"Tenho sono, tenho muito sonono..."
Esta frase morou anos a fio numa das paredes da Escola António Sergio, em Vila Nova de Gaia.
Sempre que a via associava-a a alguém sozinho no mundo. Alguém cuja mente tinha já perdido todo e qualquer contacto com a capacidade que temos de raciocinar, de pensar friamente nas coisas.
"Um louco" pensei, da primeira vez que li aquelas palavras e senti um estranho arrepio.
Com o passar dos anos a minha visão daquela frase tão despida foi mudando. Comecei a respeitá-la por me aperceber que só alguém com a noção de que está a perder o juízo podia alguma vez escrever aquilo. Uma declaração de culpa; o confessar de que se está lentamente a desaparecer.
Só uma pessoa com muita coragem dá um tiro na cabeça. Da mesma forma, só alguém muito consciente, alguém muito certo de si; alguém que sabe com toda a certeza do mundo de que já não é ele próprio mas sim o resultado de tantas e tantas coisas que não consegue controlar, escreve algo assim.
O assumir "estou a enlouquecer".
Pois bem, tenho sono...
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home