se com as melodias que compôs. Brilhantes.
No entanto, se quiserem mesmo vasculhar quem foi esta figura incontornável da nossa cultura, podem espreitar a Wikipedia, vale a pena.
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Até que enfim e ainda bem!
O último álbum do senhor Thomas Dybdahl - de quem sou um atento seguidor -, habitual presença neste blog, acaba de me vir parar ao I-Pod.
E já sei, vai ser audição obrigatória e constante nas próximas semanas. É que acabo de o ouvir - no lovcal do costume, e na companhia de sempre - e a opinião é só uma: brilhante. Todas as músicas são boas, acreditem.
Este parece ser o single, já que é o único vídeo disponível.
Vou já gravar umas poucas de cópias, quem quiser só tem de pedir.
Os meus olhos fogem-me, saltam para o terraço lá em baixo, voam pelo meio das árvores ao fundo e desaparecem naqueles telhados bem lá ao longe, onde o céu é preto e violeta.
Fogem para encontrarem os olhos de todos os que amo, para matarem saudades.
Depois regressam, num instantinho. Regressam por saberem que se aproxima a hora de irem dormir. Porque antes mesmo de se fecharem - para só se abrirem na manhã seguinte -, podem fitar o fundo dos teus e adormecer em paz. E sentem-se os olhos mais felizes do mundo.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
Olhos de Cão Azul - Gabriel Garcia Márquez (1950)
Então olhou para mim. Eu julgava que era a primeira vez que olhava para mim. Mas depois, quando deu a volta por detrás do castiçal de madeira e eu continuava a sentir sobre o ombro, nas minhas costas, o seu olhar fugidio e líquido, compreendi que era eu que olhava para ela pela primeira vez. Acendi um cigarro. Traguei o fumo áspero e forte antes de fazer girar a cadeira, equilibrando-a sobre uma das pernas de trás. Então vi-a ali, como tinha estado todas as noites, parada junto ao castiçal, olhando-me. Eu olhando para ela da cadeira, equilibrando-me numa das pernas de trás. Ela em pé, com uma mão comprida e quieta sobre o castiçal, olhando para mim. Via-lhe as pálpebras iluminadas, como todas as noites. Foi então que me lembrei do mesmo de sempre, quando lhe disse: "Olhos de cão azul". Ela disse-me, sem retirar a mão do castiçal: "Sim, nunca mais o esqueceremos". Saiu da luz, suspirando: "Olhos de cão azul". Escrevi isso por todo o lado." Vi-a dirigir-se para o toucador. Vi-a aparecer na lua redonda do espelho, olhando-me agora ao fim de uma ida e volta de luz matemática. Vi-a a continuar a olhar para mim com os seus grandes olhos de cinza incendiada, olhando-me enquanto abria a caixinha com embutidos de madre-pérola rosada. Vi-a empoar o nariz. Quando acabou, fechou a caixinha, voltou a levantar-se, e aproximou-se de novo do castiçal, dizendo: Receio sempre que alguém sonhe com este quarto e mexa nas minhas coisas", e estendeu sobre a chama a mesma mão longa e trémula que estivera a aquecer antes de se sentar ao espelho. E disse: "Não sentes o frio?" E eu disse-lhe: "Às vezes". E ela disse-me: "Deves estar a senti-lo agora". E então percebi porque é que não poderia estar só na cadeira. Era o frio que me dava a certeza da minha solidão. "Agora estou a sentir", disse. "E é estranho, porque a noite está calma. Talvez me tenha caído a roupa da cama." Ela não respondeu. Começou outra vez a andar na direcção do espelho e eu voltei a girar a cadeira para ficar de costas para ela. Sem a ver, sabia o que ela estava a fazer. Sabia que estava outra vez sentada em frente do espelho, vendo as minhas costas, que tinham tido tempo de chegar até ao fundo do espelho e serem encontradas pelo olhar dela, que também tivera o tempo certo para chegar até ao fundo e voltar antes que a mão tivesse tempo de começar a segunda volta até aos lábios que estavam agora pintados de vermelho, desde a primeira volta da mão junto ao espelho. "Estou a ver-te" disse-lhe. E ela voltou a levantar os olhos do corpete: "É impossível", disse. E eu perguntei porquê. E ela, outra vez com os olhos fitos no corpete: "porque tens a cara voltada para a parede". Então fiz girar a cadeira. Tinha o cigarro apertado nos lábios. Quando cheguei perto do espelho, estava ela outra vez junto do castiçal. Agora tinha as mãos abertas sobre a chama, como duas asas de galinha abertas, a assar, e com o rosto sombreado pelos próprios dedos. "Acho que me vou constipar", disse ela. "Esta cidade deve ser gelada." Voltou o rosto de perfil e a sua pele de cobre ao rubro tornou-se repentinamente baça. "Faz alguma coisa contra isso", disse eu. E ela começou a despir-se, peça por peça, começando por cima, pelo corpete. E eu disse-lhe "Vou virar-me para a parede". E ela respondeu: "Não, seja como for, tu vês-me, como me viste quando estavas de costas". Ainda não tinha acabado de falar e já estava quase completamente despida, a chama lambendo-lhe a pele de cobre. "Sempre quis ver-te assim, com a pele da barriga cheia de buracos fundos, como se te tivessem empalado". E antes de me dar conta de que as minhas palavras haviam sido perversas face à sua nudez, ela ficou parada, aquecendo-se no candelabro, e disse: "Às vezes julgo que sou feita de metal". Ficou calada por um instante. A posição das mãos sobre a chama variou ligeiramente. Eu disse: "Às vezes, noutros sonhos, julguei que eras uma estatueta de bronze num canto de um museu qualquer. Talvez seja por isso que tens frio. E ela disse: "Às vezes, quando adormeço sobre o coração, sinto que o corpo se me torna oco e a pele como uma lâmina. Então, quando o sangue me bate por dentro, é como se alguém me estivesse a chamar, batendo-me no ventre com os nós dos dedos, e sinto o meu próprio som de cobre na cama. É como se eu fosse assim como tu dizes: de metal laminado". Aproximei-me mais do castiçal. "Teria gostado de te ouvir", disse. E ela respondeu: "Se alguma vez nos encontrarmos, encosta o ouvido às minhas costas e ouvirás o meu ressoar. Sempre desejei que um dia o fizesses". Ouvi-a respirar fundo. E disse que durante anos não tinha feito senão isto. A sua vida estava dedicada encontrar-me na realidade, através dessa frase reveladora: "Olhos de cão azul". E na rua ia dizendo em voz alta, que era uma maneira de o dizer à única pessoa que teria podido entendê-la: "Eu sou a que chega aos teus sonhos todas as noite e te diz: olhos de cão azul". E disse que ia a restaurantes e dizia aos criados, antes de pedir o que queria: "Olhos de cão azul". Mas os criados faziam-lhe uma vénia respeitosa, sem se lembrarem de alguma vez terem dito aquilo nos seus sonhos. Depois escrevia nos guardanapos e raspava com uma faca o verniz das mesas: "Olhos de cão azul". Disse que uma vez entrou numa drogaria e sentiu o mesmo cheiro que sentira no seu quarto, uma noite, depois de ter sonhado comigo. "Deve estar perto", pensou, vendo o ladrilho novo e limpo da drogaria. Então aproximou-se do empregado e disse-lhe:" Sonho sempre com um homem que me diz: olhos de cão azul". E disse que o empregado a tinha olhado nos olhos e lhe dissera: "Na verdade a menina tem os olhos assim". E ela disse-lhe: "Preciso de encontrar o homem que em sonhos me diz isso mesmo". E o vendedor desatou a rir e dirigiu-se para o outro lado do balcão. Ela continuou a olhar para o ladrilho limpo e a sentir o cheiro. E abriu a mala e ajoelhou-se e escreveu no ladrilho, em grandes letras vermelhas, com o baton dos lábios: "Olhos de cão azul". O vendedor voltou de onde estava e disse-lhe: "Menina, está a sujar o ladrilho". Deu-lhe um trapo húmido, dizendo: "Limpe-o". E ela disse, agora junto ao candelabro, que passou toda a tarde de gatas, a lavar o ladrilho e a dizer: "Olhos de cão azul", até que as pessoas se juntaram à porta e disseram que ela estava louca. Agora, quando acabou de falar, eu continuava no meu canto, sentado, equilibrando a cadeira. "Tento lembrar-me todos os dias da frase com que devo encontrar-te", disse-lhe."Agora acho que amanhã não me vou esquecer. No entanto, disse sempre o mesmo e esqueci-me sempre, ao acordar, das palavras com que devo encontrar-te". E ela disse: "Tu mesmo as inventaste desde o primeiro dia". E eu disse-lhe: "Inventei-as porque te vi os olhos de cinza, mas nunca me lembro delas na manhã seguinte". E ela, com os punhos fechados junto ao castiçal, respirou fundo: "Se ao menos conseguisse lembrar-me agora em que cidade é que estava a escrever". Os seus dentes cerrados brilhavam à luz da chama. "Gostava muito de te tocar agora", disse-lhe. Ela ergueu o rosto que tinha estado a olhar para o lume, ergueu o olhar, ardendo, queimando-se também como ela, como as suas mãos; e eu senti que me viu, no canto onde continuava sentada, mexendo-me na cadeira. "Nunca me tinhas dito isso", disse ela. "Digo agora, e é verdade". Do outro lado do castiçal, ela pediu um cigarro. O resto do meu cigarro tinha-me desaparecido entre os dedos. Tinha-me esquecido que estava a fumar. Ela disse: "Não sei porque é que não me consigo lembrar onde foi que o escrevi". E eu disse-lhe: "Pela mesma razão por que eu não conseguirei lembrar-me das palavras pela manhã". E ela disse, triste: "Não. É que às vezes julgo que isso também foi um sonho que sonhei". Levantei-me e dirigi-me ao castiçal. Ela estava um pouco mais para lá, e eu continuava a andar, com os cigarros e os fósforos na mão que não passaria do candelabro. Estendi-lhe o cigarro. Ela segurou-o entre os lábios e inclinou-se para chegar à chama, antes de eu ter tempo de acender o fósforo. "Numa cidade qualquer do mundo, em todas as paredes. Têm de estar escritas essas palavras: olhos de cão azul", disse-lhe. "Se amanhã me lembrar delas, vou procurar-te". Ela levantou outra vez a cabeça, e tinha já a brasa acesa entre os lábios. "Olhos de cão azul", suspirou, recordou, com o cigarro descaído e um olho semicerrado, e exclamou: "Isto já é outra coisa. Estou a entrar no calor". E disse-o com a voz apagada e fugidia. Como se não tivesse realmente dito, como se o tivesse escrito num papel e tivesse aproximado o papel da chama enquanto eu lia: "Estou a entrar..." e ela tivesse continuado com o pedaço de papel entre o polegar e o indicador, enquanto ele se consumia e eu acabava de ler "... no calor", antes do papel se consumir completamente e cair no chão, enrugado, mirrado, transformado num montinho de cinza esbranquiçada. "Ainda bem", disse eu, "Às vezes assusta-me ver-te assim. A tremer junto do castiçal".
Há vários anos que nos encontrávamos. Às vezes, quando já estávamos juntos, alguém lá fora deixava cair uma colher no chão e acordávamos. Pouco a pouco, tínhamos compreendido que a nossa amizade estava subordinada às coisas, aos acontecimentos mais simples. Os nossos encontros acabavam sempre assim, com o cair de uma colher na madrugada.
Agora, junto ao castiçal, ela olhava para mim. Eu lembrava-me que antes também me tinha olhado assim, desde aquele remoto sonho em que fiz girar a cadeira nas pernas de trás e fiquei frente a uma desconhecida de olhos cinzentos. Foi nesse sonho que lhe perguntei pela primeira vez: "Quem é você?" e ela me disse: "Não me lembro". E eu disse-lhe: "Mas julgo que já nos vimos antes". E ela disse, indiferente: "Julgo que sonhei consigo uma vez, neste mesmo quarto". E eu disse-lhe: É isso, começo agora a lembrar-me". E ela disse: É curioso. É verdade que já nos encontrámos noutros sonhos".
Deu duas fumaças no cigarro. Eu estava parado junto ao castiçal quando, de repente, olhei para ela. Olhei-a de cima a baixo e era realmente de cobre; mas já não de metal duro e frio, mas de cobre, amarelo, macio, maleável. "Gostava de te tocar", voltei a dizer. E ela disse: "Ias deitar tudo a perder". Eu disse: "Agora não faz mal. Basta virarmos a almofada para nos voltarmos a encontrar". E estendi a mão por cima do castiçal. Ela não se mexeu. "Ias deitar tudo a perder", voltou a dizer, antes que eu pudesse tocar-lhe. "Talvez se deres a volta por detrás do castiçal, acordemos sobressaltados sabe-se lá em que parte do mundo". Mas eu insisti: "Não faz mal". E ela disse: "Se virássemos a almofada voltaríamos a encontrar-nos. Mas tu, quando acordares ter-te-ás esquecido disso". Comecei a andar para o canto. Ela ficou para trás, aquecendo as mãos na chama. E, no entanto, ainda não tinha chegado à cadeira quando a ouvi dizer nas minhas costas: "Quando acordo, à meia-noite, fico às voltas na cama, com o pano da almofada a arder-me na cara e repetindo até amanhecer: «Olhos de cão azul»."
Então eu parei, a cara contra a parede. "Já está a amanhecer", disse, sem olhar para ela. "Quando deram as duas já estava acordado, e já passou muito tempo". Dirigi-me para a porta. Quando agarrei a maçaneta, ouvi outra vez a voz dela, igual, invariável: "Não abras essa porta, o corredor está cheio de sonhos difíceis". E eu disse-lhe: "Como é que sabes?". E ela disse-me: "Porque há pouco tempo estive lá e tive de voltar quando descobri que estava a dormir sobre o coração". Eu tinha a porta entreaberta e uma aragem fria e leve trouxe-me um cheiro fresco a terra vegetal, a campo húmido, Ela falou outra vez. Voltei-me, fazendo rodar a porta nos seus gonzos silenciosos e disse-lhe: "Acho que não há corredor nenhum aqui fora. Sinto o cheiro do campo". E ela, já um pouco longe, disse-me: "Conheço isto melhor do que tu. O que passa, é que lá fora está uma mulher que sonha com o campo". Cruzou os braços sobre a chama. Continuou a falar: "É essa mulher que sempre desejou ter uma casa no campo e nunca conseguiu sair da cidade". Eu lembrava de ter visto uma mulher num qualquer sonho anterior, mas sabia já, com a porta entreaberta, que dentro de meia-hora teria de descer para o pequeno-almoço. E disse-lhe: "Seja como for, tenho de sair daqui para acordar".
Lá fora o vento soprou um momento, depois ficou quieto e ouviu-se a respiração de alguém que dormia e acabava de se virar na cama. O vento do campo parou. Não houve mais cheiros. "Amanhã hei-de reconhecer-te quando vir na rua uma mulher a escrever nas paredes: " «Olhos de cão azul»". E ela, com um sorriso triste, que já era um sorriso de entrega ao impossível, ao inatingível, disse: "A verdade é que não te lembrarás de nada durante o dia". E voltou a pôr as mãos sobre o castiçal, com a expressão ensombrada por uma névoa amarga: "És o único homem que, ao acordar, não se lembra de nada do que sonhou".
Nunca me lembro do que sonho...
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
Um site verdadeiramente útil e uma autêntica delícia. Literalmente.
Espreitem.
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
terça-feira, fevereiro 13, 2007
E ainda bem.
O filme é mesmo bom, a crítica tinha razão. Nada daquela fantuchada em série que foram os três ou quatro episódios anteriores. Este Rocky recupera o ambiente do primeiro filme quase como se fosse decalcado.
A dignidade, a humildade e a nobreza das personagens renasce das cinzas, e com elas uma nostalgia que leva o filme ás costas e que nos dá alguns - suaves - murrinhos no estômago. Stallone sabe interpretar - como tinha já ficado provado no primeiro Rocky, e mais recentemente em Copland - e sabe dirigir os actores ao seu serviço. Aliás, nota-se que o actor/realizador fez bem o trabalho de casa. Este Rocky não perde um único tique dos que o caracterizavam há 30 anos. O caminhar arrastado, a maneira de falar, tudo está exactamente como dantes.
Não evita resvalar para um bocadinho de show off na cena do grande combate. Mas convém nunca esquecer que este (também) é um filme sobre boxe, embora o realizador se esforce durante a primeira hora e meia a disfarçá-lo de filme acerca dos fantasmas que todos temos; acerca do passado e das heranças desse mesmo tempo que - desmentindo a cantiga - não volta para trás.
Pelo meio, serve na perfeição como a melhor homenagem que Stallone podia - e devia - fazer ao filme que lhe deu fama e proveito. São várias as cenas, diálogos, trocadilhos e piadas que remetem directamente para a sua primeira obra.
É um filme triste, este. E a partitura do grande Bill Conti ajuda e de que maneira. O resto está nos rostos, no embargar da voz, na filmagem - de altíssima qualidade, diga-se.
Merece bem a visita. Para lá de qualquer preconceito - mais do que justificado, aliás. Vendo este Rocky Balboa e o primeiro, facilmente se entende que só deveriam ter existido estes dois episódios da vida de um pugilista. Os restantes, que intermediaram o princípio altivo e o final digníssimo, foram fogo de artifício. Demasiado colorido e brilhante.
Parabéns a dobrar ao senhor Stallone, portanto.
Até quero ver que filme de terceira categoria vai ele fazer agora...
Em baixo podem comparar as diferenças... ou semelhanças.
Wandering Angus
I went out to the hazelwood
Because a fire was in my head
Cut and peeled a hazel wand
And hooked a berry to a thread
And when white moths were on the wing
And moth-like stars were flickering out
I dropped the berry in a stream
And caught a little silver trout.
When I had laid it on the floor
And gone to blow the fire aflame
Something rustled on the floor
And someone called me by my name.
It had become a glimmering girl
With apple blossoms in her hair
Who called me by my name and ran
And vanished in the brightening air.
Though I am old with wandering
Through hollow lands and hilly lands
I will find out where she has gone
And kiss her lips and take her hand
And walk through long green dappled grass
And pluck till time and times are done
The silver apples of the moon
The golden apples of the sun.
William Butler Yeats
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Mais um blog que apresento com o maior dos orgulhos. Pertença do bom amissíssimo João Dorminsky - J prós amigos, ou Minsky Buái, só para mim -, trata de música e ainda por cima, pela mão de quem sabe e conhece. Este rapaz vai longe, acreditem. Para além de ser artista multi-facetado - é reponsável, entre outros, pelos cartazes e todas as edições multimédia do Fantasporto -, começou há alguns aninhos a produzir as suas próprias criações e tenta arrancar com uma editora só sua, a Schizzofrenik Records - acho que é assim...
Ando há muito tempo a adiar uma coisinha a dois, mas parece que este ano é que é. O pretexto? TALVEZ criar a música para uma possivel produção TUP. Vamos ver.
Para já, espreitem o link. O rapaz bem que merece.
http://schizzofrenik.blogspot.com/
domingo, fevereiro 11, 2007
A companhia era óptima, e as surpresas não pararam de acontecer. Pessoas que fui encontrando e que foram adiando a partida. Entre elas a da querida Silvia, sem filtro, claro.
Mais noites assim?
Já no próximo fim de semana, na minha ida a Lisboa.
O relatório da viagem daqui a uma semana...
Hoje?
Até me doem os músculos de tanto abanão.
karmabox with a view - Madonna - "Jump"
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Karmabox with a view - Cut Copy - "Going Nowhere"
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título. Fui um bocado a medo, já que, depois de Babel, nada me
parecia sequer apetecível.
E fui surpreendido.
Surpreendido porque é um belíssimo filme, e porque o trailer, que já
me havia despertado a curiosidade, apontava mais para um universo
desconfortável e denso - mais ao género de um Todd Haynes, por
exemplo -, e não para a história que nos é dada a ver.
É divertido, leve, e inteligentemente escrito. Os diálogos são
deliciosos, sempre sem perder a noção de que por trás de tudo aquilo;
por trás de um bairro de meia-classe burguesa dos subúrbios
americanos, existem pecados - uma das palavras do título português -
que merecem ser desvendados.
No fim, a coisa adensa-se, de facro. Mas não chega a ser
incomodativo, ou desagradável. Mas serve como importante lição. Não
como Babel, mas num sentido completamente oposto.
Gostei.
Só tenho pena de o ter visto imediatamente a seguir ao filme mais
importante do ano. Confesso: não tive tempo de limpar a cabeça antes
de entrar em Little children.
O filme está nomeado para três Oscars. Melhor actor secundário,
Jackie Earle Haley (excelente), Kate Winslet (forçado) e melhor
argumento adaptado (...).
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Sentia-me completamente esmagado. Pela força de um filme que é isso
mesmo: esmagador.
Babel, o novo filme de Alejando Gonzáles Iñárritu, obriga-nos a
inspirar na primeira imagem que vemos para só nos permitir a
expiração mesmo no último momento. E foi ainda antes desse último
momento que dei por mim a enterrar as unhas nas palmas das mãos e a
fazer força para segurar as lágrimas que acabaram por ser mais fortes
do que eu. Porque Babel é mais forte do que eu. Mais forte do que
qualquer um. Porque nos mostra, como se de um documentário se
tratasse, a merda que nós somos enquanto seres humanos. E que nos
mostra da mesma forma, e com a mesma força, que somos uma maravilha
da natureza.
Inexplicável esta dicotomia, mas Iñárritu também não nos dá essa
explicação. Nem tem a petulância de a procurar. Limita-se, isso sim,
a mostrar-nos pessoas. Como nós. E ninguém filma pessoas como nós,
como Iñárritu o faz. Como já o tinha feito em Amorres Perros e 21
Grams, as suas obras anteriores. E por isso mesmo, o resultado, para
além de uma filme inqualificável, é um trabalho notável ao nível dos
actores - não existe um Oscar para melhor elenco? Pois inventem um.
Este merece-o, provavelmente como nenhum outro antes.
É-me verdadeiramente impossivel destacar um actor. Impossivel. Mas
não posso deixar de falar num homem - provavelmente um não-actor,
ainda não pude investigar - que merece uma linha ou duas de texto a
mais. A força do seu olhar, especialmente o olhar de dor que carrega
na parte final do filme, comove brutalmente e magoa-nos sem piedade.
Justifica plenamente este menção, mas que não lhe faz jus.
Voltando ao filme, e ao seu realizador, resta-me dizer que sim, é
mais do mesmo. mais do que já se tinha visto nos filmes anteriores.
Mas quando mais do mesmo é sinónimo de uma qualidade e de uma riqueza
absolutas, então não podemos utilizar esse argumento com uma
conotação negativa. O realizador mexicano é um dos melhores da
actualidade. Tão bom que nos deixa ansiosos por mais trabalhos seus.
E que não tenham dúvidas: Babel É o melhor filme do ano. Ponto final.
Nomeações para os Oscars - que pecam por serem poucas:
Actriz secundária - Adriana Barraza e Rinko Kikuchi (merecem ambas)
Argumento original (nem comento)
Banda sonora (portentosa)
Edição
Realização (já disse...)
Melhor filme do ano (vai ganhar)
Comprei este livrinho.
E deste livrinho - um clássico moderno do dramaturgo americano Terrence McNally - vai nascer muito possivelmente mais uma peça TUP. Ainda este ano, se correr bem.
Frankie And Johnny In The Clair De Lune é uma das peças mais famosas de McNally e que até já originou um filme, com Michelle Pfeiffer e Al Pacino. É um texto maravilhoso e viciante. Li-o num ápice e vou ter de o ler muitas mais vezes. Porque me apetece e porque vou interpretá-lo com a Bárbara. Se correr bem, claro...
Há dois anos vi um fime no Fantasporto, chamado Frankie And Johnny Are Married, e que contava precisamente a história de um encenador quase-reformado que decide voltar ao activo com esta peça e com a sua mulher no papel de Frankie. O filme cativou-me e fez pensar em como seria bom fazer um dia aquela peça. Acho que chegou o momento. Vamos ver como.
Para já deixo dois vídeos. Um desse mesmo filme e outro de uma das cenas mais bonitas do texto e do filme com Pacino e Pfeiffer.
http://www.apple.com/trailers/independent/frankie_and_johnny.html
E já agora, a música de terence trent D'arby para o filme...
sexta-feira, fevereiro 09, 2007
qualidade, vinda directamente do Barraco dos Hug The DJ.
De muita, mesmo muita coisinha fresca, ficam aqui só alguns exemplos.
A descobrir com atenção:
Os Snowden, com Anti-Anti
Willy Mason e Save Myself
A bad girl, Amy Winehouse e Rehab - que bem lhe fazia falta...
E os Cold War Kids e Hang Me Up To Dry
Acho que me vou fechar num quarto, ouvir tudo o que me ofereceram, e
depois venho cá mostrar-vos. Entre os novos de Andrew Bird, M. Ward,
Bebel Gilberto, Micah P. Hinson, 4 Hero e etc, penso ter matéria
prima para encher este e outros blogues...
quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Al Gore
Este senhor está em Lisboa para fazer o que - quem diria - faz melhor. Falar da merda que andamos a fazer ao planeta e a todos os que lá moram.
Al Gore passou de um derrotado fantasma das eleições presidenciais dos Estados Unidos a paladino ecológico e do meio ambiente. E ainda bem. O homem tem feito um trabalho notável. A todos os níveis. Não tive a oportunidade de ver o documentário An Incovenient Truth, mas aconselho para já o site de Gore , que é desconfortável o suficiente para nos abrir os olhinhos.
Ou não...
(E já agora, e fica só entre nós, o homem cobrou cerca de 130 mil euros para cá estar...)
Antes de mais nada, espreitem o texto que o Carlos Moura publicou no seu blog e com o qual concordo em absoluto.
Karmabox With A View - The Whitest Boy Alive - "Burning"
E antes que este blog se torne tenso - e hoje vai-se tornar tenso -, uma musiquita bem lareta para começar bem o dia.
O rapazito é o mesmo dos Kings Of Convenience, Erlend Oye de seu nome, e este o seu mais recente projecto.
Bem bonzinho!!!
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quarta-feira, fevereiro 07, 2007
Os filhos de Mad Max
E por aventura leia-se, pré-história, índios e cowboys, tudo o que é conflito bélico, aventureiros de capa e espada e/ou mascarilha e cavalinho a trote, Indianas Jones, Zorros e Tarzan da nossa praça.
E civilizações perdidas, come esta, dos Maias, que Mel Gibson recuperou para o grande ecrã. Aliás, e falava disso mesmo com o Zé Carlos, do blog do Hug The Dj, não me lembro de alguma vez ter visto um filme dedicado a nenhuma destes povos...
Como todos os rapazes, o bom Mel é fã absoluto destas coisas das aventuras. E é precisamente como um puto maravilhado pelas antigas civilizações e por todo o seu imaginário, que ele nos apresenta o seu mais recente trabalho, Apocalypto.
Confesso que ia à espera de uma mega-produção sobre a história dos Maias, com tudo a que tinha direito. As grande metrópoles, as maquinarias avançadas, o misticismo...
Mas não. O realizador optou - e bem - por regressar ás suas origens cinematográficas e fazer uma espécie de antepassado do Mad Max que lhe deu fama. E ainda bem. Apocalypto não é um deslumbre plástico para os olhinhos, mas sim uma - literalmente - corrida através das florestas colombianas. A fuga de um caçador a um destino mais do que lixado e violento. E é violento, o filme de Gibson. É duro e bruto, como penso que seriam aqueles tempos naquele local. E percebe-se que o homem estudou bem a lição. Não caíu na tentação de dourar a pílula, como seria fácil de prever, e elaborou, a partir de uma história muito simples, um óptimo filme de acção. Não resistiu a um punhado de clichés, mas também, num filme de acção pura e dura, os clichés acabam por fazer parte integrante dos ingredientes.
Actores famosos? Não há. Excepção feita a Raoul Trujillo - o chefe-mauzão -, um secundário cuja cara não me é estranha.
Mas são actores de luxo, diga-se. Destacando-se, obviamente Rudy Youngblood, no papel principal.
A destacar um momento de um filme feito e abrilhantado por momentos, que seja aquele em que percebemos, quando o caçador fugitivo chega finalmente à sua selva - ao local que conhece melhor do que tudo na vida - que é ali e naquele momento que a presa vai imediatamente passar a caçador. E percebemos. Porque Mel Gibson sabe filmar. E porque percebeu que o cinema - e parece que quase toda a gente já se esqueceu disso - é imagem. E sabe que uma imagem bem filmada é tudo. E aquele momento é uma imagem apenas. Clara e objectiva.
Pontos negativos?
Existem, e estranhamente onde menos se esperavam. A banda sonora, demasiado artificial para um filme tão artesanal, tão musculado, e a opção de algumas cenas serem filmadas em digital, o que estraga por completo todo o ambiente que se pode retirar de uma selva abundante e sufocante. Que estraga toda o grafismo que Gibson retira de corpos tatuados, talhados e adornados com todo o tipo de objectos. Mais uma vez, o imaginário Mad Max a toda o gás.
Os maus são graficamente irrepreensiveis e metem mesmo medo, acreditem.
Vale a pena a visita ao cinema, com pipocas, Coca-Cola e aquele olhar que já não tinhamos desde que o nosso pai se sentava connosco a ver o Sandokan - pelo menos o meu pai sentava-se...
É verdade, sou fã de country music. Pronto, tá dito!
Não da country music que enche estádios e vende milhões, que essa até eu considero petulante e parolona. Sou fã desta country music. A dos homens simples e humildes, que practicamente desceram de um cavalo para começar a cantar o que os acompanhavam quando ainda conduziam gado - até parece que estou a ver o Lucky Luke a caminhar em direcção ao pôr do sol...
Sou fã de pessoas como Hank Williams - aqui a interpretar a que é considerada por muitos como a melhor country song de sempre, e que até tem uma versão absolutamente irrepreensivel do Mestre Ryan Adams -, que foram influentes na formação musical de pessoas como Elvis Presley ou, mais claramente, Johnny Cash. Sou fã do estilo musical que abarca tantos outros estilos que se torna quase impossivel definir onde começa um e acaba outro: gospel, oldtime, honky tonk, appalachian, rockabilly, neotraditional country,jug band e o famosíssimo e ainda mais difícil de definir nashville sound.
E são as raizes de uma América feita de pedaços de trapos do mundo que se juntam neste, como em outros géneros musicais, e que reflectem a história de um país.
Sentimentalismos baratuchos à parte. Senhoras e senhores, Hank Williams.
(Já voltamos com Johnny Cash)
terça-feira, fevereiro 06, 2007
Vamos lá a ver como corre.
Pelo sim, pelo não, levo pipocas. Isso é certinho!
Os mestres do estou-me-a-marimbar-para-o-establishment-Hollywoodesco, Quentin Tarantino e Robert Rodriguez passaram-se literalmente dos cornos e fizeram isto...
Karmabox With A View - Snoop Doggy Dog - "Vato"
Mas a musiquinha é catita...
Etiquetas: KARMABOX
CUM CARAÇAS!!!!
segunda-feira, fevereiro 05, 2007
Muito provavelmente esta será uma das produçoes com o selo TUP para este ano de 2007 - sim, também sempre quis utilizar esta coisa do "com o selo de...".
E um texto brutal, pleno de força e sentimentos e mexe com toda a gente. pelo menos com toda a gente que já se apaixonou e/ou perdeu alguém.
Já teve inúmeras verses para palco - inclusive uma com a catarina furtado e o Diogo Infante - e uma para cinema, com os actores que podem ver na janelinha.
Chama-se CLOSER, e se tudo correr bem, andará por algum palco do Porto lá para Setembro.
Estejam atentos!
Agora já perceberam o segundo sentido implícito no texto da Natalie Portman. A palavra "perto"...
Agora já sabem.
estou a ouvir os álbuns do Sr. Sérgio Godinho e do Sr. J. P. Simões - líder dos Belle Chase Hotel - e posso garantir que são das melhores coisinhas que pude ouvir nos últimos tempos. calaram a minha habitual voz negativa no que a produções nacionais diz respeito.
São, de certa forma próximos. Nas influências e ambiências, mas são muito bons. mesmo muito.
Ouçam, que eles bem merecem.
E porque este fim de semana a vi na TV, e porque a considero uma pequena-enorme-actriz, e porque o seu choro me comove até à medúla, e porque o TUP vai concretizar um projecto que já a envolveu bem de «perto».
Senhoras e senhores, Natalie Portman.
E porque é provavelmente a mais bela actriz da actualidade.
Karmabox With A View - Jake Ziah - "When We're Apart"
São noruegueses - da Noruega sempre bons ventos e bons casamentos - e chamam-se Jake Ziah.
Esta é do álbum These Days Do You No Justice.
Vou indagar e provavelmente vou dedicar-lhes mais espaço aqui no Karmatoon.
Cortesia da menina Raquel Bulha
Etiquetas: KARMABOX
Infelizmente, e por motivos de ordem técnica - sempre quis dizer isto -, só posso publicar aqui o relatório logo ao finzinho da tarde.
Mas venham ver, vale bem a pena!
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Podia armar-me aos cucos e tentar usar do mais rico vernáculo para a tentar descrever e adjectivar, mas...
Nunca como neste caso uma imagem valeu bem mais do que mil palavras. Então das minhas...
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Devia estar um calor do caraças, já que ali para aqueles lados de África, diz que é quentinho. Ou seja, não deve ter sido o dia mais isento de chatice para a minha mãe. Devo ter nascido bem, já que a minha avó Glória era chefe-parteira lá do sítio e tinha connections.
De lá para cá já mandei mais alguns berros, mas nunca mais na terra que me viu nascer. Ou no mar, para ser sincero...
Este, é provavelmente o trigésimo quarto aniversário mais intenso de que me lembro. Intenso e muito preenchido, de coisas boas e más. De gente, acima de tudo. Gente nova que apareceu para fazer destes ** anos uma festa contínua.
quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Com quase tudo arrumadinho, packed up and ready to go, surgiu a idéia de pousar o colchão que nos serviu de cama vertical durante a peça - teriam de a ter visto para compreenderem -, de nos deitarmos nele uma ultima vez e ouvir as musiquinhas que o I-Pod debitava. Eram calminhas e suaves, exactamente o que o momento nostálgico e cansado pedia. Assim fizemos, e durante uma (?) hora ficamos ali, deitados, a fitar o tecto do museu - ou o das nossas pálpebras, conforme a opção - em comunhão perfeita com tudo à nossa volta. O momento mais bonito foi este, que guarda em si uma frase já conhecida de alguns membros do TUP, e a quem eu dediquei na altura da nossa peça de fim de curso. My heart is yours. It's you that I old on to.
Serve igualmente para todos os que estiveram neste longo e duro processo.
E hoje começa o resto.