sexta-feira, agosto 12, 2005
sexta-feira, agosto 05, 2005
Acerca dos incêndios...
E que tal se pegássemos nos caçadores, habitualmente inúteis de merda que passam o ano dedicados a ser uns inúteis de merda, e os incumbíssemos de guardar as mesmas florestas que eles usam para poderem ser, exactamente isso, uns inúteis de merda? Isso mesmo, milícias anti-incendiários! Pessoal especializado, bem equipado, com experiência no terreno que matásse tudo o que transportásse material indicado para se ser um bom incendiário! Que à mínima suspeita encaixássem um tiro certeiro em:
hipótese A - cabeça do indivíduo incendiário;
hipótese B - nos testículos do mesmo;
hipótese C - no invólucro contendo material combustível transportado pelo suspeito, o que faria com que o mesmo ardesse juntamente com os seus amiguinhos pinheiros.
De seguida, o suspeito seria exposto em praça pública, servindo como exemplo para todos aqueles que algum dia pensaram sequer em fumar um cigarrito numa mata depois do piquenique saloio com os sogros. E então íamos ver que efeitos essa acção surtiria neste flagelo nacional que são os incêndios de Verão em Portugal.
E apesar de ter a consciência de que nada, ou quase nada, podemos nós, simples cidadãos, fazer para combater este problema, considero de vital importância algo que está ao alcance de todos: não nos esquecermos de que a nossa casa continua a ser o paraíso para onde regressamos ao fim de um dia de trabalho, mas que no resto do país - quase na totalidade do país - a realidade é violentamente diferente. A falta de contacto com o problema - chamemos-lhe «monstro» - distancia-nos também do sofrimento, da dor e da angústia daqueles que tentam com todas as forças fazer frente a uma força da natureza, mas que não é provocada pela natureza, de modo a manter tudo o que têm na vida.
Não nos esquecermos - e sem querer cair no habitual discurso do coitadinho - dos que, mesmo sem meios, lutam todos os dias e durante todo o Verão, para tentar o aparentemente impossível: os bombeiros, que muitas vezes dormem duas horas num passeio duma qualquer rua, para de seguida voltarem para algo onde nenhum de nós estaria nem por todo o dinheiro do mundo; os bombeiros que muitas das vezes em t-shirt ou camisa e sem qualquer protecção de maior, enfrentam o «monstro», quando seria bem mais fácil - e quem poderia censurá-los - desistir e desmaiar de cansaço. Basta compararem o aspecto de um bombeiro português, a sua farda, o seu capacete, as suas botas, a ausência de luvas de protecção, com um bombeiro, por exemplo, espanhol.
Por favor, se não puderem fazer mais, ao menos não façam de conta que o que se está a passar no quintal do vosso vizinho... não se está a passar.
quarta-feira, agosto 03, 2005
terça-feira, agosto 02, 2005
E agora para algo completamente mais animaducho!
Vão já, mas é já, ao site http://www.heavy.com entrem em "Contagious videos" e procurem um vídeo intitulado "beatbox boy". Garanto-vos que é a melhor coisinha que vão ver nos próximos... dez minutos!
Não, a sério, vão já lá!
Não, a sério, vão já lá!
Não arranjei um bom título para este...
Hà pouco mais de um ano morri. Num cenário natural, de enorme beleza e placidez, estive morto por alguns segundos. E continuei morto durante algumas, bastantes, horas.
Imaginem o seguinte conceito: coloquem uma câmara de filmar num tripé e apontem-na para, por exemplo, o sofá da vossa sala, vazio. Filmem esse vosso sofá vazio durante alguns segundos e de seguida façam uma breve pausa. Reiniciem a filmagem por mais alguns segundos e parem quando não vos apetecer mais. Liguem a câmara ao vosso televisor e visionem o que acabaram de filmar. De certeza que, mesmo sem nenhum movimento no enquadramento que acabaram de filmar, se vão aperceber do corte que provocaram nessa filmagem. Um corte no tempo, nos segundos que passaram; segundos esses que, embora não estejam nas imagens resultantes da filmagem, não deixaram de existir. Estavam lá, e sempre estiveram, só não foram capturados para a posteridade. A lembrar aquela velha máxima "se não está na TV, então não existiu" com que eu me vejo forçado a concordar - e noutro post explicarei porquê.
Os breves segundos que estive desmaiado, as horas seguintes - cerca de 20 - em que andei de uma lado para o outro, de hospital para hospital, agora desmaiado, agora acordado, antes e depois da cirurgia; todo este tempo me foi roubado por algo que eu não compreendo nem nunca poderei compreender. Não tenho memória desse tempo, como a câmara de filmar não poderia nunca ter «memória» de algo que não «víu», de algo que não registou. A câmara de fimar não parece ficar muito incomodada com essa falta de memória; a minha curiosidade em saber o que se passou, como foi o acidente que quase me roubava à vida, o querer «ver» o filme... tudo isso me atormenta continuamente.
Prefiro acreditar que para mim o tempo parou realmente durante não sei bem quantas horas. Prefiro acreditar numa espécie de regresso ao «mundo-normal» após algumas horas de indefinição.
Prefiro olhar para o que me aconteceu após esse tempo de confusão. Prefiro imaginar a calma da minha mulher quando me víu «morrer» e mesmo assim só se preocupava em me sossegar. Tentar imaginar - porque assim me contaram - como foi ir na ambulância comigo meio desmaiado e mesmo assim a esforçar-me para que toda gente se rísse um bocadinho. Lembrar-me da mousse de chocolate que o Zé Carlos me levou ao hospital. A melhor mousse do mundo. Feita por ele!!
Não consigo, no entanto, esquecer-me de todas as coisas más. Coisas de que falarei noutra altura. Desabafar disto pela primeira vez deixou-me agastado.
Obrigado.
Imaginem o seguinte conceito: coloquem uma câmara de filmar num tripé e apontem-na para, por exemplo, o sofá da vossa sala, vazio. Filmem esse vosso sofá vazio durante alguns segundos e de seguida façam uma breve pausa. Reiniciem a filmagem por mais alguns segundos e parem quando não vos apetecer mais. Liguem a câmara ao vosso televisor e visionem o que acabaram de filmar. De certeza que, mesmo sem nenhum movimento no enquadramento que acabaram de filmar, se vão aperceber do corte que provocaram nessa filmagem. Um corte no tempo, nos segundos que passaram; segundos esses que, embora não estejam nas imagens resultantes da filmagem, não deixaram de existir. Estavam lá, e sempre estiveram, só não foram capturados para a posteridade. A lembrar aquela velha máxima "se não está na TV, então não existiu" com que eu me vejo forçado a concordar - e noutro post explicarei porquê.
Os breves segundos que estive desmaiado, as horas seguintes - cerca de 20 - em que andei de uma lado para o outro, de hospital para hospital, agora desmaiado, agora acordado, antes e depois da cirurgia; todo este tempo me foi roubado por algo que eu não compreendo nem nunca poderei compreender. Não tenho memória desse tempo, como a câmara de filmar não poderia nunca ter «memória» de algo que não «víu», de algo que não registou. A câmara de fimar não parece ficar muito incomodada com essa falta de memória; a minha curiosidade em saber o que se passou, como foi o acidente que quase me roubava à vida, o querer «ver» o filme... tudo isso me atormenta continuamente.
Prefiro acreditar que para mim o tempo parou realmente durante não sei bem quantas horas. Prefiro acreditar numa espécie de regresso ao «mundo-normal» após algumas horas de indefinição.
Prefiro olhar para o que me aconteceu após esse tempo de confusão. Prefiro imaginar a calma da minha mulher quando me víu «morrer» e mesmo assim só se preocupava em me sossegar. Tentar imaginar - porque assim me contaram - como foi ir na ambulância comigo meio desmaiado e mesmo assim a esforçar-me para que toda gente se rísse um bocadinho. Lembrar-me da mousse de chocolate que o Zé Carlos me levou ao hospital. A melhor mousse do mundo. Feita por ele!!
Não consigo, no entanto, esquecer-me de todas as coisas más. Coisas de que falarei noutra altura. Desabafar disto pela primeira vez deixou-me agastado.
Obrigado.