Antes de mais nada, espreitem o texto que o Carlos Moura publicou no seu blog e com o qual concordo em absoluto.
Mais uma vez o aborto na ordem do dia. Ou não. Acima de tudo o que se pode ler nas palavras ácidas do Carlos é a triste condição de se ser português. E não me lixem com os discursozinhos de chacha a puxar ao nacionalismo/patriotismo. Somos um povo desiquilibrado, desorganizado, triste e tristonho. Charme latino, diriam alguns. Atraso mental/social/cultural, digo eu.
Somos um povo atrasado. Mental, não duvidem. E por atraso mental refiro-me obviamente ao atraso cultural que Portugal carrega ás costas. Lixou-nos sempre e continua - e continuará - a lixar.
Peguem neste caso já estafado do aborto. De uma decisão meramente burocratico-legal, passou num instante - ou foi sempre, já nem sei dizer - um assunto filosofico-religioso-social. E continuam a pregar aos quatro ventos a importância de definir o que é e a partir de quando é uma vida humana, aquela que estamos a mandar literalmente pela sanita abaixo. E somos todos tão incrivelmente estúpidos por embarcarmos nesta merda de campanhazinha com direito a autocolantes, cartazes, manifestações, jingles e telediscos de grande produção. Somos tão energúmenos ao permitir que coisas destas sejam tratadas como tudo o que é sério em Portugal. Faz-se uma sardinhada, contrata-se um rancho folclórico, distribui-se uma mão cheia de beijinhos repenicados por velhinhas e netinhos e no entretanto discute-se se as mulheres devem ou não ser presas por abortarem.
E claro que concordo contigo, Carlos, ao acusares a igreja por derramar tanto sangue ao longo da sua história. Vergonhosa história, diga-se. Uma igreja que se impôs à força da espada e nunca da Bíblia, como querem fazer parecer.
À força do agora vais rezar a Deus nosso senhor! Mas eu já tenho aqui um punhado de deuses, mais um não me dá jeito nenhum... ZÁS, facada no bucho e é menos um para chatear e mais uma alminha pró purgatório, que há lá falta de mão de obra barata.
E de repente é essa mesma igreja que vem reclamar pelos valores da familia e da vida humana? Já sei que estas coisas não sofrem com os retroactivos, mas se calhar deviam pensar bem nesta história dos valores, não?
E remeto tudo isto para algo que li na crónica de Ricardo Araújo pereira e com o qual também concordo em absoluto: vamos mudar a lei, mas de acordo com os que defendem o NÂO. Mulher que efectue um aborto deve ser condenada à pena máxima. 25 anos de cadeia, nem um dia menos. Assim sim!! Se é para sermos estúpidos, então vamos sê-lo mas com uma grande festa. Gone, mas gone with a blast!!!!!
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