Acerca dos Oscars...

E muito breve:

A Ellene Degeneres esteve muitíssimo bem, fazendo uso das intermináveis horas de palco passadas no que ela sabe fazer melhor: stand-up.

O espectáculo foi pobre e feito nitidamente à pressa. O ambiente geral - restantes apresentadores inclusive - denotava isso mesmo. nem parecia uma coisa a sério. Houve alguns momentos brilhantes, sim senhora, como os dos bailarinos-sombra-chinesa, mas houve também uma falta de cuidado gritante na forma como alguns dos números de entretenimento foram tratados. O exemplo mais flagrante foi precisamente aquele que envolveu o que teria sido o momento televisivo mais alto da noite. A interpretação do coro de efeitos sonoros - que já conhecíamos, aliás, do famoso anúncio da Honda - foi completamente arruinado por uma realização televisiva que não soube estar quieta e filmar os intervenientes, coristas e ecrãs onde passavam as respectivas imagens, num só plano. Ao invés, optou por filmar caras em close-up ou só as imagens, completamente desenquadradas de quem lhes estava a dar som. Triste.

Quanto aos prémios...

Mais uma vez a Academia a armar ao politicamente correcto-simpático-fofinho e a tentar da melhor forma distribuir os prémios de forma quase democrática. As nomeações já tinham, aliás, apontado para o continuar dessa tendência que tem marcado as últimas edições da gala.

Resumidamente:

Ok, o filme do Martin Scorcese é do caraças, mas não era, na minha opinião, o melhor do ano. Tenho ouvido alguns argumentando que "finalmente se fez justiça". A esses eu relembro que o Oscar que o senhor ganhou não foi honorário. Foi o Oscar que provavelmente, e já que falamos de uma questão de justiça, deveria ter sido entregue a outro, mas enfim...

Ilogicamente, nem Jack Nicholson nem DiCaprio foram nomeados pelos seus papeis nesse filme, o que não deixa de ser estranhamente ilógico.

O Labirinto do Fauno venceu os únicos Oscars que merecia, mas disso falarei no post seguinte.

A melhor actriz não foi surpresa para ninguém, e já há meses que corria sozinha. Ponto final.

O melhor actor parecia també já estar escolhido há muito, e não teria assim tanta concorrência quanto isso. E aplaudo. Gosto do Forrest Whitaker. É bom rapaz.

Actriz secundária? Não vi. Mas palpita-me que é uma daquelas hitorietas da coitadinha-que-veio-do-nada-para-vencer-tremendamente de que a Academia e os americanos tanto apreciam.

O actor secundário foi uma surpresa, mas uma surpresa que eu tinha previsto. Porque sou e serei sempre imensamente fã de um dos melhores e mais subvalorizados actores da sua geração: Allan Arkin. É sempre tremendo, e mesmo apesar de ainda não ter visto Little Miss Sunshine, tenho a certeza de que este prémio não podia estar em mais justas mãos.

Dos restantes não rezará a história. Como dizia a Silvia filtress, o velho Clint esforçou-se em demasia para voltar a roubar os Oscars a toda a gente; o Eddie Murphy foi o freak-show do ano; a moça Abigail não conquistou o galardão mas conquistou toda a gente sem excepção; o filme Dreamgirls deve ser uma valente seringa; pró ano há mais.

Seguramente.