kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Eu quero... (continuando)


... ir a Bombaim.
Conversar sobre o calor sufocante com o dono do restaurante onde todos os dias me servirei do melhor chá indiano para acompanhar as torradas tão british.
Perder-me por entre os bairros de lata, perder-me por entre sabores, odores e sons que só conheço na minha imaginação.

Apanhar o comboio que durante nove horas me levará a terras de Goa. Nove horas em que, com todas as minhas forças, combaterei o sono, que sei, não me levará de vencido.
Quero percorrer essas nove horas de olhos bem abertos, de sentidos bem despertos, absorver tudo o que me vai acompanhar nessa viagem. Nessas nove horas.
Chegar a Goa ao início de uma manhã em tons de rosa, laranja e carmim e seguir até à praia para sentir o mesmo mar que me levou ali há centenas de anos.
Conhecer o sr. Silva, orgulhoso propietário do seu nome e do quarto pequenino de onde todos os dias, por entre as alvas cortinas da janela, vou espreitar o reboliço do comércio.
Olhar a rua de onde todas as manhãs virá o som que me despertará para mais um dia que vou desejar nunca acabar.
Sonhar acordado com cores, texturas, sensações que parecem já não existir em nenhum outro local no mundo.
Cadeiras enormes demais para aqueles corpos pequeninos, cortinas leves demais para aquele vento quente, cores descascadas pelo tempo mas que me vão parecer tão alegres, tão garridas, tão vaidosas.

Viajar de barco para o Sri Lanka.
Percorrer as ruas de Colombo.
Conversar com os pescadores, pendurados nas suas varas de bambu.
Deitar-me por entre os intermináveis campos de chá, inebriado com o seu aroma intenso.
Penetrar templos escavados na rocha tão antigos quanto as divindades, como se talhados pelas suas mãos divinas.
Ajudar o pequeno Chandrasena de apenas oito anos a dar banho ao seu elefante de estimação, apenas um bebé, mas tão imenso, com tanta pele, tanto prazer em ser lavado, que serão horas dentro de àgua. E que parecerão apenas alguns, breves minutos.
Conhecer a placidez no seu estado mais puro.
A alegria na sua simplicidade mais genuina.
A felicidade, finalmente...