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Bom Karma... ou não!

terça-feira, abril 21, 2015

MATEM O PRETO RACISTA, XENÓFOBO, MACHISTA, HOMOFÓBICO, SEXISTA E TARADO!



Já aqui falei sobre os ismos e do profundo desprezo que lhes tenho. Esta semana, e por força, mais uma vez, da histeria mediática patrocinada pela internet, uma nova polémica acendeu os fornos da paixão do ódio dos que gostam de atirar calhaus a tudo o que mexe fora da linha (criada por eles próprios).

Então o Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, esguichou 150 euros de champanhe para cima de uma moça daquelas que sobem ao pódio só para botar figura e o mundo caiu-lhe em cima e o rapaz agora está para o machismo como o Tom Cruise está para a cientologia e não tarda nada aparece enforcado no jardim de sua casa bem aquecido por uma cruz em chamas. Pois, diz que sim.

Diz que sim mas não me convence. Desde logo porque, e como é bem sabido, é tão certo dizer-se que quem anda à chuva molha-se, como é trigo limpo, farinha amparo saber-se que quem sobe a um pódio onde existem garrafas mastodônticas de champanhe, vai para casa pegajoso e a cheirar a vinho francês de origem protegida. Difícil é fugir-lhe, aliás, que aquilo sai a uma velocidade e com um alcance impressionantes. E é uma festa e toda a gente se diverte e é um momento final de alegria e tal e coisa.

Claro que pode haver quem não goste da brincadeira. Eu cá não gostaria nada, não só porque não sou fã da bebida, mas também porque não gosto de me sentir pegajoso. No caso em destaque não é fácil perceber se a vítima da esguichadela ficou muito satisfeita, se estava só a ser bem-educada e a receber o jacto gelado na fuça com elegância e um sorriso bem profissionais ou se, sendo na China, estava com medo de, demonstrando desagrado, envergonhar o comité central e ser castigada percorrendo a pista a pé, descalça sobre grãos de arroz crus. Mas que estava a sorrir lá isso estava.

Seja como for, a coisa aconteceu mesmo, não é a primeira vez que acontece e nem tão pouco vai ser a última. Como não vai ser a última vez que os histéricos do feminismo/sexismo vêm a público gritar impropérios do género dos que já se ouviram por aí. Alguém já sugeriu, inclusive, que aquilo seria uma espécie de reprodução das famosas money shots com que normalmente terminam as cenas dos filmes pornográficos – que, segundo os histéricos, nos filmes são mais uma demonstração do machismo mais abjecto, mas que feitas em casa são muito giras.

Sinceramente, acho mesmo que a brincadeira pode ser uma tremenda parvoíce e que o rapaz Hamilton não tem o direito de andar por aí a desperdiçar champanhe nas ventas alheias sem pedir autorização. Por outro lado, e mais uma vez, se estás num pódio, seja porque razão for, e se tens mesmo de lá estar, então não podes esperar outra coisa e é bom que te ponhas a pau ou, em alternativa, que leves, por exemplo, um guarda-chuva, de preferência com o logótipo da marca do champanhe utilizado e ainda ganhas uns trocos extra.

O Lewis Hamilton pode até ser machista. Pode, sim senhor. Mas a coisa de espirrar champanhe na cara da menina é um acto machista? Aos olhos dos histéricos é. Como é racismo se um branco por alguma razão bater num negro. Ou xenofobia se um branco gritar com um chinês. Ou pedofilia se o tio que veio de França disser «estás uma menina bem bonita». E é este o tipo de paranóia que tanto criticamos em países como os EUA, em que se alguém falar mais alto com alguém pode ser acusado de violência, ameaça à integridade física ou bullying; em que se um homem disser a uma colega de trabalho «uau, tu hoje vais lá» leva com mace nas beiças e ainda é acusado de tentativa de violação.

A paranóia não termina em ismo, mas a xenofobia, a social-democracia e a democracia cristã também não e são todas igualmente perigosas. E a paranóia relativamente a assuntos tão graves como o machismo é a pior inimiga do combate a este tipo de preconceito. O feminismo, o verdadeiro feminismo, não é isto. Este feminismo croquete – expressão que a minha namorada me ensinou hoje e que, não sei porquê, para mim faz todo o sentido – é tão desprezível como o machismo que tenta combater e é um perigo que importa abafar o quanto antes. É uma paranóia aos gritos, que não só irrita, como desvia atenções do que realmente interessa.

Esta paranóia e os seus arautos desesperados querem convencer o mundo de que o Lewis Hamilton – já agora, um menino mimado, arrogante e mal-educado – é um escarumba racista e xenófobo (a menina é chinesa, por isso…), homofóbico (não molhou um homem, portanto…), tarado (money shot, money shot…) e machista (… não sei porquê…) e que, portanto, devia mesmo acabar os dias pendurado de uma árvore nas traseiras da sua mansão, rodeado por capuzes brancos e uma cruz a arder.

Se for esse caso, então, deixo aqui duas sugestões:
Primeiro, se o fizerem incluam na punição uma outra menina que aparece nas imagens do incidente. Está vestida da mesma maneira que a vítima e, apesar de também ser chinesa, está a rir-se como uma louca, pelo que só pode ser uma cabra sem sentimentos e que não conhece a importância da solidariedade feminina.
Segundo, que o castigo seja perpetrado por um grupo de indivíduos sem género definido, híbridos na sua raça e sem convicções religiosas de qualquer espécie. Não vão querer que categorizem o castigo como uma coisa movida pelo sexo, raça ou credo, pois não? – Ainda assim, suspeito que havia de aparecer algures um maluquinho para acusar a horda punidora de ser uma nova e perigosa, porque muito motivada, forma de protesto dos que não têm sexo, nem raça, nem credo.
O mundo é dos tolos e ainda bem que nem toda a gente anda na rua com garrafas de champanhe…