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Bom Karma... ou não!

quinta-feira, janeiro 16, 2014

REFERENDO PARA A LEI DA CO-ADOPÇÃO: SERVIÇO PÚBLICO PARA OS RETRÓGRADOS



Vamos por partes: quem é favor da lei da co-adopção por casais homossexuais, é-o por um sem número de razões, algumas interessantes, outras, como a preocupação pelas crianças que aguardam pela sua vez nos orfanatos, uma parvoíce que não serve para outra coisa que não disfarçar a falta de coragem em assumir as suas verdadeiras razões. Quem é contra a co-adopção por casais homossexuais é-o por uma única razão: ser homossexual é errado, logo, ser filho de homossexuais é errado e um perigo. Qual perigo? O perigo de contágio, como se a homossexualidade fosse uma doença pegajosa e contra a qual não há vacina possível.

São estes os argumentos de um lado e do outro de uma barricada que será ainda maior caso a lei de co-adopção vá a referendo nacional. Uma barricada que representa uma luta desigual porque desigual é a força dos argumentos a favor e contra. Os argumentos de quem é contra são mais fortes e, receio, em maior número. São argumentos de uma mentalidade a que o carimbo retrógrada já não faz jus. São argumentos de pessoas que muito provavelmente ainda acham que os pretos não deviam poder andar de autocarro e que deviam estudar em escolas só para eles; de quem ainda acredita que uma mulher para sair do país devia ser obrigada a obter o devido consentimento do senhor seu esposo; de quem está convencido de que os comunistas ainda comem criancinhas ao pequeno-almoço e que matam velhotes com uma acertada injecção atrás da orelha. São argumentos de quem não tem argumento a não ser o do preconceito e da falta de inteligência. São argumentos de quem, em boa verdade, acha, acredita e está convencido de que sentir amor ou desejo sexual por alguém do mesmo sexo é errado. Errado aos olhos de quem? Aos olhos de quem manda na sua maneira de pensar mesmo que isso lhes seja inconsciente: deus todo-poderoso, que sabe tudo e está em toda a parte; que vê tudo, ouve tudo e julga tudo. O mesmo deus que faz destas pessoas animais sem esqueleto e sem um cérebro a que possam chamar seu. No que diz respeito a independência de pensamento, até as lesmas lhes dariam valiosas lições.

São estas pessoas que acham, acreditam e estão convencidas de que uma criança adoptada por um casal homossexual não tem outro caminho que não seja o da paneleirice; que não tem como não se tornar num deles, um maricas desavergonhado, que atenta contra o pudor em cada passo que dá, que envergonha os valores da família em cada palavra que diz e que muito provavelmente cresce ensinado a difundir os mesmos valores dos panascas dos seus pais e a transmiti-los a outras crianças incautas e desprotegidas.

No entanto, dos dois lados da barricada estão dois grupos de pessoas que não conseguem e parecem não querer ver que o único motivo porque se devia estar a discutir a lei da co-adopção é o dos direitos humanos. Porque em Portugal existem humanos que não têm os mesmos direitos que todos os outros simplesmente porque sentem amor ou desejo sexual por alguém do mesmo sexo. Não há mais argumentos, apenas este. Somos não sei quantos milhões de portugueses que, pela simples definição de sermos todos humanos e, logo, todos iguais, devíamos gozar dos mesmos direitos, sem excepções, sem regras. Esta é a única discussão a ter, sem disfarces, sem preconceitos e acima de tudo sem a merda da mentalidade judaico-cristã a criar ruído de fundo.

Estes são os dois lados de uma barricada que só vai ficar ainda maior com um referendo nacional. Um referendo nacional que não tem razão de existir quando precisamente o que está em cima da mesa é tornar Portugal num país mais justo e com direitos e oportunidades para todos independentemente da sua religião, cor ou raça, sexo e sexualidade. O mesmo Portugal que tanto se orgulhou de ser o primeiro do mundo a prever na sua constituição a abolição da pena de morte, por exemplo. Esta lei não tem discussão. Esta lei não deve ser referendada. Deve ser proposta em Assembleia da República e aprovada, independentemente das crenças dos deputados. Porque é a felicidade dos cidadãos que está em causa; é a sua liberdade enquanto indivíduos. A mesma liberdade que todos os partidos gostam muito de cuspir boca fora quando lhes convém e quando é altura de eleições. Recordar constantemente o país do 25 de Abril não os faz pensar nestas questões exactamente porque o 25 de Abril não lhes diz verdadeiramente coisíssima nenhuma.

Levar a referendo a lei da co-adopção é um magnífico lavar de mãos de quem nos devia governar com justiça e sabedoria. Levar a referendo uma lei que olha pelos direitos e liberdades dos cidadãos do meu país é mais estúpido, ilógico e desnecessário do que referendar uma lei que fechasse numa cave bem funda os  retrógrados endemoninhados que vivem como se isto ainda fosse o jardim do Salazar. Nessa lei eu votava sim mil vezes.

1 Comments:

  • At 01:32, Blogger pvnam said…

    ---» Deixem os homossexuais ficar na deles... preocupem-se, isso sim, é com MUITA CONVERSA ABANDALHADA QUE ANDA POR AÍ:
    - pessoal que não se preocupa com a construção duma sociedade sustentável (média de 2.1 filhos por mulher)... critica a repressão dos Direitos das mulheres… todavia, em simultâneo, para cúmulo, defende que... se deve aproveitar a 'boa produção' demográfica proveniente de determinados países [nota: 'boa produção' essa... que foi proporcionada precisamente pela repressão dos Direitos das mulheres - ex: islâmicos]… para resolver o deficit demográfico na Europa!?!?!
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    Uma NAÇÃO é uma comunidade duma mesma matriz racial onde existe partilha laços de sangue, com um património etno-cultural comum. Uma PÁTRIA é a realização de uma Nação num espaço.
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    A Luta pela Sobrevivência envolve:
    -1- capacidade de renovação demográfica;
    -2- capacidade de defesa perante aqueles que pretendem ocupar e dominar novos territórios.
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    ---> Naturalizar ficava muito mais barato... só que o caminho a seguir tem de ser outro:
    - Direito à Monoparentalidade em vez de naturalização...


    De facto, o caminho a seguir para resolver o problema demográfico deverá ser... uma boa gestão dos recursos humanos... e não... a nacionalização da 'boa produção' demográfica daqueles (ex: islâmicos) que tratam as mulheres como uns 'úteros ambulantes'!!!
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    Existem muitos homens sem filhos ['por isto ou por aquilo' não agradam ás mulheres] que devidamente motivados/acompanhados... poderiam ser óptimos pais solteiros!!!
    A ausência de tal motivação/acompanhamento não só é uma MÁ GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS da sociedade... como também, um INJUSTIÇA HISTÓRICA que está grassando nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas.
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    É errado estar a dizer «a Europa precisa de crianças, não de homossexuais»... isto é, ou seja... a Europa precisa de pessoas (homossexuais e heterossexuais) com disponibilidade para criar crianças!
    É UMA MUDANÇA ESTRUTURAL HISTÓRICA DA SOCIEDADE: os homens poderão vir a ter filhos... sem repressão dos Direitos das mulheres; leia-se: O ACESSO A BARRIGAS DE ALUGUER.
    {Não difícil de perceber -> a repressão dos Direitos das mulheres foi/é um truque que permitiu (permite) alcançar uma vantagem competitiva demográfica... e mais: o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era - tendo em vista melhorar a luta pela sobrevivência - proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos; ver o blog «http://tabusexo.blogspot.com/»}

     

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