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Bom Karma... ou não!

quarta-feira, junho 24, 2009

SÃO JOÃO

Ontem descobri que afinal o S. João é um dia de memórias. Ao jantar a minha mãe contou-me que nos primeiros anos no Porto, vindos de Angola, o dia de S. João era um problema para mim. Assim que começava o fogo-de-artifício, eu agarrava-me às pernas dela e perguntava-lhe "isto é a guerra mãe"?

33 anos depois, no dia de S. João, relembrei uma das coisas mais importantes que tive na minha vida. Quase que me obriguei a enfrentá-la, para a sentir melhor; para lhe sentir o ambiente, o cheiro e a sensação. Fui-me a ela para me lembrar de tudo, do mais ínfimo detalhe. Fui-me a ela e perdi. A memória às vezes é como me dizia um amigo algarvio, "traiçoêra". Faz-nos convencer de que já tá tudo bem, e que não sentimos a falta das coisas e das pessoas e dos dois juntos numa mesmo noite. Na noite de S. João. E agora essa noite já não existe e eu sei a razão mas não sei porquê.

Assim, passei a noite de S. João em casa, a ver filmes pirata e a beber Coca-Cola e a fumar cigarros. Até às 4.30 da manhã. Não comi sardinhas ou fêveras (febras), mas comi pimento assado a acompanhar as costeletas e o arroz de feijão. Não ouvi os martelos nem o fogo-de-artifício e nem corri para as pernas da minha mãe. Os auscultadores ligados ao computador ligado ao filme mantiveram-me numa noite como outra qualquer. Mas é mentira.