O massacre de Qana
Já andava há muitos dias calado.
Não podia falar de uma vergonha destas sem antes procurar saber o que realmente se tinha passado.
O que aconteceu foi que forças israelitas bombardearam um prédio de habitação em Qana, no Líbano, matando cerca de sessenta pessoas, incluindo mais de trinta crianças. E este é o facto a reter, tudo o que se segue é secundário.
Israel lamenta imenso a morte de inocentes , numa primeira análise, mas em seguida surgem imagens de elementos do Hezbollah, posicionados atrás desse mesmo prédio, disparando rockets contra edifícios israelitas. Não será difícil acreditar que isso possa realmente ter acontecido. Não seria a primeira vez que terroristas utilizariam civis como escudos humanos à força. No entanto, nessas mesmas imagens, podemos ver que, através da sua incrivel tecnologia militar, Israel tinha esses mesmos terroristas e os seus lança-rockets bem identificados e isolados. Ou seja, como é que um missil tele-guiado com uma precisão milimétrica poderia atingir um prédio de habitação «sem querer»?
Mas tudo isto é secundário. O importante é que continuam a morrer inocentes de um lado e de outro. A verdade é que cada vergonhoso «acidente» como este, faz nascer ódio nos corações dos que sobrevivem aos parentes e amigos assassinados.
A verdade é que não deve haver sofrimento maior do que andar à procura, por entre o entulho e os destroços, dos desaparecidos. Não deve haver dor maior do que encontrar um pé ou uma mão tão familiar. Não pode haver, mesmo num mundo tão insano como este, horror maior do que andar sem sentido com um filho morto nos braços. Um filho que certamente nem sabe o que se passa ali, na sua terra. Que não conhece o sr. Bush, não sabe quem é aquela senhora qualquer-coisa-Rice, ou o que é a ONU, ou sequer para que serve. E a verdade é que eu também não sei. Quem é o sr. Bush, quem é a dona Rice, o que é e para que serve afinal a ONU? Porque é que o mundo tem de andar ao sabor destes e de outros senhores? Blair, Putin, Palestina, Irão e Iraque, Israel, mas porque é que eles são mais importantes que um pai correndo em choque com a filha de três anos morta nos braços como se ainda pudesse fazer alguma coisa por ela? Porque é que nos continuamos a esquecer de que aquela gente vive assim há décadas? Porque é que só nos lembramos deles quando nos empurram as imagens da sua desgraça pela goela abaixo, e mesmo aí optamos por mudar para o programa da Martha Stewart que certamente nem sabe onde fica o Líbano no mapa. Porquê é que ficamos chocados sempre que algo do género acontece em Londres, Madrid ou Nova Iorque, mas rapidamente nos esquecemos de que naquela parte do globo acontece todos os dias?
A verdade é que até eu me esqueço deles...
A verdade é que sempre que me vejo confrontado com estas imagens me faço a eterna pergunta mas que raio de mundo é este onde vivo?
Mas tudo isto é secundário.
O que interessa realmente compreender, é que isto continua a acontecer, e vai continuar a acontecer.
Agora mesmo, enquanto estão a ler este texto.
Não podia falar de uma vergonha destas sem antes procurar saber o que realmente se tinha passado.
O que aconteceu foi que forças israelitas bombardearam um prédio de habitação em Qana, no Líbano, matando cerca de sessenta pessoas, incluindo mais de trinta crianças. E este é o facto a reter, tudo o que se segue é secundário.
Israel lamenta imenso a morte de inocentes , numa primeira análise, mas em seguida surgem imagens de elementos do Hezbollah, posicionados atrás desse mesmo prédio, disparando rockets contra edifícios israelitas. Não será difícil acreditar que isso possa realmente ter acontecido. Não seria a primeira vez que terroristas utilizariam civis como escudos humanos à força. No entanto, nessas mesmas imagens, podemos ver que, através da sua incrivel tecnologia militar, Israel tinha esses mesmos terroristas e os seus lança-rockets bem identificados e isolados. Ou seja, como é que um missil tele-guiado com uma precisão milimétrica poderia atingir um prédio de habitação «sem querer»?
Mas tudo isto é secundário. O importante é que continuam a morrer inocentes de um lado e de outro. A verdade é que cada vergonhoso «acidente» como este, faz nascer ódio nos corações dos que sobrevivem aos parentes e amigos assassinados.
A verdade é que não deve haver sofrimento maior do que andar à procura, por entre o entulho e os destroços, dos desaparecidos. Não deve haver dor maior do que encontrar um pé ou uma mão tão familiar. Não pode haver, mesmo num mundo tão insano como este, horror maior do que andar sem sentido com um filho morto nos braços. Um filho que certamente nem sabe o que se passa ali, na sua terra. Que não conhece o sr. Bush, não sabe quem é aquela senhora qualquer-coisa-Rice, ou o que é a ONU, ou sequer para que serve. E a verdade é que eu também não sei. Quem é o sr. Bush, quem é a dona Rice, o que é e para que serve afinal a ONU? Porque é que o mundo tem de andar ao sabor destes e de outros senhores? Blair, Putin, Palestina, Irão e Iraque, Israel, mas porque é que eles são mais importantes que um pai correndo em choque com a filha de três anos morta nos braços como se ainda pudesse fazer alguma coisa por ela? Porque é que nos continuamos a esquecer de que aquela gente vive assim há décadas? Porque é que só nos lembramos deles quando nos empurram as imagens da sua desgraça pela goela abaixo, e mesmo aí optamos por mudar para o programa da Martha Stewart que certamente nem sabe onde fica o Líbano no mapa. Porquê é que ficamos chocados sempre que algo do género acontece em Londres, Madrid ou Nova Iorque, mas rapidamente nos esquecemos de que naquela parte do globo acontece todos os dias?
A verdade é que até eu me esqueço deles...
A verdade é que sempre que me vejo confrontado com estas imagens me faço a eterna pergunta mas que raio de mundo é este onde vivo?
Mas tudo isto é secundário.
O que interessa realmente compreender, é que isto continua a acontecer, e vai continuar a acontecer.
Agora mesmo, enquanto estão a ler este texto.
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