"TRISTEZA NÃO TEM FIM..."
Obriguei-me a ver o primeiro programa da nova mini-série do Gato Fedorento dedicada a, como os seus responsáveis se comprometeram, esmiuçar os sufrágios. Pois bem, a coisa é ainda pior, muito pior do que eu estava à espera. A tentativa, medíocre já de si, de fazer um The Daly Show à portuguesa, esbarra desde logo na incapacidade dos quatro intervenientes terem qualquer graça e de serem manifestamente maus actores. Todos eles.
O programa não tem energia, não tem ritmo e, pior que tudo isso, demonstra um evidente cansaço mental de quem escreve os sketches, textos e falsas entrevistas. Fazer uma reportagem acerca da suposta facilidade com que os madeirenses dizem "fuck you" aos continentais até podia ter piada; esticar a coisa ao ponto de um cacho de bananas numa fruteira ser manipulado de maneira a parecer que o está também a dizer é ridículo, infantil e manifestamente pobrezinho.
Não consegui ver a entrevista a José Sócrates, mas não me custa acreditar que terá sido o momento alto do programa. Porque tudo o resto foi tão mau que era difícil fazer pior. Porque Ricardo Araújo Pereira é um homem inteligente e que, quando é preciso, sabe sair da personagem irritante que criou para fazer comédia de uma forma séria. E porque José Sócrates também é um homem inteligente que sabe, sempre que não lhe parece ameaçador, sair da personagem de primeiro-ministro e usar de algum humor - coisa rara na classe política.
Parece-me evidente que o Gato Fedorento está morto. Morto, atropelado tantas vezes numa via rápida que passa a ser uma mera mancha no pavimento. Alguém devia dizer isso a Ricardo Araújo Pereira de modo a que ele ficasse sem dúvidas e perebesse que tem, de uma vez por todas, de abandonar o barco, enterrar a tal personagem irritante, e dedicar-se a outros formatos mais apropriados. por exemplo, entrevistador num talk-show só seu. Isso era capaz de ser giro.
1 Comments:
At 10:32, Carlos said…
Ou: "Como a televisão portuguesa continua a assassinar formatos".
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