"LUCY IN THE SKY"
Andei a fugir a este filme desde a sua estréia, aqui há uns anos.
Convencido pelos argumentos da Bárbara, concordei em alugá-lo para o vermos no passado fim de semana.
I Am Sam é um filme desiquilibrado. Por culpa de uma defeituosa realização, deita a perder uma bela história - aparentemente baseada em factos reais - e torna, o que podia ser um bom drama de fazer chorar as pedras da calçada, num objecto completamente à deriva, entre um dramalhão sem sabor, e uma comédia(?) a roçar o ridículo. As personagens secundárias são inconsequentes, as situações supostamente criadas para servirem de comic relief, ridículas, e a utilização da câmara - como se de um filme de acção se tratasse - incongruente e irritante.
Posto isto, é justo realçar as duas razões que carregam o filme às costas e que deixam a vontade de rapidamente o rever: Sean Penn e Dakota Fanning.
Penn é o que já se sabe, um one man show de interpretação, que contagia tudo e todos, e que acaba sempre por funcionar como um verdadeiro curso de como ser actor. O trabalho de pesquisa a que se dedicou para construir a personagem de um Sam com sérias deficiências mentais, é assustadoramente intrincado e complexo para sequer termos uma pequena idéia do trabalho que deu a criar a personagem. Não espanta, no entanto. Já sabemos do que ele é capaz, e já tivemos provas suficientes para o considerarmos como um dos melhores actores americanos da história do cinema.
Dakota Fanning é só a melhor actriz em actividade. Aquela que merecia um Oscar sempre que faz um filme, mesmo pela sua interpretação no vídeo ali mais em baixo. O seu olhar convence-nos de tudo o que a personagem está a pensar, a viver ou a sentir; comove-nos e alegra-nos instantaneamente, como nenhuma outra com muitos mais anos de experiência consegue fazer. Sinceramente, estou cada vez mais convencido que esta pequena actriz não necessita sequer de ser dirigida pelos realizadores com quem trabalha, tal é a segurança do seu trabalho.
A banda sonora é excelente, já que ofereceu aos mais variados artistas a hipótese de pegarem nas pérolas deixadas pelos Beatles - uma das obsessões de Sam -, e de as reconstruírem a seu belo prazer.
A amostra fica a cargo de Rufus Wainright, com Across The Universe, e de Sarah McLachlan, com Blackbird, duas das mais belas composições do quarteto de Liverpool . Vejam o vídeo de Rufus - é lindíssimo - e percebam todo um mundo que se esconde por trás dos olhos de Dakota Fanning.
I Am Sam
Rufus Wainright - Across The Universe
Sarah McLachlan - Blackbird
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