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Bom Karma... ou não!

terça-feira, setembro 15, 2009

OS IDIOTAS

Se alguém vos convidasse para irem ver uma peça de teatro com quase seis horas de duração, provavelmente diriam imediatamente que não, nem pensar ou algo ainda pior. Ver um espectáculo de teatro de quase seis horas da responsabilidade de Eimuntas Nekrosius, no entanto, não é propriamente assistir apenas a uma peça de teatro de longa duração. Há muito mais do que só teatro para ver e absorver.
O lituano, também conhecido como o Bob Wilson do Báltico, é considerado por muitos como o maior encenador vivo do mundo, e regressou ao Porto para, no início da temporada do teatro S. João, mostrar o porquê de ser tão conceituado. A sua companhia, Meno Fortas, apresentou "Os Idiotas", a partir do texto "O Idiota" de Dostoievsky, e o resultado é, no mínimo, esplendoroso. Teatro à séria, de encher a barriga, os olhos e todos os sentidos. Sendo um espectáculo de longa duração - como todos os de Nekrosius - torna-se inevitável sentir por vezes algum cansaço e uma vontade que a coisa evolua e se de desenvolva ao ritmo do que estamos habituados. O encenador consegue compensar esses momentos mais... lentos (não desinteressantes) com imagens súbitas de uma beleza e uma força absolutamente devastadoras. E foram muitas, tantas que se torna difícil decorar.
Faz falta mais teatro assim em Portugal. Compreende-se a provável dificuldade orçamental das salas cá do burgo; não deve ser nada fácil, finaceira e logisticamente, apostar em espectáculos desta complexidade. Mas se calhar há muitas outras, mais pequenas, que claramente não têm público interessado e que não são mais do que deitar dinheiro pela janela fora. Pode ser radical, mas a verdade é que basta ir ao teatro que se faz por cá para perceber que os espectadores não se interessam. Pura e simplesmente não se interessam.Por outro lado, encenadores deste calibre são sempre garantia de casa cheia.
O que no caso do S. João acaba por não ser inteiramente verdade e por culpa das cedências de lugares aos «amigos» daquela sala de espectáculos. Estes «amigos» pura e simplesmente não aparecem e um teatro que apresenta lotação esgotada para m determinado espectáculo acaba por ter vinte ou trinta lugares vagos. É feio...