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Bom Karma... ou não!

terça-feira, março 24, 2015

A BESTA



A história é universalmente conhecida: lá na escola há um puto que não é particularmente popular. Não é simpático nem educado, alias, é até bastante estúpido e insuportavelmente arrogante. É filho de pais ricos, no entanto, o que lhe garante a casa com piscina e campo de ténis com que pode atrair «amigos» e é alto e espadaúdo, o que certifica que, quando se aborrece ou é contrariado ou não tem nada melhor para fazer pode sacudir os mais medrosos com ameaças mais ou menos violentas ou mesmo uns safanões vistosos. É uma besta, mas é uma besta com o poder que lhe permitem ter. Neste caso, o remédio era a maioria dos alunos da escola agir em absoluta concertação e isolar o animal, fazer de conta que ele e a casa dos papás e os músculos impróprios de um rapaz daquela idade não existiam e pura e simplesmente isolá-lo. Deixá-lo sozinho a falar para as paredes, a exercer o seu falso poder sobre os cestos do lixo, uma alma solitária penada, sem ninguém, sem ninguém, sem ninguém. Não durava muito tempo e passava a ser uma memória distante de algo que incomodava e que já só lembrado para as inevitáveis piadas de putos e para dar o exemplo.

O mesmo se devia fazer a Israel. Isolar um país daqueles e levá-lo ao esquecimento era o melhor que se podia fazer. Um mundo perfeito seria um mundo em que todos os países do mundo boicotassem completamente a nação de Israel. Boicote aos vistos turísticos para entrar e sair do país, boicote aos vistos de trabalho dentro e fora do país, boicote aos artistas israelitas, aos cientistas e investigadores israelitas, boicote às importações e exportações israelitas, nem mais um figo comprado, nem mais uma aspirina vendida. Fechar Israel bem dentro daqueles muros de que tanto se orgulha. Não mais reuniões políticas e empresariais, não mais conferências de paz, não mais uma cadeira que fosse na ONU ou em qualquer outra organização, governamental ou não. Isolamento total e implacável do resto do mundo. 

Parece violento? Parece, sim senhor. Muita da população israelita provavelmente não tem culpa das decisões dos sucessivos governos nacionais. Não tem culpa e não concorda. Nem a população nem os artistas, nem os cientistas, nem os investigadores. Mas alguém vota nas eleições e elege estes terroristas tornando-os terroristas legais. Alguém vai às urnas legitimar um estado racista, xenófobo, violento, prepotente e apostado, pelas últimas notícias, em aumentar decididamente o tom da violência na região. E portanto teria muito pouca ou nenhuma pena da população israelita se o cenário idílico acima descrito se concretizasse de alguma maneira. 

É violento? É. É bastante. Mas não é mais violento do que o que Israel faz à Palestina e, desenganem-se, se acharem que não, ao resto do mundo. É claro, Israel não o faz sozinho e sem aliados de peso. Aliados que, como os putos na escola, têm medo do galifão, têm interesse na «amizade» do boçal e não conseguem nem querem, na verdade, dizer-lhe que não. Eu, que já esgotei toda a paciência e crença numa resolução pacífica para o problema que é Israel – e não o problema Israel-Palestina, como todos lhe chamam – ficaria muito contente por ver o país dos escolhidos por Deus encerrado dentro de quatro paredes, deixado a definhar sozinho, sem amigos, sem ajuda, teimosamente à espera da vinda do Salvador à terra só para perceber que a vinda dele não era a salvação prometida mas sim um tiro de misericórdia que não merece. Israel em chamas provocadas pela ira justiceira do Deus deles. Isso sim seria um sonho tornado realidade.