kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, junho 16, 2009

BLAH, BLAH, BLARGH




Isto chateia-me! Tanta coisa com a gripe suína, gripe A, gripe A (H1N1); tanta polémica, tanta histeria com a porcaria da doença, que uma seca, já se sabe, e ainda ninguém percebeu que isto leva o mesmo rumo da gripe das aves que assustou meio mundo aqui há uns anos. Seremos assim tão desiquilibrados? Seremos assim tão susceptíveis e tão fáceis de assustar? Devíamos pensar seriamente na quantidade de pessoas que morreram até agora desta «nova» doença e comparar esse número com a estimativa da OMS que diz que anualmente morrem entre 250 e 500 mil infectados com gripe comum.



Por ano, cerca de 300 mil portugueses visitam Madrid. Nem todos partem de Portugal, entenda-se. Os números são responsabilidade do turismo espanhol, e para muitos são argumento suficiente para continuar a acreditar que um TGV é realmente necessário. É curioso o discurso do governo que insiste nesta aberração que é ter um comboio de alta velocidade quando já existe um comboio de velocidade em Portugal e que ainda por cima não é aproveitado no máximo da sua capacidade. Um discurso que aponta para as terríveis consequências do cancelamento do projecto e que basicamente, para o dito governo, significam perdermos o comboio da Europa (metaforicamente) e ficar para trás na modernização que outros países perseguem.
Já aqui falei deste tema, mas continua a assustar-me o custo desta obra e que ascende aos 7 mil milhões de euros. Em termos de qualidade de vida - algo que devia ser constantemente uma preocupação de qualquer governo - é interessante perceber quais os critérios tidos em conta pela Mercer (uma empresa de consultoria) quando se decide a nomear as cidades do mundo com melhor índice de desenvolvimento no seu “
Worldwide Quality of Living Survey”, e que são os seguintes:
  1. Ambiente Social e Político (estabilidade política, crime, política de segurança, etc.)

  2. Ambiente Económico (política cambial, serviços bancários, etc.)

  3. Ambiente Sócio-cultural (censura, limitações à liberdade individual, etc.)

  4. Factores médicos e sanitários (serviços, medicamentos e dispositivos médicos, doenças infecciosas, saneamento básico, colecta de lixo, poluição do ar, etc.)

  5. Escolas e educação (nível e disponibilidade de escolas internacionais, etc.)

  6. Serviços públicos e transportes (electricidade, água, transportes públicos, congestionamentos de tráfego, etc.)

  7. Entretenimento (restaurantes, teatros, cinemas, desportos e lazer, etc.)

  8. Bens de Consumo (disponibilidade de alimentos, itens de consumo diário, automóveis, etc.)

  9. Habitação (casas, equipamentos domésticos, móveis, serviços de manutenção, etc.)

  10. Factores naturais (clima, registo de desastres naturais)

Facilmente se percebe quais os critérios em que o governo português não mexe uma palha, certo? Mas o que interessa é investir 7 MIL MILHÕES DE EUROS num meio de transporte que serve unicamente três cidades, uma delas fora de Portugal, cujas viagens ficarão mais caras do que qualquer avião que faça a ligação entres os três destinos. Entretanto, não há dinheiro para a cultura em Portugal, as fases seguintes no trajecto do Porto são constantemente adiadas por falta de verbas, inúmeras vias de comunicação estão paradas, atrasadas ou canceladas pelo mesmo motivo, as falências nascem como cogumelos e o país está mergulhado na crise mundial. Confortavelmente mergulhado, diria. É esta mania de querermos parecer grandes quando na verdade somos pequeninos. Portugal parece aqueles tipos demasiado baixos que usam sapatos de tacão para ficarem uns milímetros mais crescidos. Somos parolos, pronto.




Por esta do Irão é que eu não estava à espera. Ver as manifestações populares contra o resultado das últimas eleições presidenciais, especialmente tendo em conta que o Irão é um país com uma forte tradição repressora, deixa-me intrigado e, não o posso esconder, contente. A liberdade individual encanta-me. Como sempre me apaixonei por aqueles que ao longo da história tudo fizeram para lutar por ela. Incomodam-me situações de desrespeito pelas liberdade de cada um; desde a escolha da religião, à escolha da sexualidade, passando pela escolha do que se quer ler, ouvir ou dizer. O Irão é uma das nações que mais contribuíu para a história da humanidade; é uma cultura riquíssima, elaboradíssima, impossível de mesurar. O Irão vive escondido pelos fanáticos religiosos que ocuparam politicamente o país há umas décadas, e passa, desde então, por ser um antro de maluquinhos bombistas, ultra-conservadores e que querem destruir o mundo. De tal forma que o mundo se esqueceu que os iranianos nem sequer são árabes, e que «só» são muçulmanos desde o século VII - como se ser árabe fosse sequer um problema.

É claro, já existem teorias da conspiração que dizem que é a CIA que está a provocar todo este reboliço. Ingenuidade. A CIA sempre esteve no Irão, de um lado e do outro da mesa das negociações. Ora somos amigos, ora não somos, tá bem? Sempre foi assim e sempre será, na Síria, no Líbano, no Egipto ou na Jordânia. Mas acreditar que foi a CIA - ou outro qualquer organismo do género - a convencer milhares de iranianos a arriscarem a vida e a fazerem de figurantes de uma espécie de revolução popular é demasiado. Adoro uma boa teoria da conspiração, mas daquelas que fazem algum sentido.

Pouco interessa, nesta altura, se Mahmoud Ahmadinejad viciou ou não as eleições. O que interessa é perceber que afinal o povo do Irão não está comodamente resignado a um regime político fortemente condicionado por mais uma interpretação errada do Corão e que quer retirar o poder das mãos de um energúmeno, sem qualquer tipo de visão política e social e que arrasta cada vez mais a Pérsia para um lugar na história que de todo não merece. Fica tudo completamente diferente se escrever Périsa, não fica?

Ah, e para os que ainda precisam de ser esclarecidos, deve ser relevante o facto de estarem mulheres nas manifestações que se têm sucedido em Teerão. As imagens abaixo são da CNN. Será que foram eles a organizar os protestos...!?








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