AH, OS FILHOS DA PUTA...
Há um senhor que escreve no Manifesto 74. Chama-se António Santos
e tem a vertebralidade de um atrópode. Escreve o senhor no dito blog acerca de
assuntos comunistas; escreve com o coração, comunista, e com a alma, comunista
também. Não escreve, e é pena, com a coluna vertebral de muitos comunistas.
O senhor António escreveu há uns dias uma espécie de crónica
em que colocava 19 pertinentes questões. Se qualquer um de nós respondesse
afirmativamente a cinco dessas questões isso seria um sinal inquestionável de
que somos filhos da puta. Está giro e tal, percebe-se a mensagem, é certo, e o
ataque aos que o senhor António considera serem os filhos da puta da nossa
sociedade, sem dúvida. O problema não é tanto o que o senhor António escreve,
mas aquilo que se segue ao que o senhor António escreve.
Destaca-se, desde logo, o facto de o senhor António ter
retirado da sua espécie de crónica quase todas as fotografias de personalidades
públicas que tinham lá sido colocadas para exemplificar cada uma das questões
colocadas. Ele era governantes, políticos, empresários, enfim, a fina nata
daqueles a quem o povo chama filho da puta. Presumo também que sejam estes os
que mais facilmente telefonam aos seus advogados a fazerem queixinhas de
moluscos como o senhor António e que, por essa mesma razão, o senhor António se
terá posto fino e para não sofrer quaisquer tipos de represálias lhes apagou os
retratos – alguns de altíssimo nível e elegância estonteante.
Ou seja, esta coisa de se dizer o que se quer porque a
internet nos protege do lado de lá de um ecrã, aparentemente, e a dizer pela
atitude do senhor António, não deve sossegar todos os que querem dizer o que
querem. O senhor António claramente não se sentiu sossegado. Ou isso ou alguém
do blog lhe disse «põe-te fino, Toni» ou algum advogado amigo lhe disse
«abispa-te, Tóno». E o senhor António abispou-se. Ou melhor, abispou-se mais ou
menos que eu não tenho a certeza do alcance do poder de queixa da moça Le Pen –
uma das duas sobreviventes da borracha higiénica do senhor António.
O senhor António e outros como ele metem-me o mais nojentos
dos nojos. Têm muita coragem mas por dois minutos, que a seguir vem a caganeira
e correm para se agarrarem à saia da mãe – e entendam por mãe o que acharem
mais indicado. E a coragenzinha que levou o senhor António a retirar o que
tinha feito – foi ele que fez, era ele que o devia assumir sem medos – é a
mesma que o leva a escrever, no espaço dedicado aos comentários, a seguinte
pérola de que Castro tanto se orgulharia: Em resposta a algumas perguntas, aqui
e ali deixadas, informo que censuro e continuarei a censurar quaisquer
mensagens de natureza fascista.
É um comunista de mão cheia, este senhor António. Um dos
bons velhos tempos, daqueles que acham que oposição é lixo, que a sua opinião é
doutrina, imbatível e inquestionável e que se alguém levantar a voz para a
desdizer não merece outra coisa que não o cárcere. O senhor António é um filho
da puta de um fascista de esquerda que infelizmente veste a camisola política
de um partido que tudo tem feito para merecer gente desta – como todos os
partidos fazem tudo para merecer os filhos da puta que lá têm, militantes,
simpatizantes, etc.
Filhos da puta há muitos e de muita espécie. O senhor
António, no entanto, passa a ser um dos tipos de filho da puta que mais me
chateiam e o Manifesto 74 um ninho deles que me irrita e revolta por representar
o que de pior existe na política: a cegueira fundamentalista.
A título de exemplo e para terminar, que já escrevi
demasiado sobre esta raça de gentinha, uma outra crónica do senhor António. Esta,
sobre o aniversário do PCP e sem nada de especial a apontar, continha num dos
comentários o tipo de cegueira de que falo. O comentário? Este: Parabéns pelo
texto, e parabéns todos os dias ao PCP. Só não concordo com a escolha da
música, embora adore o Zeca Afonso, na minha opinião devias por uma música de
alguém do partido.
…
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