kar(ma)toon

Bom Karma... ou não!

terça-feira, julho 28, 2009

ROCK N' ROLL BABY

Seria ridículo acreditar que alguns de vocês, que passam por aqui, vão ao cinema influenciados pelo que que eu possa escrever acerca de alguns filmes. Nem é essa, como devem saber, a minha intenção. No entanto...

Devem ir a correr ver o filme com o mesmo título deste post. Porque é um dos mais divertidos, mais bem escritos, mais inteligentes, mais boa onda, mais didácticos e, em suma e consequentemente, um dos melhores que vão ver este ano.

"The Boat That Rocked" foi realizado por Richar Curtis, ínfame escritor de coisas como os dois filmes de Bridget Jones e também realizador de "Love Actually", uma daquelas comédias de gajas (mas inglesas) bem ao estilo de outras alarvidades tantas vezes interpretadas por gente como Hugh Grant. O homem desta vez fugiu por completo ao sub-género que já morreu, graças a deus, e decidiu-se a fazer um filme sério - embora seja uma comédia - e absolutamente delicioso. Saboroso, mesmo.

É um filme sobre a liberdade de expressão, sobre o amor pela música e sobre boa disposição e bem-estar, basicamente. E estou a escrever sobre ele à pressa antes que esta merda de cyber shop feche, mas garanto-vos: amanhã com mais tempo volto aqui para o dissecar profundamente. Merece-o.

Obviamente tem amelhor e mais fácil banda sonora dos últimos anos. É um verdadeiro workshop de boa música. E deixo o aviso aos mais descrentes: "The Boat That Rocked" - "O Barco Do Rock", em português - é um filme despretensioso e que, como tal, não tem medo de assumir um final feliz. E é lógico que assim seja. O filme inteiro é uma personagem que, como muitos maus actores, se desmancharia perante o nosso olhar caso tivesse um anunciado final infeliz.

Mais abaixo a devida recuperação, em jeito de chamariz...






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segunda-feira, julho 27, 2009

SESSÃO (DUPLA) DE TERROR



"All The Boys Love Mandy Lane" é um título que remete inevitavelmente para uma comédia de gajas, daquelas que são todas iguais e blah, blah, blah. Mas assim que sabemos que o filme é de terror, o título adquire um tom bastante incomodativo e até doentio. Isto acompanhado por um cartaz que mais parece anunciar um filme de zombies deixa a sensação de que a coisa até pode ser boa. E não é. É um desperdício de película e de tempo livre e um dos filmes mais óbvios de que tenho memória. Há uma regra de ouro dos filmes de terror e de suspense que quando violada dá poucas hipóteses à obra de se safar. Desvendar um assassino mistério ainda antes de se chegar a meio do filme é um erro tão estúpido e tão desnecessário que nem o consigo catalogar. Explico melhor: grupo de jovens universitários fúteis como uma sola de borracha sem sapato, decidem ir de férias para a quinta de um deles, convenientemente isolada de toda a civilização e governada por um capataz, misto de trolha e modelo de capa de revista: Uma das jovens, a mais bonita (Mandy Lane), é supostamente virgem e, logo, o alvo da cobiça de todos os energúmenos da escola. Aos poucos (já se estava a ver) começam todos a quinar com uma facilidade estonteante e... fim de história. Mesmo. O filme, que até estava a ser dirigido com alguma anormal calma e com um estilo diferente do habitual, tropeça num calhau qualquer que o realizador não viu e despenca a alta velocidade para o buraco onde moram todos os outros filmes do género. E nem o semi-twist final o salva da quase nulidade. E o «quase» está aqui apenas pelo desempenho da actriz principal, Amber Heard, que confere à personagem uma sensualidade distraída e uma certeza de se saber o que se está a fazer não muito comum em obras deste calibre. Fraco calibre, aliás.








"The Haunting In Connecticut" podia ser um filme interessante, já que regressa ao abandonado tema dos Poltergeist que tantos frutos tinha dado nos idos anos 80. Nada de mais, apenas o relato de uma história verídica que aconteceu com uma família americana, não vai há muitos anos, ela própria já a braços com um filho canceroso e prontinho para encomendar o caixão. O resto é um mau aproveitamento dos truques do cinema de terror em casas assombradas. Mau aproveitamento porque não tem um sequência lógica, isto é, tudo se sucede rápido de mais, quando, em filmes de terror/suspense o que se pretende é esticar a ansiedade dos espectadores até ao limite do suportável. Nesse campo, "Rec", de Jaume Balagueró, continua a ser um dos melhores exemplos de gestão de ambiente e de momentos de tensão dos últimos anos. Pena é que os americanos, supostamente tão experimentados neste género tão amado de cinema, se tenham esquecido da fórmula. Pfff...








Ah, os filmes têm os seguintes títulos em português e pela respectiva ordem: "Sedução Mortal" e "O Mensageiro Dos Espíritos"...

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MACAQUINHO DE IMITAÇÃO

A ver se não me perco...
"Doomsday", o novo filme de Neil Marshall, o muito aconselhável realizador de dois magníficos filmes série B - "Dog Soldiers" e "The Descent" - começa benzinho, com um prólogo daqueles que nos deixa a salivar. Esse prefácio, bem ao estilo de "I Am Legend" ou o "28 Days Later" de Danny Boyle, deixa-nos conhecer a realidade pós-apocalíptica de um futuro recente, em que grande parte da população da Grã-Bretanha foi dizimada por uma pandemia... Curioso.
A seguir ao genérico mergulhamos num filme diferente, misto de "Aliens", de James Cameron, e de qualquer um dos "Resident Evil". Ou seja, uma heroína bigger than life, lixada para a porrada, carregadinha de mau feitio e com um purpose convincente mas por pouco. Quando damos por ela estamos metidos em Mad Max até ao pescoço, mas não por muito tempo. Quando começamos a gostar mesmo do filme, a coisa vira de repente para algo parecido com o "Evil Dead" de Sam Raimi mas sem o humor que lhe é tão típico. Mais para o fim da história, regressamos a "Mad Max" e novamente por pouco tempo, já que o realizador decide terminar o filme em clima totalmente desgarrado dos géneros/referências atrás mencionadas.
E perguntam vocês: "mas isto podia dar um filme?". Podia, a verdade é que podia. E só não dá porque Neil Marshall claramente deslumbrou-se com a quantidade de influências. O resultado final é um patchwork parolo, mal cosido e ainda por cima com retalhos de tecidos foleiros comprados nos chineses.
E nem chega a cheirar a homenagem...



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CT... QUÊ?

Na passada sexta feira tive de me deslocar a um posto dos correios daqueles que existem nos centros comerciais. Obviamente, e por experiência própria, fui na certeza de que ia apanhar uma seca desgraçada. Mas não. As férias fazem destas coisas e entrei sozinho no posto. À minha frente apenas as duas empregadas do balcão. Convencido, dirigi-me a uma delas que rapidamente me disparou um "tem de tirar senha". Compreendi a burocracia contabilística e obrigatória do ritual e assim fiz. Tirei a senha. Dizia 456...
O que se seguiu, pensava eu, só existia em filmes do Woody Allen. Enganei-me. E lembrem-se: es estava completa e totalmente sozinho naquele posto dos correios.
A senhora empregada carregou no botão que faz mudar a numeração no ecrã de plasma na parede acompanhando o gesto com um "454!". Silêncio...
4 ou 5 segundos depois "455!". Nada...
Finalmente "456!". Acusei-me e ela disse muito tranquilamente "faça favor".

sábado, julho 25, 2009

E ISTO TAMBÉM



HÁ-DE CHEGAR

É só um cheirinho de algo que já há muito se sabia que Tim Burton ia fazer. Era inevitável.

And Now You Know

Descobri por acaso e achei uma forma fantástica de alertar as consciências contra certos tipos de comportamentos racistas. E com piada ainda por cima...





sexta-feira, julho 24, 2009

AH, SEUS GRANDES VISIONÁRIOS

É mesmo assim, as coisas para serem feitas neste país têm de ser feitas por quem tem a coragem de assumir as suas convicções. Os homosexuais foram finalmente proibídos de doar sangue! Sim senhor, assim sim. Porquê? Porque têm comportamentos de risco. Quais comportamentos de risco? É fácil: fodem uns com os outros, o que para o governo português é claramente sinónimo de "porcarias".
E já agora que o governo de Sócrates está numa de pôr as minorias no seu devido lugar, porque não proibir a presença de pobres nos correios em dia de levantar o cheque do rendimento mínimo porque cheiram mal, ou de pessoas em restaurantes que comem de boca aberta, ou gordos em transportes públicos? Porque não criar mega-guetos onde todos estes «problemas» possam conviver em harmonia?

Ou então, porque não começar o governo a preocupar-se com os problemas reais? Por exemplo com o facto de que os heterosexuais representam 57% dos novos casos de SIDA em Portugal. Porquê? Exactamente porque também fodem uns com os outros.
É preciso ter coragem para se ser burro em Portugal. Se isso desse votos, José Sócrates ganhava as próximas eleições por esmagadora maioria absoluta.

terça-feira, julho 21, 2009

COMO DISSE!?

Pequeno-almoço de Domingo e a tomada de consciência de que nem toda a gente é assim tão informada quanto isso. Tomada de consciência à bruta, ainda por cima. Sentadinho que estava na esplanada, dei por mim a ouvir a seguinte conversa:

Ontem tibe a ber aquele bídio dos fantasmas, sabes? Com os fantasmas, esqueletos e múmias, sabes? Sabes o que é eles dançar como o gajo? A mexerem o pescoço como ele e tudo e tudo?

O ´"bídio" é este e a senhora em questão nunca o tinha visto...


CLARK LITTLE

Clark Little é aquele senhor no meio da fotografia prestes a levar com uma tonelada de água no focinho que fotografa um outro senhor prestes a enterrar-se na areia. Antigo surfista profissional, um dia resolveu fazer a vontade à mulher, que queria uma obra de arte para enfeitar a parede da sala na sua casa no Hawai. Correu para o mar com uma câmara fotográfica e começou a disparar. Nunca mais quis fazer outra coisa e ainda bem. Little não é só mais um fotógrafo de surf. Conseguiu fugir ao clichê da habitual fotografia aquática, descobrindo novos pontos de vista, novas perspectivas e desenvolveu um ângulo de abordagem original, escolhendo com especial sensibilidade os momentos ideais para congelar as ondas que fotografa. Podiam ser só isso mesmo, ondas, mas não são. E os bons fotógrafos sempre foram aqueles que nos mostram o que muitas vezes está mesmo ao nosso lado e não o vemos, certo?
Os quilos de areia que já deve ter engolido na sua curta carreira como fotógrafo já deram os devidos e merecidos frutos. É hoje considerado como o melhor na sua área e quer pendurar uma onda das suas numa parede da Casa Branca...








JORNALISMO?

Eu confesso, estudar ciências da comunicação, para além de muitas outras coisas (boas e más) deu-me esta recente paranóia de analisar os jornais em busca de estilos, métodos e falhas. A semana passada, no mesmo jornal, fui atacado impiedosamente por duas caneladas certeiras no português. Não me lembro das palavras exactas de ambos os textos, mas a coisa era mais ou menos assim:

1 - "O guardião executou um par de espectaculares defesas, negando golos a fulano, cicrano e beltrano..."

2 - "O réu poderá ser condenado a x anos de cadeia se for condenado pelo crime de que é acusado"

Caraças, os meus coleguinhas de faculdade com apenas 18 aninhos não presenteiam os professores com pérolas destas...

HISTÓRIA PESSOAL

É a vida do meu tetravô, nascido em Sines e que teve uma vida no mínimo interessante.
Cortesia do site da Câmara local, cá vai:


João Daniel de Sines "O Raspalhista" (1809-1878)

O herói novecentista de Sines é um combatente liberal que se torna médico popular. Destaca-se nas lutas contra o miguelismo e no combate às epidemias de cólera e febre amarela.

Rebelde liberal
João Daniel dos Santos nasce em Sines em fins de Fevereiro de 1809. No serviço militar, começam a tratá-lo pelo nome da terra de origem.
Frequenta o seminário de Santarém, mas opta pela carreira militar.
O regimento de infantaria onde assenta praça revolta-se contra o poder miguelista. É preso no Castelo de São Jorge como rebelde liberal. É torturado. Mas, por influência de amigos, escapa ao fuzilamento.
Beneficiado por uma amnistia, acaba por ser incorporado no exército de Dom Miguel. Mas durante o cerco do Porto, mostra de que lado está. Atravessa o Douro a nado e apresenta-se a D. Pedro IV. Depois da vitória liberal, é condecorado pelo rei (hábito da Ordem Militar da Torre Espada).

Medicina de Raspail
O período mais tranquilo da sua vida (1840-44) é passado como pacato professor primário em Lisboa. Mas as suas posições políticas continuam publicamente marcantes. É perseguido como "revolucionário ultraprogressista" por velhos amigos liberais. Preso na Torre de Belém [Arnaldo Soledade diz Torre de São Julião da Barra], dedica-se ao estudo da medicina de Raspail, cientista francês de quem ganha a alcunha. Depois de libertado, funda a Sociedade Humanitária Raspalhista, que age nas epidemias de cólera (1856) e de febre amarela (1857). Recebe o segundo agraciamento público (comenda da Ordem de Cristo).
Ganha destaque como médico popular. Critica os métodos dos médicos reais, que acusa de terem deixado morrer o rei Dom Pedro IV e os seus irmãos. Prepara um elixir (Água de Raspail) baseado na panaceia do cientista francês: a cânfora.

Julgamento e morte
Acusado de exercer medicina sem habilitações reais, faz a sua própria defesa e é absolvido do processo. O povo vai buscá-lo ao Tribunal da Boa Hora e leva-o em ombros. O seu julgamento é publicado num opúsculo de grande tiragem.
É publicista nos jornais "O Portuguez" e "O Patriota". Entra em conflito com a Igreja. Acusa os Jesuítas de tentarem reentrar no país. A lei liberdade de impressa protege-o da prisão mas não da excomunhão.
Deixa várias obras de carácter religioso e científico, hoje pouco acessíveis.
Morre a 19 de Abril de 1878, em Lisboa.

FESTA RIJA!!!


No próximo sábado, no Tertúlia Castelense, estes três desgraçados vão fazer tudo para ter piada e fazer rir a populaça. Não é difícil, os moços têm mesmo jeito e continuam a ser, na minha humilde opinião, os únicos que fazem stand-up a sério neste cantinho à beira-mar plantado.
Espreitem o site do Tertúlia para mais pormenores, mas nem pensem em não ir. Vale a pena seja lá qual for a contrapartida financeira.

A última vez que por lá estiveram, participantes de uma noite dedicada ao género, deram-me a oportunidade de perceber o quanto evoluiram; estão completamente à vontade em cima do palco, já perceberam como não perder o pulso ao público e controlam-no por completo. Para além disso não necessitam de truques baixos e facilitismos para conquistarem a gargalhada mais óbvia. São inteligentes e isso é dizer tudo.

Vê-los é ter vontade imediata de desdizer todos os que tentam fazer comédia assim e não conseguem, por muitos anos de palco que tenham às costas. A diferença é notória. E fica a pergunta: porque não uma mini-digressão pelo Norte, miúdos?

Ah, chamam-se Carlos Moura, António Raminhos e Pedro Ribeiro... e não são nada sensuais.

segunda-feira, julho 20, 2009

HÁ FILMES PERFEITOS?

Atacado pelo vírus do sem-nada-para-fazer - e ainda há espera do da gripe A - resolvi rever "Taxi Driver" este fim-de-semana. E não há muito a dizer a não ser que é obviamente obrigatório. Que é um dos filmes mais influentes da história do cinema, não só no género, como no conteúdo, na forma de realizar e em algumas cenas que se tornaram verdadeiras referências para actores em fase de crescimento. Que é um filme de um actor só e de um actor que raramente conseguiu o mesmo nível de desempenho. Que é um argumento tão bem escrito que era totalmente impossível não o utilizar. Por fim, que é um filme décadas à frente do seu tempo e, no entanto, irrepetível; ninguém, por muito influenciado que tenha sido por "Taxi Driver", conseguiu desde então voltar a criar uma obra deste calibre. Nem mesmo Martin Scorcese.

Tudo é perfeito em "Taxi Driver". Os diálogos, a banda sonora sempre presente e a lembrar o film noir de Alfred Hitchcock - não é para menos, já que o compositor, Bernard Herrman, assinou algumas partituras clássicas para filmes do realizador inglês - a forma como Scorcese filma as ruas de Nova Iorque, na boa tradição de John Cassavetes; como destaca os pormenores que julga serem os verdadeiramente importantes, como o taxi de Travis Bickle, os anúncios luminosos, as putas e chulos ou os olhos do taxista e o que eles vêem (acima de tudo como vêem). Foi o próprio realizador quem admitiu há pouco tempo que a intenção foi filmar a história como de um filme de terror se tratasse. E não há como duvidar. Basta ver o genérico de abertura, aquela imagem mítica do taxi a surgir do meio do fumo novaiorquino como se fosse um monstro, para percebermos que por baixo da imagem banal da vida daquele taxista, se esconde algo sujo e horroroso; algo viscoso e rastejante e que não é mais que a sua instabilidade mental posta á prova todas noites pelos "animais" que vagueiam pelas ruas de Manhattan. As páginas do seu diário, lidas em voz alta e que nos levam pela lenta descida de Bickle ao seu próprio inferno, não são para qualquer um. É preciso ter estômago para entrar na mente de alguém assim, e Scorcese tem o mérito de não ter tido medo de a mostrar. Sem edição, sem censura. All the animals come out at night - whores, skunk pussies, buggers, queens, fairies, dopers, junkies, sick, venal. Someday a real rain will come and wash all this scum off the streets.


Loneliness has followed me my whole life. Everywhere. In bars, in cars, sidewalks, stores, everywhere. There's no escape. I'm God's lonely man...
"Taxi Driver" acaba por ser um filme sobre a solidão levada ao extremo da loucura. Aquela solidão que invariavelmente acaba por ter consequências catárticas. E todo o filme é um adiar constante dessa catárse. Já sabemos, mesmo sem nunca o termos visto, que algo muito mau vai acabar por acontecer. A travis Bickle ou por sua responsabilidade. A personagem foi desenhada para transportar uma tragédia permanentemente em ponto de ebulição, pronta a explodir. Travis Bickle é literalmente um homem-bomba da qual quase conseguímos ouvir o tic-tac e Robert DeNiro é perfeito como raros actores alguma vez o foram. Desaparece completamente do ecrã e deixa Bickle tomar conta de si e do seu corpo de uma forma assustadora.

"Taxi Driver" é cinema seminal, icónico. Criador de um género, de uma maneira de filmar, de uma maneira de interpretar. É perfeito, sem dúvida. Aprende-se mais de cinema nas suas quase duas horas que em muitas aulas da faculdade. Porque há coisas que não se conseguem ensinar de letra, têm de ser vistas e entendidas para nos fazerem mossa. E mais uma vez: é irrepetível. Como Travis Bickle diz a dada altura - The idea had been growing in my brain for some time: TRUE force. All the king's men cannot put it back together again - também "Taxi Driver" é algo que nem todos os realizadores juntos conseguiriam fazer.







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AND NOW FOR SOMETHING COMPLETELY RIDICULOUS

sexta-feira, julho 17, 2009

BRÜNO

É impossível não comparar "Brüno" com "Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan ". É impossível não comparar os dois personagens criados por Sacha Baron Cohen, precisamente porque o autor não nos permite. A fórmula utilizada por Cohen, a mecânica com que trabalha os seus alter-egos e o tipo de mockumentary que escolheu para lhes servir de plataforma obrigam a comparação. E o que facilmente se conclui é que "Brüno" sai claramente a perder. Por várias razões.

Desde logo porque o austríaco repórter de moda não tem, e não parece pretender ter, qualquer empatia com o público. Borat cativa a audiência, torna o espectador seu cúmplice e amigo compreensivo. Brüno simplesmente provoca.

Para além disso não tem tanta graça. De um filme para o outro nota-se uma compreensiva canseira, um esgotar da tal fórmula explicado talvez pela escolha do mesmo grupo de «vítimas», os americanos. Embora em "Brüno" Sacha Baron Cohen se atire também (e novamente) aos judeus e aos muçulmanos, a verdade é que 90% do filme anda às voltas com a ignorância e o preconceito dos cowboys. Já tínhamos entendido isso com os documentários de Michael Moore e com a série de televisão onde Borat se divertia a atormentar as mentalidades pequeninas dos da terra do uncle Sam. Voltar a isso e ainda por cima tendo de fazer uma inversão de marcha na auto-estrada sem piscas ou faróis e à noite no personagem que supostamente havia sido inventado para atormentar as mentalidades pequeninas dos da terra da moda, só significa uma coisa: Cohen percebeu o alcance universal de Borat Sagdiyev e o sucesso comercial do seu filme e quis fazer o mesmo com "Brüno", sem perceber que Brüno claramente não tinha o mesmo potencial.

Do filme espelha uma gritante falta de idéias e uma clara ausência de um argumento sólido que transporte os sketches mais ou menos reais, mais ou menos encenados - já falarei disto - e que evite o simples corta e cola de situações tresmalhadas. "Borat..." conseguiu-o na perfeição, "Brüno" falha redondamente. Não há uma história consistente, por muito ridícula que fosse, e a sua hora e meia de duração não é mais do que uma colecção de episódios sem lógica ou harmonia. Alguns chegam mesmo a ser meramente decorativos, não servindo sequer para provar qualquer ponto de vista que Cohen pudesse eventualmente ter acerca deste ou daquele assunto.

Lá mais para o meio do filme, depois de já termos sido confrontados com a intolerância e ignorância de (alguns tipos de) americanos, lá nos apercebemos de que afinal poderá haver ali uma mensagem anti-homofobia. Porque até essa altura temos apenas acesso a um homem, por acaso homossexual, que se dedica a deixar os seus entrevistados baralhados e sem saberem o que dizer ou fazer. Mais nada. Borat fazia-o com uma elegância nada condizente com a sua figura trapalhona e truculenta. Brüno... não.

Louve-se a coragem de Sacha Baron Cohen. Poucos comediante seriam capazes de se colocar em situações como as que vemos em "Brüno" e que já havíamos visto em "Borat...". Em muitos casos estamos a falar de situações que ameaçam seriamente a integridade física do seu autor. Ou não. Porque muitas delas começam a cheirar fortemente a encenação, algo que em "Borat..." não era tão evidente, e porque já não conseguem disfarçar alguma artificialidade nas acções dos falsos repórteres de Cohen. "Brüno" cheira a fake, a plástico a demasiado intencional para ser imparcial. Imparcial não no conteúdo e no objectivo; já sabemos que o alvo ali são os americanos. Imparcial mas na forma como se realiza um filme supostamente construído por «apanhados» à boa maneira televisiva.

Provavelmente nunca se saberá até que ponto as investidas de Sacha Baron Cohen são reais ou não, encenadas ou improvisadas; o homem conseguiu de forma notável proteger a sua intimidade social e, acima de tudo, criativa. Percebeu que era impossível fazer o que faz se demasiada gente soubesse demasiado de si próprio. Por isso mesmo nunca há-de haver um making of de nenhum dos seus filmes. Resguardou-se. E fez bem, mas devia aproveitar essa vantagem anormal às grandes estrelas do cinema para produzir objectos diferentes e valiosos no campo da denúncia/divulgação. Está a perder o jeito. Algo que não é estranho; personagens como as que criou - Ali G e os dois deste texto - têm sempre um prazo de validade reduzido. Seria bom, quanto mais não fosse, e se tiver algum plano de lhes dar novamente tempo de antena, mudar de vítimas. E essa é uma das questões que são incontornáveis em "Brüno", a escolha das vítimas. É certo que o filme começa em Los Angeles, mas não é menos verdade que rapidamente se muda para o midwest americano; um meio rural, pouco informado, inculto e onde os valores ortodoxos da família e religião estão ainda fortemente inculcados. Não seria interessante desenvolver as mesmas experiências sociais de exposição e confronto, por exemplo, na velha Europa? Porque não vai Borat para a Rússia? Porque não manda Cohen o seu repórter gay para o Irão? Ou para Portugal? Acham mesmo que os resultados seriam assim tão diferentes?

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FINALMENTE

O fim dos exames e consequentemente a chegada das férias trouxe algum alívio a esta cabeça estafada. Já começava a ficar farto, francamente.
Entretanto esqueci-me de metade das coisas que tinha pensado deixar aqui...
Por isso, recomecemos com uma musiquita.

sexta-feira, julho 10, 2009

COISAS


Às vezes esqueço-me de como gosto tanto disto...


Hoje é só um dia
E vai voltar amanhã
E não foi assim que o tempo nos fez
E fez assim com todos nós
E não foi assim que a razão nos amou
E fez assim com todos nós
São coisas
São só coisas



quarta-feira, julho 08, 2009

Michael Jackson não precisava de mais nada para ser uma personagem mítica. Para lá da sua carreira; para lá das suas músicas e dos mais de 700 milhões de discos vendidos; para lá da sua vida; para lá das histórias, verdadeiras ou falsas, que se contaram. Bem para lá do circo mediático em torno da sua morte e bem para lá do ainda maior circo mediático em torno do seu funeral - onde ia ser, quando ia ser, quantas pessoas lá iam estar - Michael Jackson foi capaz de dar origem a uma última (?) história mesmo depois de estar morto. A história do seu suposto «fantasma», captado pelas câmaras da CNN enquanto filmavam Neverland por dentro e que entretanto já foi explicado com a passagem de alguém no exterior do edifício no momento certo à hora certa. Seja lá o que for, seja lá como for, Michael Jackson foi e continuará por muitos anos a ser uma autêntica fábrica de histórias, mitos e lendas urbanas.
A juntar a isso, pode-se contar com o que muito se escreverá à sua custa; não é difícil adivinhar a quantidade de livros que irão ser publicados com mais histórias daqueles que com ele privaram. Mais o que já se disse desde que morreu, especialmente duas pequenas intervenções que poderão ajudar a compreender como era realmente a vida do cantor. Uri Geller, mágico-ilusionista-psíquico-ameaça de fraude, ele próprio um freak de circo, revelou uma pequena conversa em casa de Jackson e em que lhe perguntou o que estava ele a fazer à cara. "Não quero ficar parecido com o meu pai" foi a resposta. Entretanto, a ama dos seus filhos revelou que poucas horas após a morte de Michael Jackson, foi contactada telefonicamente pela própria mãe que queria saber onde o cantor guardava alguma da sua fortuna.
A minha opinião foi e será sempre a do fã. A do fã que no passado sábado viu um bar inteiro ficar em êxtase com uma sequência imbatível de músicas, "Beat It", "Thriller" e "Don't Stop 'Till You Get Enough".
Ficam aqui três vídeos que nesta altura fazem todo o sentido: o do »fantasma», o de "Smooth Criminal (um dos seus melhores de sempre) e o de "Leave Me Alone", realizado por Steven Spielberg e onde o artista sintetiza da única forma que sabe e pode a relação que tinha com o resto do mundo. Se preferirem, com o mundo para lá dos seus fãs.











segunda-feira, julho 06, 2009

ACERCA DE...




É inevitavelmente triste ver um entertainer como Herman José reduzido a um mero tarefeiro que agarra tudo o que pode para se manter vivo. Especialmente depois de ter ameaçado um renascimento com um formato que lhe era bem mais querido, a Roda da Sorte. Agora na TVI, a apresentar um program do qual nem sei o nome, mas que é uma espécie de derivado do Chuva de Estrelas, Herman José volta a ser um mero apresentador de um programa com prazo de encerramento mais do que certo. E depois?




Entretanto, e pelas razões inversas, a lógica retorcida da televisão (nacional) continua a eleger idiotas para estrelas da comunicação. O novo merdoso feito vedeta e que saltou desde logo para o primeiro lugar dos meus ódios de estimação dá pelo nome de João Manzarra e tem a certeza absoluta - logo, inquestionável - de que tem piada. E não há nada a fazer. Como já disse, a televisão nacional é pródiga a criar bestas fúteis que não trazem absolutamente nada de novo a não ser doses maciças de irritação. E é como se já não tivessemos suficientes.
O programa que a besta está a apresentar, depois de ter passado pela SIC Radical (ainda lá está?) é uma espécie de Jogos Sem Fronteiras mas com uma fronteira defenida logo à partida: os Jogos Sem Fronteiras tinham desafios novos em todas as emissões, muitas das vezes representativos da localidade ou país onde eram organizados. Este programa apresentará todas as semanas os mesmos, pelo que me apetece perguntar se vai realmente ter alguma espécie de interesse.
O pior é que já consigo imaginar este novo energúmeno a ensaiar um talk show, uma série cómica ou uma novela não tarda nada. Ainda por cima tem fraca figura...






Assim, e como não quer a coisa, resta-nos um programita, despretensioso, que não parecia prometer grande futuro, e que afinal parece querer rivalizar com a concorrência feroz da SIC. Chama-se "Salve-se Quem Puder" e é limitado no que ao entretenimento que apresenta diz respeito. Todos os dias a acção é a mesma e o segredo do seu sucesso parece ser unicamente a química entre os dois apresentadores, Marco Horácio e Diana Chaves, e a quase total liberdade com que podem apresentar o programa. Cheira muito mais a (mini) Jogos Sem Fronteiras, diverte, os moços fazem rir e há no ar um cheiro a loucura despreocupada que sinceramente me agrada.

quarta-feira, julho 01, 2009

MESMO SEM SABER FALAR RUSSO...

É daquelas pérolas de que nenhum repórter está à espera. Ao fazer a cobertura de um incidente numa mina na Rússia, a equipa de reportagem descobriu que as suspeitas que apontavam o abuso de álcool como principal causa para o acontecimento, afinal não deviam ser só suspeitas.
Nós temos um cromo que costuma aparecer à força em tudo que é reportagem, estes têm o...