POLITICACA
Há uns dias fui convidado para participar num programa de debate do canal por cabo, "Regiões TV". O programa em questão pretendia discutir que influência tem a política nos jovens portugueses, e eu fui convidado na qualidade dos que não acreditam na política - embora eu não tenha outro remédio senão acreditar. Não acrdito nos políticos, isso não acredito.
Por motivos que se prendem com as súbitas dificuldades de comunicação criadas por um telemóvel que se suicidou por afogamento, fui relegado para o papel (ingrato, para quem tem tanto para dizer sobre a matéria) de membro do público.
O programa, esse, foi uma chachada, mal gerido pela dinossáurica apresentadora Fátima Torres - que se devia ter reformado da RTP quando saíu ou foi dispensada - que preferiu dar mais tempo de antena aos representantes das juventudes partidárias representadas do que propriamente aos cepticos da política nacional. O que por um lado até resultou em algo de positivo.
Passo a explicar: sempre me questionei sobre a utilidade das juventudes dos diversos partidos com representação parlamentar. Sempre me perguntei se tinham de facto algum peso junto do respectivo partido e se esse peso serviria para alterar fosse o que fosse. Estar presente no dito programa foi a resposta a todas essas dúvidas. Não só os representantes das "J" cumprem à risca o mesmo discurso formatado dos líderes dos seus partidos como não fazem outra coisa que não seja pura campanha política, um quase marketing televisivo gratuito. Ou seja, não têm nenhuma razão de existir a não ser angariar mais mentes jovens e desprovidas de vontade própria para engordarem os seus clubes de ocupação dos tempos livres.
Sou contra os políticos. Definitivamente. Pelo discurso formatado. Pelo interesse pessoal que têm (e não tentam disfarçar) na carreir que melhor serve os seus propósitos. Porque são de todas as classes profissionais existentes a mais corrupta. Porque são fracos. São fracas figuras. Não é preciso estudar história política para saber que a base estrutural de qualquer sistema político reside na existência de um líder e dos seus seguidores. Há muito tempo as pessoas seguiam os seus líderes por se reverem de alguma maneira neles. Por perceberem que havia alguém com capacidades de liderança que partilhava com elas os mesmos interesses, valores e objectivos. Já não existem líderes assim, que motivem as pessoas. É essa a principal razão para a cada vez maior abstenção,não só no nosso país.
O voto é um direito. Um direito que foi arduamente conquistado e eu respeito isso. Imensamente. Mas um direito não é uma obrigação. E há quem o entenda assim, o que é grave. Há quem vote por votar, por achar que tem de o fazer mesmo que não percebe nada do que se está a passar à sua volta ou de quem são os candidatos ou aquilo que defendem. E o voto em branco não é mais do que um objecto que ajuda os restantes, os que assumem que não sabem nada do que se passa à sua volta, a limpar a sua consciência amorfa. Aqueles que fazem na política o mesmo que alguns fazem com a religião quando se assumem como católicos não practicantes.
Eu não voto. Não voto nao por não saber nada do que se passa à minha volta, ou porque não conheço os prgoramas dos diferentes partidos políticos ou ainda por não saber em quem votar. Nao voto precisamente porque sei em quem não votar. Não voto porque não há nenhum político português em quem confie; nenhum que me motive, me encha de esperança, me convença das suas prioridades. Nao voto porque não há nenhum político que me engane. E não vou votar porque o meu pai já o fazia, ou porque o voto é um direito/dever/obrigação. Porque acredito que se realmente ainda podemos fazer alguma diferença, porque se realmente ainda temos o poder de fazer alguma coisa, é nas pequenas acções do dia-a-dia. Especialmente nesse acto tão nobre e importante - e que também é um direito conquistado e de que muitas pessoas se parecem ter esquecido - que é a reclamação.
O título deste post foi roubado de uma revista de banda desenhada brasileira da década de 80
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