DEMASIADO NADA PARA FAZER
Incomoda-me muito o fascismo. De todos os ismos é o que mais
me incomoda, só ultrapassado pelo bruxismo, que é aquela coisa de ranger os
dentes enquanto se dorme e que me provoca arrepios da pior espécie. Não gosto
de fascismo, não suporto fascistas e chateia-me que ainda exista fascismo aqui
e ali pelo mundo fora – mesmo no mundo democrático, mesmo que não em regimes
políticos mas em comportamentos e formas de pensar. Tudo em relação ao fascismo
me incomoda. E incomoda porque conheço o seu papel na história e alguns dos seus
rostos. Conheço e não tenho nenhuma intenção de enterrar a cabeça na areia e
fingir que nunca existiu para que não me incomode. Por outro lado, lembrar-me
do fascismo não é glorificá-lo nem tão pouco eternizá-lo de forma elogiosa. Só uma
mente desabitada poderia acreditar numa barbaridade dessas. Como parecem ser as
mentes dos deputados do PCP e do BE, desabitadas e cheias de tempo livre para saírem
das cabeças onde vivem e irem por esse mundo fora a preocuparem-se com assuntos
que, verdade seja dita, não parecem ser vitais para a qualidade de vida da população.
A polémica em torno da exposição de bustos de presidentes é
mais um exemplo de como os deputados são demasiado bem pagos para o que fazem. Se
esta gente tem tempo para desencadear uma verdadeira micro-guerra civil por
causa de uma exposiçãozita onde surgem as carantonhas de alguns presidentes
fascistas, então só posso concluir que: ou não há nada para fazer no parlamento
ou não há nada para fazer no parlamento e os deputados destes partidos querem a
todo o custo dar nas vistas e enganar quem anda mais distraído e passar a
imagem de que são trabalhadores incansáveis. Não são. São um bando de meninos
conhecidos por serem eternamente e permanentemente e muito facilmente ofendidos,
que querem acima de tudo, e por motivos diferentes, dar nas vistas, gritar bem
alto seja o que for para parecer que estão a reclamar de alguma coisa
importante. Os do PCP porque é essa a sua natureza – e que às vezes é útil,
justiça lhes seja feita. Os do BE, porque ninguém lhes liga nenhuma e vai daí
comportam-se como o puto mais puto do grupo de putos, que ainda não fuma mas
quer ser tão popular como os putos mais crescidos.
Aos preocupados deputados de PCP e BE deixo a seguinte sugestão,
para que possam pensar sobre ela enquanto mastigam um bolinho de bacalhau num
dos cafezitos ali ao lado da assembleia e, quem sabe, propô-la ao hemiciclo:
queimem-se todos os livros escritos por fascistas e todos os livros de história
que fazem referência a ditadores, nacionais ou internacionais. Destruam todas
as obras de arte de alguma maneira associadas ao fascismo ou a fascistas, todos
e quaisquer cartazes do Fidel Castro, que não é fascista, não senhor, mas que
também não é nenhum paladino da democracia. Vamos fazer uma grande pira ao
estilo nazi e mandar para lá tudo o que é fascista e que nos faz tremer de medo
à noite quando estamos enterrados nos lençóis à espreita de uma qualquer sombra
ameaçadora.
Se não quiserem ser tão extremistas, a solução é também ela
muito simples e fácil de pôr em práctica: deixem pura e simplesmente de falar
em fascismo. Eu próprio, a partir de agora vou eliminar a palavra nesta crónica. Se não falarem em ele deixa de existir. Podem até negar
qualquer conhecimento de ou
de de hoje ou de outrora. Façamos
todos de conta que o nunca
existiu que pode ser que dessa forma ele nunca mais venha a existir. Toda a
gente sabe que a melhor maneira de acabar com um problema é fazer de conta que
ele não existe. «Devo dinheiro a quem? Às finanças? Não sei quem é…».
Vou seguir o exemplo dos senhores deputados do PCP e do BE,
que arreliados com a ameaça do
fazem de conta que ele não existe, e farei o mesmo com os senhores
deputados, com todos eles. A partir de hoje nego a sua existência ou sequer o
conhecimento de que alguma vez os tivemos no nosso país. «Deputados? Não sei do
que fala.» A partir de hoje deixo de acreditar que tais criaturas existem e
pode ser que assim me deixem de dar cabo da vida e da paciência.
1 Comments:
At 10:22, Eduarda Mano said…
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