BLAH, BLAH, BLAH...
- Esta semana tive a oportunidade de ver dois dos filmes que concorriam para o Oscar de melhor filme do ano. E ainda bem que assim foi. "Juno" é absolutamente delicioso. Vestindo a pele de alien de serviço - coisa que vem sendo cada vez mais habitual nestas coisas dos oscarizáveis -, o filme sobre uma adolescente grávida e de como as coisas ao seu redor se vão desenvolvendo é absolutamente genial, carregadinho de diálogos delirantes, hilariantes e intelegentíssimos. Os actores são de uma nobreza inacreditável, ao mesmo tempo que mantêm uma naturalidade anormal nestas coisas de.. se ser actor! Tudo é bom em "Juno", tudo mesmo, e nem tenho bem a certeza se não terei gostado ainda mais deste do que de "Little Miss Sunshine", o «caído do céu» da edição anterior dos Oscars.
Por outro lado, ou melhor, por outros motivos, também "Michael Clayton" é absolutamente delicioso. Porque é filmado de uma forma belíssima. Porque o argumento é apresentado de forma a prender o espectador do início ao fim mesmo sem surpreender grandemente, mesmo mostrando sempre tudo, sem grandes segredos, sem grandes mistérios. Porque tem uma dupla de actores (George Clooney e Tom Wilkinson) em absoluto estado de graça e porque também tem diálogos fascinantes e brilhantemente escritos.
Voltarei a dar destaque a estes dois filmes um dia destes. Merecem-no.
- Sempre fui criterioso em relação às causas em que de uma forma ou de outra me envolvi. Assinar petições sempre me pareceu importante mas dependendo do assunto em questão. Por exemplo, apesar da gravidade da situação, parece-me absolutamente inútil assinar petições que alertem para o problema do Zimbabué. Espero não estar enganado, mas a questão do governo de Mugabe e de todos os desrespeitos aos direitos humanos vividos pelos habitantes daquele país africano não me parece ter solução à vista. Se ninguém se passar definitivamente e resolver intervir com força bruta, o problema vai-se manter pelo menos por mais um mandato sem que nenhum de nós possa fazer seja o que for. Nem com todas as petições, manifestações e greves de fome do mundo. Gostava no entanto que algum dia o povo cá do burgo tivesse finalmente a coragem de decidir avançar com uma total greve de consumo. Consumo de tudo. Combustíveis, bens alimentares, roupa, bilhetes para o cinema, internet, o cafezinho depois do almoço, tabaco, jornais desportivos, enfim, tudo e mais alguma coisa e que servisse para mostrar a este governo merdoso que, embora não pareça, estamos bem descontentes com a forma como a vida vai andando. É que de repente o português perdeu bem mais do que o poder de compra; a instituição "vai-se andando" tão bem difundida pelo Zé Povinho, já não tem bem a mesma conotação que outrora. Hoje em dia, "andando" significa que a vida vai uma valente merda e que as coisas estão cada vez piores. Em tudo. E vemos nas notícias as greves de diversas classes profissionais, e as inúmeras reuniões do governos com um nunca acabar de sindicatos e percebemos que com o povo ninguém do governo reune. A nós ninguém pede a opinião. "Acham que podemos aumentar os transportes públicos em 6%?". "O que acham do leite ficar mais caro 10 cêntimos". "Vamos aumentar as fraldas para incontinentes em cerca de 10%, acham que isso vos vai fazer mijar menos nas clças?".
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