COMO DISSE!?
Segundo reza a lenda popular, Carlos Emanuel I, Duque de Saboia, tinha o péssimo hábito, conforme o que lhe era mais conveniente, de se aliar, ora à Espanha, ora à França. Ainda de acordo com a lenda, o dito Duque usava uma casaca reversível, de um lado branco, para agradar aos franceses, do outro vermelho, para satisfazer nuestros hermanos. E daí terá nascido a expressão vira-casaca.
Vem isto a propósito da carreira política de Fernando Nobre. Carreira política que se resume a uma candidatura à presidência da república e alguns quantos apoios, assumidos publicamente, a outros tantos partidos políticos. O homem já se colou ao PS, ao Bloco de Esquerda, foi candidato independente a presidente e agora, num tour de force absolutamente inesperado, é candidato à presidência da assembleia da república pelo PSD.
Ao aceitar o convite de Pedro Passos Coelho, Nobre desapontou aqueles que o apoiaram na corrida a Belém e deu uma imagem de pouca credibilidade, de manha e do chico-espertismo, património nacional. Ao convidar Fernando Nobre, Passos Coelho deu um valente tiro no pé, com potenciais consequências bem mais graves do que parece à partida. Desde logo porque não consegue disfarçar a tentativa de aproveitamento daquilo que o presidente AMI conseguiu na campanha eleitoral - e que, justiça seja feita, foi a todos os níveis notável - e porque cria mais uma ferida aberta no seio de um partido que parece não conseguir encontrar a paz interna de que tanto necessita.
Ou seja, Fernando Nobre passa a ser a anedota preferida dos restantes partidos com assento parlamentar, ridiculariza a imagem simpática que construiu à frente da AMI e contribui decididamente para o preconceito do povo relativamente à classe política nacional. Pedro Passos Coelho, por seu lado, dá razão aos que acham que ainda não tem o que é preciso para governar Portugal. Tudo isto, de uma assentada só, é obra.
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