kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quarta-feira, outubro 10, 2007

IRRA!!!

Ontem fui ver o tão aguardado 1408. Aguardado por ser a mais recente adaptação de um conto de Stephen King. Bons actores ao barulho, John Cusack e Samuel L. Jackson, e um trailer esmagador prometiam coisa boa. E foi. 1804 é um filme de terror à maneira, sem cair naquela moda que começava a chatear muito de serial killers quase-sobrenaturais, fantasmas aborrecidos e miúdos possuídos pelo demo, e que regressa ao território do terror psicológico e arrasador do nervoso miudinho. A tensão chega a incomodar as tripas, a música de Gabriel Yared e a qualidade da interpretação de Cusack ajudam, e os finais consecutivos para uma mesma história deixam a malta em pulgas. Bem bom, sim senhor. Muito ao estilo dos bons velhos tempos de A Quinta Dimensão. A caminho do final chega mesmo a assustar mas noutro sentido, quando ameaça resvalar para velhos e maus hábitos das mais recentes produções americanas no cinema de terror. Safa-se disso com distinção e arranca definitivamente para um sólido e verdadeiramente assustador conto à boa moda de Stephen King. Quando está inspirado, claro. O filme conta a história de um cínico e egoísta escritor (Cusack), que dedica a sua carreira a desacreditar hotéis que se dizem assombrados e amaldiçoados por almas perdidas. Isento de qualquer tipo de fé - em Deus e nos homens -, Mike Enslin decide aceitar um desafio enviado por um anónimo, o de passar uma noite no quarto 1408 do Dolphin Hotel, em Nova Iorque, e sobreviver. A seguir, assistimos a uma versão muito livre do Conto de Natal - onde o terrível Scrooge era visitado por três fantasmas, e por causa dos quais se remediava de todo o mal que tinha feito e se tornava, afinal, numa boa pessoa - misturado com os nove anéis do Inferno de Dante. O caminho que Enslin tem de percorrer naquele amaldiçoado quarto, tem como único objectivo o seu check out. De uma forma ou de outra. Sinceramente, momentos houve em que me senti a enlouquecer com o escritor, tal a demência do que por lá se passa. Muito aconselhável, digo-vos, mas para quem tem os nervos em dia. A título de curiosidade, posso ainda dizer-vos que existe um final alternativo e bem mais interessante do que aquele que vemos no cinema.