Para além disso não sei como, mas o Nick Drake já deve ter tido um fim de semana como o meu ou então não tinha escrito isto:
Saturday sun came early one morning
In a sky so clear and blue
Saturday sun came without warning
So no-one knew what to do.
Saturday sun brought people and faces
That didn't seem much in their day
But when I remember those people and places
They were really too good in their way.
Saturday sun won't come and see me today.
Think about stories with reason and rhyme
Circling through your brain.
And think about people in their season and time
Returning again and again
And again
And again
And Saturday's sun has turned to Sunday's rain.
So Sunday sat in the Saturday sun
And wept for a day gone by.
Que fim de semana tão morno...
Tanto tempo sem fazer nada verdadeiramente de peso.
Sexta começou de forma interessante. Da certeza de uma simples boleia até Campanhã à viagem directa até à Régua. O que seria da vida sem estas decisões de última hora? O convite para ficar era tentador, quase um pequeno sonho, um sonhinho, portanto. Mas recusei, o mais gentilmente que consegui. Preferia estar comigo, e a idéia de fazer a viagem apenas com a companhia da música e das paisagens - das mais belas de Portugal - falou mais alto.
Foi uma boa viagem.
Já sei ao que é que se refere Caetano quando diz minha bússola, minha desorientação. Mas soube também que eu vou botar a mão no teu quadril era um desejo que tinha ficado para trás.
Cantei, assobiei e fiz do tablier do carro a minha bateria de samba, pop e rock.
Da noite de Sexta nada de relevante a dizer, pelo que passo directamente a Sábado.
Cinema. Pouco mais...
A companhia de uma amiga querida, sempre tão agradável.
A noite foi confusa, quase artificial. Não gostei. Nem a substância alteradora do estado de consciência era de boa qualidade...
Domingo. Cinema, novamente. Com a minha mãe, conforme aqui prometido.
À tarde, a modorra de um dia chuvoso. Alguém cantava maybe the mountains now what to call you now e eu lembrei-me de que, ao contrário das tais montanhas, eu não sei...
A minha mãe lembrou-nos da melhor maneira como são bons os seus crepes com cogumelos, acompanhados com rúcula.
E eu lembrei-me de como gosto de estar com os meus irmão, dois gémeos de dezassete anos com mais dez centimetros do que eu. Ainda não percebi se sou eu que regresso aos seus dezassete ou se são eles que avançam para os meus trinta e três, mas é óbvio que nos sentimos terrivelmente bem e em sintonia uns com os outros.
E novamente alguém me canta be kind to me or treat me mean. I'll make the most of it, I'm an extraordinary machine mas não me sinto assim.
Voltamos para casa, eu e eles, depois de um café e respectivo passeio domingueiro à beira mar. A conversa era disparatada, como sempre. Naquela noite a única maneira de chorar a rir. Fazem-me sempre rir.
Perguntaram quem nas colunas do rádio cantava life here is gold. Thomas Dybdahl, disse-lhes. É fixe. É. De facto. E a vida, é dourada?, perguntei? É, claro! responderam os dezassete anos. Sorri, por me lembrar de que aos dezassete a minha vida também era dourada.
Dormir. Seis horas, um luxo.
Acordar às seis e meia, fresco como um pêro. Ficar a olhar pela janela. Os primeiros raios de sol são sempre os mais belos, não são?
Abençoada Segunda feira. Pensei que nunca mais chegavas.