sexta-feira, agosto 31, 2007
Mas não dessas que vocês estão a pensar.
Dias de férias sem nada para fazer e duas sessões seguidinhas de filmes de Hitchcock. O mesmo é dizer, duas aulas de como fazer cinema, A Janela Indiscreta - um dos raros casos em que a tradução do título original ficou a ganhar - e Psico.
E sou obrigado a repetir-me: ninguém ultrapassa o realizador inglês na arte de fazer cinema. Ninguém inovou tanto ou inovará algum dia na sétima arte como o anafado Alfred fez, e o cinema seria hoje em dia bastante diferente caso ele nunca se tivesse dedicado aos filmes.
Em A Janela Indiscreta, o ambiente é tudo menos o ambiente de um normal filme de suspense. Aliás, não chega sequer a ser um filme de suspense mas sim um filme de dúvida. A mesma dúvida que inquieta a personagem principal, L. B. Jefferies - um magistral James Stewart -, invade-nos e deixa-nos a salivar pela conclusão do filmes e pela resposta a todo o mistério: houve ou não um assassinato no apartamento do prédio vizinho? Sem suspense, sem músicas irritantemente tensas e sem violência de qualquer tipo. Hitchcock chega ao ponto de filmar o único momento verdadeiramente angustiante de A Janela Indiscreta, quando acompanhamos Lisa - Grace Kelly - na sua arriscada incursão ao dito apartamento, ao som de um agradável jazz à Gerswhin, completamente contrastante com a sequência, mais uma vez, notável.
Como volta a ser notável o trabalho de câmara, em longos - por vezes longuíssimos - travellings; brilhante o trabalho de fotografia, concedendo à imagem um aspecto quente e confortável, fazendo-nos mesmo acreditar no verão em decorre a acção; geniais os actores, emprestando às personagens uma normalidade anormal para um filme de 1954, e não se fechando à habitual irreverência do realizador, sempre pronto a filmar cenas de uma sexualidade fortemente implícita, pontuadas por sugestões quase directas de sexo. Hitchcock foi um visionário, e fez bem em usar o seu poder junto dos estúdios, de modo a conseguir abordar todos os assuntos que marcaram os seus filmes.
Psico, de 1960, é visivelmente mais tradicional e conservador na forma como é filmado. A sua originalidade estava assente no conteúdo e no ditar de regras que ainda hoje são utilizadas em quase todos - ou mesmo em todos - os filmes de terror. Não existem grandes travellings, não existe um trabalho de iluminação diferente dos filmes seus contemporâneos, existe, isso sim, um clima constante de que alguma coisa muito má está para acontecer. E esse clima - aqui sim - é provocado quase exclusivamente pela partitura de Bernard Herrman, provavelmente a banda sonora mais conhecida e mais reconhecida da história da sétima arte. A originalidade de Psico, estender-se-ia também à ética de visionamento que Hitchcock desenvolveu, e que consistia em proibir a entrada de espectadores na sala depois do começo do filme. A campanha levada a cabo pela produtora e pela distribuidora ainda antes da estreia do filme na América, alertava o público para a obrigação de ver a obra desde o início, e para as consequentes vantagens que essa disciplina acarretava. E resultou. Psico foi um sucesso sem precedentes nessa altura. Óptimos actores - Janet Leigh e Anthony Perkins, que seria nomeado para o Oscar pelo seu desempenho como Norman Bates mas curiosamente apenas em Psico III -, e mais uma vez, o génio irreverente de Alfred Hitchcock, que não se fez rogado e filmou a sua actriz principal em soutien e em cenas de cama bastante arriscadas, ajudaram a tornar Psico num dos filmes mais famosos e referenciados da história do cinema. A famosa cena do chuveiro, a título de exmplo - uma sequência de dois minutos e meio, filmada em mais de 40 planos diferentes -, é provavelmente a cena mais copiada de sempre, nomeadamente em filmes de terror e suspense, culminando com a cara de Janet Leigh, morta no chão da casa de banho. Ninguém tinha a coragem de filmar a morte daquela maneira e depois de Psico, nunca mais uma cortina de banheira seria somente uma inocente cortina de banheira.
quinta-feira, agosto 30, 2007
E para não me esticar muito no assunto...
De acordo com a Wikipedia, Trasngénicos são "organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contenham material genético de outros organismos. A geração de transgénicos visa a obtenção de organismos com características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi desenvolvida a técnica do DNA recombinante.
A manipulação genética recombina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais."
A manipulação genética recombina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais."
Ainda não compreendo totalmente as vantagens e desvantagens desta salsada transgénica, o que sei é que os meninos e meninas que invadiram e destruiram o campo de milho, fizeram uma asneira e portaram-se muito mal.
E questiono-me: se o campo fosse de cannabis transgénica, também o destruiriam?
Pior mesmo só a posição do eurodeputado Miguel Portas que, depois do que afirmou publicamente em relação ao caso, me faz pensar se ele próprio não será geneticamente alterado...
Ontem fui ver provavelmente um dos filmes mais estranhos de sempre. Não estranho no seu conteúdo, não estranho de uma forma David Lynchiana, mas sim estranho na sua forma.
Realizado por Bruce A. Evans, Mr. Brooks éapenas o segundo filme de um senhor que tem feito carreira - já com algumas décadas - na produção e na escrita de argumentos. E... bem, é um filme estranho, é só o que lhe posso chamar.
O Mr. Brooks do título é Earl Brooks, empresário de sucesso e considerado mesmo como o homem do ano em Portland, e Marshall, o seu alter ego maléfico, frio e sádico até mais não. Kevin Costner é Earl e William Hurt o seu «gémeo» mau. E até aqui tudo muito bem. Os dois actores receberam com agrado a magnífica prenda do realizador/autor, e trataram as duas maravilhosas personagens de uma forma incrível, assinando duas prestações notáveis a todos os níveis. Mas o problema é que Evans não soube realizar o filme. Simplesmente não soube. E passo a explicar, da forma mais simples que me é possivel.
Earl, como já disse, é um homem de topo, empresário de sucesso, podre de rico, elegante, culto(aparentemente) e equilibrado. Um óptimo chefe de família e um homem modelo, mas que esconde, de forma magistral, um terrivel segredo: é também um maquinal e perfeccionista serial killer conhecido como o assassino da impressão digital. Um pesadelo para os CSI, que nunca conseguem encontrar uma milimétrica pista da sua presença. O homem escolhe as suas vítimas de forma aleatória, mas programa o assassinato não esquecendo nenhum pormenor, chegando mesmo ao cúmulo de aspirar a cena do crime e recolher as cápsulas das balas. Earl mata porque Marshall o convence a fazer e pelo simples prazer de matar. E é deliciosa a relação entre os dois Brooks; delicioso o duelo entre Costner e Hurt, quer seja quando o irmão bom tenta travar a sede assassina do irmão mau, quer seja quando ambos se unem no planeamento e execução dos crimes. E tudo corre bem para a hedionda «dupla», até que surge Mr. Smith, um voyeur que inesperadamente fotografa Earl no quarto onde este literalmente despacha um casal. Só que Mr. Smith - razoavelmente interpretado pelo comediante Dane Cook -, ao contrário do que se podia pensar, não pretende chantagear Brooks. Deseja, isso sim, acompanhá-lo e assistir de perto à sua carreira de assassino em série. Para Mr. Smith, o que Brooks faz é uma espécie de desporto radical, uma brutal adrenaline rush, que o pode tirar de uma vez por todas da vidinha chata de engenheiro solteirão dos subúrbios, esquecendo-se que, ao mesmo tempo, se está a meter cada vez mais na teia de uma aranha que não hesitará em matá-lo assim que a oportunidade surgir....
E o filme devia ficar por aqui. Mas não fica. Em cena entra um segundo filme, cuja protagonista é a irritante Demi Moore, cada vez pior actriz, cada vez mais irritante e a provar de um modo inequívoco o tremendo erro de casting que representa, seja qual for o filme. A sua, é a história de uma policia, especialista em assassinos em série, e que persegue o autor dos crimes da impressão digital, como já disse, sem qualquer sucesso. Não satisfeito, o realizador ainda mete ao barulho o seu divórcio, e a respectiva batalha judicial com o marido, e um segundo serial killer, acabadinho de fugir da cadeia e em busca de vingança, já que foi a detective Tracy que o conseguiu capturar. Muito barulho para nada, já que esta segunda história não ajuda, não enriquece, nem contribui nadinha para a história de Mr. Brooks e do problema que tem em mãos, chamado Mr. Smith. E damos por nós, sempre que acompanhamos as aventuras de Tracy Atwood, a desejar que o filme passe rapidamente para Mr. Brooks e para o seu ego diabólico. E o filme perde imediatamente interesse.
Ou seja, temos dois filmes num só. Um filme muito interessante e empolgante, do género a que se decidíu chamar de thriller psicológico, e um filme policial de accção banal, mau e chato.
Coisas boas? Duas interpretações notáveis e duas personagens que ficam na história do género, embrulhadas num argumento genial, original e repleto de reviravoltas, e numa banda sonora arrepiante.
Coisas más: um realizador que levou muito longe o tema da esquizofrenia e uma péssima actriz, que obviamente não sabe o que está ali a fazer.
É pena.
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quarta-feira, agosto 29, 2007
ORA BEM...
Acabadas as férias - pelo menos as passadas fora do Porto -, parece-me claro que posso concluir que foram as melhores que tive até hoje. É que existe uma nítida diferença entre férias e viagens: as férias são férias, servem principalmente para descansar e não fazer rigorosamente mais nada. Bem, quase mais nada...
As viagens são tudo menos férias. Normalmente é bom sinal regressar de uma viagem ainda mais cansado do que à partida. Nesse sentido, estas foram - não me canso do o dizer - as melhores. Sem querer parecer lamechas, estas férias foram uma lua de mel como eu não tive. E por isso mesmo, perdõem-me a falta de pormenores...
Mas enfim, a Zambujeira do Mar mostrou mais uma vez ser um dos melhores locais em Portugal para se fazer uma boas férias. Sem confusões algarvias, sem preços algarvios, sem turistas algarvios, e com praias, comida e preços de que o Algarve tem inveja.
Uma residencial de sonho, confortável como já não via há muito, manhãs de carinho, praia de princípio de tarde fantástica, almoço refrescante na varanda do quarto, tarde de carinho e resto do dia passado na praia mais bonita que conheço em Portugal. O jantar era sempre em demasia e sempre acompanhado pela sorte de não ter de esperar duas horas por uma mesa livre. Ou seja, como já disse, férias à séria.
Entretanto a prova final da certeza que já tinha, a de que há coisas que não vão mudar. São certezas destas, irrefutáveis, que eu preferia não ter. Provavelmente tenho de a encarar como mais um daqueles passos que comecei a dar há uns tempos para andar para a frente. Posso até chamar-lhes os Doze Passos Para a Recuperação De Um Não Bêbado. Nunca se sabe se não começo a ganhar dinheiro à custa disso.
Enfim, não sei se já disse, mas foram as melhores férias da minha vida. Tenho pena de não poder ter ficado mais tempo na Zambujeira, mas também não vale a pena pensar nisso agora. Tenho é de tentar «esticar» as sensações de amor e conforto, de carinho e de mimo por esta última semana que me resta. Acho que não vai ser difícil. É que há outras certezas que se começam agora a insatalar, e estas são das boas.
Para a semana já cá têm as fotografias disto tudo.
quinta-feira, agosto 23, 2007
KARMABOX WITH A VIEW . JULIE DELPY - WALTZ FOR A NIGHT
E ora viva!
Vou só interromper este meu sossegado retiro para deixar aqui a música que temos ouvido todos os dias desde que regressámos de Gijon. Não sei bem porquê, mas tem sabido bem...
Até loguinho!!!
Vou só interromper este meu sossegado retiro para deixar aqui a música que temos ouvido todos os dias desde que regressámos de Gijon. Não sei bem porquê, mas tem sabido bem...
Até loguinho!!!
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sábado, agosto 18, 2007
ALEGRIA!!!
É muito fácil:
Sete horas de carro do Porto a Gijon, sempre com o stress não vamos chegar a tempo, não vamos chegar a tempo, não vamos chegar a tempo, chegar a tempo mas apenas a cinco minutos do começo do espectáculo, ver o espectáculo e ficar, mais uma vez, maravilhado com o universo do Cirque Du Solei, não poder tirar fotografias porque a máquina decidíu ficar sem pilhas no preciso momento em que entrou na tenda, andar três horas, três, à procura de uma maldito quarto de hotel somente para perceber que aquilo na época alta é o fim do mundo, sair de Gijon, ir para Avilés, arranjar um quarto digno de um filme do Almodovar, acordar, sair, ir para Oviedo tomar o pequeno almoço, passar em León (muito bonita), passar em S. Martinho de visita de médico, regressar ao Porto e chegar às três da matina...
Mas valeu a pena?
Se valeu...
Há uma cena em Ratatouille, em que assistimos ao primeiro diálogo entre o rato Remy e o humano Linguini, tentando perceber que o que acabou de ver na cozinha do restaurante onde trabalha - um rato, mestre na arte de bem cozinhar, fazer uma sopa de sonho -, não é fruto da sua imaginação.
A sequência é notável a todos os níveis. Remy é levado até até à margem do Sena para ser lançado ao rio, depois de ter aterrorizado o histérico chefe de uma cozinha de um restaurante de luxo em Paris. Mas a idéia de Linguini, incapaz de cozer um ovo que seja, é fazer um acordo com o inesperado mini-chefe - que não vou aqui explicar, até porque é mesmo melhor ver o filme se compreender tão estranha parceria. O rato concorda com o acordo, mas foge imediatamente assim que se vê fora do frasco onde estava apriosionado. Mas mesmo um rato de esgoto tem consciência, e a de Remy - em conjunto com uma irresistível vontade de ser chefe de um restaurante - força-o a repensar a sua fuga e obriga-o a voltar atrás e cumprir o acordo com o humano. Nessa altura, em que ouvimos com Linguini as patinhas de Remy no paralelo do túnel na margem do rio Sena, em Paris, pensei para com os meus botões: "estou a ver um dos melhores filmes de toda a minha vida". E estava. E vi.
E sim, Rataouille é um dos melhores filmes que já vi até hoje. E não me estou a referir somente a filmes de animação - nesse campo, bate a concorrência, recente e mais antiga, por uma margem incalculável. Nunca o cinema de animação tinha ido tão longe. Nunca um filme animado tinha concentrado tanta informação. Tanta, que se torna virtualmente impossível reparar em todos os pormenores. Cada segundo de filme em Ratatouille transporta mais informação visual do que todos os filmes da Pixar juntos.
E sim, desisto desde já de tentar falar de Ratatouille aqui. Seria impossivel. Posso fazer referência aos personagens, todos eles, do melhor saído das maravilhosas cabecinhas das gentes da Pixar. Posso, sem dúvida alguma afirmar que nunca tinha visto um desenho animado com um tão grande cuidado na iluminação e na fotografia, chegando mesmo, em algumas situações, a dar a idéia de que estamos a ver um filme de animação de volumes - muito ao estilo de Tim Burton -, e não um filme de animação digital. Posso falar da magnífica sequência em que vemos Remy tentando fugir dos obstáculos e perigos que uma cozinha pode oferecer a uma simples rato; das aulas de nouvelle cuisine que os animadores tiveram para compreenderem como se fazem aqueles pratos e que aspecto devem ter, de modo a poderem passar essa informação - mais uma - para o grande ecrã. Da mesma forma que sou obrigado, como é óbvio, a mencionar o incrível e sólido argumento, que conjuga o típico humor da Pixar, com um sentido equilibradíssimo de dramaturgia e com uma fortíssima mensagem moral - como não podia deixar de ser.
Ratatouille afasta-se ainda mais do cinema infantil, como já o havia feito The Incredibles, e como não o tinha feito Cars - aliás, o único passo em falso do estúdio americano -, e põe um pesado e enorme ponto final na tentativa fútil dos outros estúdios tentarem concorrer com a Pixar. Depois de Ratatouille, não existem outros estúdios de cinema de animação!!!
E...
E enfim, tento acalmar os pensamentos e as imagens que tenho na cabeça para os poder verbalizar e não consigo. Como já disse, é demasiada informação em apenas 120 minutos de filme. Só mesmo indo ver.
Mas garanto-vos, não vão ver um filme melhor que este, nas salas de cinema este ano.
E de repente, e como já havia acontecido na minha vida com Apocalipse Now e Seven, a minha idéia de cinema volta a sofrer um abanão.
A sequência é notável a todos os níveis. Remy é levado até até à margem do Sena para ser lançado ao rio, depois de ter aterrorizado o histérico chefe de uma cozinha de um restaurante de luxo em Paris. Mas a idéia de Linguini, incapaz de cozer um ovo que seja, é fazer um acordo com o inesperado mini-chefe - que não vou aqui explicar, até porque é mesmo melhor ver o filme se compreender tão estranha parceria. O rato concorda com o acordo, mas foge imediatamente assim que se vê fora do frasco onde estava apriosionado. Mas mesmo um rato de esgoto tem consciência, e a de Remy - em conjunto com uma irresistível vontade de ser chefe de um restaurante - força-o a repensar a sua fuga e obriga-o a voltar atrás e cumprir o acordo com o humano. Nessa altura, em que ouvimos com Linguini as patinhas de Remy no paralelo do túnel na margem do rio Sena, em Paris, pensei para com os meus botões: "estou a ver um dos melhores filmes de toda a minha vida". E estava. E vi.
E sim, Rataouille é um dos melhores filmes que já vi até hoje. E não me estou a referir somente a filmes de animação - nesse campo, bate a concorrência, recente e mais antiga, por uma margem incalculável. Nunca o cinema de animação tinha ido tão longe. Nunca um filme animado tinha concentrado tanta informação. Tanta, que se torna virtualmente impossível reparar em todos os pormenores. Cada segundo de filme em Ratatouille transporta mais informação visual do que todos os filmes da Pixar juntos.
E sim, desisto desde já de tentar falar de Ratatouille aqui. Seria impossivel. Posso fazer referência aos personagens, todos eles, do melhor saído das maravilhosas cabecinhas das gentes da Pixar. Posso, sem dúvida alguma afirmar que nunca tinha visto um desenho animado com um tão grande cuidado na iluminação e na fotografia, chegando mesmo, em algumas situações, a dar a idéia de que estamos a ver um filme de animação de volumes - muito ao estilo de Tim Burton -, e não um filme de animação digital. Posso falar da magnífica sequência em que vemos Remy tentando fugir dos obstáculos e perigos que uma cozinha pode oferecer a uma simples rato; das aulas de nouvelle cuisine que os animadores tiveram para compreenderem como se fazem aqueles pratos e que aspecto devem ter, de modo a poderem passar essa informação - mais uma - para o grande ecrã. Da mesma forma que sou obrigado, como é óbvio, a mencionar o incrível e sólido argumento, que conjuga o típico humor da Pixar, com um sentido equilibradíssimo de dramaturgia e com uma fortíssima mensagem moral - como não podia deixar de ser.
Ratatouille afasta-se ainda mais do cinema infantil, como já o havia feito The Incredibles, e como não o tinha feito Cars - aliás, o único passo em falso do estúdio americano -, e põe um pesado e enorme ponto final na tentativa fútil dos outros estúdios tentarem concorrer com a Pixar. Depois de Ratatouille, não existem outros estúdios de cinema de animação!!!
E...
E enfim, tento acalmar os pensamentos e as imagens que tenho na cabeça para os poder verbalizar e não consigo. Como já disse, é demasiada informação em apenas 120 minutos de filme. Só mesmo indo ver.
Mas garanto-vos, não vão ver um filme melhor que este, nas salas de cinema este ano.
E de repente, e como já havia acontecido na minha vida com Apocalipse Now e Seven, a minha idéia de cinema volta a sofrer um abanão.
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terça-feira, agosto 14, 2007
KARMABOX WITH A VIEW - PEDRO INFANTE - "CUCURRUCUCU PALOMA"
Histérico! Estou histérico!!
Mais uma, vez graças ao Manuel - que começa a ser uma espécie de musa inspiradora deste blog... brrr, que imagem! -, descubro um nome até aqui meio desconhecido para mim: Pedro Infante. E meio desconhecido porque já sabia desta sua versão do clássico Cucurrucucu Paloma, só não sabia de quem era a voz potente, envolvente e máscula... bem, chega de palavreado, vamos ao que interessa.
Pedro Infante, mexicano de gema, viveu apenas quarenta anos, foi uma mega estrela de cinema, tendo inclusive ganho um urso de ouro no festival de cinema de Berlim, e um globo de ouro em Hollywood, pelo seu papel no filme Tizoc - não, não sei isto tudo assim sem mais nem menos, espreitei na Wikipedia. Em quatro anos participou em mais de sessenta filmes, e ao longo da sua curta carreira como cantor, gravou mais de 350 canções. Depois espetou-se de avião no deserto do Yucatán e acabou-se a cantoria. Mas deixou uma bela herança, diga-se, e ainda bem.
A mim, tráz-me lágrimas aos olhos, arrepia-se-me os cabelos dos braços e faz-me pensar na minha infância no México, com os guerrilheiros das montanhas, belas moças roliças e muita tequilha...
Mais uma, vez graças ao Manuel - que começa a ser uma espécie de musa inspiradora deste blog... brrr, que imagem! -, descubro um nome até aqui meio desconhecido para mim: Pedro Infante. E meio desconhecido porque já sabia desta sua versão do clássico Cucurrucucu Paloma, só não sabia de quem era a voz potente, envolvente e máscula... bem, chega de palavreado, vamos ao que interessa.
Pedro Infante, mexicano de gema, viveu apenas quarenta anos, foi uma mega estrela de cinema, tendo inclusive ganho um urso de ouro no festival de cinema de Berlim, e um globo de ouro em Hollywood, pelo seu papel no filme Tizoc - não, não sei isto tudo assim sem mais nem menos, espreitei na Wikipedia. Em quatro anos participou em mais de sessenta filmes, e ao longo da sua curta carreira como cantor, gravou mais de 350 canções. Depois espetou-se de avião no deserto do Yucatán e acabou-se a cantoria. Mas deixou uma bela herança, diga-se, e ainda bem.
A mim, tráz-me lágrimas aos olhos, arrepia-se-me os cabelos dos braços e faz-me pensar na minha infância no México, com os guerrilheiros das montanhas, belas moças roliças e muita tequilha...
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segunda-feira, agosto 13, 2007
O fim-de-semana passado no Gerês com os meus putos foi, como já se esperava, fantástico. Por ser no Gerês e por ser com eles. Se bem se lembram dos relatos das férias de verão do ano passado, sabem que considero serem dois óptimos companheiros de viagem. E aqui com um extra: o prazer de ver nas suas caras as expressões de quem descobre o Gerês pela primeira vez.
O Gerês é, sem qualquer dúvida, a zona mais bonita e mágica de Portugal continental – os Açores continuam e continuarão sempre à frente. É um espectáculo de vida e cor, um deslumbrante cenário natural como só acreditamos existir no cinema. E perceber o encanto deste local em duas pessoas que nunca tinham estado em nenhum outro sítio assim… é nostálgico e contagiante.
Fizemos caminhada, descemos o rio, não pelas margens, mas sim pelo próprio rio e sempre que nos era
O Gerês é, sem qualquer dúvida, a zona mais bonita e mágica de Portugal continental – os Açores continuam e continuarão sempre à frente. É um espectáculo de vida e cor, um deslumbrante cenário natural como só acreditamos existir no cinema. E perceber o encanto deste local em duas pessoas que nunca tinham estado em nenhum outro sítio assim… é nostálgico e contagiante.
Fizemos caminhada, descemos o rio, não pelas margens, mas sim pelo próprio rio e sempre que nos era
permitido «andar em cima» dele – como podem ver nas fotos -, tomámos banho em piscinas naturais, com direito a cascatas e tudo, vimos a vida do Gerês ao vivo e a cores em cobras, sapos, cavalos, lagartos, peixes, borboletas de todas as cores e feitios, libélulas e um sem número de outros insectos de quem nem sei o nome. No Gerês percebe-se perfeitamente a necessidade de o preservar acima de qualquer coisa, e de preservar outros locais idênticos. Tudo o resto está cinzento de betão, alcatrão e fumo, e lugares assim, em Portugal, começam a escassear.
Para mim, representa um refúgio de há longos anos, e um local de onde nunca trouxe uma má memória. São todas muito boas, especialmente uma. Uma que é também uma das minhas memórias mais deliciosas e que guardo para sempre no coração.
Quanto a eles, ficaram fãs e já prometeram voltar lá o mais cedo que lhes for possível. Espero que sim.
As fotos falam bem melhor do que eu.
Para mim, representa um refúgio de há longos anos, e um local de onde nunca trouxe uma má memória. São todas muito boas, especialmente uma. Uma que é também uma das minhas memórias mais deliciosas e que guardo para sempre no coração.
Quanto a eles, ficaram fãs e já prometeram voltar lá o mais cedo que lhes for possível. Espero que sim.
As fotos falam bem melhor do que eu.
D'ANGELO
E pronto, tinha ameaçado falar do D'Angelo, e é com todo o gosto que vou cumprir com a ameaça.
E bem, o rapaz tem uma longa história, tanto pelas boas como pelas más razões. Nasceu em 1974, e logo aos dezassete anos foi-lhe prevista uma carreira ímpar na soul music. Lança o seu primeiro álbum em 1995, Brown Sugar, o segundo apenas em 2000, Voodoo - do qual fazem parte as duas amostras ali em baixo -, e está prevista a edição do novo trabalho ainda para este ano. Não consigo explicar o porquê de tantos anos a separarem as edições de D'Angelo, mas tenho uma óptima e consolidada teoria. Apesar do sucesso dos seus dois trabalhos, do casamento com outro «monstro» da New Soul, Angie Stone, dos filhos e de inúmeros prémios conquistados, D'Angelo desde sempre teve sérios problemas com consumo de drogas, tendo sido detido várias vezes não só por posse de substância ilícitas, como também por condução perigosa, com ou sem a influência das mesmas. Fez tratamentos para desintoxicação, ficou sem a carta de condução umas poucas de vezes, e colecciona penas suspensas. Ou seja, o rapaz é um fantástico escritor, compositor e um maravilhoso cantor, mas não consegue conjugar todas essas qualidades com a tranquilidade de que necessitava para ser musicalmente mais produtivo. E é pena. Como podem ver e ouvir pelas músicas aqui publicadas, o seu talento parece ser inesgotável. E a prová-lo estão as centenas de participações em bandas sonoras, discos e concertos ao vivo de outros cantores.
Temos portanto dois bons exemplos da qualidade de D'Angelo, Feel Like Makin' Love e Untitled (How Does It Feel), esta última uma homenagem a Prince e, ironicamente, uma música que o génio de Mineápolis gostaria de ter feito e nunca conseguiu.
O vídeo, já agora, é proibido a puristas, teenagers atrevidas e freiras com dúvidas...
Feel Like Makin' Love
Untitled (How Does It Feel)
E bem, o rapaz tem uma longa história, tanto pelas boas como pelas más razões. Nasceu em 1974, e logo aos dezassete anos foi-lhe prevista uma carreira ímpar na soul music. Lança o seu primeiro álbum em 1995, Brown Sugar, o segundo apenas em 2000, Voodoo - do qual fazem parte as duas amostras ali em baixo -, e está prevista a edição do novo trabalho ainda para este ano. Não consigo explicar o porquê de tantos anos a separarem as edições de D'Angelo, mas tenho uma óptima e consolidada teoria. Apesar do sucesso dos seus dois trabalhos, do casamento com outro «monstro» da New Soul, Angie Stone, dos filhos e de inúmeros prémios conquistados, D'Angelo desde sempre teve sérios problemas com consumo de drogas, tendo sido detido várias vezes não só por posse de substância ilícitas, como também por condução perigosa, com ou sem a influência das mesmas. Fez tratamentos para desintoxicação, ficou sem a carta de condução umas poucas de vezes, e colecciona penas suspensas. Ou seja, o rapaz é um fantástico escritor, compositor e um maravilhoso cantor, mas não consegue conjugar todas essas qualidades com a tranquilidade de que necessitava para ser musicalmente mais produtivo. E é pena. Como podem ver e ouvir pelas músicas aqui publicadas, o seu talento parece ser inesgotável. E a prová-lo estão as centenas de participações em bandas sonoras, discos e concertos ao vivo de outros cantores.
Temos portanto dois bons exemplos da qualidade de D'Angelo, Feel Like Makin' Love e Untitled (How Does It Feel), esta última uma homenagem a Prince e, ironicamente, uma música que o génio de Mineápolis gostaria de ter feito e nunca conseguiu.
O vídeo, já agora, é proibido a puristas, teenagers atrevidas e freiras com dúvidas...
Feel Like Makin' Love
Untitled (How Does It Feel)
KARMABOX - A MÚSICA DO DIA
E com certeza a música de muitos dias.
Ontem, na viagem de regresso do Gerês, foi-nos dado a ouvir o novo álbum do rapper Common. Sou fã absoluto do trabalho deste senhor de Chicago - que insiste teimosamente a produzir um hip-hop old school, longe de todos os estereótipos grunhos deste novo gangsta' rap que se vai ouvindo lá pelos lados da Califórnia -, e, felizmente, os meus putos, à custa de muito terem levado comigo enquanto ainda vivia na mesma casa, também. Foi um fim de viagem inesperado, portanto. A carreira de Common foi construída à base de muita suavidade, nos ritmos e nos sons que acompanham a voz de um rapper que, ao contrário de muitos dos seus actuais concorrentes, tem sempre algo de importante a dizer. O carácter de intervenção que marca as suas músicas, faz de Common um dos artistas negros mais activos e mais respeitados no mundo activista americano. Como já disse, eu e os meus irmãos somos fãs incondicionais de Common, e a impressão que nos ficou, é que temos um grande álbum de hip-hop prestes a sair. Porque é Common, mas também porque mais uma vez o homem se soube reunir de grandes nomes da música negra norte-americana - e não só- para participarem neste novo trabalho. Kanye West mais uma vez na produção, Lily Allen e DJ Premier, apenas dois dos nomes que colaboram em músicas deste álbum, e uma participação de peso, especialíssima e que representa também o ressurgir da melhor voz soul dos últimos dez anos, e que inexplicavelmente tem andado desaparecida: D'Angelo.
Sobre este cantor falarei num outro post ainda hoje. Acreditem, há muito para dizer e para ver, e especialmente para ouvir. Para já, tenham lá paciência e cliquem na caixinha. Musiquinha com muito flow, para mandar este «fantástico» clima de Agosto para bem longe daqui.
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sexta-feira, agosto 10, 2007
Agradecendo desde já ao Manuel por me ter feito recuar no tempo 27 anos (!), gostava de publicar aqui no blog uma memória que já não se lembrava de como as coisas se tinham passado.
Para mim, este momento já de si memorável - afinal representa a nossa melhor participação de sempre no Festival da Eurovisão -, não era mais do que uma boa e sólida performance de um dos maiores cromos da história da música popular portuguesa. Do que eu já me tinha esquecido - a mente tem sistemas de segurança realmente impressionantes - é que este foi também um momento cómico do mais alto gabarito.
Ora vejam...
Para mim, este momento já de si memorável - afinal representa a nossa melhor participação de sempre no Festival da Eurovisão -, não era mais do que uma boa e sólida performance de um dos maiores cromos da história da música popular portuguesa. Do que eu já me tinha esquecido - a mente tem sistemas de segurança realmente impressionantes - é que este foi também um momento cómico do mais alto gabarito.
Ora vejam...
KARMABOX WITH A VIEW - CIBELLE - "GREENGRASS"
Ora bem, esta música já tinha rolado aqui no cantinho, não só por ser uma óptima versão de uma já de si excelente música, mas também por ser uma óptima versão de um excelente música do MESTRE Tom Waits.
Só não tinha vídeo...
Agora já tem.
Só não tinha vídeo...
Agora já tem.
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KARMABOX WITH A VIEW - NUNO PRATA - "HOJE QUEM?"
Já aqui falei de Nuno Prata, ex-Ornatos Violeta, e presença habitual no antigo B-Flat ainda no extinto projecto Nuno e Nico (ou Nicco...?). Falei do seu álbum em nome próprio e da qualidade inegável de um jovem cantautor português que, por força de não ter grande respeito pelas regras radiofónicas mainstream, não tem o tempo de antena que merecia. E merece.
Este single, até hoje desconhecido por mim, é mais uma prova de que andamos todos um pouco distraídos.
Atenção, ó os do Barraco e ó o da Campaínha: não acham que o moço já merecia o devido destaque?
Este single, até hoje desconhecido por mim, é mais uma prova de que andamos todos um pouco distraídos.
Atenção, ó os do Barraco e ó o da Campaínha: não acham que o moço já merecia o devido destaque?
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quinta-feira, agosto 09, 2007
Estou apenas a uma semana de ir de férias.
Primeiro Gijon e depois o regresso à Zambujeira do Mar.
Gijon é um ir e vir demasiado rápido, mas a Zambujeira vai ser o tempo necessário para voltar a um sítio que sempre fez muito bem por mim. E este ano com um extra delicioso: a companhia.
Já sabem, depois das férias inundo aqui o cantinho com fotos de tudo.
Até lá, e como ainda falta uma semana para ir de férias, vou arranjando o que escrever...
Primeiro Gijon e depois o regresso à Zambujeira do Mar.
Gijon é um ir e vir demasiado rápido, mas a Zambujeira vai ser o tempo necessário para voltar a um sítio que sempre fez muito bem por mim. E este ano com um extra delicioso: a companhia.
Já sabem, depois das férias inundo aqui o cantinho com fotos de tudo.
Até lá, e como ainda falta uma semana para ir de férias, vou arranjando o que escrever...
DESCULPE...!?
A Rita Ferro é uma gaja que supostamente é escritora, dizem-me, eu felizmente não conheço a fulana de lado alguma. Mas desde que a ouvi num debate radiofónico ontem à tarde, passou a ser um dos meus ódios de estimação. Mesmo no topo da pirâmide de ódios de estimação, a par de Pedro Abrunhosa, Luís Represas e Margarida Rebelo Pinto.
O debate era sobre sexo, particularmente sobre um estudo levado a cabo pela Cosmopolitan e pela Maxmen com o intuito de descobrir os novos homem e mulher sexuais.
A dada altura, a besta afirma peremptoriamente que os homens, “não só os portugueses” são péssimos na cama. Ok, a senhora tem o direito à sua opinião, e eu não imagino o tipo, a quantidade e a variedade de experiência sexuais que ela já teve, e que fizeram com que ela chegasse a esta conclusão, portanto…
A seguir, e com a voz carregada de sabedoria e experiência de vida, a biltre arruma de uma vez por todas com séculos de dúvidas, de estudos mais ou menos exaustivos, de experiências, tudo em busca de descobrir o porquê das diferenças sexuais entre homens e mulheres, soltando a seguinte pérola: o azar das mulheres, e uma das principais causas para a sua infelicidade sexual, é a zona do seu corpo onde mais gostam de ser acariciadas – portanto, a vagina – ser uma coisa desagradavelmente mal cheirosa. Segundo o monstro Ferro, os homens não perdem muito tempo nesses preliminares porque “não aguentam mais do que 14 segundos ali”, e já assim se consideram uns heróis. O homem que consegue aguentar dois minutos acha-se um verdadeiro Ulisses, nas palavras da merdosa, que aproveita ainda para afirmar que um cheiro daqueles só pode ser apreciado por labregos…!
Antes de me pronunciar sobre uma tão grande quantidade de alarvidades – ditas, ainda por cima, com um belíssimo sotaque da linha -, deixo ainda uma última preciosidade saída da boca de uma senhora que obviamente nunca a usou para mais nada a não ser comer torradas: a masturbação é irrelevante. Se for “assistida” pode ser engraçada, mas sozinha é uma indigência. E de seguida afirmou orgulhosa “eu nunca me masturbei”.
Em relação à coisa fedorenta que, segundo a mestre Rita Ferro, vocês, mulheres, transportam entre as pernas, gostava de dizer o seguinte: NÃO É FEDORENTA!!! Já tive quatro namoradas, e mais algumas aventuras de loucura, e posso garantir que isto é o preconceito mais alarve que eu já ouvi em toda a minha vida, e logo da boca de uma mulher!
E apeteceu-me invocar dois mil anos de machismo, telefonar para a rádio em questão e dizer o seguinte à grandessíssima besta: minha querida senhora-gaja, presumo que essa da vagina ser uma coisa fétida e desagradável seja um reflexo directo de algum problema físico que a aflige. Quanto ao facto dos homens não perderem muito tempo no sexo oral, isso é originado, não por nenhum odor feminino, seja ele de que parte for, mas sim pela falta da generosidade sexual de que sofre uma grande parte dos homens portugueses. E eu estou disposto a provar-lhe que essa dos dois minutos é uma grande falsidade. Eu dou-lhe o meu número de telefone e posso-lhe garantir que só fico “aí” dois minutos porque a senhora se vem antes. Combinados?”.
Depois vi a fotografia do animal e achei que o melhor que fiz foi nem sequer ter ligado para lá.
Depois vi a fotografia do animal e achei que o melhor que fiz foi nem sequer ter ligado para lá.
E concluo que sou um labrego
quarta-feira, agosto 08, 2007
SEMPRE EM PÉ? PORQUÊ?
Ontem estava a ver um dos sofríveis episódios do programa Sempre em Pé, e lembrei-me do desafio que o Marco me tinha lançado ainda o bar LAF estava aberto. A ideia era filmar uma série cómica ali mesmo, no seu honrado estabelecimento. Todos os episódios teriam um convidado especial, responsável por um set de stand up, e à sua volta orbitariam personagens perfeitamente lunáticas e que dariam à coisa o sabor muito particular de soap opera americana. O barman, a empregada de mesa, o cliente habitual, enfim, uma legião de criaturas mais ou menos insanas para colorir o programa. Infelizmente, o LAF não sobreviveu o tempo suficiente para se concretizar a ideia, mas que teria funcionado, lá isso teria. A julgar pelo sucesso que um projecto semelhante como o Sempre em Pé obteve com a primeira série de programas…
Mas aquilo não presta. E antes de me começarem a acusar de dor de cotovelo, deixem-me argumentar a crítica. Como já aqui disse várias vezes, o principal objectivo de um programa cómico, é fazer rir quem o vê. Ora bem, nada neste programa da RTP me faz rir. Nada. Os sketches filmados são tão mauzinhos que dói ver aquela gente a gastar tempo e dinheiro para um resultado tão fraquinho. Os sketches de palco são ainda piores, e muitas das vezes denunciam o excesso de improviso. Improviso que nasce, não da qualidade dos intérpretes, mas sim da clara falta de planeamento e de ensaios, resultando muitas das vezes numa óbvia falta de capacidade de encerrar o sketch. Chega a ser embaraçante.
Quanto aos comediantes convidados, sejam eles experientes ou apenas pessoas que nunca na vida tinham feito tal coisa, o melhor que posso dizer é que são fracos. Fracos, sem criatividade, sem capacidade de improviso – aqui sim, faz falta – e com uma característica estranhamente comum a quase todos eles: a terrível e inexplicável incapacidade de interpretarem os seus próprios textos. Nenhum comediante de stand up é obrigatoriamente bom actor e nem sequer há essa necessidade. Basta saber dar corpo e voz ao texto que ele mesmo escreveu. E estes comediantes nem isso conseguem fazer.
Reitero o prognóstico que fiz há dois anos: o stand up está tão morto quanto uma linha de comboio abandonada. Pode ter procura, pode até ter público e sem dúvida alguma, tem hoje mais comediantes ao seu serviço do que tinha nos tempos idos do Levanta-te e Ri. Mas está melhor? Não, está cada vez pior.
E peço desculpa aos intervenientes, mas deixo aqui alguns dos mesmo muito maus momentos deste Sempre em Pé.
Não vos aconselho a ver. Eu já nem consigo...
Mas aquilo não presta. E antes de me começarem a acusar de dor de cotovelo, deixem-me argumentar a crítica. Como já aqui disse várias vezes, o principal objectivo de um programa cómico, é fazer rir quem o vê. Ora bem, nada neste programa da RTP me faz rir. Nada. Os sketches filmados são tão mauzinhos que dói ver aquela gente a gastar tempo e dinheiro para um resultado tão fraquinho. Os sketches de palco são ainda piores, e muitas das vezes denunciam o excesso de improviso. Improviso que nasce, não da qualidade dos intérpretes, mas sim da clara falta de planeamento e de ensaios, resultando muitas das vezes numa óbvia falta de capacidade de encerrar o sketch. Chega a ser embaraçante.
Quanto aos comediantes convidados, sejam eles experientes ou apenas pessoas que nunca na vida tinham feito tal coisa, o melhor que posso dizer é que são fracos. Fracos, sem criatividade, sem capacidade de improviso – aqui sim, faz falta – e com uma característica estranhamente comum a quase todos eles: a terrível e inexplicável incapacidade de interpretarem os seus próprios textos. Nenhum comediante de stand up é obrigatoriamente bom actor e nem sequer há essa necessidade. Basta saber dar corpo e voz ao texto que ele mesmo escreveu. E estes comediantes nem isso conseguem fazer.
Reitero o prognóstico que fiz há dois anos: o stand up está tão morto quanto uma linha de comboio abandonada. Pode ter procura, pode até ter público e sem dúvida alguma, tem hoje mais comediantes ao seu serviço do que tinha nos tempos idos do Levanta-te e Ri. Mas está melhor? Não, está cada vez pior.
E peço desculpa aos intervenientes, mas deixo aqui alguns dos mesmo muito maus momentos deste Sempre em Pé.
Não vos aconselho a ver. Eu já nem consigo...
terça-feira, agosto 07, 2007
Conclusões (fáceis e imediatas ao fim do primeiro dia sem ti):
- Um apartamento de apenas 40 metros quadrados pode ser demasiado grande
- Dormir agarrado ao teu pijama não é suficientemente enganador
- Os gatos afinal também sentem falta das pessoas
- Sete dias são mais do que uma semana
- Um apartamento de apenas 40 metros quadrados pode ser demasiado grande
- Dormir agarrado ao teu pijama não é suficientemente enganador
- Os gatos afinal também sentem falta das pessoas
- Sete dias são mais do que uma semana
KARMABOX WITH A VIEW - I'M FROM BARCELONA - "WE ARE FROM BARCELONA"
Hoje ao fim da tarde e a caminho da praia, dei por mim a assobiar esta música. É fácil: haverá melhor hino para os fins de tarde de verão?
I'm gonna sing this song with all of my friends
and we're I'm from Barcelona
Love is a feeling that we don't understand
but we're gonna give it to ya
We'll aim for the stars
We'll aim for your heart when the night comes
And we'll bring you love
You'll be one of us when the night comes
I'm gonna sing this song with all of my friends
and we're I'm from Barcelona
Love is a feeling that we don't understand
but we're gonna give it to ya
We'll aim for the stars
We'll aim for your heart when the night comes
And we'll bring you love
You'll be one of us when the night comes
Etiquetas: KARMABOX
Numa tira de BD o filho pequenino pergunta à mãe "O que é que demora mais a aprender?".
" A lição de que a vida é curta"...
" A lição de que a vida é curta"...
ANATUREZA
A Ana T é presença costumeira aqui no blog e uma presença sempre atenta. Atenta ao que se passa por aqui, mas atenta também ao que se passa lá «fora». Fora deste blog e dentro do(s) cantinho(s) dela.
E esse mundo tão próprio da Ana está aqui, e também na coluna dos links ali ao lado.
Façam o favor de entrar...
Esta semana tive a oportunidade de rever A Vila, de M. Night Shyamalan – inexplicavelmente só o tinha visto uma vez – e o impacto da revisão foi imediato: o filme é um assombro.
Já sabem, sou fã incondicional de Shyamalan e considero não existir neste momento outro realizador como ele. Não que seja o melhor do mundo, nada disso. Acho é que não existe nenhum outro que consiga conjugar a técnica e a criatividade como ele o faz. Diria que aprendeu muito bem as lições do mestre Spielberg, ou, se preferirem, os filmes de Shyamalan transpiram Spielberg por todos os poros. Sem saber a cópia, sem parecer colagem. O jovem realizador americano soube construir um sem número de imagens de marca - distintas das que Spielberg já havia conseguido impor - e que fizeram com que (todos) os seus filmes levassem o cinema um passinho mais para cima.
Apesar das inevitáveis críticas. Era inevitável. O Sexto Sentido e Inquebrável criaram a primeira imagem de M. Night Shyamalan, e uma imagem demasiado forte e que passou a ideia (errada) de que todos os seus filmes teriam o mesmo ingrediente: um twist final, completamente inesperado, à laia de pontapé na cara, murro no estômago e canelada valente. E então veio a desilusão. Ao terceiro filme, o realizador «limitou-se» a filmar uma invasão extraterrestre… para os seus detractores. Porque na verdade, o que se vê em Sinais é uma família completamente atípica e a sua luta para retomar o que parecia estar perdido. Isto, claro, durante a tal invasão extraterrestre. O filme, como todos, é extraordinariamente bem filmado, muito bem interpretado, e mantém a ideia do twist final, mas é um twist leve, sem o impacto de O Sexto Sentido, quase imperceptível mas com uma força arrasadora. Às vezes é preciso estar atento para se ver certas coisas. Shyamalan só se esqueceu que nem todo o público vai ao cinema para realmente VER filmes.
E então A Vila.
Ao quarto filme Shyamalan realiza a sua obra-prima. Sem grande alvoroço, sem grandes truques, sem recorrer a golpes baixos para conquistar o público. A Vila é um filme adulto, sereno, filmado com toda a calma do mundo e com uma placidez – de que volto a falar mais à frente – irresistível. Uma banda sonora belíssima, uma fotografia genial e um elenco em estado de graça, do qual seria virtualmente impossível destacar um só nome, não fosse a presença magnífica de um verdadeiro anjo, um achado daqueles que qualquer realizador quereria no seu currículo: Bryce Dallas Howard.
De facto, a filha de Ron Howard – realizador por quem não nutro grande admiração – assina uma das interpretações-caloiras mais vibrantes e contagiantes de que tenho memória, e carrega às suas costas a responsabilidade de dar corpo à tal placidez de que falei há pouco. É o seu rosto, os seus olhos e a sua voz que nos levam pelo filme de uma forma quase embalada, mesmo quando o ambiente é de puro horror. E é com ela que sofremos, na incrível sequência em que a vemos de atravessar a terrível floresta, e é com ela que nos comovemos quando, noutra cena absolutamente arrebatadora, ela «vê» o seu amor às portas da morte.
M. Night Shyamalan tem o condão de descobrir novos actores - Haley Joel Osment no Sexto Sentido e Abigail Breslin em Sinais -, de «desenterrar» outros - Bruce Willis nos dois primeiros filmes - e ainda de sacar interpretações pouco comuns de pessoas como Sigourney Weaver, Joaquin Phoenix ou Mel Gibson. E esta é outra das suas imagens de marca.
Esta semana vou rever Lady In The Water, apetece-me.
Já sabem, sou fã incondicional de Shyamalan e considero não existir neste momento outro realizador como ele. Não que seja o melhor do mundo, nada disso. Acho é que não existe nenhum outro que consiga conjugar a técnica e a criatividade como ele o faz. Diria que aprendeu muito bem as lições do mestre Spielberg, ou, se preferirem, os filmes de Shyamalan transpiram Spielberg por todos os poros. Sem saber a cópia, sem parecer colagem. O jovem realizador americano soube construir um sem número de imagens de marca - distintas das que Spielberg já havia conseguido impor - e que fizeram com que (todos) os seus filmes levassem o cinema um passinho mais para cima.
Apesar das inevitáveis críticas. Era inevitável. O Sexto Sentido e Inquebrável criaram a primeira imagem de M. Night Shyamalan, e uma imagem demasiado forte e que passou a ideia (errada) de que todos os seus filmes teriam o mesmo ingrediente: um twist final, completamente inesperado, à laia de pontapé na cara, murro no estômago e canelada valente. E então veio a desilusão. Ao terceiro filme, o realizador «limitou-se» a filmar uma invasão extraterrestre… para os seus detractores. Porque na verdade, o que se vê em Sinais é uma família completamente atípica e a sua luta para retomar o que parecia estar perdido. Isto, claro, durante a tal invasão extraterrestre. O filme, como todos, é extraordinariamente bem filmado, muito bem interpretado, e mantém a ideia do twist final, mas é um twist leve, sem o impacto de O Sexto Sentido, quase imperceptível mas com uma força arrasadora. Às vezes é preciso estar atento para se ver certas coisas. Shyamalan só se esqueceu que nem todo o público vai ao cinema para realmente VER filmes.
E então A Vila.
Ao quarto filme Shyamalan realiza a sua obra-prima. Sem grande alvoroço, sem grandes truques, sem recorrer a golpes baixos para conquistar o público. A Vila é um filme adulto, sereno, filmado com toda a calma do mundo e com uma placidez – de que volto a falar mais à frente – irresistível. Uma banda sonora belíssima, uma fotografia genial e um elenco em estado de graça, do qual seria virtualmente impossível destacar um só nome, não fosse a presença magnífica de um verdadeiro anjo, um achado daqueles que qualquer realizador quereria no seu currículo: Bryce Dallas Howard.
De facto, a filha de Ron Howard – realizador por quem não nutro grande admiração – assina uma das interpretações-caloiras mais vibrantes e contagiantes de que tenho memória, e carrega às suas costas a responsabilidade de dar corpo à tal placidez de que falei há pouco. É o seu rosto, os seus olhos e a sua voz que nos levam pelo filme de uma forma quase embalada, mesmo quando o ambiente é de puro horror. E é com ela que sofremos, na incrível sequência em que a vemos de atravessar a terrível floresta, e é com ela que nos comovemos quando, noutra cena absolutamente arrebatadora, ela «vê» o seu amor às portas da morte.
M. Night Shyamalan tem o condão de descobrir novos actores - Haley Joel Osment no Sexto Sentido e Abigail Breslin em Sinais -, de «desenterrar» outros - Bruce Willis nos dois primeiros filmes - e ainda de sacar interpretações pouco comuns de pessoas como Sigourney Weaver, Joaquin Phoenix ou Mel Gibson. E esta é outra das suas imagens de marca.
Esta semana vou rever Lady In The Water, apetece-me.
Etiquetas: Filmes Vistos
segunda-feira, agosto 06, 2007
KARMABOX WITH A VIEW - THE RAMONES - "BABY I LOVE YOU"
A música de amor mais piegas e insuportavelmente improvável da história do rock...
Have I ever told you how good it feels to hold you
It isnt easy to explain
And though Im really trying I think I may stop crying
My heart cant wait another day when you kiss me I just gotta
Kiss me I just gotta kiss me I just gotta say
Baby I love you cmon baby
Baby I love you ooh-wee-ooh baby
Baby I love I love only you
I cant live without you I love everythinh about you
I cant help it if I feel this way
Oh, Im so glad I found you I want my arms around you
I love to hear you call my name oh, tell me that ya feel
Tell me that ya feel tell me that ya feel the same
Baby I love you cmon babyBaby I love you ooh-wee-ooh baby
Baby I love I love only you
Oh, Im so glad I found you I want my arms around you
I love to hear you call my name oh, tell me that ya feel
Tell me that ya feel tell me that ya feel the same
Have I ever told you how good it feels to hold you
It isnt easy to explain
And though Im really trying I think I may stop crying
My heart cant wait another day when you kiss me I just gotta
Kiss me I just gotta kiss me I just gotta say
Baby I love you cmon baby
Baby I love you ooh-wee-ooh baby
Baby I love I love only you
I cant live without you I love everythinh about you
I cant help it if I feel this way
Oh, Im so glad I found you I want my arms around you
I love to hear you call my name oh, tell me that ya feel
Tell me that ya feel tell me that ya feel the same
Baby I love you cmon babyBaby I love you ooh-wee-ooh baby
Baby I love I love only you
Oh, Im so glad I found you I want my arms around you
I love to hear you call my name oh, tell me that ya feel
Tell me that ya feel tell me that ya feel the same
Etiquetas: KARMABOX
sexta-feira, agosto 03, 2007
Quando vi Ocean’s Eleven, aqui há uns anitos, achei-o extremamente cool e o relato fiel do verdadeiro sacana, sempre bem vestido, sorriso malandro e uma mente que nunca pára quieta. O filme era fresco, bem-humorado, inteligente e muito bem realizado. Cumpria todas as regras do bom cinema de entretenimento e ainda criava algumas novas.
De Ocean’s Twelve nada há a dizer, foi tão inócuo que já nem me lembro bem dele.
Ontem fui ver o terceiro capítulo da saga de Danny Ocean y sus muchachos e os meus piores receios comprovaram-se logo desde o início. A fórmula utilizada no primeiro filme esgotou-se à nascença e Steven Soderbergh – afinal novamente afastado do segundo futuro brilhante que lhe haviam previsto – não soube recriar novas fórmulas para lhe dar uma nova energia. Enquanto no primeiro filme o assalto era planeado meio às escondidas dos nossos olhos, deixando para o fim uma surpresa das grandes, aqui tudo nos é mostrado e mesmo o que nos tentam esconder é de tal forma previsível que chega a ser ridículo.
Neste terceiro – e, espera-se, último – capítulo, o gang de Ocean decide enveredar pelas mais altas tecnologias e não tanto pela sacanice que havia marcado o magnífico assalto de Ocean’s Eleven. E engraçado, é o facto de nem o realizador tentar esconder isso, ao brincar, em tom de private joke com a real necessidade de se usar um nariz falso como meio para se atingir um fim. Mas pronto, tudo isto é já visto e revisto, ou, se preferirem a analogia tão a propósito, mal baralhado e voltado a dar.
Em Ocean’s Eleven eram bem visíveis a relação muito especial entre os actores e, em resultado disso mesmo, a diversão permanente durante as filmagens. Não havia, aliás, uma conferência de imprensa em que Brad Pitt, George Clooney e companhia, não exultassem a borga constante no set, fora do set, e em todo o lado onde tivessem que estar. Steven Soderbergh percebeu que isso teria sido o ingrediente que havia tornado o primeiro filme numa obra tão especial e apostou quase inteiramente nessa particularidade para filmar as sequelas. À laia de os actores vão de férias, e entretanto faz-se um filme. Mas não resulta. Não resulta mesmo nada. E irrita. E nem a participação de Al Pacino ajuda a compor o ramalhete. Porque Pacino, que meteu o piloto automático e faz há já uns anos o mesmo papel em todos os filmes que protagoniza, já não ajuda a compor nenhum ramalhete. E irrita ainda mais do que o resto do filme todo. Como uma camisola já de si feia, onde se decide colar um autocolante berrante, feio e de mau gosto. Ainda mais feio que a camisola.
Enfim, Ocean’s 13 é mauzinho. Pode ser simpático, essa característica nunca se perdeu ao longo da série. Mas ser simpático não chega para nos prender a atenção. Ainda há dias uma amiga me dizia que as mulheres gostam dos gajos canalhas – não foi bem esta expressão… - e agora parece-me que a mesma máxima se aplica a este filme. Mais valia serem menos educadinhos e limpinhos, e mais sacanas e filhos da mãe. Já não há paciência…
De Ocean’s Twelve nada há a dizer, foi tão inócuo que já nem me lembro bem dele.
Ontem fui ver o terceiro capítulo da saga de Danny Ocean y sus muchachos e os meus piores receios comprovaram-se logo desde o início. A fórmula utilizada no primeiro filme esgotou-se à nascença e Steven Soderbergh – afinal novamente afastado do segundo futuro brilhante que lhe haviam previsto – não soube recriar novas fórmulas para lhe dar uma nova energia. Enquanto no primeiro filme o assalto era planeado meio às escondidas dos nossos olhos, deixando para o fim uma surpresa das grandes, aqui tudo nos é mostrado e mesmo o que nos tentam esconder é de tal forma previsível que chega a ser ridículo.
Neste terceiro – e, espera-se, último – capítulo, o gang de Ocean decide enveredar pelas mais altas tecnologias e não tanto pela sacanice que havia marcado o magnífico assalto de Ocean’s Eleven. E engraçado, é o facto de nem o realizador tentar esconder isso, ao brincar, em tom de private joke com a real necessidade de se usar um nariz falso como meio para se atingir um fim. Mas pronto, tudo isto é já visto e revisto, ou, se preferirem a analogia tão a propósito, mal baralhado e voltado a dar.
Em Ocean’s Eleven eram bem visíveis a relação muito especial entre os actores e, em resultado disso mesmo, a diversão permanente durante as filmagens. Não havia, aliás, uma conferência de imprensa em que Brad Pitt, George Clooney e companhia, não exultassem a borga constante no set, fora do set, e em todo o lado onde tivessem que estar. Steven Soderbergh percebeu que isso teria sido o ingrediente que havia tornado o primeiro filme numa obra tão especial e apostou quase inteiramente nessa particularidade para filmar as sequelas. À laia de os actores vão de férias, e entretanto faz-se um filme. Mas não resulta. Não resulta mesmo nada. E irrita. E nem a participação de Al Pacino ajuda a compor o ramalhete. Porque Pacino, que meteu o piloto automático e faz há já uns anos o mesmo papel em todos os filmes que protagoniza, já não ajuda a compor nenhum ramalhete. E irrita ainda mais do que o resto do filme todo. Como uma camisola já de si feia, onde se decide colar um autocolante berrante, feio e de mau gosto. Ainda mais feio que a camisola.
Enfim, Ocean’s 13 é mauzinho. Pode ser simpático, essa característica nunca se perdeu ao longo da série. Mas ser simpático não chega para nos prender a atenção. Ainda há dias uma amiga me dizia que as mulheres gostam dos gajos canalhas – não foi bem esta expressão… - e agora parece-me que a mesma máxima se aplica a este filme. Mais valia serem menos educadinhos e limpinhos, e mais sacanas e filhos da mãe. Já não há paciência…
Ontem encontrei finalmente resposta para aquela clássica questão filosófica, se uma árvore cair na floresta e não estiver lá ninguém, faz barulho?.
Não, não faz.
Ontem descobri que só existo quando estou à vista.
Não, não faz.
Ontem descobri que só existo quando estou à vista.
quinta-feira, agosto 02, 2007
Afinal o meu blind date comigo próprio já não vai ser nem blind, nem date. Arranjei companhia. Não sei se também precisa de arrumar as ideias, mas se precisar, duas cabeças a fazer a lida da casa são sempre melhores do que só uma. O programa mantém-se…
A "DOR DO DINHEIRO"? A DOR DOS OUVIDOS!!!
E o Pedro Abrunhosa insiste em escrever e compor música…
Pronto, é legitimo, eu também insisto em escrever quase tudo o que me vem à cabeça aqui no meu blog. Agora, a… «poesia» de Abrunhosa é verdadeiramente rica… em pobreza.
E este blog assinala a primeira vez que transcrevo as palavras de alguém pela pouca qualidade que apresentam.
Perdido no teu corpo,
Perdido nesta estrada,
Perdido nos segredos
Por cada curva fechada.
Palavras,
Diz-me palavras.
Acredito no que dizes,
Acredito no que fazes,
Acredito no sentido
De cada sombra que trazes.
Palavras,
Diz-me palavras.
E dizes que está tudo normal,
Mas é a loucura total,
Não quero sair desta festa,
Porque afinal o que resta é dizer:
Quero um pedaço,
Quero o troco primeiro,
Quero a vida num traço,
Quero a cor do dinheiro.
Não me custa o futuro,
Não me lembro do passado,
Sou um filme em que me vejo
Em circuito fechado.
Palavras,
Diz-me palavras.
Conta-me o que vês,
Não me contes a verdade,
Tenho um pé em cada esquina
Qual delas tem mais vontade?
Palavras,
Diz-me palavras.
E dizes que está tudo normal,
Mas é a loucura total,
Não quero sair desta festa,
Porque afinal o que resta é dizer:
Quero um pedaço,
Quero o troco primeiro,
Quero a vida num traço,
Quero a cor do dinheiro.
Hoje à noite vou ter um blind date… comigo.
Eu sei, parece deprimente. Mas às vezes é preciso ir ao cinema sozinho, jantar sozinho, estar sozinho. Pôr as ideias no seu devido lugar, sozinho. E as minhas ideias ainda estão um bocado desarrumadas. Coisa pouca. Um arquivo “A” na prateleira do “L”, um ficheiro de texto na pasta das imagens, um par de meias na gaveta das cuecas.
E (acho que) vai ser bom, sair comigo logo à noite. Para a semana vou fazer isso quase todos os dias. Vai ser bom para arrumar tudo direitinho. Na semana que vem, conto passar o fim-de-semana com os meus irmãos no Gerês e espero, nessa altura, ter já tudo bem organizado, empacotado e pronto a transportar. A mudança TEM de acontecer em Setembro.
Eu sei, parece deprimente. Mas às vezes é preciso ir ao cinema sozinho, jantar sozinho, estar sozinho. Pôr as ideias no seu devido lugar, sozinho. E as minhas ideias ainda estão um bocado desarrumadas. Coisa pouca. Um arquivo “A” na prateleira do “L”, um ficheiro de texto na pasta das imagens, um par de meias na gaveta das cuecas.
E (acho que) vai ser bom, sair comigo logo à noite. Para a semana vou fazer isso quase todos os dias. Vai ser bom para arrumar tudo direitinho. Na semana que vem, conto passar o fim-de-semana com os meus irmãos no Gerês e espero, nessa altura, ter já tudo bem organizado, empacotado e pronto a transportar. A mudança TEM de acontecer em Setembro.
quarta-feira, agosto 01, 2007
ALPHA DOG
A semana passada fui ver Alpha Dog e não lhe tinha dado aqui o destaque que, apesar de tudo, o filme merece.
E este "apesar de tudo" resume-se apenas ao realizador responsável por Alpha Dog, nada mais do que Nick Cassavetes, filho de John Cassavetes. E a diferença entre pai e filho é somente esta: John era realizador de cinema, Nick faz filmes. E acreditem, a diferença é enorme.
John Cassavetes foi um dos mais inovadores cineastas da sua geração, Nick faz filmes molengas e enjoativos, verdadeiras xaropadas a fugir para o romântico e que não são bons nem para o género.
E Alpha Dog até começa bem, com energia e garra, em parte responsabilidade dos putos actores, sinceros e nada pretensiosos. A história em torno de um adolescente raptado à laia de acerto de contas é bem gerida, o que faz com que o seu final anunciado - e nada escondido - se torne, a dada altura, incerto e enganadoramente feliz. Apesar de sabermos desde o início que o miúdo vai mesmo ser assassinado, há um altura em que damos por nós a pensar "não o façam, não matem o puto".
O problema é Nick Cassavetes, que, como já é habitual, mostra não ter unhas suficientes para a guitarra que quer tocar, e que deixa o filme cair na modorra, na sonolência e no aborrecimento. Retoma alguma da energia inicial, mesmo na recta final, mas também não era difícil. É aí que as coisas se começam a precipitar para o tal final trágico e incomodativo. Mas que não é suficiente para fazer de Alpha Dog mais do que um filme normal mas bem intencionado. E é pena...
Etiquetas: Filmes Vistos
DELIRIUM
E o nome não poderia ser mais bem escolhido. DELIRIUM é o espectaculo que o Cirque Du Soleil apresenta em Lisboa naquela que é a sua primeira visita a Portugal, nos últimos dias de Novembro e primeiros de Dezembro.
Como já disse, vou daqui a quinze dias a Gijon ver ALEGRIA, não estava era à espera de ver dois espectáculos deste calibre em tão curto espaço de tempo.
Não vai ser menos do que fenomenal!
Infelizmente os vídeos disponíveis na net não são de boa qualidade, mas mesmo assim...
Como já disse, vou daqui a quinze dias a Gijon ver ALEGRIA, não estava era à espera de ver dois espectáculos deste calibre em tão curto espaço de tempo.
Não vai ser menos do que fenomenal!
Infelizmente os vídeos disponíveis na net não são de boa qualidade, mas mesmo assim...
Aos Simpsons perdoa-se tudo. Serem amarelos, serem feios, politicamente incorrectos e até se perdoa a nítida falta de qualidade que marcou algumas das temporadas da série que já dura há 18 anos. E perdoa-se também a completa desnecessidade de produzir uma longa-metragem para cinema. Logo ao início, é o próprio e inevitável Homer que nos chama a todos de estúpidos, por pagar para ver uma coisa que se pode ver em casa e de borla. E tem razão. The Simpsons Movie, não é mais do que um episódio especial da série, maior e ainda mais adulto e politicamente incorrecto, mas obedecendo às mesmas regras a que sempre obedeceu. Nem mais, nem menos. Mas ainda bem. Em equipa que ganha não se mexe – adoro a gíria futebolística – e os produtores e realizadores do filme decidiram precisamente não mexer muito na fórmula e não arriscar mais do que necessário, não fugindo um milímetro ao que fez da série um mega sucesso a nível global.
E ao princípio anda temi o pior: a primeira meia hora de filme é um não parar de gags absolutamente gratuitos, a maioria sem grande piada, tantos que nem os conseguimos contar, muito menos estar atentos a todos, a dar a ideia de que havia a necessidade de meter todo o universo dos Simpsons em hora e meia de película - um pouco como costuma acontecer nas transposições dos heróis de banda desenhada para o grande ecrã, em que de repente vemos dez anos de histórias entalados em noventa minutos de cinema. Mas a coisa lá se compôs. Os produtores perceberam que era impossível e desnecessário abordar todas as personagens e situações costumeiras da cidade de Springfield, e limitaram-se a focar o espírito da série. E esse espírito não é mais do que a família mais disfuncional da América e todas as suas contradições, preocupações, paixões – algo que neste filme foi bem mais explorado do que na série – e… desastres, claro, que isso é coisa que não podia mesmo faltar – se calhar é esse o verdadeiro espírito dos Simpsons…
Mas como dizia, a coisa compõem-se e o filme arranca para uma coisa mais séria – no tema, claro -, mostrando algumas facetas dos personagens que desconhecíamos.
Em suma, é o filme que toda a gente está à espera, provavelmente será o filme que, na história da sétima arte, terá menos hipóteses de desiludir seja quem for – fãs e detractores – e garante pelo menos uma coisa que poucos hoje em dia garantem verdadeiramente: divertimento.
Se decidirem gastar dinheiro numa ida ao cinema para ver The Simpsons, então façam render o dinheiro e fiquem mesmo até ao finzinho do filme, ok?
E ao princípio anda temi o pior: a primeira meia hora de filme é um não parar de gags absolutamente gratuitos, a maioria sem grande piada, tantos que nem os conseguimos contar, muito menos estar atentos a todos, a dar a ideia de que havia a necessidade de meter todo o universo dos Simpsons em hora e meia de película - um pouco como costuma acontecer nas transposições dos heróis de banda desenhada para o grande ecrã, em que de repente vemos dez anos de histórias entalados em noventa minutos de cinema. Mas a coisa lá se compôs. Os produtores perceberam que era impossível e desnecessário abordar todas as personagens e situações costumeiras da cidade de Springfield, e limitaram-se a focar o espírito da série. E esse espírito não é mais do que a família mais disfuncional da América e todas as suas contradições, preocupações, paixões – algo que neste filme foi bem mais explorado do que na série – e… desastres, claro, que isso é coisa que não podia mesmo faltar – se calhar é esse o verdadeiro espírito dos Simpsons…
Mas como dizia, a coisa compõem-se e o filme arranca para uma coisa mais séria – no tema, claro -, mostrando algumas facetas dos personagens que desconhecíamos.
Em suma, é o filme que toda a gente está à espera, provavelmente será o filme que, na história da sétima arte, terá menos hipóteses de desiludir seja quem for – fãs e detractores – e garante pelo menos uma coisa que poucos hoje em dia garantem verdadeiramente: divertimento.
Se decidirem gastar dinheiro numa ida ao cinema para ver The Simpsons, então façam render o dinheiro e fiquem mesmo até ao finzinho do filme, ok?