kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, agosto 31, 2006



Pronto, e lá fui ver o regresso do homem de aço.
Que posso dizer? O filme é uma pequena desilusão. E não é uma enorme desilusão porque nem sequer chega a ser mau. É... morno.
E é morno porque o realizador na procura de humanizar as personagens parece ter-se esquecido que aquilo é suposto ser uma aventura, uma história de acção, com explosões a rodos, sequências de luta brutais entre o Super-Homem e aqueles que lhe querem menos bem, seres estranhos, humanos ou não, com poderes, gadgets fantásticos e sede de conquistar ou destruir o planeta. Ao invés, o que temos é um argumento practicamente inexistente. Uma péssima desculpa para se realizar um filme. Uma historiazinha que não chegava para alimentar uma hora daquilo, muito menos quase três.
Pobre a história, pobres os diálogos, pobres as soluções.

Ganha-se uma coisa - e que até nem é assim tão pequena. Um excelente Super-Homem. Não me refiro ao actor - já lá irei - , mas sim à personagem, completamente diferente dos anteriores (não melhor, diferente). Este é um Super-Homem mais adulto, mais experiente. Um Super-Homem que finalmente assume o seu lado mais triste. A banda desenhada geria essa entre-linha muito bem, transmitindo aqui e ali a sensação de que aquele era um homem amargurado. Perseguido pela dor de não se sentir inteiramente integrado num planeta que não era o dele e de saber ser ele o único sobrevivente de uma antiga civilização alienígena. Ao mesmo tempo, mostra-nos um super-herói imune a tudo e a mais alguma coisa. Balas, comboios desgovernados, temperaturas extremas; ao Super-Homem podemos fazer tudo, até tentar esmagá-lo sob o peso de uma montanha, que ele sai-se sempre bem da empreitada. Neste filme descobrimos, porém que o coração do homem de aço é de carne como os nossos, humanos, e que lhe dói como o caraças. Neste filme descobrimos que o rapaz sente uma mágoa quase impossivel de disfarçar quando se apercebe que perdeu o amor da sua vida, Lois Lane, e isso transporta toda a carga emocional da história para um patamar diferente de todos os filmes que o antecederam. E percebe-se a enorme nobreza que atravessa toda a acção.
E eu gostei disso...

Quanto aos actores...
pouco ou nada há a dizer. Cumprem todos o que lhes foi pedido, e que não deve ter sido assim muito. Desculpem a frieza, mas é esta a minha desagradável opinião.

Aguardo portanto as sequelas - certas - desta primeira tentativa de regressar a um dos heróis mais populares - e a um dos universos mais ricos e fantásticos - da BD americana.


Ora bem, ao fim de trinta e três anos de vida lá me convenci a ir à festa do Avante.Não sei ao certo ao que vou, mas sei ao que não vou. Não vou para as politiquices da treta, isso de certeza absoluta. Dessas coisas tenciono continuar a esquivar-me pelo menos por mais trinta e três anos. Vou para a festa, embora, e como já disse, não sei bem que tipo de festa.
No entanto, sei que na noite de Sábado me vou embebedar fortemente e dançar e pular ainda com mais intensidade, e porquê?

Por causa disto...





Os Taraf de Haidouks foram a minha porta de entrada para a fantástica música dos balcãs. Foi deles o primeiro disco que ouvi, ainda antes dos filmes do Kusturica. E agora vão esatr presentes na edição deste ano do Avante...Para os interessados fica a dica, tocam no Sábado, ainda não sei bem a que horas, e posso garantir: a festa vai ser brutal, a bebedeira comatosa e a energia mais do que infinita.Só isso já vai garantir que esta primeira visita ao Avante seja absolutamente memorável.

quarta-feira, agosto 30, 2006



Chamem-me preconceituoso, chamem-me exagerado ou precipitado, mas este será sem sombra de dúvida um dos filmes do ano (embora eu acredite que vá ser O filme do ano...).


Na minha opinião esta é A obra-prima da publicidade.
Sem palavras...

Exijo comentários.

terça-feira, agosto 29, 2006

Ontem percebi que aquilo a que chamo de fantasmas - e de que podem ficar a saber qualquer coisinha uns textos abaixo - não são fantasmas.
Tive uma crise de ansiedade, não perguntem porquê, e talvez por isso fui assaltado por imagens que me magoaram terrivelmente. Não se preocupem, não estava sob o efeito de ácidos, ou de quaisquer outras drogas alucinogéneas. Eram memórias que vinham para me aleijar a sério, à bruta. Algumas, imagens de beleza pura, mas que infligem sofrimento físico por não serem exclusivamente belas, por acarretarem uma carga emocional negativa, dolorosa. Memórias de dor, portanto.
Não fantasmas, dores.
Os fantasmas são assuntos por resolver, que dependem única e exclusivamente de nós para serem definitivamente enterrados. Segredos, actos terriveis por nós cometidos e que assombram a nossa consciência, dando-lhe um peso desmesurado.

Digam-me, se souberem, como se exorcizam estas dores? O que se faz para deixar de as sentir? Que terapia, que profilaxia?

Ás vezes, consigo olhar a beleza bem de frente, e a sua visão apaga todas e quaisquer dores que possa sentir nesse momento. Ás vezes, nem sempre. Ás vezes, a beleza tem essa capacidade de me acalmar e de me garantir que não serão as dores a acabar com a minha vida.

Sabem aquela velha máxima que diz que a música acalma as feras? Acalma porque é uma das coisas mais belas que existe. Ou seja, a beleza acalma as feras. As minhas dores são ferozes e conseguem tomar conta de mim e dos meus actos. Paralisam e dominam-me.

Estou farto disto. Vou escrever alguma coisa que respeite a música que estou a ouvir e que me acalma.
Dediquei a hora do almoço à música clássica.
Já há muito que não utilizava a pasta clássica do meu I-Pod e ao limpar-lhe o pó apercebi-me horrificado que não só está bastante incompleta como me dei conta da falta de conhecimento que tenho de um dos géneros musicais que mais gosto me dá ouvir.

Conheço muito de Mozart - consigo até fazer um truque engraçado, e que fica sempre bemà mesa de um jantar de eruditos, e que consiste em reconhecer um tema deste compositor mesmo que nunca o tenha ouvido antes - por ter passado muito tempo a ouvir as suas peças, mas desconheço muito de muitos outros compositores. Esqueci-me de que a música clássica é um dos géneros, senão o género, mais prolifero de todos.

Neste momento escuto a ópera Rusalka de Dvorák - de que julgo já ter aqui falado - e derreto de emoção. De tal forma que não resisto e arrisco um pecado capital: assobiar uma peça clássica...

Sempre foi assim.
Durante anos dediquei-me quase por inteiro a ouvir e a conhecer o máximo possivel acerca de jazz. De tal forma que, sempre que comprava discos, forçava-me a pegar num álbum pop, rock, ou de qualquer outro tipo de música, para os devolver a todos à procedência e sair da loja com mais um disco de Billie Holliday, Count Basie ou Dave Brubeck.
Era irresistivel. A minha mãe já não podia ouvir música naquela casa.

Acho que vou tentar não cair no mesmo erro, mas dedicar agora algum tempo e ouvidinho À bela música erudita. Quem tiver sugestões já sabe: neste blog, a qualquer hora e a qualquer momento.

Para já vou acabar de ouvir o concert no. 21 in C - KV467 allegro vivaci assai (do Mozart...)

Dia 27, no comboio de regresso ao Porto

As suas mãos ainda estavam sujas com tinta do jornal que tinha estado a ler quando pegou na maçã para a lavar. Só se apercebu disso quando reparou que a água que caía no fundo da pia era ligeiramente azulada. Podia perfeitamente ter pousado a maçã, lavado as mãos e recomeçado todo o processo do princípio, mas a preguiça levou a melhor.
Lavou uma segunda maçã. A água já não era tão azulada e ele sorriu como que aprovando a sua própria preguiça. Metodicamente descascou e partiu as maçãs, colocando as finas fatias num prato de plástico azul. O prato onde lhe costumava dar papinha de fruta esmagada com bolacha.
"Onde lhe costumava dar..."
Já há dois anos que não a via. A mãe tinha-a levado para longe dali. É melhor para ela, disse-lhe antes de bater a porta. Há dois anos que não a via. Falavam ao telefone alguns minutos, dia sim, dia não. Hoje era um dia não e ele queria mais do que tudo que fosse um dia sim. Afastou esse pensamento da cabeça e voltou a concentrar-se no prato de plástico azul e nas finas fatias de maçã.

Sentou-se na cadeira, na varanda. Eram já sete da tarde, mas deviam estar uns quarenta graus. Uns insuportáveis quarenta graus que derrotavam tudo e todos, até o vento que se fazia sentir.
Meteu a primeira fatia de maçã à boca e sentiu o sabor amargo da tinta de jornal na lingua. Sorriu como que reconhecendo a derrota da sua própria preguiça. À terceira fatia ouviu o primeiro grito. Era sempre assim. Sempre áquela hora, como um despertador. Sempre da mesma janela. O homem gritava sempre. Berrava-lhe palavras violentas e insultos. Ela nunca fazia barulho. Não emitia um único som. Apenas o ruído dos móveis de encontra aos quais era atirada. Da louça que se partia sob o corpo dela. A cena durava habitualmente entre cinco a quinze minutos e terminava sempre com o choro do homem. Um uivo arrepiante. Ela nunca fazia barulho.

Mas aquele dia havia de ser diferente. Naquele dia, antes de tudo terminar, antes do uivo do homem, antes até da última fatia de maçã, ela haveria de soltar um gemido. Um som abafado, quase inaudivel, mas que soaria como um grito incontido de dor.

A mão com a fina fatia de maçã deteve-se a meio caminho da boca. Parou de comer e esperou por mais ruído. Desejou que o processo habitual retomasse o seu percurso. Que voltassem os ruídos dos móveis a serem derrubados, da louça, partindo-se no chão sob o peso do corpo dela. Dos berros, dos insultos, e finalmente do choro dele, do uivo que a tudo punha um fim.
Mas aquele dia não haveria de acabar assim. Naquele dia, daquela janela, não haveria de sair nem mais um som, nem mais uma palavra. Naquele dia tudo haveria de acabar com um gemido abafado, quase inaudivel.

Por segundos pensou em tudo o que poderia ter acontecido. Todas as hipóteses. Sabia perfeitamente o que tinha sucedido. Com a mão e a mçã suspensas a meio caminho da boca e um forte aperto no estômago, pensou também em tudo que poderia fazer. Meteu a fatia de maçã à boca. E a seguinte, e a última. Levantou-se, pousou o prato de plástico azul na banca da cozinha e sem hesitar pegou na faca que repousava ainda numa pequena poça de água no fundo da pia.

Saiu de casa e atravessou corredores, escadas, portas e elevadores. O pátio que separava os dois prédios. E a única coisa em que pensava era nela. Sentada na cadeira, na varanda, os pezinhos sempre em movimento, enquanto lhe dava papinha de fruta esmagada com bolacha. Pensava em como ela era tudo na sua vida e em como seria horrivel se ela tivesse de passar por tamanha violência ás mãos de alguém assim. Imaginou-a a ser empurrada de encontra aos móveis, as suas mãozinhas partindo pratos e copos, o fio de sangue no cantinho da sua boca, as pisaduras mal escondidas por uns óculos de sol e pelas más desculpas do costume. "Uma porta", "umas escadas", "a banheira molhada".

O sangue corria mais rápido nas suas veias e os passos acompanhavam o ritmo acelerado do seu coração. Sem se dar sequer conta do caminho que tinha percorrido, subitamente estava parado á porta do apartamento deles. A camisa colada ao seu peito, o cabelo escorrendo suor, os pés descalços, a respiração descontrolada.
Ergeu o punho bem cerrado e bateu na porta. Um som abafado quase inaudivel. Bateu uma segunda vez, agora com mais força. Do apartamento não surgia um único sussurro. Nada. Nada que o retirasse daquele estado de quase-sonho. Bateu uma última vez, já sabendo qual seria o resultado. O silêncio. Absoluto, aterrador.

Minutos que pareciam horas...
Resolveu regressar a casa, desta vez sem pressa. O sangue não corria nervoso. Os passo respeitavam o ritmo normal do coração. Voltou a atravessar o pátio, os elevadores, escadas, portas e corredores. Entrou em casa e parou. Olhou à sua volta. Tudo estava exactamente na mesma. As cascas de maçã, o prato de plástico azul, o calor sufocante, o vento. Olhou para a sua mão e só então reparou na faca que tinha tirado de dentro da pia da cozinha. Pingava água ligeiramente azulada. Devolveu-a à pequena poça de água, limpou as mãos e em seguida o linóleo a imitar cortiça que revestia a cozinha, ao mesmo tempo hall de entrada e sala de estar.

Sentou -se no sofá, em frente ao televisor. Calmamente, pegou no telefone e marcou o número dela. Hoje precisava mais do que tudo que fosse um dia sim. Aquele dia acabaria com o som da vozinha dela.
Um som pequenino, quase inaudivel...

segunda-feira, agosto 28, 2006

Dia 27, madrugada num quarto em Torres Novas


Deito-me num quarto antigo, vestido com móveis antigos e vejo, por entre duas portadas antigas, a luz da noite de Torres Novas. Mas não estou aqui.
Levado pelo ambiente quase colonial deste antigo quarto, e pela flauta de Rakesh Chaurasia, imagino que lá fora, para lá daquelas antigas portadas, está Calcutá, uma cidade de doze milhões de pessoas.

Sinto que de manhã vou sair deste quarto, descer as escadas forradas a alcatifa, cumprimentar o simpático senhor ao balcão do hotel, cegar momentâneamente com a intensidade do sol lá fora e dar os meus primeiros passos pelas ruas recheadas de gente já encharcado em suor.

Imagino-me a caminhar por entre a confusão de pessoas, hindus, bengális, carros, animais, lixo, ruídos, cheiros.
Arriscarei um corte de cabelo numa barbearia de esquina e de seguida um pequeno almoço num café com paredes cobertas por um papel vermelho sangue com pequenas estrelas prateadas.

Vou retribuir sorrisos e inspirar com toda a vontade e com todos os pulmões o estranho cheiro a morte com especiarias desta cidade.
Vou perceber finalmente porque tantas vezes ouvi a expressão "não há luz como esta".
Caminhar horas, atravessar pontes, fintar o trânsito caótico e refugiar-me do calor no átrio do primeiro hotel que encontrar.

Ao fim da tarde vou percorrer os últimos metros que me separam do Gânges. Quando chegar ás escadas que lhe servem de margem, vou lentamente arregaçar as calças, pegar nas minhas sandálias e, fazendo disso a minha pequena cerimónia, vou entrar nas suas águas. Talvez faça uma prece, embora não saiba bem a que divindade; vou encarar o sol laranja à minha frente, saborear o frio da àgua na minha pele e sentir a tua falta.

Dia 26, na estação do Entroncamento


Já está deitado há alguns minutos quando ela se junta a ele, como sempre com toda a leveza do mundo. Ela não faz de propósito, toda a sua vida foi assim, pequenina, leve e delicada. E quando se deita na cama, ao seu lado, é mais leve do que nunca, mais leve do que o lençol que os cobre.

Ele adormece sempre sobre o seu lado esquerdo. Ela, sempre sobre o seu lado direito. Mas sempre de maneira a que alguma parte do seu leve corpo toque, nem que seja, numa prega da roupa dele. E aguarda sempre por que ele se vire e se encoste a ela. O peito dele nas suas costas, os seus joelhos nas dobrinhas das suas pernas. O seu braço esquerdo sobre a sua cintura, a mão bem abrigada na sua barriga.

Ele encosta o seu rosto no pescoço dela, inspira o cheirinho da sua pele e dorme como nunca tinha dormido.

Mesmo que a posição se torne desconfortável; mesmo que o calor faça tudo para o empurrar para o outro lado da cama; mesmo que o seu braço adormeça torto por baixo da almofada, ele nunca se mexe. Chega a pensar em parar de respirar para nunca a incomodar.
E dorme...

Dia 26, no comboio a caminho do Entroncamento


Sempre que os meus fantasmas me assaltam sinto uma náusea súbita e forte no estômago. A mesma náusea, a mesma, que sentia sempre que era dia de receber um teste de alguma disciplina mais difícil. Sempre que não estava totalmente seguro do resultado final, da nota que iria conseguir.

É como um impacto, um murro pelo qual não se espera, na boca do estômago. A agonia é tremenda e imediata e a única maneira de a conseguir eliminar é expulsá-la, também com violência.

Nessas alturas a minha mente congela e os meus olhos param, simplesmente. Não consigo sequer piscá-los, faço pause nas imagens que me provocam esta agonia. Piscar os olhos é uma acção na qual nem pensamos e que no entanto nos é tão útil...
Como ainda agora, que estava a ler e fui atacado por um fantasma, o maior de todos os que me assombram, e deixei de ver as palavras no livro. De letras, escritas para que os meus olhos as lessem, passaram num ápice a linhas pretas, desprovidas de qualquer sentido, de qualquer lógica.

É quando tenho de respirar brutalmente fundo, abanar a cabeça e procurar com toda a força concentrar-me no que estava a fazer, ou procurar alguma coisa ou alguém que me leve para longe desse fantasma. Como um doente de Parkinson, que ao segurar uma pega fixa cessa de tremer, eu necessito de me segurar a algo que me afaste das imagens, das palavras ouvidas, que me provocam esta agonia. Algo ou alguém que me faça regressar ao presente.

Todos os meus fantasmas são fantasmas do passado. Ao contrário da história de Dickens, na minha vida não existem fantasmas do presente ou do futuro, só do passado. E assusta-me terrivelmente a idéia de que eles possam levar a melhor sobre mim. Que me possam atormentar até eu desistir de os combater. Assusta-me a idéia de perder o meu juízo para estes espectros.

Dizia-me alguém há dias que uma pessoa que sabe que é louca não pode, por isso mesmo, ser louca.
Penso nessas palavras e concluo que alguém que sabe que é louco não é menos louco por isso. Não pelo menos se os motivos que o levam à loucura forem sempre mais fortes do que essa meta-consciência.

Dia 26, à espera do comboio nas Devesas - Duas duvidazinhas apenas


-Dizem os entendidos que dentro de cinquenta anos não haverá um único tigre à face da terra.
Quer isso dizer que temos assim tanto tempo para impedir que tal aconteça?

-Há trinta anos que ouço dizer que só conhecemos 10 a 20% da capacidade do nosso cérebro.
Ou seja, se em trinta anos não fomos capazes de aumentar essa percentagem, poderá isso significar que a capacidade total do nosso cérebro é ainda maior do que calculavamos?
E, assim sendo, não andaria essa percentagem do que julgamos conhecer pelos 2, 3%?
E a cada ano que passa sem que consigamos aumentar esses valores, sem que consigamos descobrir mais grandes mistérios da mente humana, não chegaremos ao ponto em que essa percentagem atingirá o valor zero. Será que não vamos acabar por descobrir que na verdade não é o cérebro que nos controla mas sim outro qualquer orgão interno, como o baço, por exemplo?

Oficialmente de regresso


De regresso ao mundo normal, e enquanto não organizo toda a informação acerca dos dias repartidos por Tavira, Lisboa e, finalmente, pelo Porto, vou-me dedicar a escrever aqui algumas palermices que acumulei nos últimos dias de férias, nomeadamente no passado fim de semana na fantástica estadia em Torres Novas.

E voltar ao Karmabox, claro.

Até já.

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sexta-feira, agosto 25, 2006

Receita para a melhor massa do mundo

Ingredientes:

250 grs. de tortellini de espinafres e ricotta
1 cebola média
1 pimento (a cor é ao vosso gosto)
2 tomates médios madurinhos
sal e pimenta a gosto
1 fio de azeite
pozinhos de manjericão


Alourem a cebola no azeite bem quente e juntem-lhe o pimento cortadinho aos bocadinhos. Quando a cozinha começar a cheirar irresistivelmente bem juntem os tomates partidos, quase esmigalhados e temperem com o sal e a pimenta.
À parte cozam os tortellini em água a ferver com algum sal grosso e um bocadinho de azeite.
Em seguida, e assim que a massa estiver cozidinha, juntem-na ao preparado de tomate e afins. Polvilhem com o manjericão e sirvam-na à mulher que espera na sala e que vai sorrir e arregalar os olhinhos assim que vos vir com o prato na mão.

Quando acabarem de jantar, troquem beijinhos e dedinhos ao de leve. Podem entrelaçar as pernas e os braços e ficar a ver mais um episódio do Dr. House - um óptimo digestivo. Deixem-se estar neste lume brando pelo tempo que quiserem e vão ajustando os temperos com mais beijinhos, abraços, festinhas no cabelo e muito colinho.

Esta receita é para duas pessoas apenas.
Se preferirem podem servir mozzarella fresco com sal grosso e pimenta como entrada.

Bom apetite

terça-feira, agosto 22, 2006

15º dia - 21 de Agosto - No comboio, de regresso ao Porto



Começo pelo fim...

Neste momento sou o homem mais feliz do mundo, como só os que são amados podem ser felizes. Mas não me façam essa pergunta que subitamente vos surgiu na cabeça, por favor.
Sou um tonto feliz.
Que se sente amado, e é essa a imagem que devem reter.

As duas últimas semanas foram de felicidade. De felicidade, de paz e do amor mais bonito. Duas semanas serenas e que me acarinharam de tal forma que o efeito vai permanecer no meu coração por muitos dias.
Como os dias felizes de que falava o Calvin e que só me lembro de ter vivido quando era menino e ia de férias com os meus pais, quando eles ainda eram só um.

A última semana foi puro prazer. Foi amor, plácido e quentinho. Confortável, mimado e envolvente.
Foram festinhas com as pontinhas dos dedinhos dos pés debaixo do lençol.
Foram beijinhos leves nas pálpebras.
Miminhos até adormecer, no colo mais macio do mundo.
Foi um olhar, uma mão na pele das costas, um sorriso tão malandro...
Foram muitas outras sensações, sentimentos e imagens que não partilho com ninguém.
Mas digo isto: vendia a minha alma ao diabo, numa longínqua encruzilhada de estradas poeirentas, se ele me concedesse o dom de fotografar com os meus olhos tudo o que vejo. E assim conseguiria mostrar-vos as imagens mais bonitas que alguma vez vi na minha vida.

Amo-te.
Haja o que houver, aconteça o que acontecer; como quem guarda a carta de amor mais bonita; como quem enterra a fotografia da pessoa mais importante da nossa vida junto a um arbusto de Hortênsias; guarda a certeza de que durante cinco dias fizeste de mim o homem mais feliz do mundo. Durante cinco dias que mais pareceram cinco semanas fizeste um coração bater mais forte e mais alto que todos os outros. A minha alma brilhou mais intensamente do que todas as outras e graças a ti e à tua magia.

Amo-te e volto a dizer: sou o homem mais feliz do mundo. E não fossem estes fantasmas que insistem em assombrar esse sentimento de vez em quando - e os quais continuo a não conseguir controlar -, e estou certo de que conseguiria fazer de ti a mulher mais feliz do mundo. Nem que somente por cinco mágicos dias. Como naqueles contos que nos lêem quando somos pequeninos. Havia sempre uma história assim. Os amantes só podiam encontrar-se e serem felizes por um determinado tempo, limitado por uma maldição qualquer.
Mas seríamos felizes, disso podes ter a certeza.

Começo, portanto pelo fim.
Começo por dizer que estas duas semanas me deram a força e a coragem para andar para a frente com a minha vida. Fizeram-me ter a vontade de viver mais e melhor do que até aqui.

Começa um ano novo.

sexta-feira, agosto 04, 2006


Vou ter saudades tuas.
Vou ter saudades das tuas mãozinhas, inquietas sempre que queres explicar qualquer coisa.
Saudades dos teus pezinhos.
Saudades de quando me olhas por cima das lentes dos óculos.

Gosto de acreditar que vais ter comigo a Tavira, e que eu vou esperar pelo teu barco no pontão da ilha, e que quando me vires ali a tua cara se vai iluminar de alegria.
Quero imaginar-te a dormir à porta da tenda, por causa do calor insuportável que se faz sentir lá dentro sempre que o sol nasce, e depois de muito teres resmungado ainda meio a dormir.
Gostava de te ver entrar no mar de Tavira...

Gostava de te ter comigo nestes próximos dez dias.

E como cantava o bardo
In a land there's a town
And in that town there's
A house
And in that house
There's a woman
And in that woman
There's a hart I love
I'm gonna take it
With me when I go
I'm gonna take it
With me when I go

Karmabox - As Músicas De Dez Dias



















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Já sei que não vens a este meu blog, mas tenho a certeza de que se voltasses a ouvir esta música e a ver este vídeo sentirias a mesma emoção que eu senti.
E lembro-me de estarmos na praia ás duas da manhã em pleno mês de Janeiro e de ainda hoje não saber como não morremos com uma pneumonia.
E lembro disto... pr r r r r r r r r


Hoje já me lembro de como adormeci ontem...
Completamente vestido, no sofá da sala.
A minha mãe tapou-me com um lençol e eu dormi como um bebé.

Karmabox - Música Do Dia

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quinta-feira, agosto 03, 2006

Karmatoon - Música Do Dia

quarta-feira, agosto 02, 2006

Não me recordo de me ter deitado ontem para dormir.
Não tenho mesmo qualquer memória de ter ido para cama, sequer.
Se adormeci enquanto falava com a minha mãe, se tinha o Romeu comigo, ou não.
Se estava a ouvir música...
Total ausência de memória.

Karmabox - Música Do Dia

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Para a Bárbara

terça-feira, agosto 01, 2006




Entretanto estou a poucos dias de ir de férias.
Confesso - como bom nostálgico que sou - que já sinto algumas saudades aqui do meu cantinho. Como vou sentir falta das vossas opiniões e dos vossos blogues também. Há alguns que são local de paragem obrigatória, todos os dias.
Seja como for, quando vier vou ter muito que escrever aqui. Normalmente mantenho um diário de viagem, mesmo que fique por cá, como é o caso.

Este ano regresso à Ilha de Tavira.
Já lá não vou há quatro anos, e sinto-lhe a falta. Tavira é um local de boas e más memórias, mas em suma mais boas, muito mais, do que más.
E estou a precisar dela, da ilha.
Do seu sossego, da sua placidez, de ter a oportunidade de não fazer rigorosamente nada. Apenas sol, mar e a sombra dos pinheiros do parque de campismo. Ah, e este ano com um bónus: a companhia dos meus putos, os meus irmãos de dezassete anos, também eles adeptos apaixonados dos encantos da ilha.

Como já fiz referência aqui há dias, nunca em dez anos de trabalho senti tanta necessidade de férias.
Desde Novembro, altura em que tomei a decisão que marcou este ano de 2006, que a minha cabeça tem sido um turbilhão de pensamentos, decisões, medos mais ou menos infundados e desnorte. É o que acontece quando tomamos uma decisão revolucionária e nos sentimos no direito de nos concedermos férias da vida. Estou de ferias da vida há nove meses e acho que já chega.
Deixei-me andar demasiado tempo, e agora dou-me conta de que estou farto de subjectividade. Farto. Preciso de alguma estabilidade e, acima de tudo, de objectividade.
Foi um ano emocionalmente esgotante. Arrasador, mesmo.
Esta semana que vou passar em Tavira vai servir - para além das asneiras costumeiras - essencialmente para voltar a «uma» estaca zero. Tentar clarear a cabeça; tentar definir idéias, vontades, objectivos e desejos. Há decisões a tomar, algumas mais difíceis do que outras, e há planos a concretizar. Nomeadamente o meu livro...

Mas volto a dizer, vou ter saudades vossas.
Saudades das aventuras e desventuras, do mau feitio e do encanto das Quatro Primas;
saudades da diversidade sempre atenta do Moura;
saudades de ver uma boa foto por rolo;
saudades da mensagem sempre enviada;
saudades das vossas palavras que tanto bem me fizeram nestes últimos meses...

E se acham estas palavras um tanto ao quanto demasiado nostálgicas, então eu passo a explicar:
para mim, e desde que sou pequenino - como para muita gente, se calhar -, o fim do ano sinto-o agora, vindo das férias. Dezembro não provoca em mim esse sentimento de passagem, de transição. O Verão sim.
Por isso, a minha época 2005/2006 acaba agora. Da mesma forma tem início a de 2006/2007. Como um ano lectivo, um campeonato de futebol...

Se conseguir ainda faço um apanhado do que foi este último campeonato, prometo.

Prometo também dar uma de Deus todo poderoso e deixo uma selecçãozita musical para ouvirem nas férias. Na esperança de que não deixem de dar um pulinho ao meu cantinho, mesmo não estando eu lá.

Mas amanhã ainda é dia!
Apeteceu-me deitar isto cá para fora, mais nada.

Beijos grandes e até amanhã.

P.S: Já me esquecia... é só para fazer raiva, ok? São três fotografiazinhas do sítio onde vou passar oito longuíssimos dias...


P.S.II: Não conheço a senhora de lado nenhum...

O massacre de Qana

Já andava há muitos dias calado.
Não podia falar de uma vergonha destas sem antes procurar saber o que realmente se tinha passado.

O que aconteceu foi que forças israelitas bombardearam um prédio de habitação em Qana, no Líbano, matando cerca de sessenta pessoas, incluindo mais de trinta crianças. E este é o facto a reter, tudo o que se segue é secundário.

Israel lamenta imenso a morte de
inocentes , numa primeira análise, mas em seguida surgem imagens de elementos do Hezbollah, posicionados atrás desse mesmo prédio, disparando rockets contra edifícios israelitas. Não será difícil acreditar que isso possa realmente ter acontecido. Não seria a primeira vez que terroristas utilizariam civis como escudos humanos à força. No entanto, nessas mesmas imagens, podemos ver que, através da sua incrivel tecnologia militar, Israel tinha esses mesmos terroristas e os seus lança-rockets bem identificados e isolados. Ou seja, como é que um missil tele-guiado com uma precisão milimétrica poderia atingir um prédio de habitação «sem querer»?

Mas tudo isto é secundário. O importante é que continuam a morrer inocentes de um lado e de outro. A verdade é que cada vergonhoso «acidente» como este, faz nascer ódio nos corações dos que sobrevivem aos parentes e amigos assassinados.
A verdade é que não deve haver sofrimento maior do que andar à procura, por entre o entulho e os destroços, dos desaparecidos. Não deve haver dor maior do que encontrar um pé ou uma mão tão familiar. Não pode haver, mesmo num mundo tão insano como este, horror maior do que andar sem sentido com um filho morto nos braços. Um filho que certamente nem sabe o que se passa ali, na sua terra. Que não conhece o sr. Bush, não sabe quem é aquela senhora qualquer-coisa-Rice, ou o que é a ONU, ou sequer para que serve. E a verdade é que eu também não sei. Quem é o sr. Bush, quem é a dona Rice, o que é e para que serve afinal a ONU? Porque é que o mundo tem de andar ao sabor destes e de outros senhores? Blair, Putin, Palestina, Irão e Iraque, Israel, mas porque é que eles são mais importantes que um pai correndo em choque com a filha de três anos morta nos braços como se ainda pudesse fazer alguma coisa por ela? Porque é que nos continuamos a esquecer de que aquela gente vive assim há décadas? Porque é que só nos lembramos deles quando nos empurram as imagens da sua desgraça pela goela abaixo, e mesmo aí optamos por mudar para o programa da Martha Stewart que certamente nem sabe onde fica o Líbano no mapa. Porquê é que ficamos chocados sempre que algo do género acontece em Londres, Madrid ou Nova Iorque, mas rapidamente nos esquecemos de que naquela parte do globo acontece todos os dias?

A verdade é que até eu me esqueço deles...
A verdade é que sempre que me vejo confrontado com estas imagens me faço a eterna pergunta mas que raio de mundo é este onde vivo?

Mas tudo isto é secundário.
O que interessa realmente compreender, é que
isto continua a acontecer, e vai continuar a acontecer.
Agora mesmo, enquanto estão a ler este texto.
Como já sei que não vão espreitar o diário de uma Iraquiana mesmo que eu lhes peça muito, publico as palavras dela. Leiam-nas, por favor.

E já volto, para falar do que se passa no Líbano.


Sunday, July 30, 2006

Qana Massacre...

Although the sun is blinding this time of year in our part of the world, the Middle East is seeing some of its darkest days…
I woke up this morning to scenes of carnage and destruction on the television and for the briefest of moments, I thought it was footage of Iraq. It took me a few seconds to realize it was actually Qana in Lebanon. The latest village to see Israeli air strikes. The images were beyond gruesome- body parts and corpses being hauled out from under tons of debris. Wailing relatives and friends, searching for loved ones…
So far, according to humanitarian organizations, 34 were children. They killed them while they were sleeping inside their bomb shelters- much like the Amriya Shelter massacre in 1991.
We saw the corpses of the children on television, lifeless and twisted grotesquely, what remained of their faces frozen in expressions of pain and shock. I just sat there and cried in front of the television. I didn’t know I could still feel that sort of sorrow towards what has become a daily reality for Iraqis. It’s not Iraq but it might as well be: It’s civilians under lethal attack; it’s a country fighting occupation.
I’m so frustrated I can’t think straight. I’m full of rage against Israel, the US, Britain, Iran and most of Europe. The world is going to go to hell for standing by and allowing the massacre of innocents. For God’s sake, 34 children??? The UN is beyond useless. They’ve gone from a union of nations working for the good of the world (if they ever were even that), to a bunch of gravediggers. They’re only good for digging mangled bodies out of the ruins of buildings and helping to identify and put them into mass graves. They won’t stop a massacre- they won’t even speak out against it- they’ll just come by and help clean up the mess. Are the lives of Arabs worth so little? If this had happened in the US or UK or France or China, somebody would already have dropped a nuclear bomb…
How is this happening?
Where is the Security Council???
Why haven’t they stopped Israel? Ehud Olmert recently told Condi that he needs 10 to 14 more days of bloodshed- and nothing is being done about it! Where are the useless Arab leaders? Can’t the pro-American, spineless emirs crawl out of their gold palaces long enough to condemn this taking of lives? Our presidents/leaders are only as influential as their oil barrels are deep.
And the world wonders how ‘terrorists’ are created! A 15-year-old Lebanese girl lost five of her siblings and her parents and home in the Qana bombing… Ehud Olmert might as well kill her now because if he thinks she’s going to grow up with anything but hate in her heart towards him and everything he represents, then he’s delusional.
Is this whole debacle the fine line between terrorism and protecting ones nation? If it’s a militia, insurgent or military resistance- then it’s terrorism (unless of course the militia, insurgent(s) and/or resistance are being funded exclusively by the CIA). If it’s the Israeli, American or British army, then it’s a pre-emptive strike, or a ‘war on terror’. No matter the loss of hundreds of innocent lives. No matter the children who died last night- they’re only Arabs, after all, right?
Right?

A História Do Manequim Que Se Apaixonara Por Um Vestido Preto


Silva Pereira era um manequim que por um Vestido Preto se apaixonara.
Viviam ambos na montra de uma boutique, fina, de roupa chique e muito cara.
O vestido era alto, esbelto e estremamente elegante,
e Silva Pereira suspirava por ele, assim que o tiravam da estante.

Ansiava pelo dia em que lhe coubesse a responsabilidade de o usar.
O dia em que o exibiria ás mulheres que por ali costumavam passar.
Ansiava por essa hora com a mesma força com que odiava o manequim ao seu lado,
um boneco preto e atarracado, com mau hálito e muito mal «enjorcado».

Como era possivel, questionava-se Silva Pereira, que o seu Vestido por aquele mono fosse usado?
Ele sim, era um nobre e distinto manequim branco, esguio, culto e muito bem formado...
Odiava-o, por isso, de morte, e pedia todos os dias aos céus que acabassem com a vida do mono,
não importava o método, um relâmpago, cianeto ou uma picadela da mosca do sono.

O que queria era o seu amado Vestido Preto à volta do seu tronco desmembrado,
para sentir como nunca até então, a sua suavidade, a sua leveza, o seu toque acetinado.
Amava tudo naquela negra peça de alta costura: o decote estonteante, a cintura pequenina.
Os botões de veludo, as preguinhas marotas como rugas de um sorriso, a etiqueta Made In China.

Um certo dia, o terror instalou-se na boutique fina, de roupa chique e muito cara.
O Manequim Preto aparecera tombado, ferido de morte por um calhau que o desfigurara.
Algum vândalo, louco, bêbado ou drogado, ouvira as preces de Silva Pereira, com certeza,
e havia partido a montra com um arremesso certeiro de uma pedra de calçada portuguesa.

Felizmente, nessa noite, o Vestido Preto tinha ficado a repousar de horas de exposição,
pois, certamente, semelhante destino teria sofrido, juntamente com o manequim preto e anão.
Silva Pereira suspirou de alivio e como que sorriu de indisfarçado contentamento,
já que estava a poucos minutos de concretizar o seu sonho, de viver o tão aguardado momento.

Só que...
esse momento nunca chegou, já que nessa mesma manhã o seu amor havia sido vendido
a uma senhora gorda e sebosa, com pés toscos e transpirada, que nunca ficaria bem no seu Vestido.
Silva Pereira, desesperado, pensou várias vezes em saltar pelo buraco na montra rasgado,
correr atrás do seu Vestido Preto e gritar amo-te mais que tudo e quero ser teu namorado...

Mas o destino do manequim branco, por ter amaldiçoado o seu colega preto, estava traçado.
Passaria o resto da sua vida, observando através do vidro o seu Vestido, impotente e aprisionado.
Pois a gorda nojenta passava os dias a olhar para o pobre manequim envergando a sua negra amada,
e Silva Pereira passaria o resto dos seus dias implorando a misericorida de outra pedra de calçada.

Karmabox - Música Do Dia



E uma das mais irresistiveis do ano.
Mesmo quando o meu coração não quer - como hoje, embora possa ser do tempo que se faz sentir - o corpo salta e mexe ao som dos The Coup. Porque é mesmo inevitável.
Puro groove...

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