kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, abril 27, 2006

O Último Romântico

Faltava abandonar a velha escola
Tomar o mundo feito coca-cola
Fazer da minha vida sempre o meu passeio público
E ao mesmo tempo fazer dela o meu caminho só, único
Talvez eu seja o último romântico
Dos litorais desse Oceano Atlântico
Só falta reunir a zona norte à zona sul
Iluminar a vida já que a morte cai do azul
Só falta te querer
Te ganhar e te perder
Falta eu acordar
Ser gente grande pra poder chorar
Me dá um beijo, então
Aperta minha mão
Tolice é viver a vida assim sem aventura
Deixa ser
Pelo coração
Se é loucura então melhor não ter razão
Só falta te querer... até ...pra poder chorar

Lulu Santos

quarta-feira, abril 26, 2006

A Bárbara lembrou-me de que não tinha dedicado nenhum post ao 25 de Abril...
Irrita-me, o dia 25 de Abril. Irrita-me porque me parece tanto com um dia em Dezembro, também ele 25. Porque só nos lembramos do dia 25 de Abril, no dia 25 de Abril. O resto do ano parecemos esquecidos desse dia, do que ele significou na história de Portugal e, mais importante do que isso, o que conquistámos com a revolução de Abril.
É mutio fácil evocar a liberdade conquistada pelo povo e pelos militares naquele dia, há 32 anos. Difícil é apontar o dedo a nós próprios e dizer que passamos a vida esquecidos de que todos têm direitos, e de que passamos os dias esquecidos de que essa liberdade tão propalada deve ser exercida sem vergonhas, sem receios.
Mas depois, no dia 25 de Abril, o tal, vamos alegremente para as praças ouvir sempre as mesmas musiquinhas do Zeca, sem que elas de facto já tenham algum significado para nós. Usamos orgulhosamente o cravo ao peito - sem sequer sabermos como ele surgiu nesta história toda - e fingimos ser todos muito preocupados com estas coisas da liberdade.
Liberdade?
Mas alguém sabe o que a palavra significa sequer? Alguém sabe realmente o que ela acarreta?
Sabem de que liberdades estamos a falar quando dizemos "liberdade"?
Perdoem-me, mas não, não sabem!
Diz-se "liberdade" de uma forma leviana, como se ao dizer a palavra impressionassemos alguém. Como se dizer a palavra de repente nos tornasse mais e melhor do que os outros.
E depois?
Bem, depois tudo se resume a uma cambada de merdosos que ocupam lugares na assembleia da república, eleitos por nós democraticamente - uma das liberdades conquistadas há 32 anos -, que se dedicam a picar o ponto e a irem embora de fim de semana prolongado, "porque até já se tomam uns bons banhos na Quarteira, traz os putos, o cão e a tua mãe e vamos, que isto na assembleia vai estar uma seca e vai", e que passam a sessão do dia 25 de Abril, o tal, a discutir a importância e o significado do nosso presidente da república não usar o cravo ao peito num dia tão importante quanto este...
Alguém se lembrou que o homem pode ser alérgico?

Falando de memórias e de dias importantes, parece-me mais relevante falar no dia 26 de Abril, um dia que a muitos nada dirá, assim de repente, mas que me parece ter sido bem significativo para a humanidade do que o nosso 25 de Abril.
É que há 20 anos, enquanto na pequena cidade de Prypiat as crianças bincavam na rua, a pouco mais de três quilómetros os bombeiros começavam a tombar mortos com uma rapidez impressionante. Bombeiros que tinham saído do seu quartel em mangas de camisa, alguns, mais precavidos, usavam máscaras de gás. Apesar de terem a certeza do que lhes ia acontecer, apesar de saberem que corriam para uma morte mais do que certa, foram na mesma por saberem que as crianças que brincavam nas ruas de Prypiat eram suas. Suas filhas, suas sobrinhas, suas netas.
O local, Chernobyl, ficou na história da humanidade como mais do que um pequeno e insignificante ponto no mapa do mundo. Para sempre ficará conhecido como o local onde se deu o mais grave acidente nuclear de sempre. Nunca como naquele dia, naquela semana, o mundo esteve tão perto de desaparecer. A radioactividade libertada pela explosão do famoso reactor número 4 foi 400 vezes superior à bomba atómica de Hiroshima. 400 vezes superior à bomba atómica de Hiroshima. Em poucos dias a núvem radioactiva atingiu a Alemanha, e passado uma semana vestigios da radioactividade de Chernobyl chegavam aos Estados Unidos da América. Nunca, como naquelas semanas, o mundo tinha estado numa tal situação. Nunca como então tinhamos tido tanto medo de ir desta para melhor.
Só ao fim de vinte e seis horas é que o governo - na altura ainda soviético - tomou as primeiras medidas de segurança e que foram evacuar Prypiat argumentando que eram aquelas apenas medidas de segurança e que todos estariam de regresso às suas casa em três dias, não mais. Nunca regressaram. Alguns nem sequer sobreviveram para saber que nunca voltariam.
E as crianças?
Continuaram a brincar durante essas vinte e seis horas nas ruas de Prypiat.
Vi há pouco na televisão os seus brinquedos abandonados à porta das suas casas.
Ainda hoje não sabemos ao certo quantas pessoas morreram em consequência desta acidente.
O governo insiste nas centenas.
Nós sabemos que não era possivel não serem milhares, directa ou indirectamente provocados por uma tão grande descarga radioactiva.
E esquecemo-nos disto...
De tudo isto.
E não me venham dizer que isso foi longe, que não nos afectou.
Não sejam ingénuos. Afecta toda gente.
E toda a gente se esquece...

terça-feira, abril 25, 2006



É um dos discos do ano, é sim senhor!!!
Os Sofa Surfers deram uma volta radical na sua carreira e enveredaram por um som nada electrónico e mais musculado, quease Rock.
Contrataram um vocalista - excelente por sinal - e arranjaram alguém no meio daqueles cinco que até escreve umas palavras bem interessantes para serem cantadas.
Ora vejam (e ouçam)

Believer

Monopolise me
Magnetise me
Take me for the fool for you that I am

Idolise me
Philosophise me
Change me from the innocent to the wisest of men

Make me a believer..
Make me a believer

Disorganise me
De-civilise me
Introduce me to the truth of what it really means

Desensitise me
Look in the eyes me
Speak to me in tongues that only you and I understand

Make me a believer..
Make me a believer

Take by surprise me
Word to the wise me
Take me deep into the core until I’m at the seams

Theorise me
Then realise me
Take me from reality into a thing of dreams

Make me a believer..
Make me a believer

Idolise me
Philosophise me
Change me from the innocent to the wisest of men

Desensitise me
Look in the eyes me
Speak to me in tongues only that you and I understand

Make me a believer..
Make me a believer

My eyes are open and my senses are bright
Rain down your light
And wake me from this night..

O meu braço esquerdo



"Mau gosto", dirão alguns.
"Auto comiseração", acusarão outros.
Nada disso, digo eu.
Há precisamente dois anos o meu braço esquero passou a ser assim.
Já aqui abordei esse dia. Dia 25 de Abril de 2004. Um belo dia de sol passado entre amigos em Castro Laboreiro e que acabou mais cedo do que o previsto por causa de um acidente estúpido e aparentemente insignificante e que, no entanto, significou tanto.
A partir desse dia o meu braço esquerdo nunca foi o mesmo. E nunca mais será.
A princípio assustei-me com repercussão que esse acidente teria no meu braço e, pensava eu, no resto da minha vida.

Hoje, passados que são estes dois anos, e apesar das limitações que esse acontecimento me provocou, tento viver a tal minha vida sem me lembrar de que já não sou exactamente o mesmo. Mas o meu braço esquerdo não me deixa. Procura todos os dias chamar a minha atenção para ele. É natural. o meu braço esquerdo é, mais do que nunca, o meu braço mais fraquinho.
O meu polegar treme incessantemente; o meu dedo mindinho é um dedo dormente, sempre; não tenho a força que tinha, no meu braço esquerdo; dói-me todos os dias e por tudo isto, necessita realmente de todo o meu carinho.
É o meu braço esquerdo.
Sem auto comiseração, sem me querer fazer passar por coitadinho, sem qualquer tipo de mau gosto, o meu braço esquerdo é o meu braço mais querido. Dedico-me mais a ele; preocupo-me mais com ele e dou-lhe mais atenção do que alguma vez na minha vida. A tal, que eu pensava nunca mais vir a ser a mesma.
É fraquinho, o meu braço esquerdo, tenho de o proteger.
E gosto muito dele.

segunda-feira, abril 24, 2006

Lembram-se, aqui há uns tempos, de eu vos ter falado no que para mim era um dos melhores anúncios de sempre? O da Honda em que vemos um coro muito especial simular os sons que um automóvem produz?
Então cliquem aqui.

domingo, abril 23, 2006

Para compensar um esquecimento imperdoavel...




Se tu viesses ver-me...
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

sexta-feira, abril 21, 2006

"Voltavas a pegar nas minhas mãos com as tuas, tão fortes..."

terça-feira, abril 18, 2006

Life Here Is Gold



I travelled too far
to reach for the golden shrine, the evening star
but no matter where you are

you long for mama's food and daddy's car
home is how the word is spelt

and belonging is the feeling felt
no matter where you go you'll always be a part

a thousand miles and I'm home
take me back rolling

I have friends to see
maybe I'm old
life here is gold
take me back safe I have friends to see

maybe I'm old
life here is gold

Thomas Dybdahl

Era uma fotografia de uma mulher.
Um joelho, dois ombros, o colo , a garganta e o queixo.
Nada mais.
O corpo numa posição fechada, como papel amarrotado - nunca se percebe o que tem escrito.
Mas era um corpo bonito, isso percebia-se bem.
Digamos que o pouco que nos era permitido admirar deixava antever um todo de rara beleza.
Era luminosa.
Incrivelmente luminosa...
Acho que nunca tinha visto luz assim.
Se pudessem as minhas mãos pegar em ti agora, ia-te buscar para junto de mim novamente.
Pegava em ti ao colo, como daquela vez em que a mãe teve de fazer a cama de lavado, e nunca mais te largava.
Fugia contigo assim para um sítio onde ninguém nos descobrisse. Onde ninguém nos pudesse importunar, reclamando o teu regresso.
Voltavas a pegar nas minhas mãos com as tuas, tão fortes, e a olhar-me com os olhos cheios de lágrimas e de orgulho.
Dava-te muitos beijinhos e brincava com os teus caracóis cinzentos.
Mas as minhas mãos não podem, e continuo à espera de me conseguir lembrar dos meus sonhos na esperança de que possas viver num deles.
O fim de semana chato que tive ajudou-me a perceber algumas coisas mais...

Ajudou-me a recordar que os Fat Freddy's Drop têm um disco de neo-soul absolutamente obrigatório intitulado Based On a True Story, que os Skalpel têm um de neo-jazz electrónico intitulado... Skalpel, verdadeiramente hipnotizante e que os, ou o, Matt Pond Pa também nos servem maravilhas no seu disco Emblems.



Este fim de semana serviu também para me olhar ao espelho com mais atenção do que é costume e dar-me conta de que perdi algum (pouco) peso, e de que em consequência disso sobraram algumas molezas que terão que enrijecer. Vou já começar a tratar disso.

A calmaria entediante deste fim de semana obrigou-me a comer um gelado...

Não queria nada, mas lá teve de ser.

Cookie, chamava-se. E não é que tinha mesmo pedacitos de bolacha lá pelo meio? Era bom. Mas as molezas...

Apercebo-me neste exacto momento de que estou a ouvir uma música do Teddy Thompson - de cujo àlbum falei aqui há algumas semanas - e que já a ouvi, desde quinta feira passada para aí umas quinhentas e sessenta vezes... e vou ouví-la outra vez. No Way To Be...

Fui forçado a aperceber-me do desconforto que sinto no meu pescoço. Stress ou cansaço, algum deles me está a tirar do sério.

Agora mesmo, estou a ser recordado pelo meu fiél amigo de que ele possui uma lista de músicas brilhantes e que já não ouvia há muito tempo. Chama-se Alfazema.

E agora tenho o Nick Drake a dizer-me que vai ter com o homem do rio, para falarem das coisas bonitas da vida.

Faz-me lembrar do meu Huck. Tenho de lhe escrever, de ir ter com ele.

segunda-feira, abril 17, 2006



Para além disso não sei como, mas o Nick Drake já deve ter tido um fim de semana como o meu ou então não tinha escrito isto:

Saturday sun came early one morning

In a sky so clear and blue

Saturday sun came without warning

So no-one knew what to do.

Saturday sun brought people and faces

That didn't seem much in their day

But when I remember those people and places

They were really too good in their way.

Saturday sun won't come and see me today.

Think about stories with reason and rhyme

Circling through your brain.

And think about people in their season and time

Returning again and again

And again

And again

And Saturday's sun has turned to Sunday's rain.

So Sunday sat in the Saturday sun

And wept for a day gone by.

Que fim de semana tão morno...

Tanto tempo sem fazer nada verdadeiramente de peso.

Sexta começou de forma interessante. Da certeza de uma simples boleia até Campanhã à viagem directa até à Régua. O que seria da vida sem estas decisões de última hora? O convite para ficar era tentador, quase um pequeno sonho, um sonhinho, portanto. Mas recusei, o mais gentilmente que consegui. Preferia estar comigo, e a idéia de fazer a viagem apenas com a companhia da música e das paisagens - das mais belas de Portugal - falou mais alto.

Foi uma boa viagem.

Já sei ao que é que se refere Caetano quando diz minha bússola, minha desorientação. Mas soube também que eu vou botar a mão no teu quadril era um desejo que tinha ficado para trás.

Cantei, assobiei e fiz do tablier do carro a minha bateria de samba, pop e rock.

Da noite de Sexta nada de relevante a dizer, pelo que passo directamente a Sábado.

Cinema. Pouco mais...

A companhia de uma amiga querida, sempre tão agradável.

A noite foi confusa, quase artificial. Não gostei. Nem a substância alteradora do estado de consciência era de boa qualidade...

Domingo. Cinema, novamente. Com a minha mãe, conforme aqui prometido.

À tarde, a modorra de um dia chuvoso. Alguém cantava maybe the mountains now what to call you now e eu lembrei-me de que, ao contrário das tais montanhas, eu não sei...

A minha mãe lembrou-nos da melhor maneira como são bons os seus crepes com cogumelos, acompanhados com rúcula.

E eu lembrei-me de como gosto de estar com os meus irmão, dois gémeos de dezassete anos com mais dez centimetros do que eu. Ainda não percebi se sou eu que regresso aos seus dezassete ou se são eles que avançam para os meus trinta e três, mas é óbvio que nos sentimos terrivelmente bem e em sintonia uns com os outros.

E novamente alguém me canta be kind to me or treat me mean. I'll make the most of it, I'm an extraordinary machine mas não me sinto assim.

Voltamos para casa, eu e eles, depois de um café e respectivo passeio domingueiro à beira mar. A conversa era disparatada, como sempre. Naquela noite a única maneira de chorar a rir. Fazem-me sempre rir.

Perguntaram quem nas colunas do rádio cantava life here is gold. Thomas Dybdahl, disse-lhes. É fixe. É. De facto. E a vida, é dourada?, perguntei? É, claro! responderam os dezassete anos. Sorri, por me lembrar de que aos dezassete a minha vida também era dourada.

Dormir. Seis horas, um luxo.

Acordar às seis e meia, fresco como um pêro. Ficar a olhar pela janela. Os primeiros raios de sol são sempre os mais belos, não são?

Abençoada Segunda feira. Pensei que nunca mais chegavas.

sábado, abril 15, 2006

The Inside Man




Ou Spike Lee a arriscar por terrenos não muito comuns na sua cinematografia.
Neste caso o thriller e o heist movie. Heist movie mas ao contrário.
Confuso?
Passo a explicar.
O heist movie é um sub-género da sétima arte onde nos é dada a oportunidade de seguir ao pormenor todos os passos do planeamento de um assalto, geralmente o assalto perfeito, habilmente desenhado, sem falhas e sempre, mas sempre, com um back up plan fantástico. Habitualmente o climax desses filmes é precisamente a execução fiél desse assalto mas não sem antes sermos baralhados por diversos falsos finais, abrilhantados regra geral por uma conclusão a todos os níveis genial e inesperada.

Ora, o que Lee faz é precisamente pegar neste sub-género, misturar todos os ingredientes e servir-nos a refeição começando pela sobremesa. E que sobremesa! O primeiro quarto de hora de filme é genial. Não nos mostra absolutamente nada de nada, não nos diz nada de nada, a não ser que aquele é de facto o assalto perfeito. Aliás, as primeiras palavras vêm precisamente da boca de Dalton Russell, o cérebro que planeia e gere esta operação e que falando directamente para o espectador diz My name is Dalton Russell. Pay strict attention to what I say because I choose my words carefully and I never repeat myself.
Extremamente bem filmados, estes quinze minutos iniciais lançam-nos literalmente na confusão que é um assalto a um banco daquelas proporções. Cada movimento de câmara transmite-nos o exacto stress, a exacta ansiedade, a exacta intensidade que uma situação daquelas acarreta.

Spike Lee inicia o filme (literalmente) com uma bomba de fumo e só aos poucos - com todo o tempo do mundo - vai dissipando esse fumo para começarmos a ver - mas sem nunca vermos verdadeiramente - o que se esconde por detrás daquele elaboradíssimo plano.
A banda sonora, mais uma vez da responsabilidade de Terrence Blanchard, ajuda a criar os diversos ambiente que pontuam o filme, e, clichés à parte, funciona quase como uma personagem invisivel.

Para além disso temos Denzel Washington, desta vez conseguindo fugir a mais uma personagem à la Denzel, cínica e insuportável, e construindo um detective longe de ser perfeito e muito próximo de todos nós; Jodie Foster, sempre bem, mas agora sem esforço algum; Chistopher Plummer, sempre um prazer; e Clive Owen, a gritar por todos os poros eu devia ser o novo James Bond e ponto final!, um portento de classe, de saber estar, falar e andar sem recorrer ao facilitismo do overacting. Numa palavra só, COOL.

A ver e rever.
Aliás, amanhã vou pagar uma dívida antiga à minha querida mãe e vou vê-lo outra vez, desta vez com ela.

sexta-feira, abril 14, 2006



O meu braço à volta da
tua cintura
deu início à
aventura.
Como dois feitos
um só
Voamos pela sala,
levantando pó.

Quase um beijo...

A tua mão enrolada
na minha,
a outra nas tuas costas,
sozinha.
Apertei-te, firme,
contra mim
sussurraste-me ao ouvido
"nunca tinha sido assim".

Quase um desmaio...

Os teus seios em busca
do meu peito,
mera caixa para um
coração desfeito.
Desfeito por força que
cria fraqueza
que invade os sentidos
com a tua beleza.

Quase um lamento...

Um choro sentido, uma lágrima,
abafados.
Uma febre, um desejo,
naquele velho chão dançados.
Escondi o teu pequeno corpo
em mim
sussurrei-te ao ouvido
"nunca mais será assim"


(dedicado a alguém com quem nunca dancei)

quinta-feira, abril 13, 2006



Sempre ouvi dizer ser o circo o maior espectáculo do mundo.
Nunca soube se concordava ou não até conhecer o
Cirque Du Soleil.
Agora sei que sim, o circo como o Cirque Du Soleil o interpreta, é de facto o maior espectáculo à face da Terra.
Faz-me chorar, faz-me rir, faz-me exclamar incontrolados "ohs" de espanto, faz-me arrepiar e faz-me sonhar. Como se tivesse novamente oito anos.
Não vou tentar sequer falar mais desta verdadeira máquina de fazer sonhos.
Cliquem no link e deixem-se viajar.

Quero, isso sim, falar de uma curta metragem que vi ontem, realizada e interpretada pelo Cirque, e que quase me dixava sem palavras. Intitula-se A Journey Of Man, e nela, os diversos artistas intervenientes dedicam-se, em pouco mais de meia hora, a dar-nos a sua visão muito particular do caminho que o homem percorreu, desde que o primeiro organismo unicelular surgiu até aos dias de hoje. Como, nesse caminho, o homem se foi esquecendo da fantasia, da magia, dos instintos - curiosa opção do realizador, aqui - para se tornar arrogante, frio e indiferente.
Mas também como ainda é possivel reavermos tudo isso, afinal o que mais nos faz felizes, bastando para tal deixar-nos levar pela capacidade infinita que temos de sonhar.
Eu, por mim, quando for grande quero fazer parte do Cirque Du Soleil.



Curioso, nunca dediquei aqui uma linha que fosse a um dos meus músicos de eleição, Rufus Wainright.
Gosto do senhor. Gosto da voz dele, do que escreve, gosto especialmente dos arranjos das suas canções.
Acima de tudo gosto de uma coisa que ele criou sem saber. Uma energia que une um grupo de pessoas. Energia que se manifesta, por exemplo, quando essas pessoas ouvem uma música dele e têm, espontaneamente a mesma reacção, seja começar a trauteá-la ou simplesmente exclamar "és um príncipe!".
Pessoalmente, o seu àlbum de que mais gosto é o terceiro, Want.
E desse àlbum destaco precisamente o tema título, com a letrinha costumeira.

I don't want to make it rain
I just want to make it simple
I don't want to see the light
I just want to see the flashlight
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lennon or Leonard Cohen
I just want to be my Dad
With a slight sprinkling of my mother
And work at the family store
And take orders from the counter
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lithgow or Jane Curtain
But I'll settle for love
Yeah, I'll settle for love
Before I reached the gate
I realized I had packed my passport
Before security realized I had one more bag left
I just want to know
If something's coming for to get me
Tell me, will you make me sad or happy
And will you settle for love
Will you settle for love

Os Passistas

Vem,
Eu vou pousar a mão no teu quadril
Multiplicar-te os pés por muitos mil
Fita o céu,
Roda:
A dorDefine nossa vida toda
Mas estes passos lançam moda
E dirão ao mundo por onde ir.
Ás vezes tu te voltas para mim
Na dança, sem te dares conta enfim
Que também
Amas
Mas, ah!
Somos apenas dois mulatos
Fazendo poses nos retratos
Que a luz imprimiu de nós.
Se desbotássemos, outros revelar-nos-íamos no Carnaval.
Roubemo-nos ao deus Tempo e nos demos de graça
à beleza total, vem.
Nós,
Cartão Postal com touros em Madrid,
O Corcovado e o Redentor daqui,
Salvador,
Roma
Amor,
Onde quer que estejamos juntos
Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
E desvãos do ser.

Caetano Veloso (quem mais?)
Apetece-me recuperar um post antigo.
Foi escrito em 23 de Outubro, chama-se "O Colo".

Dei por mim a pensar que o colo, como nós o conhecemos desde que os nosso pais nos embalavam para dormir, é algo de muito forte e poderoso. Confesso que não consigo explicar a avalanche de emoções que sentimos quando estamos ao colo de alguém. O colo dos nossos pais, no início da nossa vida, que nos fornece as defesas contra todos os males do mundo e nos deixa quentes e confortáveis. O colo de alguém que amamos, uma namorada ou um amigo, e que nos permite acreditar que o sentimento que nos une será realmente para sempre - mesmo que assim não o seja.

Contudo, cheguei à conclusão, não muito difícil, de que existe algo ainda mais reconfortante e revigorante do que o colo. Dar colo a alguém de quem gostamos. Sentir que estamos a proteger alguém que amamos, um namorado, uma amiga, mesmo que essa protecção não nos tenha sido pedida. Dar colo aos nossos pais, quando eles já não têm todos aqueles poderes que, aos nossos olhos pequeninos, os faziam parecer heróis da banda desenhada, capazes de resolver quaisquer problemas, combater qualquer vilão escondido no escuro do nosso quarto. Que fantástica é a sensação de sentir um corpo no nosso colo. Que beleza emana de dois corpos unidos em aparente perfeição.

Numa altura em que tanto se fala da «nova» revolução sexual; em que homens e mulheres procuram sexo e prazer fisico da mesma forma e com a mesma intensidade e objectividade, apercebo-me de repente que posso perfeitamente passar o resto da minha vida sem sexo. Não posso, no entanto, imaginar a minha vida sem carinho. Sem conforto. Sem segurança.
Sem colo.

Esta parte de poder passar o resto da vida sem sexo era na galhofeira, ok?

terça-feira, abril 11, 2006


Daqui a uns meses, se tudo tiver corrido bem, vamos poder dizer que tudo teve início no café Aviz.
Vamos poder olhar para trás e dizer lembro-me que comeste filetes de polvo à Inglesa.
E tu entornaste cerveja por cima da Teresa.
E a Sara, a comer chocolates como se não houvesse amanhã?
Vamos gozar com o Gonçalo por ter chegado duas (!) horas atrasado.

Vamos recordar com carinho a forma ingénua como tudo começou. Como tudo tomou forma nas nossas cabecinhas sonhadoras e como não conseguíamos conter aqueles sorrisos idiotas de quem subitamente se apercebe que tem em mãos algo de potencialmente grande e importante.

Daqui a uns meses, se tudo correr como tem de correr, vamos olhar para a noite de ontem e orgulharmo-nos do que nasceu de uma simples conversa entre amigos, à mesa do café com os empregados mais antipáticos do Porto.

Se tudo correr bem...

segunda-feira, abril 10, 2006

Ontem perguntaram-me "mas agora tem tudo a ver com o TUP?"

Deixaram-me a pensar...
E a verdade é que tem.
Não tenho dúvidas que estar neste curso, com esta gente, desta forma, foi das melhores coisas que me aconteceram.

Foi, e será ainda, das experiências mais gratificantes por que terei a oportunidade de passar.

Isto para vos dizer que a partir de hoje existe mais um blog na lista de links aqui ao lado.
Este é muito importante para muita gente. Porque vai ser feito por muita gente. Porque vão ser as próximas sete semanas da vida de muita gente.
O blog chama-se Nós e Eles. É também o nome da peça que nós, alunos do TUP vamos levar ao palco do Teatro do Campo Alegre de 20 a 30 de Maio.

A idéia é simplesmente fazer deste blog o diário dos nossos ensaios, assim como da peça.
Deixar nele o que nos vai na alma. E acreditem, acho que posso falar por todos e dizer que muito nos vai na alma.
E estou certo que à medida que vamos progressivamente fortalecendo os nossos laços; à medida que os nervos vão começando a apertar; à medida que a ansiedade pré-estreia nos esmagar; estou certo, dizia, que tudo isso, associado à euforia dos primeiros dias de espectáculo e à saudade final de todo este trajecto vai resultar em estados de espirito muito intensos.
Espero ver essas almas nas páginas deste diário. Espero que todos os alunos do TUP respondam à chamada.
E espero que vocês, que aqui vêem espreitar todos os dias, sintam a curiosidade de bater na porta ao lado, para ver o que por lá se passa.
Aviso-vos já: é uma porta para a minha alma e coração

sexta-feira, abril 07, 2006

Levantem-se, se fazem favor, e aplaudam!


Foi considerado como um dos músicos mais influentes e importantes do século XX. Dono e senhor de uma carreira absolutamente intocável. Mentor de uma banda, de seu nome Talking Heads, responsáveis também por uma das melhores carreiras de sempre da música pop - e a minha banda favorita.
Chama-se David Byrne e para além de todos estes atributos, ainda sabe escrever umas coisas...

Now
I'm wakin' at the crack of dawn
to send a little money home
from here to the moon
is risin' like a discotheque
and now my bags are down and packed for traveling
Lookin' at happiness
keepin' my flavor fresh
nobody knows I guess
how far I'll go, I know
so I'm leavin' at Six O' Clock
meet in a parkin' lot
Harriet Hendershot
sunglasses on, she waits by this
Glass and concrete and stone
It is just a house, not a home.
Skin, that covers me from head to toe
except a couple tiny holes and openings
Where, the city's blowin' in and out
this is what it's all about, delightfully
Everything's possible
when you're an animal
not inconceivable
How things can change, I know
So I'm puttin' on aftershave
nothin' is out of place
gonna be on my way
Try to pretend, it's not only
Glass and concrete and stone
That it's just a house, not a home.
And its glass and concrete and stone
It is just a house, not a home
And my head is fifty feet high
Let my body and soul be my guide
Hoje é a última aula no TUP.
Esperam-nos uma semana de férias - que eu não queria ter - e cinco de ensaios, seguidas de 11 dias com o espectáculo em cena no Teatro do Campo Alegre.

Mas nada será como até aqui. Estes dois meses que estivemos juntos nas aulas de movimento com a Anabela, nas de voz com o Jorge e nas de interpretação com o Luciano, serviram para aprender muito mais do que como fazer teatro.
O nosso «querido» vice-presidente do TUP escreveu há dias no quadro negro da nossa sala a palavra DISPONIBILIDADE. Assim, em letras garrafais. É bem verdade que nem sempre essa disponibilidade foi aplicada ao trabalho, mas também é verdade que este curso nos ensinou a ser pessoas mais disponiveis, e não só para as coisas do teatro. Ensinou-nos a ser pessoas disponiveis para nós. A estar para e por nós, sempre. Abertos, sugestionáveis, folhas brancas. Não fazer cara feia a idéias novas, a palavras novas.
A comparação é hedionda, mas um assassino profissional está sempre pronto a matar, se assim lhe for pedido. Nós aprendemos a ser pessoas sempre disponiveis a ser pessoas, mesmo que não nos seja pedido.

Ao mesmo tempo desenvolvemos relações pessoais, algumas mais íntimas do que outras, naturalmente. Hoje em dia, apetece-nos estar juntos. Sentimos vontade de conversar, de trocar idéias, de sermos, de sentirmos, de estarmos.
Ontem, durante a execução de um exercício em que todos estavamos de olhos vendados, enquanto ouvia os sons produzidos pelo resto da turma pensava que aquilo era como voltar a ser criança no recreio da escola.
Poderá ser um cliché, certo, mas o facto é que entre os dezasseis alunos que formam esta turma, as idades variam entre os dezanove e os trinta e quatro anos, e no entanto...
Sempre que há a oportunidade, portamo-nos todos como putos de doze, divertimo-nos todos como putos de doze, e - poderá ser impressão minha mas... - todos ficamos tristes como putos de doze quando acaba o dia de aulas.

Quanto às aulas com o Jacinto, também o nosso encenador, falarei depois do espectáculo. É um trabalho que não pode ser indissociado da encenação e dos ensaios, e como tal, poderia estar a ser injusto, incompleto ou exagerado na minha apreciação. Uma coisa é certa, e disso posso já falar com certeza, é mais uma pessoa a ficar no nosso coração, outra das coisas que todos ganhámos neste curso: o contacto com seres humanos extraordinários, carinhosos, generosos.

Quanto ao resto...
Tenho de fazer isto:
Gonçalo, Teresa, Arminda, Carla, Rita, Leonor, Joaquim, Nuno L., Pedro, Sara, Marisa, Aileen, Milene, Natalie, Silvia.
Volto a dizer os vossos nomes quando acabarmos o nosso espectáculo. Tenho orgulho em fazê-lo.
Mil beijos

quinta-feira, abril 06, 2006

Puro preconceito!


Não precisava de já ter visto o infeliz trailer deste coisa para saber que, não só é um péssimo pretexto para se realizar um filme, como provavelmente vai mesmo ser uma das piores obras cinematográficas do ano.

Há dez anos o mundo parece ter parado naquele fugaz movimento de pernas que deixou ver... será que deixou...? Não, espera, aquilo foi o que me pareceu ser...?
Nunca entendi tanta histeria em redor de um filme tão menor que devia ter sido projectado na companhia dos seus pais (ok, esta foi idiota).
O filme era mau, a realização era má, o argumento era tão básico que dava mesmo nome ao filme - Basic Instinct, no original -, os actores, todos eles, paupérrimos, e a tão propalada sensualidade... onde estava, de facto?

Dez anos passados...
Temos uma Sharon Stone que não conseguiria ser sensual ao ponto de convencer alguém a «comê-la», nem aqui nem na Etiópia. Uma Sharon Stone que faz trinta por uma linha, coloca-se em poses do arco da velha, arfa e cerra os olhinhos para tentar trasmitir aquele ar de dangerous sexy babe tão comum nos velhinhos - e esses sim, bem bons - film noir de Hollywood. Se uma moça fizesse aquelas figuras para me tentar convencer (nem que fosse) a ir às compras com ela ao Lidl, dava-lhe um chuto na peida tão rápido e tão certeiro que o próprio Ronaldinho Gaúcho não faria melhor.
Irrita-me aquele ar sexy forçado.
Irrita-me que este vá porventura ser o pior filme mais visto do ano.
Mas vou vê-lo...
Minha querida,

ontem leste-nos o teu poema.
Leste-o no limite, eu percebi.
Não sei se todos se aperceberam que o estavas a ler com o coração na garganta, mas eu sei qual é o teu poema, e sei que o lês sempre da mesma maneira.
É um poema que só consegues ler com o corpo todo, com a alma toda.
Se o que nos têm ensinado é verdade, que o instrumento do actor é o seu corpo, a sua alma, então o actor não mente quando representa, porque tu ontem foste corpo e alma e tenho a certeza de que não estavas a representar.

quarta-feira, abril 05, 2006



Um dos melhores vídeos de sempre

Não consegui encontrá-lo de forma mais directa, tenham paciência, vale a pena.
Heartbeats

one night to be confused
one night to speed up truth
we had a promise made
four hands and then away
both under influense
we had devine scent to know what to say
mind is a razor blade
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no
one night of magic rush
the start a simple touch
one night to push and scream
and then releaf
ten days of perfect tunes
the colors red and blue
we had a promise made
we were in love
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
and you, you knew the hands of the devil
and you, kept us awake with wolf teeths
sharing different heartbeats
in one night
to call for hands of above
to lean on
wouldn't be good enough
for me, no

Jose Gonzáles


Não sei como, mas nunca me tinha lembrado de falar aqui de mais uma das minhas músicas preferidas, May This Be Love, de Jimi Hendrix.
É tão bonita que chateia.
Isto de falar das músicas e não as poder dar a ouvir aborrece-me...

Waterfall
Nothing can harm me at all
My worries seem so very small
With my waterfall
I can see
My rainbow calling me
Through the misty breeze
Of my waterfall
Some people say
Daydreaming's for all the
Lazy minded fools
With nothin' else to do
So let them laugh, laugh at me
So just as long as I have you
To see me through
As long as I have you
Waterfall
Don't ever change your ways
Fall with me for a million days
Oh, my waterfall

Swing anyone?


Swing

To move back and forth suspended or as if suspended from above. To hit at something with a sweeping motion of the arm: swung at the ball. To move laterally or in a curve: The car swung over to the curb. To turn in place on or as if on a hinge or pivot. To move along with an easy, swaying gait: swinging down the road. To propel oneself from one place or position to another by grasping a fixed support: swinging through the trees. To ride on a swing. To shift from one attitude, interest, condition, or emotion to another; vacillate. Slang. To be put to death by hanging.

Music.
To have a subtle, intuitively felt rhythm or sense of rhythm.
To play with a subtle, intuitively felt sense of rhythm.


Slang.
To be lively, trendy, and exciting.
To engage freely in promiscuous sex.
To exchange sex partners. Used especially of married couples.

To have a sexual orientation toward one or both sexes.


Desde já as minhas desculpas por ter escrito a definição da palavra swing em inglês - afinal a sua linga de origem - mas a versão portuguesa, para alé de bastante incompleta, não mencionava o que eu aqui quero abordar.

A história é esta...
Há poucos minutos, em ameno promenade pelo Hi5, esse universo de anónimos e não só, deparei-me com uma foto daquelas a que nenhum homem resiste - independentemente da sua orientação sexual, acreditem.
Não sou de ferro e não resisti a dar uma espreitadela ao perfil de tão arrojada senhorita, que, convém mencionar, assinava Casal-qualquer coisa.

Ora bem, antes de continuar, gostava que voltassem a ler, na definição de swing, toda aquela parte em itálico e a vermelho. Eu espero...
Já está?
Ok, então aqui vai:
ao entrar no perfil da senhora Casal-mais -não-sei-quê, apercebi-me de que, não só todos os seus amigos tinham fotografias mais ou menos picantes, como quase todos se chamavam Casal-etc-etc.
Ou seja...
Tinha acabado de entrar num mundo aparte no grande universo Hi5; um «cantinho» dedicado a todos os adeptos de swing por este mundo fora.
Estranhamente, ou não, as fotos nos perfis destes grandes malucos são todos da parte feminina da parceria...

Ora, como algumas pessoas sabem, neste preciso momento da minha vida não tenho exactamente ninguém que me possa ajudar nesta original experiência de intercâmbio pessoal.
Tenho um gato, no entanto, e bem fofinho por sinal...

terça-feira, abril 04, 2006




Isto está a animar de uma maneira...
Musicalmente está a ser um ano em cheio.
As surpresas não param e - mais uma vez graças ao meu dj de serviço (obrigadinho Zé) - chega-me desta vez às mãos um dos discos mais bonitos do ano.

Chama-se Symbol e é o vigésimo àlbum em doze anos (!) do músico e compositor techno japonês Susumo Yokota. Segundo o que pude apurar, a carreira deste prolífero nipónico evoluiu do género com que iniciou a sua actividade, o techno - e logo na Love Parade em Berlim -, passando por estilos mais próximos do Hip-Hop instrumental, do Acid Jazz e outros ritmos mais ou menos dançáveis.
No entanto, é em 2000 que Yokotoa decide arriscar outros caminhos e se torna discípulo do grande Brian Eno, e da sua música impressionista. Daí ao minimalismo de Phillip Glass ou de Steve Reich foi um passo pequenino, mas que se viria ainda a reflectir em mais dois àlbuns impressionistas anteriores a este Symbol.
Este último trabalho é bastante fácil de definir. Utilizando inúmeros - acho mesmo impossivel identificar todos - samples de peças de música clássica (Debussy já reconheci), Yokota constrói um disco brilhante. Pura filigrana para quem se quiser arriscar a inventar coreografias de dança avant garde.
Belíssimo como já não houvia há muito, conquista desde já um lugar no top ten de 2006, garantidamente.

Para a Ana...

... que me lembra sempre de coisas boas.


Camisa Amarela
Ary Barroso (1939)

Encontrei o meu pedaço na Avenida de camisa amarela

Cantando a Florisbela, oi
A Florisbela
Convideio-o a voltar pra casa em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
E desapareceu no turbilhão da Galeria
Não estava nada bom
O meu pedaço, na verdade, estava bem mamado
Bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando
Se acabando num cordão
Com o reco-reco na mão
Mais tarde, o encontrei num café
Zurrapa do Largo da Lapa
Folião de raça
Bebendo o quinto copo de cachaça
Voltou às sete horas da manhã

Mas só na quarta-feira
Cantando a Jardineira, oi
A Jardineira
Me pediu, ainda zonzo, um copo d'água com bicarbonato
O meu pedaço estava ruim de fato
Pois caiu na cama e não tirou nem o sapato
Roncou uma semana
Despertou mal-humorado
Quis brigar comigo
Que perigo!
Mas não ligo
O meu pedaço me domina, me fascina, ele é o tal
Por isso não levo a mal
Pegou a camisa
A camisa amarela
Botou fogo nela
Gosto dele assim
Passada a brincadeira
Ele é pra mim
(Meu Senhor do Bonfim!)

segunda-feira, abril 03, 2006

Teresa über alles!!!

Mais uma tupiana (colega de curso do Tup) a entrar triunfalmente na blogosfera. Teresa de seu nome, é uma recente boa amiga e uma das pessoas que conheço com melhor disponibilidade para a comédia. Trabalhar com ela tem sido umprazer, espero poder dar continuidade a esse trabalho.
Enquanto isso, a curiosidade em espreitar o seu blog é enorme, porque sei do que ela é capaz.
Espreitem também.
Já sabem, é o último link ali em baixo (agora, e não sei porquê, cada vez mais lá em baixo).

Ora bem...
A ver se me explico.
Nunca considerei David Cronenberg o mestre da sétima arte que alguns sectores da critica e do meio cinéfilo idolatram. Acho, isso sim, que tem um conjunto de obras que desde sempre conseguiram aliar o estranho e por vezes o grotesco de uma forma bem mais acessivel do que seria de esperar.
A sua obra prima continua a ser, na minha opiinião, A Mosca. Nunca apenas um filme de terror, aliás, muito mais do que simplesmente um remake de um clássico filme de terror.


Quanto a este A History Of Violence...
É, porventura, o filme de Cronenberg mais ortodoxo, na sua forma, na sua história e no modo em que é contada.
Em tudo se apresente como um western moderno. Um ambiente muito próximo dessa obra máxima do género, High Noon. O herói cabisbaixo, pouco falador, tranquilo. A pequena vila onde toda a acção se desenrola.
Mas este western esconde um segredo que se vai descobrindo aos poucos, devagarinho, e sempre através de imagens de alguma violência. As tais, que lançaram Cronenberg na polémica. Nada a que já não esteja habituado.
Podem ir ver, mas só se tiverem alguma força no estômago...

domingo, abril 02, 2006



Acima de tudo, sempre defendi ser o cinema uma arte de entretenimento. Ou seja, não defendo aqueles criticos que parecem ter algo contra todos os filmes que busquem, acima de tudo, divertir o espectador. Nem todos têm de passar uma mensagem mais ou menos profunda e filosófica. Nem todos têm de abordar temas sérios de uma forma séria.

Mesmo assim, enough is enough, e este Casanova, não só não entretém ou diverte, como irrita profundamente.
O seu realizador, Lasse Hallström, é um tarefeiro disfarçado de cineasta-autor - e eu sou um gajo armado em critico de cinema. Uma espécie de Cristina Caras Lindas da sétima arte, responsável por outro enjoo cinematográfico de seu nome Chocolat.
Este Casanova não tem ponta por onde se lhe pegue. É ridiculo, sensaborão, sem chama e, acima de tudo, para um filme que se pretende cómico, sem piadinha nenhuma.
Digamos que é um filme parvinho. Como os adolescentes que soltam risinhos enquanto partilham um segredo.
Não, não e não, obrigadinho!



Saúde-se o regresso dos Senhores Gotan Project e do seu novo disco Lunatico - uma alusão ao cavalo de corrida de Carlos Gardel, o Senhor Tango por excelência.
Confesso que ainda não ouvi este novo trabalho muitas vezes - em parte por culpa da música Mi Confession, desde já o single do ano, e que, essa sim, já ouvi uma trezentas e cinquenta vezes - mas parece-me não ser tão bom quanto o primeiro, La Revancha Del Tango.
A verdade também é que este Lunatico já não goza do efeito surpresa que sem dúvida os ajudou no arranque de carreira. No entanto é tango, e mesmo que fosse um mau disco, o facto de abordar este estilo musical não me deixaria nunca falar mal dele.

Porque...

A verdade, embora já amplas vezes falada, é que o tango é sexo.
É sangue na boca que morde um lábio
É um fio de suor que escorre por uma coxa.
É saliva no pescoço.

Saúde-se portanto o tango, nas suas mais diversas formas e feitios.
Saúde-se este novo trabalho dos Gotan Project, por manterem o tango mais próximo do grande público, que nunca deu a devida atenção a Gardel, Piazzola, Buenos Aires e à sensualidade que nos faz bater o coração, não descompassado, mas ao ritmo do bandoneón.
E tango é (usando as palavras de um comentário a um post recente) "ar, dança,Deus, Sexo, olhar, gritar! E quem é que quer viver sem estas coisas?"
Eu não...