Quando saí da sala apetecia-me andar em câmara lenta.
Sentia-me completamente esmagado. Pela força de um filme que é isso
mesmo: esmagador.
Babel, o novo filme de Alejando Gonzáles Iñárritu, obriga-nos a
inspirar na primeira imagem que vemos para só nos permitir a
expiração mesmo no último momento. E foi ainda antes desse último
momento que dei por mim a enterrar as unhas nas palmas das mãos e a
fazer força para segurar as lágrimas que acabaram por ser mais fortes
do que eu. Porque Babel é mais forte do que eu. Mais forte do que
qualquer um. Porque nos mostra, como se de um documentário se
tratasse, a merda que nós somos enquanto seres humanos. E que nos
mostra da mesma forma, e com a mesma força, que somos uma maravilha
da natureza.
Inexplicável esta dicotomia, mas Iñárritu também não nos dá essa
explicação. Nem tem a petulância de a procurar. Limita-se, isso sim,
a mostrar-nos pessoas. Como nós. E ninguém filma pessoas como nós,
como Iñárritu o faz. Como já o tinha feito em Amorres Perros e 21
Grams, as suas obras anteriores. E por isso mesmo, o resultado, para
além de uma filme inqualificável, é um trabalho notável ao nível dos
actores - não existe um Oscar para melhor elenco? Pois inventem um.
Este merece-o, provavelmente como nenhum outro antes.
É-me verdadeiramente impossivel destacar um actor. Impossivel. Mas
não posso deixar de falar num homem - provavelmente um não-actor,
ainda não pude investigar - que merece uma linha ou duas de texto a
mais. A força do seu olhar, especialmente o olhar de dor que carrega
na parte final do filme, comove brutalmente e magoa-nos sem piedade.
Justifica plenamente este menção, mas que não lhe faz jus.
Voltando ao filme, e ao seu realizador, resta-me dizer que sim, é
mais do mesmo. mais do que já se tinha visto nos filmes anteriores.
Mas quando mais do mesmo é sinónimo de uma qualidade e de uma riqueza
absolutas, então não podemos utilizar esse argumento com uma
conotação negativa. O realizador mexicano é um dos melhores da
actualidade. Tão bom que nos deixa ansiosos por mais trabalhos seus.
E que não tenham dúvidas: Babel É o melhor filme do ano. Ponto final.
Nomeações para os Oscars - que pecam por serem poucas:
Actriz secundária - Adriana Barraza e Rinko Kikuchi (merecem ambas)
Argumento original (nem comento)
Banda sonora (portentosa)
Edição
Realização (já disse...)
Melhor filme do ano (vai ganhar)
Sentia-me completamente esmagado. Pela força de um filme que é isso
mesmo: esmagador.
Babel, o novo filme de Alejando Gonzáles Iñárritu, obriga-nos a
inspirar na primeira imagem que vemos para só nos permitir a
expiração mesmo no último momento. E foi ainda antes desse último
momento que dei por mim a enterrar as unhas nas palmas das mãos e a
fazer força para segurar as lágrimas que acabaram por ser mais fortes
do que eu. Porque Babel é mais forte do que eu. Mais forte do que
qualquer um. Porque nos mostra, como se de um documentário se
tratasse, a merda que nós somos enquanto seres humanos. E que nos
mostra da mesma forma, e com a mesma força, que somos uma maravilha
da natureza.
Inexplicável esta dicotomia, mas Iñárritu também não nos dá essa
explicação. Nem tem a petulância de a procurar. Limita-se, isso sim,
a mostrar-nos pessoas. Como nós. E ninguém filma pessoas como nós,
como Iñárritu o faz. Como já o tinha feito em Amorres Perros e 21
Grams, as suas obras anteriores. E por isso mesmo, o resultado, para
além de uma filme inqualificável, é um trabalho notável ao nível dos
actores - não existe um Oscar para melhor elenco? Pois inventem um.
Este merece-o, provavelmente como nenhum outro antes.
É-me verdadeiramente impossivel destacar um actor. Impossivel. Mas
não posso deixar de falar num homem - provavelmente um não-actor,
ainda não pude investigar - que merece uma linha ou duas de texto a
mais. A força do seu olhar, especialmente o olhar de dor que carrega
na parte final do filme, comove brutalmente e magoa-nos sem piedade.
Justifica plenamente este menção, mas que não lhe faz jus.
Voltando ao filme, e ao seu realizador, resta-me dizer que sim, é
mais do mesmo. mais do que já se tinha visto nos filmes anteriores.
Mas quando mais do mesmo é sinónimo de uma qualidade e de uma riqueza
absolutas, então não podemos utilizar esse argumento com uma
conotação negativa. O realizador mexicano é um dos melhores da
actualidade. Tão bom que nos deixa ansiosos por mais trabalhos seus.
E que não tenham dúvidas: Babel É o melhor filme do ano. Ponto final.
Nomeações para os Oscars - que pecam por serem poucas:
Actriz secundária - Adriana Barraza e Rinko Kikuchi (merecem ambas)
Argumento original (nem comento)
Banda sonora (portentosa)
Edição
Realização (já disse...)
Melhor filme do ano (vai ganhar)
1 Comments:
At 12:30, Carlos said…
É, de facto, brilhante. Mas o melhor filme de 2006, desculpa, é "Little Miss Sunshine".
Enviar um comentário
<< Home