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Bom Karma... ou não!

quinta-feira, junho 18, 2009

SÓ PARA ME CONTRARIAR...



... e para me surpreender, está um filme nas salas portuguesas - pelo menos nas do Porto - que supostamente nunca deveria ter estreado. Porque está totalmente nos antípodas da política comercial das distribuidoras nacionais e, ainda por cima, é sueco. Sabem quantos filmes não americanos estreiam todos os anos no circuito comercial cá da terra? Pois é.
"Låt Den Rätte Komma In" - a tradução para português seria "deixa a pessoa certa entrar" - é muito provavelmente o melhor filme de vampiros que já vi até hoje. Agora, esqueçam imediatamente que lhe chamei filme de vampiros e prestem atenção ao resto, porque a obra de Tomas Alfredson é também um dos filmes mais maravilhosos que vi nos últimos anos e não é de maneira alguma um filme de terror. É um filme sobre um sem número de dores que fazem parte do processo de crescimento de uma criança de doze anos. A solidão, o divórcio dos pais, o bullying na escola, a falta de amigos com quem nos identificarmos. Para além disso, "Låt Den Rätte Komma In" é um filme sobre a descoberta do primeiro amor. E é irresistivelmente doce e mágico. Tão simples, tão bem dirigido e interpretado, sem truques, sincero e totalmente despretensioso. Tão despretensioso quanto sensível, e é isso que mais impressiona e faz perguntar, uma e outra vez, porque não investem os realizadores portugueses em histórias assim, tão fáceis de filmar. É fácil: se até há bem pouco tempo os nossos realizadores apostavam sempre num estilo de cinema que se queria independente do mainstream - e que tão bem encaixaria um conto destes - a tomada das rédeas por parte dos canais televisivos, que agora mandam e desmandam na produção cinematográfica, obriga a que se filmem pedaços de lixo, recheados de caras conhecidas das novelas e que têm como público-alvo os mesmos espectadores das... novelas. Simples.
"Låt Den Rätte Komma In" é simplesmente magnífico e um dos mais belos filmes que já vi e que nos enternece a cada fotograma. O grande plano é usado sempre em favor da intimidade e do carinho entre os dois protagonistas, a neve tem um papel fundamental e quase que se pode dizer que é um terceiro principal personagem, a música é excelente, os actores - especialmente os mais novos - emprestam uma dignidade e uma beleza difíceis de encontrar em muito do cinema que se faz hoje em dia e o resultado final é algo que nenhum realizador americano consegue alcançar. Por muito bom e europeizado que seja. Há aqui um scandinavian way que já reconheço de outras experiências, nomeadamente no Fantasporto, e que confere um sabor estranho e que ao mesmo tempo nos entra imediatamente no coração.
Simplesmente obrigatório e matéria para muita aula de cinema. É obviamente um dos melhores filmes do ano.



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1 Comments:

  • At 15:57, Anonymous babazinha said…

    AAAAAAAAAAAHHHHHH mas o trailer não tem nada a ver com o filme!!!! até parece assustador! É como te disse, eles compraram depois de só verem isto! O engano deles, a nossa delícia!

     

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