sábado, julho 31, 2010
Não acho sinceramente que se tenha perdido um grande actor. Não era, de facto um grande actor, António Feio. Era, isso sim, um dos maiores produtores culturais do país, responsável pela repopularização do teatro e por tornar esta arte menos pretensiosa; mais relaxada, ligeira e acessível. Por outro lado, foi uma espécie de Júlio Isidro dos jovens actores portugueses. Empurrou muitos para carreiras de sucesso, mais uma vez com a tal desmitificação de um teatro que muitos encaram com uma auto-importância balofa e arrogante. António Feio era acarinhado mesmo por aqueles que não o conheciam pessoalmente, e é isso que se perde: um grande homem.
sexta-feira, julho 23, 2010
terça-feira, julho 20, 2010
CHRISTOPHER NOLAN
O senhor tinha apenas 30 anos quando espantou o mundo com um objecto estranho, e que arrasava com (quase) todas as convenções do cinema, chamado "Memento". A narrativa, a montagem e o argumento do filme que trouxe à 7ª arte um jovem realizador de nome Christopher Nolan, tornaram-se matéria de estudo, e deram origem a um sub-género cinematográfico. O embrulho de "Memento" é de tal modo complexo, que torna difícil qualquer comentário, crítica ou descrição. Partindo de um défice de memória do protagonista - que rapidamente se esquece do que acabou de acontecer ou das pessoas com quem acabou de falar - Nolan construíu um thriller seminal, numa área do cinema onde já poucos se arriscavam a prever originalidade. Esse ambiente estranho e quase clinicamente estéril, seria transportado para a obra seguinte, desta feita já com um orçamento hollywoodesco e com um elenco de notáveis - não querendo isto dizer que o exército de secundários de "Memento" não tivesse sido um dos trunfos do filme.
"Insomnia", outro thriller, tinha Robin Williams, Hilary Swank, Martin Donovan e um Al Pacino muitos quilómetros por hora abaixo da habitual red line onde se move. O ambiente estranho era garantido pelas paisagens frias do Alasca e pelo sol da meia-noite, que transformava Pacino num zombie em permanente estado de alucinação e demência; por um argumento genial, pontuado por pequenos e importantes detalhes, uma montagem cirúrgica e por interpretações pouco convencionais - tendo em conta os actores de serviço. Não foi o sucesso comercial que "Memento" surpreendentemente havia sido, mas a verdade é que até então o cinema de Nolan não era, de modo algum, comercial.
O passo no sentido do mais do que comercial blockbuster, chegou em 2005 com um novo capítulo da saga "Batman". Não foi, no entanto, um novo capítulo, mas sim o «primeiro» capítulo de uma saga Batman e que por esta altura já fez esquecer tudo o que foi feito na década de 80 e 90. Nolan não se limitou a encaixar o seu filme na colecção de obras dedicadas ao mundo da banda desenhada. Contrariando a tendência de «quanto maior, melhor», o realizador inglês desceu o efeito fogo-de-artifício dos blocbusters de verão e deu aos fãs de Batman a primeira versão fiel do justiceiro de Gotham. O filme, "Batman Begins" era (finalmente) soturno, negro e livre do humor idiota que havia marcado os seus antecessores. O novo filme de Christopher Nolan tinha ainda a vantagem de deixar toda a gente com a sensação de que algo de realmente grande estaria para sair das mãos deste realizador. Como se se tivesse poupado e estivesse a guardar os trunfos para um prolongamento ainda sem data prevista.
Um ano após "Batman Begins", surgia "The Prestige", claramente um inteligente passo ao lado, um respirar de descomprometimento, sem stress de bilheteira; um regressar aos ambientes mais peculiares, tão do agrado de Nolan, e aos argumentos surpreendentes, coloridos com um twist final sempre difícil de prever. É difícil não conspirar que "The Prestige" terá sido realizado no intervalo entre os dois Batman, e com o objectivo de manter o nome do realizador no alto nível de sucesso e reconhecimento conquistado. Para isso contribui a presença de dois dos actores principais de "Batman Begins" e que repetiriam as personagens no capítulo seguinte, Christian Bale e Michael Caine. Para além disso, o filme dedicado ao mundo da magia, contava ainda com Hugh Jackman e Scarlett Johansson e com uma participação surpreendente de David Bowie.
2008 foi o ano de Christopher Nolan, de Batman e de Heath Ledger. "The Dark Night" foi para muitos o filme do ano e uma das grandes injustiças dos Oscars. Mais, muito mais do que um simples action hero movie, o segundo capítulo do Batman de Nolan é um épico, realizado com uma mestria anormal para alguém com apenas 38 anos e meia dúzia de filmes no currículo. Ainda mais negro, pessimista e demente que "Batman Begins", o filme explora como nunca havia sido feito o universo do herói-morcego e do seu maior rival, Joker. Nunca as personagens tinham sido tão próximas das da banda desenhada - e mais uma vez vestidas por um verdadeiro exércitro de notáveis actores da primeiríssima linha - e nunca o risco havia sido tão grande. Se por um lado era sabido que os fãs de Batman ficariam indiscutivelmente agradados com a fidelidade, por outro, era bem possível que o grosso do público, desconhecedor do verdadeiro ambiente criado por Bob Kane na DC Comics, poderia virar as costas a esta escuridão permanente e à violência a que Nolan não quis fugir. Não vale a pena voltar a referir o trabalho gigantesco de Ledger; esse, fica para a história do cinema, e em parte, por culpa da vontade do realizador em homenagear uma das mais ricas personagens da banda desenhada americana.
2010 pode muito bem voltar a ser o ano de Christopher Nolan. "Inception" está para estrear em Portugal - nos EUA e no Reino Unido, disparou directamente ao primeiro lugar do box-office - e tudo o que pode ser visto ou lido acerca do filme com Leonardo DiCaprio, deixa antever mais um argumento genial, uma realização meticulosa e uma montagem endiabrada. Christopher Nolan, hoje com meros 40 anos, é cada vez mais um dos mais entusiasmantes realizadores da actualidade. A qualidade da sua obra ainda não sofreu nenhum revés assinalável, pelo que só podemos antever que o filme que se segue, o terceiro capítulo da saga Batman, será mais uma surpresa. Essa é a especialidade de Nolan: surpreender e inovar. Incomodar e causar estranheza, desconforto. E maravilhar.
LOUIS
Desta ninguém estava à espera. Um filme mudo, acompanhado por música ao vivo e com a participação de Winton Marsalis. Ou seja, não o vamos ver por cá...
domingo, julho 18, 2010
O PERIGOSO USO DA PALAVRA "DEMOCRACIA"
O Parlamento francês aprovou esta semana a lei que proíbe o uso da burqa em locais públicos. Países como a Espanha e a Bélgica, já deixaram saber que tencionam seguir o exemplo dos vizinhos e evançar também com acções idênticas. Não me parece nada bem.
A burqa foi uma das vedetas mediáticas da invasão do Afeganistão pelos soldados americanos. Subitamente o mundo ficou a conhecer a terível realidade social de um país que muitos nem sabiam identificar no mapa - americanos inclusive. Realidade essa practicamente resumida a um pedaço de pano.
A burqa foi uma das vedetas mediáticas da invasão do Afeganistão pelos soldados americanos. Subitamente o mundo ficou a conhecer a terível realidade social de um país que muitos nem sabiam identificar no mapa - americanos inclusive. Realidade essa practicamente resumida a um pedaço de pano.
A obrigação de se usar uma vestimenta desta natureza, é realmente algo de violento. Apesar disso, não me parece possível que um governo consiga determinar a justiça ou injustiça de um uso que, por terrível que seja, é totalmente cultural. Como não me parece possível que um governo consiga, com absoluta certeza, definir quem o usa por obrigação e quem o usa porque acredita que assim deve ser.
Por isso mesmo, parece-me mais razoável deixar as coisas como estão. Proibir é tão mau quanto obrigar e em casos como este a mudança que se pretende deve ser feita pelas pessoas a quem agora se está a impor uma lei.
A ministra da justiça, Michelle Alliot-Marie, considerou a lei uma vitória da democracia e dos franceses. Melhor seria dizer «uma vitória da civilização sobre os selvagens muçulmanos que ainda vivem na idade média». Não querendo parecer implicativo, penso que o comentário da senhora é mais uma prova da eternamente referenciada xenofobia gaulesa.
Por outro lado, esta vontade de ser os primeiros a fazer algo de bom pela humanidade, a dar o primeiro passo no sentido da total civilização de todos os povos menores, esbarra violentamente contra as opiniões das visadas pela lei. Várias mulheres muçulmanas vieram já a público ameaçar o governo francês com denúncias de violação dos direitos humanos.
Há outras maneiras de se mudar o que, pelos nossos parâmetros, não está bem. Atitudes destas são simplesmente incendiárias, nomeadamente num país que já não precisava de mais combustíveis. Esta lei é ainda uma reminiscência daquele clássico espírito colonizador que desde sempre categorizou a «velha Europa»: os nossos costumes são os melhores, a nossa cultura é a melhor e o nosso deus é bem melhor do que o vosso.
Qual será o próximo passo, proibir os sikhs de usarem o seu turbante? Proibir o Xador, o Niqab e o Hijab? Impedir que os muçulmanos cumpram o jejum durante o ramadão? Será que algum dia o governo português vai proibir os fiéis católicos de cumprirem as suas promessas e irem a pé a Fátima?
quinta-feira, julho 15, 2010
DEVIL
foi escrito por M. Night Shyamalan e... é impróprio para claustrofóbicos. Ou assim parece. Seja como for, é a prova de que depois dos últimos fracassos do realizador, esta é a única maneira do homem continuar a fazer o que realmente gosta.
domingo, julho 11, 2010
PRÁ PANELA!
Mantenho uma relação difícil com os polvos. Por um lado adoro um belo povo no prato, seja de que forma for. Por outro, respeito o animal e admiro-o de tal forma que tenho tentado deixar de o comer. Pode soar a hipocrisia, mas acreditem, é uma luta interior de dimensões bíblicas.
Apesar de todo o respeito e admiração por um animal magnífico, inteligente e com mais recursos do que existem pratos com o seu nome, apetecia-me mesmo que este polvo-estrela-do-mundial chamado Paul tivesse de decidir entre duas opções: Polvo à Lagareiro ou Polvo ao Alhinho. Irra!
Apesar de todo o respeito e admiração por um animal magnífico, inteligente e com mais recursos do que existem pratos com o seu nome, apetecia-me mesmo que este polvo-estrela-do-mundial chamado Paul tivesse de decidir entre duas opções: Polvo à Lagareiro ou Polvo ao Alhinho. Irra!
PONTARIA
Há coisas do diabo. Na mesma semana em que publico um post dedicado à DGArtes e à sua política de subsídios, o seu director geral, Jorge Barreto Xavier, apresenta o pedido de demissão do cargo à ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas. Supostamente por não concordar com a política do ministério, o que não deixa de ser irónico.
O ministério, por sua vez, revela-se satisfeito com a demissão, já que, segundo o gabinete de Gabriela Canavilhas, o senhor era um tudo ou nada ineficaz. Para além disso, o comunicado enviado à imprensa deixa saber que este desenvolvimento "vem permitir finalmente que a DGArtes se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção".
O que me deixa a pensar: se o homem era assim tão mauzinho porque não o demitiram antes? Temos experiência mais do que suficiente com direcções trapalhonas e lideradas por incapazes, não é tempo já de aprender com os erros? Alguém se lembra de algum dirigente ligado à cultura portuguesa que não estivesse claramente quilómetros ao lado do caminho certo?
O ministério, por sua vez, revela-se satisfeito com a demissão, já que, segundo o gabinete de Gabriela Canavilhas, o senhor era um tudo ou nada ineficaz. Para além disso, o comunicado enviado à imprensa deixa saber que este desenvolvimento "vem permitir finalmente que a DGArtes se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção".
O que me deixa a pensar: se o homem era assim tão mauzinho porque não o demitiram antes? Temos experiência mais do que suficiente com direcções trapalhonas e lideradas por incapazes, não é tempo já de aprender com os erros? Alguém se lembra de algum dirigente ligado à cultura portuguesa que não estivesse claramente quilómetros ao lado do caminho certo?
sábado, julho 10, 2010
A CHATICE
E eis-nos chegados ao último fim-de-semana do mundial de futebol. Depois de tanto jogo, tanto futebol e tanta (mais ou menos) surpresa, chegamos aos dois dias em que se decide quem é o melhor do mundo, o quase melhor e aqueles que poderiam ter sido mas azar.
Hoje jogam duas das selecções que demonstraram o futebol mais entusiasmante, Alemanha e Uruguai. Um futebol vertical, completamente apontado à baliza adversária, solto, escorreito, livre e um pouco louco, no caso dos sul-americanos. Como escreveu aqui há umas semanas um famoso cronista um futebol como o que se fazia no antigamente. Infelizmente - e ironicamente, no caso da Alemanha - estas duas equipas vão disputar o terceiro e quarto lugares.
E por causa das duas equipas que os eliminaram, Espanha e Holanda, campeãs do futebol-seca, totalmente lateral, nada dirigido à baliza, feito de milhares de passes sem outro objectivo que não seja o de manter a posse de bola. Como os putos reguilas que quando jogam à bola no recreio não a passam a ninguém e jogam sozinhos, não se limitando a jogar contra a equipa adversária.
Com certeza, gabe-se a capacidade sobrenatural que ambas têm de não perder a bola se assim não o quiserem; admire-se a qualidade do passe, milimétrico e sempre certeiro; no entanto, critique-se a absoluta falta de vontade de jogar um futebol bonito, espectacular, emotivo e que faz vibrar a «malta lá em casa». Um golo por jogo, às vezes dois mas só se o adversário tiver marcado um e a coisa estiver empatada.
Digam o que disseram, que o futebol-espectáculo não foi a lado nenhum neste mundial, que as equipas mais entusiasmantes ficaram pelo caminho e que a táctica do carrossel é que é. Para mim este mundial foi feito de México, Gana, Alemanha e Uruguai; equipas que procuram, à sua maneira, o golo. Que usam de energia, rapidez e poder físico para fazer o que lhes compete e perseguir um objectivo: ganhar.
O jogo de amanhã, dificilmente será um jogo de golos. 1-0, 2-1 ou algo do género e pronto, tá a andar para levantar o caneco. Assistir a um jogo destas equipas é como estar à espera que a banheira encha para tomar um bom banho de imersão: de cada vez que olhamos para lá parece que o nível da água não subiu um dedo que seja. Porque é assim que Espanha e Holanda jogam. Vão subindo, subindo, sempre lateralizando, claro, mas subindo, devagarinho. Uma seca.
Hoje jogam duas das selecções que demonstraram o futebol mais entusiasmante, Alemanha e Uruguai. Um futebol vertical, completamente apontado à baliza adversária, solto, escorreito, livre e um pouco louco, no caso dos sul-americanos. Como escreveu aqui há umas semanas um famoso cronista um futebol como o que se fazia no antigamente. Infelizmente - e ironicamente, no caso da Alemanha - estas duas equipas vão disputar o terceiro e quarto lugares.
E por causa das duas equipas que os eliminaram, Espanha e Holanda, campeãs do futebol-seca, totalmente lateral, nada dirigido à baliza, feito de milhares de passes sem outro objectivo que não seja o de manter a posse de bola. Como os putos reguilas que quando jogam à bola no recreio não a passam a ninguém e jogam sozinhos, não se limitando a jogar contra a equipa adversária.
Com certeza, gabe-se a capacidade sobrenatural que ambas têm de não perder a bola se assim não o quiserem; admire-se a qualidade do passe, milimétrico e sempre certeiro; no entanto, critique-se a absoluta falta de vontade de jogar um futebol bonito, espectacular, emotivo e que faz vibrar a «malta lá em casa». Um golo por jogo, às vezes dois mas só se o adversário tiver marcado um e a coisa estiver empatada.
Digam o que disseram, que o futebol-espectáculo não foi a lado nenhum neste mundial, que as equipas mais entusiasmantes ficaram pelo caminho e que a táctica do carrossel é que é. Para mim este mundial foi feito de México, Gana, Alemanha e Uruguai; equipas que procuram, à sua maneira, o golo. Que usam de energia, rapidez e poder físico para fazer o que lhes compete e perseguir um objectivo: ganhar.
O jogo de amanhã, dificilmente será um jogo de golos. 1-0, 2-1 ou algo do género e pronto, tá a andar para levantar o caneco. Assistir a um jogo destas equipas é como estar à espera que a banheira encha para tomar um bom banho de imersão: de cada vez que olhamos para lá parece que o nível da água não subiu um dedo que seja. Porque é assim que Espanha e Holanda jogam. Vão subindo, subindo, sempre lateralizando, claro, mas subindo, devagarinho. Uma seca.
Teatro Universitário do Porto
Workshop de Movimento e Interpretação
O workshop consiste em diversos exercícios de movimento e interpretação e tem o objectivo de despertar uma mais completa noção do nosso corpo e de como o podemos utilizar na práctica teatral. São exercícios que têm igualmente a função de nos fazer perceber e eliminar uma série de limitações que normalmente impomos a nós próprios e ao nosso corpo, como vergonha, preconceito e timidez.
Nesse sentido, procura-se que esta formação seja também libertadora e formadora de uma nova consciência pessoal e de maior conhecimento das capacidades do nosso corpo. O resultado é o adquirir de novas ferramentas que podem/devem ser utilizadas no teatro, mas não só. Espera-se que esta libertação, física e mental, contribua para aliviar a rotina do dia-a-dia.
A formação será realizada de 26 de Julho a 30 de Julho - de 2ª a 6ª, das 21:00 às 24:00 - e nos dias 30 de Julho e 1 de Agosto - Sábado e Domingo, das 15:00 às 18:00 e das 18:30 às 21:30. O preço por pessoa é de 35 Euros e inclui a entrega de um certificado individual de participação.
As inscrições estão abertas até ao dia 23 de Julho, limitadas a um mínimo de 10 participantes e máximo de 20.
Nesse sentido, procura-se que esta formação seja também libertadora e formadora de uma nova consciência pessoal e de maior conhecimento das capacidades do nosso corpo. O resultado é o adquirir de novas ferramentas que podem/devem ser utilizadas no teatro, mas não só. Espera-se que esta libertação, física e mental, contribua para aliviar a rotina do dia-a-dia.
A formação será realizada de 26 de Julho a 30 de Julho - de 2ª a 6ª, das 21:00 às 24:00 - e nos dias 30 de Julho e 1 de Agosto - Sábado e Domingo, das 15:00 às 18:00 e das 18:30 às 21:30. O preço por pessoa é de 35 Euros e inclui a entrega de um certificado individual de participação.
As inscrições estão abertas até ao dia 23 de Julho, limitadas a um mínimo de 10 participantes e máximo de 20.
sexta-feira, julho 09, 2010
DESCULPE!?
E depois querem convencer-me de que é realmente importante votar.
A notícia publicada no diario.iol.pt diz assim:
A Plataforma de Acção pela Ética Animal criticou hoje o vereador do Partido Ecologista os Verdes (PEV) na Câmara de Setúbal, André Martins, por ter votado a favor de uma corrida de toiros na Feira de Santiago.
Em comunicado, a associação defendeu que foi exposta, pelo vereador do PSD, uma moção em sessão de Câmara que defendia o cancelamento da corrida, que contou com o apoio do PS.
«Era expectável, de igual modo, o apoio do Partido Ecologista os Verdes, uma vez que o seu vereador e dirigente nacional aprovou a documentação interna do seu próprio partido, que o obriga a ser sempre e em qualquer circunstância anti-touradas», refere o documento.
«Para nosso espanto e tristeza, André Martins, vereador do Urbanismo, manifestou que iria votar favoravelmente à tourada, contrariando as promessas feitas aos militantes e simpatizantes de os Verdes», acrescenta.
Com quatro votos contra e quatro a favor, exerceu a presidente da autarquia o voto de qualidade para fazer aprovar a tourada. (...)
Ou seja... nada, nem tenho nada para dizer, sinceramente.
A notícia publicada no diario.iol.pt diz assim:
A Plataforma de Acção pela Ética Animal criticou hoje o vereador do Partido Ecologista os Verdes (PEV) na Câmara de Setúbal, André Martins, por ter votado a favor de uma corrida de toiros na Feira de Santiago.
Em comunicado, a associação defendeu que foi exposta, pelo vereador do PSD, uma moção em sessão de Câmara que defendia o cancelamento da corrida, que contou com o apoio do PS.
«Era expectável, de igual modo, o apoio do Partido Ecologista os Verdes, uma vez que o seu vereador e dirigente nacional aprovou a documentação interna do seu próprio partido, que o obriga a ser sempre e em qualquer circunstância anti-touradas», refere o documento.
«Para nosso espanto e tristeza, André Martins, vereador do Urbanismo, manifestou que iria votar favoravelmente à tourada, contrariando as promessas feitas aos militantes e simpatizantes de os Verdes», acrescenta.
Com quatro votos contra e quatro a favor, exerceu a presidente da autarquia o voto de qualidade para fazer aprovar a tourada. (...)
Ou seja... nada, nem tenho nada para dizer, sinceramente.
quinta-feira, julho 08, 2010
SÓ UMA FESTA
No próximo Sábado, dia 10, o TUP dá uma festa sem pretexto particular a não ser o de dar uma festa. A última, já lá vai um tempinho, correu bastante bem e é melhor aproveitar enquanto é possível repetir a brincadeira.
A coisa começa por volta das 22:00 com uma jam session aberta a todos os que quiserem trazer os seus instrumentos. Lá mais para a meia-noite entra a música mais dançável e depois seja o que deus quiser...
Apareçam, as bebidas são a bom preço e tudo. É na sede do TUP, na Travessa de Cedofeita, 65.
quarta-feira, julho 07, 2010
BLAH, BLAH, BLARGH
A notícia saíu hoje em tudo o que há de meios de comunicação: o valor das propinas do ensino superior vai baixar já no próximo ano lectivo. Vai baixar, mais concretamente, dez euros, no caso do valor mais alto cobrado pelas universidades, passando de 996 para 986 euros e uns trocos. O Governo, como não podia deixar de ser, vai fazer alarde desta medida, como se fosse realmente uma mudança significativa para o país da UE onde o ensino é mais caro.
A recente polémica em torno do corte de 20% no orçamento do Estado para as actividades culturais, deixou para trás outra realidade igualmente grave e preocupante. Os apoios da DGArtes foram finalmente atribuídos - o atraso foi justificado por Jorge Barreto Xavier, Director Geral daquele organismo, com o facto do ano de 2010 ser "atípico por motivos de calendário legislativo inultrapassáveis - mas reflectindo uma conjunto de critérios que, para além de não serem públicos (e talvez por isso mesmo) são incompreensíveis.
Dos cerca de 800 mil euros atribuídos pela DGArtes, 500 mil serão entregues a 178 projectos da zona de Lisboa e Vale do Tejo; 195 mil euros a 91 candidaturas da zona norte e o restante dividido pela zona centro, Alentejo e Algarve. Quer isto dizer que existe mais cultura em Lisboa que no resto do país? Ou que há menos público, menos criatividade, menos esforço e, consequentemente, menos artistas? É assim tão linear, esta leitura em diagonal dos apoios da DGArtes?
Não sei responder a estas questões, mas a verdade é que elas fazem parte dos critérios de avaliação e distribuição da instituição, como aliás fica evidente na explicação do seu Director Geral: "Foram distribuídos os 800 mil euros disponíveis pelas cinco regiões do país e pelas oito áreas artísticas contempladas, num exercício de proporcionalidade equitativa que fica demonstrado quando se analisam os valores percentuais de distribuição por área artística e por região, traduzindo preocupações que a DGArtes vem expondo, nos seus regulamentos e avisos de abertura, como os propósitos de correcção das assimetrias regionais e de descentralização, de forma concertada com o interesse nacional das actividades a apoiar, aferida pela respectiva qualidade e representatividade".
Portanto, claramente a DGArtes está apostada em corrigir as "assimetrias regionais" e em promover a "descentralização" cultural. Como, é que ainda ninguém percebeu...
Portugal está há umas semanas refém de um pequeno e aparentemente insignificante chip. Já foi capa de revistas, primeira página de jornais e notícia de abertura de noticiários televisivos. As portagens nas SCUT que supostamente este pequenito vai ajudar a controlar, começam também a ser fonte de confusão partidária, parlamentar e governativa e já ninguém se parece entender em relação a esta polémica forma do Governo ir buscar mais uns «trocos» ao bolso dos contribuíntes. Uma coisa é certa: independentemente das portagens entrarem em vigor em Agosto de 2010 ou num qualquer mês de 2011, já ficámos a saber que assim que o PSD for Governo, estas portagens vão ser gerais a todo o país.
segunda-feira, julho 05, 2010
CORDEIRINHOS
É ridículo o nível de excesso de oferta de tudo e mais alguma coisa a que chegamos. A futilidade desta sociedade boçal surpreende mesmo os mais atentos e a parvoíce parece não ter limitesl Alegremente, vamos comendo o que nos servem e ainda agradecemos pela amabilidade, pela descoberta e pela mudança que representam para as nossas vidinhas minúsculas.
Domingo, tarde estúpida por excelência. No sofá, aguardava por algo na televisão que pudesse mudar o rumo arrastado de (finalmente) um fim-de-semana sem nada para fazer. Um programa que aborda o interessante mundo social português, apresenta um Spa maravilhoso algures em Lisboa, que apresenta aos seus clientes um tratamento mirabolante com orvalho matinal aplicado por uma massagista tailandesa...
Dito de outra forma: temos aqui um balde de água da torneira fresquinha e uma senhora que por acaso até é asiática e, convenientemente, não fala um ponto final de português ou inglês. A senhora paga o equivalente à dívida externa de Madagascar e leva uns amassos, precedidos de uma relaxante massagem aos pés. E pronto, mais uma besta satisfeita que segue direitinha para o cabeleireiro para contar às amigas.
Somos um país adepto dos placebos. Adoramos que nos enganem, sabendo ou não que estamos a ser comidos à má fila. Papamos tudo o que nos impingem: política, religião, cosmética, medicina e milagres anti-gordura, nos detergentes e em comprimidos. Há sempre uns cereais novos, um iogurte com um composto químico qualquer que desconhecemos mas que pelo nome só pode ser bom para seja lá o que for, shampoos, after-shave, cremes para isto e aquilo, comida pré-cozinhada e rimel que replica o efeito das pestanas falsas.
É um mundo magnífico, este dos enganos. Antes sequer de estes e outros artigos/produtos/serviços, encontrámos maneira de os copiar, criando clones muito parecidos com os originais e ainda melhores porque alvo de up-grades. Somos fantásticos, ultra-rápidos, hiper-inteligentes, mega-avançados, macro-espertos... fúteis, burros como um tamanco, consumidores de plástico da pior espécie, que chegámos ao cúmulo do irónico castigo divino que são as grandes cadeias televisivas americanas recusarem actrizes que tenham efectuado plásticas porque os efeitos dessas mesmas intervenções na nova tecnologia 3D é absolutamente desastroso e a imagem fica demasiado... plástica.
Não é maravilhoso?
sexta-feira, julho 02, 2010
quinta-feira, julho 01, 2010
BLAH, BLAH, BLARGH DO MUNDIAL
Comecemos pela frieza dos números: Portugal foi eliminado do Mundial na África-do-Sul tendo marcado sete golos, sofrido apenas um e perdido somente um jogo, o último e que não podia mesmo perder. Soa razoavelmente bem, não soa? Ironicamente, a frieza dos factos contraria a frieza dos números: em quatro jogos Portugal venceu um, empatou dois (a zero) e perdeu outro.
Ou seja, a selecção portuguesa mostrou a sua habilidade para defender, a sua incapacidade em marcar golos e ainda que foi intérprete de uma anormalidade rara em jogos dos mundiais: uma vitória por 7-0. De resto, jogou de forma desencantada, cinzenta e sensaborona. Isto não vos faz lembrar nada?
Pois, o povo, encantado com a bola, rapidamente se esquece que apenas algumas semanas antes do início do Mundial, não tinha qualquer confiança na sua selecção. E porquê? Fácil, porque todos os jogos da fase de apuramento foram desencantados, cinzentos e sensaborões... e chatos, feios, entediantes e por vezes desesperantes. Sejamos sinceros; deixemos aquele estado febril tão típico do adepto que torce pela sua selecção mesmo nos dias de folga futebolística e encaremos a verdade de todos os factos: a selecção de Carlos Queiroz limitou-se a jogar como fez durante meses e meses. Intermináveis meses, diga-se.
Quanto ao jogo com a Espanha...
Apesar de tudo o que foi dito atrás, o jogo com os so called campeões da Europa deixou novamente, e à imagem do que já havia sucedido com o Brasil, o sabor a oportunidade perdida. Porque apesar de termos uma posição no ranking FIFA inferior à Espanha, porque apesar de não termos tantos jogadores de primeira linha quanto a Espanha; porque apesar de não termos um treinador tão bom quanto o espanhol; porque apesar de tudo, mais uma vez, temos qualidade suficiente para os levar de vencido. Não o fizemos por medo, respeito ou cautela, todos em excesso.
É claro, nesta altura somos a capital mundial das teorias e contra-teorias desenhadas em torno de um jogo de futebol. E sim, todos passamos a ser comentador desportivo ou, com a devida coragem e loucura, treinador de sofá. Sim, todos queremos destilar o fel que nos incomoda o palato e sim, todos temos os nossos suspeitos do costume. No entanto, e novamente, a verdade dos factos.
Ninguém tem dúvidas que a selecção não devia ter jogado com um tronco de árvore morta chamado Ricardo Costa, verdadeiro buraco defensivo, sem velocidade, sem presença física, sem a mais pequena sombra de ameaça a David Villa, somente o melhor jogador espanhol da actualidade. Queiroz aparentemente não sabia de nada disto. Que Costa já tinha provado contra o Brasil não estar preparado para um andamento destes e que Villa é um avançado saído de um filme de terror. Agradeceu o seleccionador espanhol- literalmente, aliás, e a todos os orgãos de comunicação - e o avançado, que teve uma rara oportunidade de poder jogar à bola como já não fazia desde pequenino: no recreio da escola, perfeitamente à vontade e a gozar com o seu oponente directo, o puto com dois pés esquerdos que se senta sempre na fila da frente da sala de aulas.
Também ninguém tem dúvidas quanto ao momento que parece ter definido a sorte do jogo: Hugo Almeida sai de campo e imediatamente Portugal perde a pouca genica ofensiva que ainda demonstrava - mesmo que a espaços. A partir daí foi um deserto de ideias, discernimento e lógica; Portugal aos 58 minutos já jazia ferido de morte e ainda nem havia sofrido o golo, verdadeiro golpe de misericórdia.
Portugal voltou a cometer o erro dos jogos com a Costa do Marfim e Brasil: respeito excessivo e injustificado. Bem fazia Scolari, a quem nada ou niguém parecia meter medo e que se estava nas tintas para nomes, categorias ou rankings. Entrava em campo para ganhar e mais nada, fosse contra fosse. Queirós é um menino de coro, de fraca figura, fraco discurso e obviamente sem quaisquer valências no capítulo da motivação pessoal. Fraquinho...
De qualquer forma tudo isto serviu para provar o que eu já havia previsto: Portugal estava à espera da derrota para soltar os piores impropérios dirigidos a jogadores e seleccionador. Subitamente Ronaldo é o pior do mundo, Simão não joga nada, Deco nem lá devia estar e Liedson nunca se devia ter naturalizado. Reflexo disso mesmo é a exultação (merecida) de outros intervenientes - Eduardo e Coentrão à cabeça. O exagero da elevação destes e de outros jogadores à condição de heróis da nação, é a forma que o povo encontra para tentar humilhar aqueles que, segundo a sua lógica condicionada, atraiçoaram as esperanças lusas.
É certo, Ronaldo nunca chegou a demonstrar todo o seu potencial e mostrou-se desmotivado e pouco esclarecido. No entanto, culpar o madeirense pelo fracasso da selecção, é assumir aquilo que não admitimos a ninguém: que a selecção é órfã de Cristiano. O CR7 - ou 9 ou lá o que é - jogou mal e devia mesmo ter saído no jogo com a Espanha. Mas se pensarmos bem, nem Maradona, absolutamente louco, mandaria Ronaldo para o balneário antes do fim do encontro. Por inúmeras razões e que se juntam todas num momento; no momento que muitas vezes pode definir o resultado de um jogo e que está sempre à espreita no ponta da chuteira de um grupo muito reduzido de jogadores.
Por isso mesmo, fazer de Ronaldo um Judas e atacá-lo como muitos têm feito é claramente um exagero nascido da frustração. Figo, melhor do que ninguém, o fez, esquecendo-se do que disse quando a selecção de que era capitão, foi eliminada sem qualquer glória do Mundial em 2002. Conseguiu ser ainda mais arrogante e sobranceiro e roçou a má-educação. Mas isso agora não interessa nada; há que encontrar um culpado e mandá-lo à fogueira, rapidamente.
Um jogador, capitão ou não, é humano e tem direito ao disparate. Especialmente quando o disparate acontece num momento tão sensível quanto o final de um jogo importante. Sabedores disso, os jornalistas salivam pela pergunta certa no momento certo à hora certa, na certeza de que algo de saboroso vai sair dali. Especialmente quando é público que as relações de alguns jogadores com o seu treinador são obviamente azedas. Por muito que as conferências de imprensa sejam só sorrisos e boa disposição.
Vejamos: Deco criticou uma decisão técnica e logo se arranjou uma lesão impeditiva por três jogos; Hugo Almeida afinal não estava cansado - a decisão de o substituir, assumida por Queiroz, estava desenhada muito tempo antes do apito inicial do árbitro; Nani, será para sempre o grande mistério da participação da selecção portuguesa neste mundial. Algo cheira a podre nisto tudo, e não parece razoável acreditar que não teve nada a ver com o rendimento da equipa.
Voltemos à verdade dos factos: a Espanha é, na realidade, melhor que Portugal. E não estamos a falar de meras estatísticas. Portugal nunca jogou satisfatoriamente, nem na fase de apuramento, nem na fase de grupos do mundial. A selecção escolhida por Queiroz foi polémica desde o dia em que a anunciou ao país, e claramente desequilibrada - a falta de um ponta-de-lança com resultados comprovados, aliás, foi sempre uma dor de cabeça incurável.
Posto isto, era realmente de esperar que Portugal pudesse ir mais longe do que foi? Era. Mas por uma questão que nada tem a ver com a qualidade da equipa. Podia ter ido mais longe se tivesse ganho ao Brasil e, consequentemente, defrontado o Chile nos oitavos-de-final; podia ter ido mais longe se a atitude mental, táctica e técnica no confronto com a Espanha tivesse sido outra. A culpa não é exclusiva de Carlos Queiroz, claro, mas ninguém pode dizer que não estava à espera. Essa é a prova máxima da incapacidade do seleccionador nacional: o conhecimento - e, logo, a desconfiança - da forma de agir de Queiroz e da sua maneira de ser. Não são as equipas de futebol - e de todos os desportos, aliás - a face dos seus treinadores? Pois então...